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2. A RELAÇÃO ENTRE OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2.12. Objetivo 12 – Consumo e Produção Responsáveis

Esse objetivo procura “assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis” (NAÇÕES UNIDAS, 2017, p.1), com as seguintes metas:

12.1 Implementar o Plano Decenal de Programas sobre Produção e Consumo Sustentáveis, com todos os países tomando medidas, e os países desenvolvidos assumindo a liderança, tendo em conta o desenvolvimento e as capacidades dos países em desenvolvimento;

12.2 Até 2030, alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais;

12.3 Até 2030, reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial, nos níveis de varejo e do consumidor, e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas pós-colheita;

12.4 Até 2020, alcançar o manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos e todos os resíduos, ao longo de todo o ciclo de vida destes, de acordo com os marcos internacionais acordados, e reduzir significativamente a liberação destes para o ar, água e solo, para minimizar seus impactos negativos sobre a saúde humana e o meio ambiente;

12.5 Até 2030, reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso;

12.6 Incentivar as empresas, especialmente as empresas grandes e transnacionais, a adotar práticas sustentáveis e a integrar informações de sustentabilidade em seu ciclo de relatórios;

12.7 Promover práticas de compras públicas sustentáveis, de acordo com as políticas e prioridades nacionais;

12.8 Até 2030, garantir que as pessoas, em todos os lugares, tenham informação relevante e conscientização para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida em harmonia com a natureza;

12.a Apoiar países em desenvolvimento a fortalecer suas capacidades científicas e tecnológicas para mudar para padrões mais sustentáveis de produção e consumo;

12.b Desenvolver e implementar ferramentas para monitorar os impactos do desenvolvimento sustentável para o turismo sustentável, que gera empregos, promove a cultura e os produtos locais;

12.c Racionalizar subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis, que encorajam o consumo exagerado, eliminando as distorções de mercado, de acordo com as circunstâncias nacionais, inclusive por meio da reestruturação fiscal e a eliminação gradual desses subsídios prejudiciais, caso existam, para refletir os seus impactos ambientais, tendo plenamente em conta as necessidades específicas e condições dos países em desenvolvimento e minimizando os possíveis impactos adversos sobre o seu desenvolvimento de uma forma que proteja os pobres e as comunidades afetadas. (NAÇÕES UNIDAS, 2017, p. 1)

Esse objetivo se relaciona bastante com a cidade sustentável e, portanto, irá influenciar bastante na atração de investimentos e instituições, uma vez que os padrões de produção alinhados com tais instituições facilitam o processo de realocação. Ou seja, esse objetivo impacta nos seguintes fatores de internacionalização de uma cidade:

3. Abriga instituições estrangeiras e internacionais (empresas, bancos e diversas outras instituições socioeconômicas, culturais e científicas; organizações internacionais; etc.);

(...)

10. Abriga instituições nacionais, regionais e locais de reputação internacional ou ativas no âmbito das relações internacionais. (SOLDATOS, 1996, p. 216)

O fato de o padrão produtivo sustentável da cidade estar alinhado com demandas externas permitirá o aumento da exportação de fatores de produção, sendo este um dos 13 fatores de internacionalização da cidade, conforme Soldatos (1996).

Como já afirmado antes, a preocupação com o desenvolvimento sustentável vem ganhando repercussão mundial cada vez maior, sendo o consumo e a produção grandes responsáveis pelos impactos ambientais.

Considerando a expectativa de sermos 9,6 bilhões de pessoas em 2050, seriam necessários o equivalente a quase três planetas para sustentar os estilos de vida atuais. O bem-estar da humanidade, a preservação do meio

ambiente, bem como o funcionamento da economia, dependem intrinsicamente da gestão mais responsável dos recursos naturais, considerando que estes são finitos (ONUBR, 2018a, p. 73).

Logo, é necessário alterar nossos padrões de consumo e produção para podermos garantir condições básicas de vida para as gerações futuras do planeta. E como a população e a mídia vêm cada vez mais disseminando a preocupação com o tema, as empresas também vêm sendo pressionadas a tomarem posicionamentos mais sustentáveis.

Nesse sentido, Albu (2017) coloca como as empresas são pressionadas externamente a terem ações mais ecológicas, conforme demonstrado na Tabela 2. Legislações mais estritas pressionam que empresas desenvolvam produtos e serviços verdes, porém necessitam para isso desenhar novos produtos e serviços.

Albu (2017) ainda afirma que a implementação de uma ecologia industrial leva a um desenvolvimento regional, local e nacional, possibilita a criação de empregos, e melhora a eficiência econômica da empresa. Nesse sentido, tal política gera uma repercussão educativa, em que os funcionários passam a ser mais conscientes dos aspectos ambientais e os disseminam em sua comunidade.

Tabela 2. Pressões Ecológicas

Pressões Oportunidades de Negócios Mudanças Necessárias

Legislação ambiental mais estrita

Desenvolver produtos e serviços “verdes”

Design novos produtos e serviços

Competição mais intensificada Desenvolvimento de novos mercados para produtos e serviços ecológicos

Diversificação de produtos e serviços

Crescimento de custos Redução da quantidade de resíduos

Intensificação do controle ambiental, adoção de novas tecnologias

Melhores requisitos e padrões requeridos pelos beneficiários

Usar tecnologias “limpas” (eco-tecnologias)

Adoção de novas tecnologias

Fonte: ALBU, 2017, p. 3.

O Sebrae Minas (2018), em Cartilha sobre a importância dos ODS para os pequenos negócios, fala sobre o fato de não ser só a indústria que gera impacto ambiental e, sim, toda a

cadeia produtiva de um produto ou serviço. Com isso, a instituição levanta os benefícios trazidos pela implementação dos ODS para as empresas, sendo vista a crescente preocupação do consumidor com tendências mundiais. Benefícios como:

• Aumento das vendas e da lucratividade; • Desenvolvimento de novos mercados;

• Fortalecimento e agregação de valor à marca;

• Melhoria da eficiência operacional e da produtividade; • Estímulo à inovação de produtos e serviços;

• Aumento da atratividade da empresa para novos talentos;

• Aumento da competividade e longevidade das empresas. (SEBRAE MINAS, 2018, p. 23)

Ademais, Gray e Dilyard (1999) afirmam que existe um entendimento geral de que multinacionais de países ecologicamente sensíveis necessitam manter uma imagem ecologicamente correta no seu país de origem e no mercado. Portanto, irão criar filiais ecologicamente sensíveis. Com isso, a cidade oferecendo padrões aceitáveis de consumo e sustentabilidade será mais atrativa para empresas se instalarem.

Interessante notar que a crise global de 2008-2009 demonstrou que empresas com políticas de negócio mais sustentáveis estão menos vulneráveis a turbulências econômicas (BORBÉLY, 2017). Segundo o autor, por temas como poluição ambiental e escassez de recursos serem muito discutidos, empresas vêm fazendo investimentos éticos que pensam na sociedade e no meio ambiente, e desconsiderando organizações que não beneficiam em longo prazo a população ou a natureza. Tais investimentos são feitos nas corporações que, em determinado setor, têm o melhor desempenho, considerando os valores sociais e ecológicos e a governança corporativa.

E ainda segundo a Business & Sustainable Development Comission, os ODS representam 12 trilhões de dólares anuais em oportunidades de mercado para soluções sustentáveis e deve gerar 380 milhões novos empregos até 2030 (PEDERSEN, 2018).

Portanto, a cidade disseminando conhecimento e ferramentas para padrão de consumo e produção sustentáveis representará grande aliado na criação de novos produtos “verdes” e atrairá empresas preocupadas com o tema ou, ao menos, com o nicho de mercado.