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2. A RELAÇÃO ENTRE OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2.5. Objetivo 5 – Igualdade de Gênero

Esse quinto objetivo busca “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas” (NAÇÕES UNIDAS, 2017, p.1) através das seguintes metas:

5.1. Acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas em toda parte

5.2. Eliminar todas as formas de violência contra todas as mulheres e meninas nas esferas públicas e privadas, incluindo o tráfico e exploração sexual e de outros tipos

5.3. Eliminar todas as práticas nocivas, como os casamentos prematuros, forçados e de crianças e mutilações genitais femininas

5.4. Reconhecer e valorizar o trabalho de assistência e doméstico não remunerado, por meio da disponibilização de serviços públicos, infraestrutura e políticas de proteção social, bem como a promoção da responsabilidade compartilhada dentro do lar e da família, conforme os contextos nacionais

5.5. Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública

5.6. Assegurar o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva e os direitos reprodutivos, como acordado em conformidade com o Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento e com a Plataforma de Ação de Pequim e os documentos resultantes de suas conferências de revisão

5.a. Realizar reformas para dar às mulheres direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso a propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, serviços financeiros, herança e os recursos naturais, de acordo com as leis nacionais

5.b. Aumentar o uso de tecnologias de base, em particular as tecnologias de informação e comunicação, para promover o empoderamento das mulheres

5.c. Adotar e fortalecer políticas sólidas e legislação aplicável para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas em todos os níveis. (NAÇÕES UNIDAS, 2017, p. 1)

Ao verificarmos esse objetivo podemos afirmar que, com o empoderamento feminino e o acesso à informação, haverá menor incidência de gravidez indesejada e, portanto, um maior planejamento familiar, além de menor risco de mortes por abortos clandestinos. Ao mesmo tempo, a inserção das mulheres nas atividades econômicas significa uma maior porcentagem da população no mercado de trabalho e, com isso, um potencial aumento do mercado consumidor. O que permite a atração de instituições e fluxo de comércio, influenciando assim nos seguintes fatores que caracterizam uma cidade internacional:

2. Recebe fatores de produção estrangeiros (investimento, mão-de-obra, etc.) e fluxo de comércio (mercadorias e serviços);

3. Abriga instituições estrangeiras e internacionais (empresas, bancos e diversas outras instituições socioeconômicas, culturais e científicas; organizações internacionais; etc.);

(...)

10. Abriga instituições nacionais, regionais e locais de reputação internacional ou ativas no âmbito das relações internacionais. (SOLDATOS,1996, p. 216)

Considerando a meta 5.b, referente ao uso da tecnologia para o empoderamento feminino, isso possibilitará a busca de canais de comunicação e difusão de informação. Ao se empoderar a mulher com o uso da tecnologia, ela estará protegida contra violência ou assédio em transações comerciais, o que permitirá ter maior liberdade na hora de fazer negócios e poder exportar fatores de produção. Logo, é possível afirmar que haverá a promoção dos seguintes fatores de internacionalização da cidade:

4. exporta fatores de produção e suas instituições econômicas, socia is, culturais e científicas têm presença no exterior;

5. multiplicidade de comunicações sociais com o exterior; 6. é diretamente interligada com o exterior por meios de transportes e de comunicações. (SOLDATOS, 1996, p. 216)

A igualdade de gênero busca garantia de oportunidades para todos, incentivando o empoderamento feminino. De forma a detalhar o presente ODS, Giannini (2019, p. 96) afirma:

A igualdade de gênero se refere às possibilidades de que homens, mulheres, meninos e meninas têm de controlar suas próprias vidas, gozando de direitos iguais, bem como acesso a serviços, educação, saúde, mercado laboral, entre outros. Ao longo dos séculos, mulheres tiveram um status diferenciado, considerado inferior, seja na vida política, como econômica e social do Estado. Este status se baseava nos papéis que a sociedade lhe conferia e, até hoje, estes influenciam a forma como podem se desenvolver, que tipos de profissões podem ter, bem como, a forma como experimentam o dia-a-dia, desde a utilização de transporte público, até o cuidado com a família.

Portanto, ao possibilitar igualdade de gênero e o empoderamento feminino, o ODS busca aumentar as possibilidades de futuro para as mulheres e meninas que poderão buscar maior conhecimento e assumir carreiras antes dominadas pelo sexo masculino. Inclusive, elas terão maior poder de decisão na hora de iniciar uma família.

Nesse sentido, referente ao planejamento familiar, Sachs (2005) coloca a armadilha demográfica como um dos motivos para o declínio econômico. Segundo o autor, famílias pobres tendem a escolher ter mais filhos, mesmo não podendo suprir todas as crianças de saúde, alimento e educação, o que acaba por aprofundar o empobrecimento da população. Assim como o rápido crescimento demográfico coloca grande pressão na produção agrícola e na utilização dos recursos naturais, o que consequentemente exacerba a pobreza. Essa armadilha pode ser evitada ao permitir educação e acesso ao mercado de trabalho para as mulheres.

Já em relação à conexão com o exterior, segundo a OCDE e OMC (2017), a internet traz a possibilidade de troca de ideias e maior voz para meninas e mulheres no campo político e doméstico. Traz a oportunidade de aprender novas habilidades e educação formal, assim como a chance de conseguir emprego e acesso a informações especializadas sobre saúde e oportunidades de negócios, por exemplo.

A OCDE e OMC (2017) ainda discorrem sobre como a conectividade digital retira restrições tradicionais para mulheres em relação ao comércio ou negócios. Devido à desequilibrada divisão dos afazeres domésticos, o tempo se torna mais restrito e a conexão digital permite que mulheres consigam participar de trocas comerciais e negócios de forma virtual, assim como diminui o risco de assédio durante uma transação comercial (OCDE e OMC, 2017).

E, por último, referindo-se ao mercado de trabalho, Giannini (GIANNINI, 2019, p. 105) afirma que

(...) a participação de mulheres no trabalho remunerado aumentou em 35%, chegando a 41% em 2015. Ao mesmo tempo, a proporção de mulheres em empregos vulneráveis declinou em 13%. Porém permanece uma brecha importante. Cerca de 50% das mulheres em idade de trabalhar estão no mercado de trabalho; já entre os homens, esta porcentagem sobe para 77%. (...) É importante destacar os avanços e desafios no âmbito da igualdade de gênero que outros objetivos proporcionaram. Por exemplo, no que diz respeito à erradicação da pobreza, um bilhão de pessoas ainda v ivem em situação de pobreza extrema. Embora não se saiba ao certo a proporção de homens e mulheres nesta situação, estudos sugerem que mulheres têm maior probabilidade de viver em situação de pobreza em 41 de 75 países com dados disponíveis. Observou-se também que mulheres divorciadas, viúvas e mães solteiras estariam em maior risco de pobreza.

Logo, verifica-se que ainda existe uma grande oportunidade de aumentar a produtividade e renda de uma sociedade, se forem cobertas as lacunas na porcentagem de mulheres desempregadas e no grande risco potencial que essas possuem de se encontrarem em situação de pobreza.

Ao permitir que o gênero feminino faça parte do mercado de trabalho, obtenha educação e participe de trocas comerciais, a sociedade estará um passo adiante na redução da pobreza, possuirá uma maior fração de capital humano e criará condições para um melhor desempenho econômico.