• Nenhum resultado encontrado

2. A RELAÇÃO ENTRE OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2.2. Objetivo 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável

O segundo objetivo trabalha a questão da “Fome Zero”, a partir do qual a ONU (NAÇÕES UNIDAS, 2017, p. 1) visa “acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável”, tendo como metas:

2.1 Até 2030, acabar com a fome e garantir o acesso de todas as pessoas, em particular os pobres e pessoas em situações vulneráveis, incluindo crianças, a alimentos seguros, nutritivos e suficientes durante todo o ano

2.2 Até 2030, acabar com todas as formas de desnutrição, incluindo atingir, até 2025, as metas acordadas internacionalmente sobre nanismo e caquexia em crianças menores de cinco anos de idade, e atender às necessidades nutricionais dos adolescentes, mulheres grávidas e lactantes e pessoas idosas 2.3 Até 2030, dobrar a produtividade agrícola e a renda dos pequenos produtores de alimentos, particularmente das mulheres, povos indígenas, agricultores familiares, pastores e pescadores, inclusive por meio de acesso seguro e igual à terra, outros recursos produtivos e insumos, conhecimento, serviços financeiros, mercados e oportunidades de agregação de valor e de emprego não agrícola

2.4 Até 2030, garantir sistemas sustentáveis de produção de alimentos e implementar práticas agrícolas resilientes, que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem a manter os ecossistemas, que fortaleçam a capacidade de adaptação às mudanças climáticas, às condições meteorológicas extremas, secas, inundações e outros desastres, e que melhorem progressivamente a qualidade da terra e do solo

2.5 Até 2020, manter a diversidade genética de sementes, plantas cultivadas, animais de criação e domesticados e suas respectivas espécies selvagens, inclusive por meio de bancos de sementes e plantas diversificados e bem geridos em nível nacional, regional e internacional, e garantir o acesso e a repartição justa e equitativa dos benefícios decorrentes da utilização dos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais associados, como acordado internacionalmente

2.a Aumentar o investimento, inclusive via o reforço da cooperação internacional, em infraestrutura rural, pesquisa e extensão de serviços agrícolas, desenvolvimento de tecnologia, e os bancos de genes de plantas e animais, para aumentar a capacidade de produção agrícola nos países em desenvolvimento, em particular nos países menos desenvolvidos

2.b Corrigir e prevenir as restrições ao comércio e distorções nos mercados agrícolas mundiais, incluindo a eliminação paralela de todas as formas de subsídios à exportação e todas as medidas de exportação com efeito equivalente, de acordo com o mandato da Rodada de Desenvolvimento de Doha

2.c Adotar medidas para garantir o funcionamento adequado dos mercados de commodities de alimentos e seus derivados, e facilitar o acesso oportuno à informação de mercado, inclusive sobre as reservas de alimentos, a fim de ajudar a limitar a volatilidade extrema dos preços dos alimentos (NAÇÕES UNIDAS, 2017, p.1).

Ao verificarmos as implicações da fome em uma sociedade, é possível afirmar que ao retirá-la da equação a população poderá se preocupar em consumir produtos e serviços não essenciais, contanto que a pobreza também não seja um problema. Por sua vez, uma população bem nutrida corresponde a um maior número de pessoas aptas a trabalhar e consumir.

Portanto, a meta de dobrar a produtividade e renda dos produtores terá como consequência um maior poder aquisitivo. Logo, a população passa a constituir potencial mercado consumidor e de mão de obra, o que passa a atrair fluxos de comércio, fatores de produção e investimentos, influenciando, assim, nos seguintes fatores que caracterizam uma cidade internacional:

2. Recebe fatores de produção estrangeiros (investimento, mão-de-obra, etc.) e fluxo de comércio (mercadorias e serviços);

3. Abriga instituições estrangeiras e internacionais (empresas, bancos e diversas outras instituições socioeconômicas, culturais e científicas; organizações internacionais; etc.);

(...)

10. Abriga instituições nacionais, regionais e locais de reputação internacional ou ativas no âmbito das relações internacionais; (SOLDATOS,1996, p. 216).

Importante destacar que a erradicação da fome terá como consequência a atração de pessoas de outras localidades, portanto, trazendo “uma população com composição étnica diversificada” (SOLDATOS,1996, p. 216).

O segundo objetivo ODS vai estar bem alinhado com as consequências trazidas pelo Objetivo 1, uma vez que também é parte das necessidades básicas do ser humano. Nesse sentido, Burity et al. (2010, p. 15) citam a definição da ONU sobre o Direito Humano à Alimentação Adequada:

O direito à alimentação adequada é um direito humano inerente a todas as pessoas de ter acesso regular, permanente e irrestrito, quer diretamente ou por meio de aquisições financeiras, a alimentos seguros e saudáveis, em quantidade e qualidade adequadas e suficientes, correspondentes às tradições culturais do seu povo e que garanta uma vida livre do medo, digna e plena nas dimensões física e mental, individual e coletiva.

Após o controle desses dois primeiros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável a população conseguirá se desenvolver econômica e socialmente, e passar a buscar novas atribuições para melhoria de vida, além de estar apta para o mercado de trabalho.

Sabe-se, por exemplo, que pobreza e má nutrição estão frequentemente conectadas em um círculo vicioso. Em sociedades pobres falta renda para adquirir alimentos e pessoas má nutridas têm suas capacidades cognitivas comprometidas, acarretando em menor produtividade no trabalho. A baixa produtividade é uma barreira para sair da pobreza e assim o ciclo se fecha. (LIMA ,2019, p. 46)

Ressalta-se, ainda, que para os defensores da Segurança Alimentar a fome é decorrente da falta de renda para adquirir os alimentos, seja por falta de emprego ou pela alta dos preços (LIMA, 2019). Com isso, a agricultura familiar surge para suprir tanto a falta de renda quanto a de alimento. Logo, “a agricultura familiar representa uma oportunidade para impulsionar as economias locais, especialmente quando combinada com políticas específicas destinadas a promover a proteção social e o bem-estar das comunidades” (EMBRAPA, 2018, p. 21).

Portanto, com a agricultura familiar haverá um incremento de renda em famílias de pequenos agricultores, o que gerará maior potencial de consumo, além de prover alimento de subsistência. O que também permitirá tanto que membros da família possam buscar novas formas de trabalho como o consumo de produtos e serviços.

Logo, fica claro que a pobreza e a fome andam juntas tanto para a sua perpetuação quanto para a saída de tal posição. Uma vez que a má nutrição impede uma maior produtividade e, com isso, perpetua a pobreza, o contrário irá auxiliar na recuperação econômica de sua localidade, atraindo novas empresas e investimentos.