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2. A RELAÇÃO ENTRE OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2.9. Objetivo 9 – Indústria, Inovação e Infraestrutura

Esse objetivo visa “construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação” (NAÇÕES UNIDAS, 2017, p.1), a partir do alcance das seguintes metas:

9.1. Desenvolver infraestrutura de qualidade, confiável, sustentável e resiliente, incluindo infraestrutura regional e transfronteiriça, para apoiar o desenvolvimento econômico e o bem-estar humano, com foco no acesso equitativo e a preços acessíveis para todos;

9.2. Promover a industrialização inclusiva e sustentável e, até 2030, aumentar significativamente a participação da indústria no setor de emprego e no PIB, de acordo com as circunstâncias nacionais, e dobrar sua participação nos países menos desenvolvidos;

9.3. Aumentar o acesso das pequenas indústrias e outras empresas, particularmente em países em desenvolvimento, aos serviços f inanceiros, incluindo crédito acessível e sua integração em cadeias de valor e mercados; 9.4. Até 2030, modernizar a infraestrutura e reabilitar as indústrias para torná-las sustentáveis, com eficiência aumentada no uso de recursos e maior adoção de tecnologias e processos industriais limpos e ambientalmente corretos; com todos os países atuando de acordo com suas respectivas capacidades;

9.5. Fortalecer a pesquisa científica, melhorar as capacidades tecnológicas de setores industriais em todos os países, particularmente os países em desenvolvimento, inclusive, até 2030, incentivando a inovação e aumentando substancialmente o número de trabalhadores de pesquisa e desenvolvimento

por milhão de pessoas e os gastos público e privado em pesquisa e desenvolvimento;

9.a. Facilitar o desenvolvimento de infraestrutura sustentável e resiliente em países em desenvolvimento, por meio de maior apoio financeiro, tecnológico e técnico aos países africanos, aos países menos desenvolvidos, aos países em desenvolvimento sem litoral e aos pequenos Estados insulares em desenvolvimento;

9.b. Apoiar o desenvolvimento tecnológico, a pesquisa e a inovação nacionais nos países em desenvolvimento, inclusive garantindo um ambiente político propício para, entre outras coisas, a diversificação industrial e a agregação de valor às commodities;

9.c. Aumentar significativamente o acesso às tecnologias de informação e comunicação e se empenhar para oferecer acesso universal e a preços acessíveis à internet nos países menos desenvolvidos, até 2020. (NAÇÕES UNIDAS, 2017, p. 1)

Em relação à internacionalização de cidades, ao considerarmos o alcance de infraestrutura sustentável, de qualidade, confiável e transfronteiriças, tal como afirma a meta 9.1, teremos a atração de investimentos e de novas instituições por essa meta propiciar um ambiente com capacidades para suprir as necessidades básicas de transporte, tecnologia e comunicação para o seu funcionamento e evitar custos extras para adaptação ao local. Portanto, haverá influência nos seguintes fatores que caracterizam uma cidade internacional:

2. Recebe fatores de produção estrangeiros (investimento, mão-de-obra, etc.) e fluxo de comércio (mercadorias e serviços);

3. Abriga instituições estrangeiras e internacionais (empresas, bancos e diversas outras instituições socioeconômicas, culturais e científicas; organizações internacionais; etc.);

(...)

10. Abriga instituições nacionais, regionais e locais de reputação internacional ou ativas no âmbito das relações internacionais. (SOLDATOS, 1996, p. 216)

Ademais, ao propiciar um ambiente de incentivo à indústria e de fomento à pesquisa, conforme a meta 9.5, e ao promover o desenvolvimento tecnológico, conforme a meta 9.b, esse objetivo 9 permite a criação de empresas locais e a cidade passa a ser capaz de exportar fatores de produção, fortalecendo a seguinte característica de cidade internacional: “exporta fatores de produção e suas instituições econômicas, sociais, culturais e científicas têm presença no exterior” (SOLDATOS, 1996, p. 216).

Ainda, ao alcançar a meta 9.c, referente ao acesso universal à tecnologia de informação, a cidade irá desenvolver os canais de comunicação. E, ao alcançar a meta 9.1, a infraestrutura regional e transfronteiriça proporcionará uma abertura ao exterior. Com isso, serão promovidas as características de internacionalização: cidade com “multiplicidade de comunicações sociais com o exterior” e “diretamente interligada com o exterior por meios de transportes e de comunicações” (SOLDATOS, 1996, p. 216).

Em relação a esse objetivo, Sachs (2005) afirma que a falta de inovação é um dos motivos para o declínio econômico de um país. Segundo o autor, pessoas inovadoras em países pobres terão dificuldade em arrecadar fundos, desenvolver e posteriormente colocar no mercado um produto criado. Nesse sentido, devido ao tamanho do mercado interno, países ricos tem maior tendência a serem mais inovadores do que países pobres por terem grandes mercados. A inovação incorre em novas tecnologias, maior produtividade e reforço para aumento do mercado e mais inovação. Governos pobres não conseguem incentivar a inovação ou financiar laboratórios científicos básicos em universidades, e os cientistas desses países acabam consequentemente emigrando.

Além disso, a inovação tecnológica das telecomunicações e a internet possibilitam uma variedade de serviços e aplicações para atender necessidades econômicas, sociais e de entretenimento (OCDE e OMC, 2017). As organizações ainda afirmam que o aumento do acesso e utilização das tecnologias de informação e comunicação (TIC), possibilita também novas oportunidades de desenvolvimento, trazendo benefícios a pessoas, governos, organizações e setor privado. As TIC abrem novos canais de comunicação, acesso à informação e serviços, aumentam a produtividade, disseminam inovação, e facilitam as trocas comerciais. Portanto, a inovação, em geral, além de ser fator essencial para o desenvolvimento econômico e comércio de um país ou localidade, ainda é extremamente relevante para disseminação de ideias e informação, possibilitando uma comunidade mais bem informada e com maior facilidade de acesso a serviços, comércio e mercado de trabalho.

Nesse sentido, Sachs (2005) afirma que quando as condições básicas como infraestrutura (estradas, energia e portos), saúde e educação estão disponíveis para formar o capital humano, o mercado é ferramenta poderosa para o desenvolvimento econômico de uma sociedade.

No quesito infraestrutura, Demetriades e Mamuneas (2000) afirmam que facilidades como aeroportos, estradas, telecomunicação e saneamento são essenciais para o funcionamento do setor produtivo, e somente em meados dos anos 1990 que os economistas

começaram a prestar atenção nesse elemento, a partir de estudos sobre o declínio produtivo norteamericano devido à falta de investimento público na infraestrutura.

Os autores fizeram estudos comparativos entre países da OCDE e chegaram à conclusão de que investimento público em infraestrutura tem grandes efeitos positivos na economia em longo prazo, e destacam que a infraestrutura pública diminui os custos de produção. Nesse sentido, o aumento do investimento público em infraestrutura também afeta positivamente a demanda por trabalho e capital privado.

Logo, podemos concluir que inovação e infraestrutura são elementos essenciais para o desenvolvimento do capital humano e economia local. E são imprescindíveis para o sucesso de novas empresas e indústrias. A infraestrutura é ainda mais importante por ser fator de atração de investimentos externos e participar ativamente da imagem de uma cidade.