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3. INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE

3.3 O ESTÁDIO, O TERRENO E SUAS RELAÇÕES

3.3.1 OCUPAÇÃO E OS ASPECTOS ECONÔMICOS E NATURAIS

Segundo o mapa de Zoneamento, Uso e Ocupação fornecido pelo IPPUC (2015), definido a partir da Lei Municipal nº 9800/2000 e alguns outros decretos e leis posteriores, na região dentro do raio de 1 quilômetro do Estádio Major Antônio Couto Pereira há 7 zonas diferentes: Zona Central; zonas residenciais 3, 4 e Alto da Glória; Setor Especial Estrutural; Setor Especial Centro Cívico; e Zona Especial Desportiva. Sendo que a última é exclusiva da quadra onde se localiza o estádio.

Figura 6 - Zoneamento da área de estudo Fonte: Adaptado de IPPUC - Zoneamento 2015

Os bairros com alguma parte dentro da área de influência analisada têm em comum a ocupação populacional mais densa do que a média da cidade, exceto pelo Hugo Lange. Enquanto o índice de Curitiba é de 40,30 habitantes por hectare, o Centro apresenta 133,56 hab/ha, média superior não apenas a da capital como também dos bairros Hugo Lange, com apenas 26,64 habit/ha, Centro Cívico, 50,50

habit/ha, Alto da Rua XV, 57,43 habit/ha, Alto da Glória, 63,37 habit/ha, e Juvevê, que apresenta 94,00 habit/ha (IPPUC, 2014).

Enquanto algumas zonas permitem altura livre dos edifícios e não exigem recuos, outras restringem a altura a até 6, 4, 3 ou apenas 2 (caso da ZR-AG) pavimentos. Tendo isso em vista, formulou-se um mapa de alturas e de cheios e vazios da área mais imediata ao terreno do estádio (raio de 500 metros), a fim de compreender qual a densidade de ocupação e relação de gabaritos dos edifícios do entorno do Couto Pereira.

Figura 7 - Mapa de Gabaritos, Cheios e Vazios Fonte: Elaborado pelo autor.

Essa densidade se reflete numa tendência de verticalização das habitações nesta região. Comparando as quantidades de alvarás liberados para unidades habitacionais unifamiliares e apartamentos, entre 2008 e 2012, percebe-se que os seis bairros estudados ganharam muito mais apartamentos do que unidades individuais, com destaque para o bairro Centro que registrou 6.461 novos apartamentos contra apenas 99 novas residências unifamiliares. O Hugo Lange,

dentre os seis, foi o que apresentou menor proporção, tendo, aproximadamente 3 apartamentos para cada residência unifamiliar (IPPUC, 2014).

Além dessa característica de ocupação densa, segundo o IPPUC (2014), a Regional Matriz é a que apresenta menor porcentagem de crianças (11,48%) comparada a de idosos (13,28%) e o menor índice de crescimento populacional (1,7%), fatores que apontam para o envelhecimento populacional e para a necessidade de redirecionamento das políticas públicas. Seguindo esse diagnóstico, qualquer projeto embasado por esta pesquisa deve atentar às necessidades e acessibilidade da população mais idosa.

Por se tratar de uma região central, com infraestrutura já estabelecida e densidade populacional elevada para os padrões do município, a Regional Matriz, historicamente, sempre foi a região com forte característica comercial e de serviços. Segundo dados do IPPUC, até 2011, a regional contava com 64.408 estabelecimentos econômicos ativos, representando 33,78% do total de Curitiba. Separando estes estabelecimentos em industriais, de comércio, serviço e outros, todos os seis bairros (Alto da Glória, Alto da Rua XV, Centro, Centro Cívico, Hugo Lange e Juvevê) apresentam maioria no setor de serviços, seguido pelo setor de comércio e, com considerável diferença, setor industrial e alguns poucos classificados como outras categorias.

Analisando mais especificamente a região dentro do raio de 500 metros do estádio, conforme ilustrado no mapa a seguir, observa-se grande variedade de usos, com predominância de edifícios residenciais, mas com boa taxa de estabelecimentos comerciais e institucionais (hospitais, clínicas, escolas, associações, conselhos, etc). Além disso, pode-se destacar a proximidade de grandes áreas ocupadas pelo estádio e pelo cemitério luterano, além da quantidade relevante de estacionamentos e pouca presença de estabelecimentos como bares e lanchonetes no entorno imediato.

Figura 8 - Mapa de usos na região de 500m. Fonte: Elaborado pelo Autor.

Apesar do processo de desenvolvimento de novas centralidades nos bairros de regiões mais periféricas da cidade, a região centro-norte ainda apresenta os maiores números de empregos por estabelecimentos comerciais e de serviço, gerando grande afluxo de trabalhadores e usuários vindos de outras regiões do município e também região metropolitana (IPPUC, 2014). Somando isso ao fato de que há torcedores e potenciais usuários para o estádio Couto Pereira em outras áreas da cidade, torna-se indispensável o estudo destas ligações urbanas, através da análise da malha viária, transporte público, diversidade de modais e espaços verdes em áreas públicas que dão qualidade à experiência dos usuários.

Figura 9 - Diagnóstico de Áreas Verdes Públicas da Região de Estudo Fonte: Adaptado de IPPUC e Google Maps

Quanto aos espaços de áreas verdes em equipamentos públicos (praças, parques, jardinetes, largos, etc), segundo levantamento realizado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, em 2010, a Regional Matriz é a quarta com maior área verde pública por habitante, com índice levemente maior que a média de Curitiba. No entanto, analisando os índices específicos de cada bairro da regional, nota-se grande contraste. Enquanto o Centro Cívico apresenta índice muito acima do restante, os outros 5 bairros estudados estão abaixo das médias da regional e municipal, com destaque negativo para Alto da Glória, Alto da Rua XV e Juvevê, que apresentam menos de 1 m²/habit (IPPUC, 2014).

Observando mais diretamente os aspectos naturais do terreno do Couto Pereira (mapa a seguir), nota-se que toda a concentração de área verde ocorre próxima à esquina entre as ruas Amâncio Môro e Ubaldino do Amaral, logo em frente à pequena Praça Portugal. Tendo vista que essa massa verde do terreno está na região mais alta do terreno, que apresenta cerca de 15 metros de desnível, essa esquina torna-se uma potencial área de lazer e permanência, caso um futuro projeto saiba aproveitar melhor esta área onde hoje há uma grade tirando toda a acessibilidade e permeabilidade.

Figura 10 - Mapa dos Aspectos Naturais do Terreno. Fonte: elaborado pelo autor.

Ainda através deste mapa, pode-se observar que há pouquíssima margem para qualquer mudança no posicionamento e direção do campo de jogo (de dimensões 105x68m, segundo a FIFA) com relação ao cenário atual, por isso, deve-se atentar às questões de insolação, uma vez que no horário mais crítico de início das partidas (16 horas), pelo fato de o campo estar direcionado num eixo noroeste-sudeste, um dos lados do campo estará de frente ao sol numa altura já não muito alta, podendo prejudicar os jogadores que passarão a maior parte do tempo jogando nestas condições.