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Capítulo II – Enquadramento Metodológico do Estudo 27

2.1. Opções metodológicas 27

O presente estudo tem como principal finalidade compreender de que modo uma aplicação em RA influencia o interesse e motivação dos alunos em diversas atividades, bem como analisar as dificuldades e estratégias dos alunos no desenvolvimento das questões em dois contextos diferentes, sala de aula e Parque Infante D. Pedro. Para alcançar esta finalidade, definiram-se as questões de investigação já apresentadas.

De acordo com o problema, questões e objetivos já mencionados, o estudo que será desenvolvido centra-se na implementação de tarefas a serem desenvolvidas em sala de aula e também conduzidas para um contexto outdoor. Assim, com a tentativa de responder às questões enumeradas, o presente estudo insere-se no âmbito de um paradigma qualitativo ou interpretativo com principal enfoque na investigação qualitativa.

Segundo Coutinho (2015), “a investigação é uma atividade de natureza cognitiva que consiste num processo sistemático, flexível e objetivo de indagação e que contribui para explicar e compreender os fenómenos sociais” (p. 7).

De acordo com Bogdan & Biklen (1994), “a investigação qualitativa em educação assume muitas formas e é conduzida em múltiplos contextos” (p. 16). Este ramo da investigação, ainda citando os mesmos autores, agrupa diversas estratégias de investigação que partilham determinadas caraterísticas. Assim, “os dados recolhidos são designados por qualitativos, o que significa ricos em pormenores descritivos relativamente a pessoas, locais e conversas, e de complexo estatístico” (Bogdan & Biklen, 1994, p. 16) recolhidos por observação direta do investigador de tudo o que observa de forma natural com influência do contexto em que ocorrem.

Neste sentido, os dados de análise são recolhidos aquando do desenvolvimento das atividades. Assim, os investigadores “recolhem normalmente os dados em função de um contacto aprofundado com os indivíduos, nos seus contextos ecológicos naturais” (Bogdan & Biklen, 1994, p. 16).

No sentido de descrever a investigação qualitativa, Bogdan & Biklen (1994, p. 47-51) definem cinco caraterísticas essenciais:

1. Na investigação qualitativa a fonte direta de dados é o ambiente natural, constituindo o investigador o instrumento principal;

2. A investigação qualitativa é descritiva;

3. Os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo do que simplesmente pelos resultados ou produtos;

4. Os investigadores qualitativos tendem a analisar os seus dados de forma indutiva; 5. O significado é de importância vital na abordagem qualitativa.

As caraterísticas mencionadas adequam-se ao presente estudo, de acordo com o que se explicita seguidamente:

1. No estudo apresentado, a fonte direta dos dados é uma turma do 4.º ano de escolaridade do 1.º CEB em que a observação direta feita pela investigadora é uma das principais técnicas de recolha de dados.

2. Os dados recolhidos correspondem a produções escritas e registos audiovisuais das aulas, bem como os dados recolhidos por observação direta da investigadora e das respostas aos inquéritos por questionário aplicados aos alunos. Assim, os dados serão apresentados de forma descritiva em relação ao que foi acontecendo.

3. No presente estudo, como já referido, pretende-se compreender de que modo uma aplicação em RA influencia o interesse e motivação dos alunos em diversas atividades, bem como analisar as dificuldades e estratégias dos alunos no desenvolvimento das questões em dois contextos diferentes, sala de aula e Parque Infante D. Pedro.

4. Com este estudo importa analisar as produções dos alunos no sentido das estratégias utilizadas para resolver as tarefas propostas e dificuldades sentidas.

5. Os dados foram recolhidos de modo a dar a conhecer o interesse, motivação e ideias dos alunos no estudo.

2.1.1. Investigação-Ação

O presente estudo insere-se numa iniciação à Investigação-Ação (I-A). Vários autores têm tentado encontrar a definição que melhor descreve a I-A, da qual se destaca a definição citada por Coutinho (2015, p. 363):

• Coutinho (2005), refere que “trata-se de uma expressão ambígua, que se aplica a contextos de investigação tão diversificados que se torna quase impossível […] chegar a uma “conceptualização unívoca”” (p. 219).

Neste sentido, segundo Coutinho, a I-A pode ser descrita como uma família de metodologias de investigação que incluem ação (ou mudança) e investigação (ou compreensão) ao mesmo tempo, utilizando um processo cíclico ou em espiral, que alterna entre ação e reflexão crítica (2015, pp. 363-364). Ainda segundo a mesma autora, a I-A “é um processo em que os participantes analisam as suas próprias práticas educativas de uma forma sistemática e aprofundada, usando técnicas de investigação” (2015, p. 363).

A I-A relaciona-se com o presente estudo pois a professora, que neste caso, também é a investigadora, procura encontrar a resposta para a questão colocada inicialmente, bem como as dificuldades que possam surgir. Isto é, a investigadora ao praticar a sua investigação está também a participar na ação. Uma vez que a observação se constitui no papel da investigadora, a recolha de dados foi feita por mim e pela colega estagiária e a análise dos dados foi realizada por mim.

Citando Lomax (1990), que define a I-A como “uma intervenção na prática profissional com a intenção de proporcionar uma melhoria” (Coutinho, 2015, p. 363), com o desenho e implementação das questões para o GD e a implementação de tarefas em sala de aula, houve uma mudança nas práticas educativas, dando ênfase ao contexto, no sentido de analisar as estratégias e dificuldades dos alunos.

Assim, “o essencial na I-A é a exploração reflexiva que o professor faz da sua prática, contribuindo dessa forma não só para a resolução de problemas como também (e principalmente!) para a planificação e introdução de alterações dessa e nessa mesma prática” (Coutinho, 2015, p. 364). As caraterísticas da I-A podem resumir-se em quatro palavras como refere Coutinho (2015, pp. 365-366): situacional, porque visa a identificação e solução de um problema encontrado num contexto social específico; interventiva, porque a ação tem de estar relacionada com a mudança; participativa, pois todos os intervenientes são coexecutores na pesquisa; autoavaliativa, no sentido em que as modificações vão sendo avaliadas, com vista a produzir novos conhecimentos e a alterar a prática.

Tendo em consideração as caraterísticas da I-A mencionadas anteriormente, o presente estudo integra-as no sentido em que: situacional – se ter identificado um problema num contexto social específico em que se centra na importância de estabelecer a relação com os contextos de educação formal em sala de aula e outdoor e de que forma é que esses contextos com recurso à tecnologia poderão potenciar uma aprendizagem interdisciplinar; interventiva – serão desenvolvidas tarefas em sala de aula e para o GD a ser implementado no Parque Infante D. Pedro, de modo a dar resposta ao problema mencionado; participativa, pois o projeto teve a participação dos alunos do 4.º ano de escolaridade do 1.º CEB; e autoavaliativa, no sentido em

que serão analisadas as dificuldades dos alunos e a motivação nos diferentes contextos de educação.

Neste sentido, a I-A pode ser vista como um ciclo espiral em que existe uma ligação entre a teoria e a prática, que se constitui pelas seguintes fases: planificar, atuar, observar e refletir.

Em suma, a I-A tem como objetivos “compreender, melhorar e reformar práticas” e a “intervenção em pequena escala no funcionamento de entidades reais e análise detalhada dos efeitos dessa intervenção” (Coutinho, 2015, p. 368). Segundo a mesma autora, é ainda de salientar as finalidades da I-A: “melhorar e/ou transformar a prática social e/ou educativa, ao mesmo tempo que procuramos uma melhor compreensão da referida prática”, “articular de modo permanente a investigação, a ação e a formação” e “aproximarmo-nos da realidade: veiculando a mudança e o conhecimento” (2015, p. 368).

O seguinte esquema resume a metodologia de um plano de I-A.

Figura 1 – Esquema metodológico de uma I-A (adaptado de Coutinho, 2015, p. 366)

Neste sentido, de acordo com as definições e caraterísticas atribuídas à I-A mencionadas, concluo que a I-A é o método mais adequado para o presente estudo. O esquema apresentado resume o desenvolvimento do estudo apresentado pois inicialmente passou-se por um processo de exploração e identificação do problema do estudo, seguido da planificação do projeto que visa dar resposta à problemática mencionada, a implementação do projeto e, posteriormente, a recolha e análise dos resultados obtidos, bem como as considerações finais do estudo.