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Sistemas de planejamento e controle: MRP e MRP II

8.4 Optimized Production Technology (OPT)

A filosofia Optimized Production Technology (OPT), desenvolvida pelos físicos Goldratt e Cox em seu livro A Meta (2010), é uma técnica de gestão da produção composta de dois elementos: sua filosofia de nove princípios e um software.

Goldratt e Cox (2010) afirmam que a meta principal das empresas é ganhar dinheiro. Todos os sistemas e funções da empresa, incluindo o sistema de produção, contribuem para atingir essa meta. O sistema de produção atinge seu objetivo atuando sobre três medidas:

Sistemas de planejamento e controle: MRP e MRP II 135 • Ganho – é a forma como a empresa gera dinheiro por meio

das vendas dos seus produtos.

• Inventário – é o dinheiro investido na compra das matérias- -primas envolvidas na produção.

• Despesa operacional – é o gasto para transformar o inventário em ganho.

O livro de Goldratt e Cox (2010) tem como foco a busca pela maximização do resultado da empresa, a partir da constatação de que nem sempre o lucro é diretamente proporcional à eficiência. Para isso, os autores usam a história de uma empresa que passa por um processo de falência e discutem como buscar a eficiência analisando cada um dos passos produtivos. Concluem, então, que a melhoria em um dos processos pode gerar gargalos nos passos seguintes da linha de produção, aumentando os inventários e prejudicando o resultado final.

Na história, isso é representado pela robotização de um dos processos de produção, que passa a apresentar altos índices de eficiência. Após analisar todos os passos do processo produtivo da empresa, os autores identificam que os robôs elevaram a eficiência de uma etapa, mas essa melhoria estava em desencontro com a meta, pois não melhorava o ganho financeiro e ainda aumentava os custos.

Para se atingir a meta, é necessário aumentar os ganhos e, simultaneamente, reduzir os estoques e as despesas operacionais. Ao buscar esses objetivos, o gestor deve entender como se relacionam dois tipos de recursos presentes em todas as fábricas:

• recursos gargalo, cuja capacidade é igual ou menor do que a demanda colocada neles;

• recursos não gargalo, cuja capacidade é maior do que a demanda colocada neles.

136 Produção: fundamentos e processos

Na história narrada no livro, a equipe identifica o gargalo na etapa seguinte à dos robôs, o que gerava um estoque alto de produtos não acabados. Assim, após adotar a filosofia desenvolvida pelos autores, a empresa conseguiu melhorar seus processos e sua eficiência produtiva, recuperando-se do momento de crise.

Como afirmamos anteriormente, a filosofia OPT é composta por nove princípios. De acordo com Goldratt e Cox (2010), são eles:

1. Balanceamento do fluxo, não da capacidade: ao contrário do que propõe a abordagem tradicional, utilizada no sistema MRP II, a ênfase do sistema é no fluxo de materiais, não na capacidade dos recursos.

2. O nível de utilização de um recurso não gargalo não é determinado por sua disponibilidade, mas sim por alguma outra restrição do sistema.

3. A utilização e a ativação de um recurso não são sinônimas: se um recurso não puder ser absorvido por um recurso gargalo, ativá-lo – ou seja, emitir ordens de compra e de produção – pode significar perdas com estoques. Como não contribui para atingir os objetivos da empresa, a ativação do recurso não pode ser chamada de utilização.

4. Uma hora perdida num recurso gargalo é uma hora perdida em todo o sistema produtivo, pois o recurso gargalo limita a capacidade do fluxo de produção, afetando todo o sistema. 5. Uma hora economizada num recurso não gargalo é apenas

uma ilusão, pois não afeta a capacidade do sistema, já que este é limitado pelo recurso gargalo.

6. Os gargalos governam o volume de produção e o volume dos estoques.

7. O lote de transferência pode não ser igual ao lote de processamento. No contexto da filosofia OPT, a flexibilidade na forma como os lotes serão processados é essencial para uma eficiente operação do sistema produtivo.

Sistemas de planejamento e controle: MRP e MRP II 137 8. O lote de processamento deve ser variável, não fixo: ele é uma

função da programação que pode variar de operação para operação.

9. A programação de atividades e a capacidade produtiva devem ser consideradas simultaneamente, não sequencialmente. O lead time é resultado da programação e não pode ser predeterminado.

Assim como o MRP II, o software OPT também é composto por módulos, que são:

• OPT, que realiza a programação dos recursos restritivos; • BUILDNET, que cria e mantém a base de dados utilizada; • SERVE, que ordena os pedidos de utilização de recursos e

programa os recursos não gargalos;

• SPLIT, que separa os recursos em gargalos e não gargalos. O OPT, apesar da implantação cara e de alguns problemas de levantamento e manutenção de dados, é considerado por muitos autores como uma alternativa para os problemas de planejamento e controle das operações.

Considerações finais

As operações de produção em uma empresa são extremamente complexas e envolvem diversos fatores, tais como dados, informações, componentes, partes e peças de origens diferentes, além de informações sobre o mercado e a concorrência, inovações tecnológicas, componentes produzidos em processos anteriores da mesma empresa, partes e peças provenientes de fornecedores e ordens de produção geradas pela área comercial da empresa. Lidar com essa complexidade exige alto grau de planejamento e gestão, tanto nos níveis estratégicos quanto operacionais.

Os sistemas de gestão da produção, em especial o MRP, são fundamentais para que a empresa possa planejar e gerenciar os

138 Produção: fundamentos e processos

objetivos de produção necessários para atender às demandas geradas pelo mercado de modo eficiente. Se bem aplicados, os conceitos de gestão da produção são a base do resultado financeiro da empresa, pois garantem que os produtos a serem comercializados atendam às expectativas de qualidade e de competitividade de preços da empresa frente aos concorrentes.

Ampliando seus conhecimentos

• GOLDRATT, Eliyahu M.; COX, Jeff. A meta. São Paulo: Nobel, 2010.

Mesmo depois de mais de 40 anos de seu lançamento, esse livro de Goldratt e Cox continua atual e é usado por milhares de empresas e faculdades. Apresenta a Teoria das Restrições

(Theory of Constraints), mundialmente reconhecida como

um dos métodos mais bem-sucedidos para implantar um processo de melhoria contínua em empresas.

• CAON, Mauro; CORRÊA, Henrique Luiz; GIANESI, Irineu Gustavo Nogueira. Planejamento, Programação e Controle da

Produção – MRP II / ERP. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

Esse livro, escrito por autores brasileiros, é a primeira obra em português que aborda – de maneira abrangente, conceitual e prática – os sistemas MRP II/ERP.

Atividades

1. Analise as afirmativas a seguir, sobre os sistemas de PCP: I. Baseado nos conceitos da administração científica de

Taylor e Ford, o foco do MRP II é a divisão de tarefas, a especialização do trabalho e implantação de linhas de montagem.

Sistemas de planejamento e controle: MRP e MRP II 139 II. O Just in Time (JIT) tem sua origem na Teoria das

Restrições.

III. Os sistemas MRP consideram o cálculo do lote econômico de produção uma forma de diminuir as paradas relacio- nadas à troca de ferramentas.

Podemos afirmar que:

a) somente a afirmativa I está correta. b) somente as afirmativas I e II estão corretas. c) somente a afirmativa II está correta. d) somente as afirmativas I e III estão corretas.

2. Explique como a função produção, de acordo com Goldratt