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Ordenação dos municípios pelas três dimensões da sustentabilidade

No documento Avaliação de risco ambiental de fármacos (páginas 102-106)

CAPÍTULO 6 AVALIAÇÃO DE MUNICÍPIOS BRASILEIROS PELAS TRÊS

6.1 ORDENAÇÃO DOS MUNICÍPIOS

6.1.4 Ordenação dos municípios pelas três dimensões da sustentabilidade

O estudo avaliou o nível de sustentabilidade dos municípios em relação aos recursos hídricos nas três dimensões do desenvolvimento sustentável de acordo com o Triple Bottom Line. O resultado é apresentado na tabela 7.

Tabela 7: Ordenação segundo os indicadores das dimensões econômica, social e ambiental MUNICÍPIOS POSIÇÃO MUNICÍPIOS POSIÇÃO MUNICÍPIOS POSIÇÃO

Franca 1 Colatina 11 Juazeiro 21

Catanduva 2 Juiz de Fora 12 Chapecó 22

Petrópolis 3 Jaraguá do Sul 13 Araguaína 23

Campo Mourão 4 Imperatriz 14 Cacoal 24

Apucarana 5 Francisco Beltrão 15 Itaperuna 25

Varginha 6 Santa Maria 16 Sinop 26

Feira de Santana 7 Sobral 17 Arcoverde 27

Uberaba 8 Patos de Minas 18 Bento Gonçalves 28

Jundiaí 9 Mossoró 19 Lajeado 29

Anápolis 10 Dourados 20 Santarém 30

Fonte: Elaborado pelo autor

O município mais bem avaliado foi Franca que obteve a 9ª posição na dimensão social, a 19ª na dimensão econômica e a segunda posição na dimensão ambiental.

Os municípios que ocuparam a primeira posição nas ordenações das dimensões econômica (Jundiaí), social (Campo Mourão) e ambiental (Feira de Santana) mantiveram-se entre as dez primeiras posições na ordenação final. Dos cinco municípios com pior avaliação

na dimensão ambiental, quatro (Sinop, Bento Gonçalves, Lajeado e Santarém) continuaram entre as cinco últimas posições.

Municípios com excelente desempenho nos indicadores das dimensões econômica e social, mas com desempenho ruim ou regular nos indicadores de saneamento podem alcançar as últimas posições na ordenação final em função das pressões exercidas sobre o ambiente. Os municípios com bons indicadores econômicos e de saneamento reduzem as pressões sobre o ambiente melhorando o seu desempenho na dimensão ambiental e também na dimensão social em função do acesso à água potável e à coleta de esgoto.

O resultado final confirma a premissa do método CPP de considerar o melhor desempenho dos municípios em todos os indicadores e obter uma pontuação final que beneficia aqueles com melhores classificações no maior número de indicadores. Mostra a complexidade da avaliação da sustentabilidade em todas as suas dimensões em função das contradições entre os diversos ODS, pois, os municípios alternam posições superiores, inferiores ou intermediárias nos nove indicadores avaliados.

CAPÍTULO 7 - AVALIAÇÃO DO RISCO AMBIENTAL DE FÁRMACOS ANTINEOPLÁSICOS

Neste capítulo, foi realizada uma avaliação preliminar do risco ambiental de cada um dos vinte fármacos oncológicos mais consumidos pelo setor de quimioterapia do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP-UFF) em Niterói (RJ). Na ausência de legislação específica no Brasil, utilizou-se o disposto na diretriz europeia para a avaliação do risco ambiental de fármacos (EMEA, 2006).

O alvo ambiental da abordagem metodológica preconizada por essa diretriz é o prognóstico da concentração do fármaco nas águas e a avaliação do risco ambiental potencial a ela associado.

Por meio da pesquisa no sistema de gerenciamento de estoques do serviço de farmácia do hospital, calculou-se o consumo médio de 20 medicamentos antineoplásicos utilizados no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2017.

A previsão das concentrações diárias nas águas de superfície (PEC) foi calculada de acordo com a metodologia descrita na norma europeia que tem sido utilizada (com ou sem ajustes) em estudos para estimar concentrações no ambiente aquático (LE CORRE et al., 2012; FRANQUET-GRIELL et al., 2015; VERLICCHI; ZAMBELLO, 2016). De acordo com a fase I da norma, a PEC foi calculada pela equação (2):

PEC (µg.L-1) = CF (µg.dia-1) / [QE (L.dia-1)]* 10 Eq. (2) O volume de esgoto gerado per capita no município foi de 230 L.dia-1 (SNIS 2019). A vazão da rede foi estimada em 16.403.600 L.dia-1 (volume de esgoto gerado por habitante/dia multiplicado pela população residente). A maior parte dos medicamentos oncológicos é administrada a pacientes ambulatoriais e, portanto, é provável que parte seja excretada na comunidade. No entanto, a quantidade excretada varia dependendo do fármaco e do tempo de administração (HELWIG et al., 2013). Embora nem toda a droga seja excretada no hospital, neste estudo considerou-se o pior cenário para o cálculo da PEC: toda excreção ocorrendo no hospital, seu efluente sendo lançado no sistema público de esgoto que atende o seu entorno e tendo como destino uma única ETE. A tabela 8 mostra o consumo médio dos fármacos e os respectivos valores calculados da PEC.

Tabela 8: Cálculo da concentração ambiental prevista (PEC)

FÁRMACO CM VE PEC FÁRMACO CM VE PEC

carboplatina 265,14 1,64E+07 1,62E-03 gemcitabina 1214,11 1,64E+07 7,40E-03 ciclofosfamida 1933,63 1,64E+07 1,18E-02 idarubicina 1,52 1,64E+07 9,27E-06 5fu 1837,72 1,64E+07 1,12E-02 ifosfamida 543,32 1,64E+07 3,31E-03 cisplatina 34,37 1,64E+07 2,10E-04 irinotecano 91,21 1,64E+07 5,56E-04 citarabina 1457,77 1,64E+07 8,89E-03 methotrexate 412,5 1,64E+07 2,51E-03 dacarbazina 199,69 1,64E+07 1,22E-03 mitoxantrona 1,02 1,64E+07 6,22E-06 docetaxel 52,76 1,64E+07 3,22E-04 oxaliplatina 93,70 1,64E+07 5,71E-04 doxorubicina 113,43 1,64E+07 6,92E-04 paclitaxel 126,92 1,64E+07 7,74E-04 etoposideo 203,90 1,64E+07 1,24E-03 vimblastina 3,55 1,64E+07 2,16E-05 fludarabina 9,30 1,64E+07 5,67E-05 vincristina 1,15 1,64E+07 7,01E-06 Legenda: CM: consumo médio (mg/dia); VE: volume do efluente; PEC: concentração ambiental prevista (µg/L)

Fonte: Elaborado pelo autor

De acordo com a tabela 8, apenas os três medicamentos mais consumidos (ciclofosfamida, 5-fluoruracil e citarabina) apresentam valores da PEC maiores ou iguais ao limite de ação de 0,01 µg.L-1 da diretriz européia.

Se o valor da PEC for inferior a 0,01µg.L-1, e o log Kow inferior a 4,5, é improvável que o fármaco represente um risco para o meio ambiente. Se o valor for igual ou superior a 0,01 µg.L-1, a avaliação deve prosseguir pela Fase II descrita na metodologia preconizada pela Agência Européia do Medicamento (EMEA, 2006).

O alcance da exclusão da avaliação obrigatória para todos os medicamentos com base nesse limite tem sido questionado por alguns autores. Kümmerer et al. (2016), argumentam que os fármacos antineoplásicos podem ter efeitos sobre os organismos aquáticos em concentrações inferiores a 0,01µg.L-1, e os efeitos ecotoxicológicos da exposição crônica, mesmo em concentrações muito baixas, ainda são desconhecidos. Como nenhum limite de ação seguro pode ser assumido para essas substâncias, mesmo nessas concentrações, os limites não devem ser aplicados. Booker et al. (2014) acrescenta que efeitos sutis associados à exposição em baixas concentrações requerem maior atenção, particularmente para esses fármacos. Considerando esses argumentos e o princípio da precaução, o estudo realizou a avaliação dos 20 fármacos selecionados de acordo com a fase II da diretriz.

No documento Avaliação de risco ambiental de fármacos (páginas 102-106)