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Os agentes públicos responsáveis pela condução da licitação

No documento licitacoes (páginas 58-61)

Etapa interna: preparação da licitação

5. Os agentes públicos responsáveis pela condução da licitação

De acordo com o art. 38, III, da LGL, deverá constar dos autos do procedimento administrativo licitatório o “ato de designação da comissão de licitação, do lei- loeiro administrativo ou oficial, ou do responsável pelo convite” (BRASIL, 1993). Portanto, a designação dos agentes responsáveis pela análise dos documentos de habilitação e julgamento das propostas deve ocorrer ainda na etapa interna da licitação.

A definição dos agentes responsáveis dependerá da modalidade de licitação ado- tada:

Modalidade Agentes públicos responsáveis

Concorrência Comissão de Licitação

Tomada de Preços Comissão de Licitação

Convite Comissão de Licitação ou Servidor responsável (art. 51, § 1o, LGL)

Modalidade Agentes públicos responsáveis

Leilão Leiloeiro Administrativo ou Leiloeiro Oficial Concurso Comissão Especial (art. 51, § 5o, LGL)

Pregão Pregoeiro (auxiliado por Equipe de Apoio)

5.1. Comissão de licitação

De acordo com o art. 51 da LGL (BRASIL, 1993), a análise dos documentos de ha- bilitação e o julgamento das propostas serão realizados por comissão permanente ou especial, composta por, no mínimo, três membros, sendo pelo menos dois deles servidores qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos da Ad- ministração responsáveis pela licitação.

Veja-se que a norma alude à composição mínima de três membros, de modo que não há limitação a número máximo de servidores designados para a comissão. De todo modo, a comissão não poderá se reunir ou realizar qualquer ato na etapa externa da licitação se não estiver presente na oportunidade o número mínimo de três membros.

Quanto à composição da comissão de licitação, prevalece o entendimento na doutri- na e no TCU no sentido de que o art. 51 da Lei no 8.666 exige que a maioria abso-

luta do colegiado seja integrada por servidores efetivos 10, evitando-se, assim, que

o poder decisório fique à mercê de servidor cujo vínculo com a Administração seja precário (como nos casos de cargos ou empregos de confiança). Incluem-se entre os “efetivos” os servidores em estágio probatório11, já que seu desligamento

demanda prévio processo administrativo.

No caso das entidades cujo regime de pessoal é o celetista, o entendimento pre- valece, devendo a maioria da comissão (2/3) ser integrada por agentes que não ocupem “empregos de confiança” (que possam ser desligados livremente, sem justa causa e prévio contraditório).

Note-se que a comissão poderá ser permanente ou especial, de modo que, a depen- der da estrutura de cada órgão ou entidade, bem como a qualificação técnica do 10 Nesse sentido, ver Acórdão TCU no 92/2003 – Plenário (BRASIL, 2003b).

11 A efetividade está relacionada à forma de provimento do cargo, ao passo que o “estágio probatório” se

corpo de servidores/empregados, poderá ser constituída uma única comissão, de caráter perene, atuando em todas as licitações corriqueiras e, quando necessário, uma comissão especial para conduzir uma licitação específica que envolva um ob- jeto complexo. Admite-se, ainda, a possibilidade de criação, num mesmo órgão, de diversas comissões permanentes de acordo com os objetos a serem licitados: compras, serviços de engenharia, bens e serviços de informática, obras etc. Conforme dispõe o § 1o do art. 51, “no caso de convite, a Comissão de licitação,

excepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e em face da exigui- dade de pessoal disponível, poderá ser substituída por um servidor formalmente designado pela autoridade competente” (BRASIL, 1993).

Os membros das comissões de licitação responderão solidariamente por todos os atos praticados pela Comissão, salvo se posição individual divergente estiver de- vidamente fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que tiver sido tomada a decisão.

A investidura dos membros das comissões permanentes não excederá a um ano, vedada a recondução da totalidade12 de seus membros para a mesma comissão no

período subsequente.

Conforme disciplina interna de cada órgão ou entidade, deverá ser escolhido pela autoridade superior, dentre os membros da comissão de licitação, o seu respecti- vo presidente, que tem por atribuição precípua a direção e condução dos trabalhos do colegiado13. Contudo, o peso de seu voto nas reuniões será exatamente o mes-

mo dos demais membros.

5.2. Pregoeiro e equipe de apoio

Na modalidade pregão, instituída pela Lei no 10.520 (BRASIL, 2002b), a responsa-

bilidade pela condução do certame recai sobre um só agente público: o pregoeiro. Assim, no pregão, não há a atuação de uma comissão, com a responsabilidade 12 O que se veda é a recondução imediata de todos os membros da comissão. Logo, apesar de criticável

tal opção do legislador, havendo a alteração (ou supressão) de um único membro que seja, será atendido o comando da LGL.

13 Da leitura da Lei no 8.666 (BRASIL, 1993), desde que observada a regra da vedação da recondução da

totalidade de membros, não se vislumbra qualquer óbice à recondução sucessiva e indeterminada do pre- sidente da comissão. Todavia, com o intento de se evitar a personalização e o continuísmo (tão nocivos à profissionalização de pessoas na Administração), é recomendável o contínuo revezamento dos titulares na presidência da comissão.

solidária de seus membros; nele atua apenas um agente, cuja responsabilidade pelos atos é exclusiva, decidindo, de forma unipessoal, as questões que lhe são postas no curso do procedimento.

De acordo com o art. 3o, IV, da Lei no 10.520/2002,

a autoridade competente designará, dentre os servidores do órgão ou entidade promotora da licitação, o pregoeiro e respectiva equipe de apoio, cuja atribuição inclui, dentre outras, o recebimento das propostas e lances, a análise de sua acei- tabilidade e sua classificação, bem como a habilitação e a adjudicação do objeto do certame ao licitante vencedor (BRASIL, 2002b).

Assim, para aqueles que fazem uma interpretação literal do dispositivo legal, dian- te da inexistência de expressa restrição à natureza do cargo ocupado pelo servidor (se de provimento efetivo ou de provimento em comissão), admitir-se-ia a possi- bilidade de um servidor comissionado ser designado para a função de pregoeiro. A seu turno, o § 1o do art. 3o da Lei do Pregão estabelece que a equipe de apoio

ao pregoeiro “deverá ser integrada em sua maioria por servidores ocupantes de cargo efetivo ou emprego da administração, preferencialmente pertencentes ao quadro permanente do órgão ou entidade promotora do evento” (BRASIL, 2002b). A equipe de apoio presta auxílio operacional ao pregoeiro, não assumindo compe- tência decisória e, dessa forma, seus integrantes não podem ser responsabiliza- dos pelos atos realizados, salvo no caso de eventual fraude14.

No documento licitacoes (páginas 58-61)