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5- A GESTÃO DO RISCO NA BANCA

5.7. Os diferentes ris cos considerados na literatura – Breve resumo

São vários os tipos de risco que devem ser considerados, Ferreira (2004) enquadra os ris- cos a que as instituições estão expostas em quatro categorias principais: risco de negócio; risco estratégico; risco operacional e o risco financeiro (os considerados no MAR mais o de solvência). No MAR os diversos riscos dividem-se em financeiros (risco de crédito, de mercado, de taxa de juro, de taxa de câmbio) e não financeiros (compliance, operacional, dos sistemas de informação, de estratégia e de reputação), igualmente devem ser conside-

rados outros materialmente relevantes inerentes à actividade. O MAR avalia os riscos de liquidez e de solvabilidade de forma equivalente e são tratados autonomamente em relação aos outros tipos de riscos. Para todos estes tipos de riscos devem as instituições desenvol- ver processos de identificação, de avaliação e de acompanhamento, estes processos permi- tem respectivamente: enfrentar esta diversidade de riscos e evitar que cada um deles possa afectar a estratégia e os objectivos da instituição; avaliar da probabilidade de perdas em relação a cada risco e a respectiva magnitude; produção de relatórios sobre a exposição da instituição a cada categoria de risco. Relativamente ao risco de crédito posteriormente será desenvolvido com mais detalhe visto ser o objecto principal desta dissertação. Em seguida apresenta-se de uma forma sucinta o que se entende por cada tipo de risco, todos apresen- tam a probabilidade de ocorrência de impactos negativos nos resultados ou no capital da instituição.

Risco de crédito – quando os mutuários existentes na carteira de crédito ficam sem capa-

cidade de cumprir os seus compromissos (juros e/ou capital mutuado) perante a institui- ção, os prejuízos daqui resultantes devem ser cobertos com a constituição de provisões.

Risco de mercado - perdas por movimentos desfavoráveis no preço dos factores de risco

de mercado tais como: cotações das acções, taxas de juro, taxas de câmbio e preços das mercadorias. Ferreira (2004) considera o risco da taxa de juro capital na banca, a margem financeira constitui a sua principal fonte de resultados (diferença entre os juros das opera- ções activas e os juros de operações passivas).

Risco da taxa de juro – possibilidade de existência da volatilidade das taxas de juros ac-

tivas e passivas e o desfasamento de prazos de repricing dos activos e passivos, estas vari- ações adversas conduzem segundo Ferreira (2008:30) «a maiores custos financeiros ou a menores proveitos financeiros do que os esperados».

Risco da taxa de câmbio – na opinião de Ribeiro (2002b) neste tipo de taxa existe a pro-

babilidade de se registarem movimentos desfavoráveis quer em relação ao contravalor da moeda nacional quer em relação às responsabilidades em moeda estrangeira. Os resultados dos bancos podem ser afectados por incapacidade de controlo ou previsão, devido a flutu- ações destas taxas (ibid.: 1).

penalizada «em sansões de caracter legal ou regulamentar […] na impossibilidade de exigir o cumprimento de obrigações contratuais» (MAR,2007:17)

Risco operacional – Pode resultar por diversas falhas internas ou externas, Ribeiro

(2002b) identifica várias: devido a erros, fraudes, incompetência e a deficiências tecnoló- gicas, a estas são acrescentadas outras falhas por Ferreira (2004): deficiências do controlo interno, a falhas no sistema de reporting.

Risco dos sistemas de informação - Acontece nos casos em que os sistemas informáticos

não são seguros, permitem acessos não autorizados, não garantem a integridade dos dados, não asseguram a continuidade do negócio em caso de falha e ainda quando prosseguem por opções que são desajustadas neste âmbito.

Risco de estratégia - quando a instituição não responde adequadamente a alterações no

seu meio envolvente, as estratégias seguidas não são as correctas, existe dificuldade em adaptar-se a novos ambientes de negócio. Registe-se o exemplo de Ferreira (2004:4) sobre este tipo de risco «é o desaparecimento da ameaça soviética nos anos oitenta, conduzindo a uma diminuição gradual nos gastos com a defesa e afectando directamente a indústria de armamento».

Risco de reputação – factos, fundamentados ou não, que podem denegrir a imagem públi-

ca da instituição perante os analistas financeiros, investidores, fornecedores, clientes, cola- boradores, fornecedores, meios de comunicação social e da população em geral. Em certa situações existe um dilema no órgão de gestão que é o de criar valor para a instituição re- correndo ao planeamento fiscal para pagar menos imposto e ponderar se essa estratégia é aceite pela comunidade, uma análise que se pode enquadrar nesta realidade é a de Ribeiro (2012:8) «a eficiência fiscal é um dever da boa gestão, tanto quanto a reputação é porven- tura o mais valioso bem do banco».

Risco país - Breia [et al.] (2014) recomendam analisar vários elementos qualitativos

aquando da decisão sobre o riso crédito, alguns elementos a ponderar consistem na instabi- lidade e nacionalizações em países (por exemplo: Venezuela, Argentina, Bolívia) onde as instituições detêm partes importantes do seu negócio. Para o BPI (2013:106) este tipo de risco está associado a:

[a]lterações ou perturbações específicas de natureza política, económica ou financeira, nos locais onde operam as contrapartes (ou, mais raramente, num terceiro país onde o

negócio tem lugar), que vêm impedir o integral cumprimento do contrato, independen- temente da vontade ou capacidade das contrapartes.

Os casos “especiais” do risco de liquidez e do risco de solvabilidade – as autoridades de

supervisão seguem os princípios originados no Comité de Basileia que consideram que estas duas categorias devem ser analisadas conjuntamente porque são elementos estrutu- rantes das condições financeiras de uma instituição. Nesta dissertação já se destacou a pre- ocupação que as instituições devem ter no tratamento destes riscos, nomeadamente no Ca- pítulo 3.

Registe-se o aparecimento de novas preocupações sobre outros tipos de riscos constantes na Directiva 2013/36/UE do Parlamento Europeu e do Conselho de 26 de Junho de 2013 e que podemos referenciar:

Risco residual (Art.º 80.º) – sempre que as técnicas de redução de risco de crédito não são

eficazes as autoridades devem assegurar que este tipo de risco é tratado e controlado recor- rendo-se a políticas e procedimentos escritos.

Risco de taxa de juro resultante de actividades não incluídas na carteira de negocia- ção (Art.º 82.º) – deve ser assegurado pelas autoridades competentes que as instituições

aplicam sistemas de avaliação, identificação e gestão sempre que a sua actividade é afecta- da por modificações das taxas de juro não incluídas na carteira de negociação.

Risco de alavancagem excessiva (Art.º 87.º) – a redução de fundos próprios pode aumen-

tar o risco de alavancagem por perdas esperadas ou excessivas, em respeito às normas con- tabilísticas vigentes. As instituições devem tratar o risco de alavancagem de forma pruden- te e cabe às autoridades competentes a verificação desta prática.

Risco de correlação – Na relação de negócio a instituição tem que avaliar o risco geral de

correlação desfavorável «[…] ocorre quando a probabilidade de incumprimento das con- trapartes se encontra positivamente correlacionada com fatores gerais de risco de mercado» (Art.º 291.º do Regulamento (UE) n.º 575/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de Junho de 2013). No mesmo artigo há que considerar o risco específico de correlação desfavorável.

económica das operações, dadas as características da operação (estrutura da operação ou produtos complexos).

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