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N. º devedores com crédito vencido

7.4 Regularização extrajudicial do incumprimento – PERS

Este procedimento tem por base um conjunto de medidas que visam a recuperação extraju- dicial das prestações de contratos de crédito. É na fase inicial do incumprimento que as instituições e os clientes bancários devem actuar para evitar o avolumar da dívida para ní- veis insustentáveis com consequências gravosas para o devedor e a sua família. Um contra- to de crédito em incumprimento está sujeito à cobrança de juros de mora que aumentam a dívida. A instituição pode intentar uma acção judicial para penhorar o bem do devedor e colocar o seu bem em venda judicial com o intuito de recuperar o seu crédito. Para evitar que estas situações cheguem à via judicial foi criado o PERSI. Quando o vencimento das obrigações entra em mora existe a obrigação de, no prazo máximo de 15 dias após o in- cumprimento, informar todos os titulares do empréstimo dos montantes que têm a pagar incluindo fiadores, caso existam. Nesta fase é importante procurar saber das razões do in- cumprimento, conforme foi comunicado pelas instituições ao BdP (2013a:49) «este primei-

Caso não exista qualquer pagamento e após desenvolver as diligências para saber das ra- zões do atraso no cumprimento é obrigação da instituição integrar o cliente em PERSI no período decorrido entre o 31.º e 60.º dia seguintes ao vencimento das obrigações em mora. Esta integração é obrigatória também pela iniciativa do cliente bancário quando se encon- tra em mora considerando-se o registo em PERSI na data em que é recebida a comunicação do cliente bancário se forem declarados outros incumprimentos do mesmo cliente e na mesma instituição devem ser adicionados ao procedimento já anteriormente despoletado. Consiste ainda motivo para a integração o momento em que o cliente se atrase no paga- mento das prestações e que já tinha alertado para o risco de incumprimento.

Nos contratos que estão garantidos por fiança e que tenham obrigações em mora deve ser comunicado ao fiador, no prazo máximo de 15 dias (a partir data de incumprimento), o atraso no pagamento e dos montantes em dívida. No prazo de 10 dias os fiadores dos con- tratos de crédito podem também solicitar a sua inclusão em PERSI depois de serem cha- mados a cumprirem as obrigações do mutuário. Se o fiador tiver a iniciativa de integrar o PERSI aplica-se o mesmo procedimento do n.º 4 do Art.º 14.º e com as necessárias adapta- ções do Art.º 15.º ao Art.º 20.º, todos referidos no Decreto-Lei 227/2012.

No Aviso 17/2012 no Art.º 7.º são identificados os elementos do contrato de crédito que devem ser enviados ao cliente a dar conhecimento que entrou em PERSI, o prazo para este envio não pode exceder os 5 dias a contar do dia em que foi inserido ou da decisão de inte- grar num único procedimento outros contratos de crédito, todas estas diligências devem ficar registadas em suporte duradouro.

Depois da integração em PERSI existe um período de tempo em que a instituição faz a avaliação e a capacidade financeira do cliente. Perante uma situação de mora é imperativo saber se o incumprimento do cliente é uma situação pontual ou se resulta de uma acção reiterada, desta análise pode resultar o pedido ao cliente de informações e outra documen- tação para que seja enviada no prazo máximo de 10 dias ou, salvo motivo atendível, outro prazo (Art.º 15.º n.º 3 do Decreto-Lei n.º 227/2012). Posteriormente a esta avaliação existe o prazo de 30 dias, desde a integração em PERSI, para que seja comunicado ao cliente em mora o resultado da avaliação realizada. O acordo no âmbito do PERSI pode ser inviabili- zado se não existirem condições do cliente para pagar os seus compromissos decorrentes do (s) seu (s) contrato (s) de crédito ou da utilização de outras soluções (renegociação ou consolidação com outros contratos). Se existirem condições para ambas as partes entrarem

em negociação deverão ser apresentadas propostas ao cliente para regularizar a situação de incumprimento (capital, juros vencidos e vincendos).

Após receber a proposta da instituição o cliente tem o prazo de 15 dias para apresentar a sua própria proposta com as condições que considera mais adequadas à sua situação, po- dendo a instituição aceitar ou não a sua iniciativa. Se existir acordo as duas partes devem ficar vinculadas a um novo plano de pagamento e será cessada a sua situação de incum- primento. Enquanto decorrer o PERSI a instituição fica proibida de actuar como se consta- ta em BdP (2013c:14):

 «resolver o contrato de crédito;

 agir judicialmente contra o cliente bancário com vista à recuperação do crédito;

 ceder o crédito ou transmitir a sua posição contratual a terceiros».

Ainda que se deva respeitar o enunciado nos três pontos acima isso não obriga a que a ins- tituição abdique dos direitos expostos no Art.º 18.º n.º 2 do Decreto-Lei 227/2012 e que se apresentam:

 a) fazer uso de procedimentos cautelares adequados a assegurar a efectividade do seu direito de crédito;

 b) Ceder créditos para efeitos de titularização; ou

 c) Ceder créditos ou transmitir a sua posição contratual a outra instituição de crédito.

A extinção do PERSI ocorre automaticamente quando: os montantes são integralmente pagos; existência de acordo das partes para regularizar o incumprimento; no 91.º dia desde a integração se não houver acordo entre as partes para a sua prorrogação; se existir uma declaração de insolvência do cliente. Existem contudo situações em que o PERSI pode ser extinto por iniciativa da instituição, são os casos relacionados com: os bens do devedor estão penhorados ou tenha sido decretado o arresto; entrada em processo de insolvência do cliente bancário; a situação de incumprimento não pode ser regularizada devido à incapa- cidade financeira do cliente bancário; não responda ou deixe passar o prazo legal às solici- tações enviadas pela instituição no sentido de solucionar a sua situação de incumprimento;

As razões da extinção do PERSI deverão ser comunicadas em suporte duradouro para que produza efeitos (Art.º 8.º do Aviso 17/2012). Esta comunicação explicita um conjunto de informações a enviar ao cliente bancário: a fundamentação legal dessa extinção e dos fac- tos que levaram a instituição a não dar seguimento a este procedimento; fica informado também das consequências da extinção, por exemplo, resolução do contrato ou execução judicial; nos casos de incumprimento no crédito à habitação é obrigatório informar do re- gime criado pelo Decreto-Lei 349/98, de 11 de Novembro e alterado pela Lei n.º 59/2012, de 9 de Novembro que cria salvaguardas relativamente à resolução e ao direito à retoma do contrato de crédito; quando está abrangido pelo regime extraordinário de protecção de de- vedores da Lei n.º 58/2012, de 9 de Novembro alterada pela Lei n.º 59/2014, de 25 de Agosto, dar conhecimento que usufrui de medidas substitutivas e do processo para solicitar a sua aplicação; comunicar os contactos dos elementos da instituição para negociar solu- ções que regularizem o seu incumprimento; pode recorrer ao Mediador de Crédito se o incumprimento se registar no crédito à habitação e existam outras dívidas em contratos de crédito, as garantias associadas ao PERSI ficam activas por um período adicional de 30 dias se for solicitada a intervenção nos 5 dias seguintes à extinção do PERSI.

Figura 7.6 – Prazos e procedimentos no quadro legal aplicado ao incumprimento Fonte: CA (2012c:22)

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