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3- REGULAÇÃO E SUPERVISÃO FINANCEIRA

3.5 Supervisão Prudencial Internacional/Europeia

A organização responsável pela supervisão bancária internacional é o Bank for Internatio-

nal Settlements (BIS), que tem como objectivo promover a cooperação entre bancos cen-

trais de todo o mundo e outras agências na procura de estabilidade monetária e financeira. O BIS, que está sediado na cidade suíça de Basileia, publica relatórios sobre o sistema fi- nanceiro global e estatísticas. Muitas das recomendações que emite têm sido observadas atentamente pela UE e transpostas para a legislação comunitária. Segundo Barbudo (2011) foi após a falência do banco Lehmon Brothers, em Setembro de 2008, que se desencadeou um debate a nível global sobre a necessidade de reforçar e aperfeiçoar a regulação do sis- tema financeiro.

Na Europa foi necessário implementar um conjunto de reformas na União Económica e Monetária (UEM), uma Task Force foi formada pelo Conselho Europeu em Março de 2010 e conduzida pelo seu presidente Herman Van Rompuy. Este mandato tinha como objectivo reformar a UEM especialmente no seu pilar económico e passou pelas seguintes medidas:

 Substituir o mecanismo, que esteve em vigor até 2013, para ajudar os países em dificuldades financeiras através do estabelecimento de um quadro estável para a gestão de crises.

 Reforma do Pacto de Estabilidade e Crescimento, devendo os países reforçar a disciplina orçamental.

 Por forma a reduzir os desequilíbrios que estão a desestabilizar a ZE deve existir coordenação macroeconómica.

O modelo de governação da UEM assenta em várias debilidades, o Conselho Europeu con- sidera no Regulamento (UE) nº 1024/2013 do Conselho, de 15 de outubro de 2013, que (§2):

[A] actual crise financeira e económica veio demonstrar que a fragmentação do setor financeiro pode ameaçar a integridade da moeda única e do mercado interno. É pois essencial intensificar a integração da supervisão bancária, a fim de reforçar a União, restaurar a estabilidade financeira e lançar as bases da recuperação económica.

Figura 3.5- Desafios da Política Monetária Única Fonte: Elaboração própria com consulta a Neves (2013)

Em Setembro de 2012 entrou em vigor o Mecanismo Europeu de Estabilização (MEE) que substitui o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira e o Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira que caducaram em 2013. Até ao seu término estes dois últimos mecanismos serviram para financiar os programas de assistência económica e financeira, primeiro com a Irlanda (2010) depois Portugal (2011), ainda com a Grécia num segundo programa (2012) e por fim no mês de Julho (2013) para implementar um programa de as- sistência na banca espanhola.

O MEE foi constituído com um capital de 700 mil milhões de euros e possui a capacidade Inconsistências e vulnerabilidades no modelo de governação da UEM.

Interligações perversas entre risco soberano e risco bancário (em am-

bas as direcções).

bancário (em ambas as direcções). Aumento significativo da dívida pública em diversos países. Acumulação de desequi- líbrios macroeconómi- cos. + + =

ções na área do euro quando o Mecanismo Único de Supervisão (MUS) estiver em pleno funcionamento. A assistência do MEE não tem um impacto negativo no défice orçamental e na dívida pública dos EM.

Figura 3.6- O caminho para chegar à UEM

Fonte: Rompuy; Barroso; Juncker; Draghi (2012:18)

No que respeita ao sector financeiro prosseguiu-se com a criação da EBA em 2011 pelo Regulamento (UE) nº 1093/2010 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 24 de Novem- bro de 2010. À EBA, como autoridade independente da UE, cabe assegurar a convergência das práticas de supervisão do sector bancário europeu com um conjunto de regras harmo- nizadas e tem como objectivo, entre outros, defender os consumidores, depositantes, inves- tidores, promover uma concorrência justa. A sua acção foi fundamental na recapitalização de algumas grandes instituições na UE. Esta autoridade responde perante o Conselho da UE, Parlamento Europeu e CE e faz parte do Sistema Europeu de Supervisão Financeira (SESF).

A crise financeira revelou que o sistema europeu de supervisão apresentava uma série de fragilidades, deste modo a CE reagiu e emitiu em 27 de Maio de 2009 uma comunicação denominada «Supervisão financeira europeia» com o propósito de corrigir as insuficiências reveladas. Foi assim, com o acordo do Conselho Europeu de 18 e 19 de Junho de 2009, que

surgiu o SESF e um Conselho Europeu de Risco Sistémico (CERS). A nova arquitectura de regulação e supervisão seguiu as recomendações do Grupo de Alto Nível sobre a super- visão na UE em 25 de Fevereiro de 2009, constituído por Larosière, Jacques de; Balcero- wicz, Leszek; Issing, Otmar; Masera, Rainer; Carthy, Callum Mc; Nyberg, Lars; Pérez, José; Ruding, Onno (2009), o grupo presidido por Jacques Larosière aconselhou que o mercado interno adoptasse regras mais harmonizadas de regulação financeira aplicáveis a todas as instituições, deixando também a possibilidade dos EM poderem adoptar medidas regulatórias mais rigorosas na condição de estas medidas não desrespeitarem o funciona- mento do mercado interno e as normas mínimas fundamentais acordadas.

A supervisão microprudencial das instituições individuais ficará a cargo do SESF. Este sistema é composto pelas autoridades nacionais de supervisão em ligação com as três no- vas Autoridades Europeias de Supervisão (AES) na área da banca, dos valores mobiliários e ainda dos seguros e pensões complementares de reforma. A nova rede europeia de super- visão tem um conjunto de objectivos específicos: garantir que as regras da UE sejam co- muns e que a sua aplicação seja coerente; garantir que as práticas de supervisão sejam coe- rentes e sigam uma cultura comum; exerce plenos poderes de supervisão e actua em situa- ções de crise a partir do momento em que a CE declare uma situação de emergência; ga- rantir o acesso e gestão da informação microprudencial; sempre que um EM considere que as suas competências orçamentais estão a ser postas em causa pela actuação de uma AES cabe ao Conselho Europeu, por maioria qualificada, definir a solução a adoptar; também é preocupação deste sistema de supervisão garantir a independência das AES.

Quadro 3.1 – Composição do SESF

Fonte: Comunicação das Comunidades Europeias (2009:14)

O relatório Larosière [et al.] (2009) recomendou um conjunto único de regras e uma articu- lação da supervisão macroprudencial com vista a assegurar a estabilidade financeira, esta recomendação pretendeu instituir um quadro regulamentar harmonizado para gerir as crises financeiras na UE. Foram então instituídos mecanismos que devem garantir a flexibilidade, ser controlados, utilizados de forma transparente e consistente com o objectivo de prevenir e reduzir os riscos macroprudenciais e sistémicos e, assim, não prejudicar a actividade do mercado interno.

O CERS assegura a supervisão macroprudencial e fica com a responsabilidade de identifi- car os riscos para a estabilidade financeira na UE. Este mecanismo substituirá os “velhos” sistemas de supervisão macroprudencial que não conseguiram evitar os graves escândalos financeiros dos últimos anos. As funções deste mecanismo regem-se pelos seguintes objec- tivos: emitir alertas rápidos quando a sua avaliação da evolução macroeconómica identifi- car a ocorrência de riscos significativos macroprudenciais na UE; sempre que detectar es- ses riscos deve definir o seu grau de prioridade e recomendar as medidas a adoptar; fazer o

acompanhamento dos seus alertas e recomendações; coordenar a sua actuação com o FMI, o Conselho de Estabilidade Financeira (CEF)12 e outras contrapartes em países terceiros.

Quadro 3.2 – Composição do CERS

Fonte: Comunicação das Comunidades Europeias (2009:18)

Como descreve a Comissão (2009:16) «A definição de procedimentos vinculativos de coo- peração e intercâmbio de informações entre os níveis «micro» e «macro» assumirá impor- tância fundamental para se evitarem as armadilhas do passado». Todo este sistema visa garantir que o CERS e SESF funcionam em articulação e de forma eficaz.

Quadro 3.3 - Um novo enquadramento para a salvaguarda da estabilidade financeira

Fonte: Comunicação das Comunidades Europeias (2009:18)

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