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3- REGULAÇÃO E SUPERVISÃO FINANCEIRA

3.2. Supervisão em Geral

3.2.1 Sup ervisão Prudenci al e Comportamental

A supervisão é composta por duas funções, a supervisão prudencial e a supervisão compor- tamental. De notar que cabe à gestão estabelecer uma política adequada no governo da sociedade e um controlo interno eficaz e capaz de avaliar a adequação do seu capital tendo em conta os diversos riscos a que a instituição se encontra exposta, sendo os meios ao dis- por do BdP essencialmente preventivos. A supervisão prudencial é uma função muito im- portante do BdP e, na opinião de Pires (2002), é a mais importante pois procura evitar si- tuações que ponham em perigo o equilíbrio financeiro das instituições. Neste aspecto cons- tituem uma relevância especial os problemas da liquidez e da solvabilidade. O princípio geral está previsto no Art.º 94.º do RGICSF em que se define que os fundos que as institui- ções aplicam devem garantir, a qualquer momento, níveis de liquidez e solvabilidade ade- quados.

No que respeita à falta de liquidez, segundo Neves e Fernandes (2011), ela é problemática em qualquer negócio, mas é mais gravosa na actividade bancária, acontece que os depósi-

lennium BCP (2013), poderá estar em causa quando uma instituição é por ele afectada: a instituição fica com incapacidade de cumprir as suas obrigações por motivos de uma de- gradação das condições de financiamento (risco de financiamento) e/ou fica obrigada a recorrer à venda de activos por valores abaixo aos valores de mercado (risco de liquidez de mercado) para dispor dos fundos necessários para cumprir as obrigações a que se encontra sujeita.

Quanto à solvabilidade, determina a capacidade da empresa para esta fazer face aos seus compromissos a médio ou longo prazo, reflectindo o risco que os seus credores correm, através da comparação dos níveis de Capitais Próprios investidos pelos sócios ou accionis- tas, com os níveis de Capitais Alheios aplicados pelos credores. Calcula-se comparando os recursos próprios com os compromissos ponderados segundo a sua natureza.

A liquidez e solvabilidade constituem dois indicadores muito importantes para a confiança do público mas são independentes uma da outra, Jerónimo (2000) sustém que um bom in- dicador de liquidez de momento não representa que a instituição a médio ou longo prazo tenha capacidade de ter bens para fazer face aos seus compromissos, noutros casos pode ter solvabilidade e num determinado momento não ter dinheiro para pagar.

As normas prudenciais que são impostas às instituições visam assegurar o cumprimento pelo órgão de administração de uma boa governação. Esta supervisão deve prestar especial atenção às questões da solvabilidade e liquidez, entre as várias medidas de controlo são identificadas as seguintes por Jerónimo (2000:5):

«a) relação que tem de se observar entre os fundos próprios da instituição de crédito e as respectivas responsabilidades;

b) avaliação permanente dos riscos assumidos; c) defesa do valor dos activos através das provisões; d) concentração de riscos por cliente;

e) operações com pessoas que tenham ligações especiais com a instituição; f) administração de liquidez».

A supervisão prudencial pode ser subdividida em microprudencial e macroprudencial. A distinção entre elas está na abordagem que é feita sobre a instituição ou sobre as suas rela- ções com os clientes (micro) ou considerando uma supervisão de âmbito mais alargado e cuja principal preocupação é limitar os choques adversos e as suas consequências para o

sistema financeiro e economia real (macro). Cavaleiro (2010) desenvolve esta temática e considera que o objectivo da supervisão microcroprudencial é assegurar a solvabilidade e liquidez do sistema financeiro, tem como preocupação proteger os valores “à sua guarda”, por esta via fica reforçada estabilidade do sistema financeiro e, por acréscimo, a confiança pública na sua actuação.

Acrescenta Cavaleiro (2010) que a supervisão macroprudencial compete ao BdP, o seu mandato consiste em identificar eventuais choques adversos e monitorizar aqueles que podem propiciar riscos sistémicos nos mercados e na estabilidade do sistema nacional. As avaliações do sistema financeiro e da análise global da sua actividade são publicadas pelo BdP no Relatório de Estabilidade Financeira.

Figura 3.2 – Mudanças na Regulação e Supervisão aplicadas em Portugal no período 2010-2013 Fonte: Costa (2014b:8)

A supervisão comportamental verifica da adequação da conduta das instituições em relação à sua actuação no mercado e aos seus clientes, está associada à protecção dos consumido- res quando negociam produtos e serviços financeiros, persegue os objectivos, de acordo

É ao BdP (enquanto instituição de crédito) que cabe exercer a supervisão comportamental em conjunto com a CMVM (pelo exercício de actividades de intermediação financeira). O Decreto-Lei n.º 1/2008, de 3 de Janeiro, alterou o RGICSF com vista a reforçar os poderes do BdP em várias áreas da supervisão comportamental, como por exemplo: verificação se existe divulgação ao público do preçário dos serviços que prestam aos seus clientes; trans- parência na execução dos contratos (conteúdo e condições da prestação dos serviços); as instituições devem estabelecer códigos de conduta; fiscalização à distância aos sítios da Internet e também nos balcões e serviços centrais das instituições; deslocação de “cliente

mistério” aos balcões como método de inspecção pela supervisão comportamental; análise

do livro de reclamações.

De uma forma resumida podemos afirmar que este tipo de supervisão é sobre a relação do banco com os seus clientes. A supervisão comportamental do BdP actua do lado da oferta e do lado da procura:

 Quanto à oferta de produtos e serviços financeiros – as instituições devem re- unir elevadas competências no exercício da sua actividade e no relacionamen- tos como os seus clientes respeitar princípios de transparência, diligência, neutralidade, lealdade, discrição.

 Do lado da procura de produtos e serviços – estimulando e difundindo infor- mação junto dos clientes bancários, promovendo uma avaliação cuidada dos compromissos que estes assumem e dos riscos que tomam, nomeadamente através do Portal do Cliente Bancário.

O BdP no domínio da Supervisão Comportamental tem ainda as funções (RGICSF, Art.º 76.º):

 Estabelecer regras de conduta para assegurar a transparência da informação;

 Pode emitir recomendações e determinações específicas;

Poder fiscalizador e sancionatório neste domínio.

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