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Os horários coletivos no Laboratório de Informática Educativa

ALGUMAS SITUAÇÕES EM CONTEXTO

4.2. Os horários coletivos no Laboratório de Informática Educativa

Conforme exposto anteriormente, inclusive quando da apresentação dos contextos, no capítulo anterior, o horário coletivo determinado pela Jornada Especial Integral (JEI) previa um encontro semanal de duas horas no Laboratório de Informática Educativa (LIE), dentre as suas oito horas semanais, que deveriam ocorrer às segundas-feiras.

As atividades a serem ali desenvolvidas deveriam prioritariamente envolver o uso de informática educativa, sendo de incumbência da Professora Orientadora de Informática Educativa (POIE) a sua coordenação. Isto estava previsto inclusive na Portaria que rege o funcionamento do LIE, com o qual estava em consonância o seu plano de trabalho:

1. Participar da elaboração do Projeto Pedagógico da Escola e de todas as atividades previstas no Calendário Escolar;

2. Promover cursos de capacitação à Equipe Escolar, auxiliando o professor a

integrar as atividades que serão desenvolvidas no laboratório de Informática com as desenvolvidas em sala de aula;

3. Elaborar horário de atendimento aos alunos e à Equipe Escolar;

4. Acompanhar e apoiar as atividades desenvolvidas pelos professores e seus alunos no laboratório de Informática;

5. Zelar pela manutenção, conservação e limpeza dos equipamentos, materiais e sala do laboratório;

6. Procurar sensibilizar a todos os usuários da importância da manutenção, conservação e limpeza dos equipamentos, materiais e sala do laboratório;

7. Manter atualizado os registros sobre o funcionamento do laboratório;

8. Promover, organizar, assessorar, participar, apoiar e divulgar eventos na área

de Informática Educativa. (Plano de Trabalho do Professor Orientador de Informática Educativa. Projeto Político Pedagógico da Unidade Escolar, 2004. p. 25) (O grifo é nosso)

Como esta professora participava de vários cursos, oficinas e outros encontros promovidos pela Secretaria Municipal de Educação ou em parceria com essa Secretaria, ela procurava “socializar” estes “novos conhecimentos” com todos os professores.

Importante salientar que a POIE da escola era convocada para a maioria das atividades externas à escola das quais participava, logo ela era dispensada de suas atividades na escola. E isto ocorreu muitas vezes no decorrer do semestre. Tanto é que todas as professoras citam isto nas entrevistas feitas ao final do ano letivo36, uma vez que a sua ausência, na maior parte dos casos, implicava no não uso do laboratório de informática, pela insegurança que os professores sentiam. A professora P1, por exemplo, diz que a POIE deveria ter uma função

melhor definida na formação dos professores, e se ressente de sua parca presença durante as aulas com os seus alunos:

Porque muitas vezes ele não está na unidade para estar lá com os professores na hora da aula. Nesse ano, e essa crítica é interessante, eu tive quatro aulas de informática com a POIE na sala de aula. Quatro! (P1, 27)

Em outra questão, ela diz:

(...) Mas em virtude da formação dela enquanto POIE, ela tinha muitas reuniões, não deu para terminar com isso [um projeto a ser desenvolvido com os alunos], que seria um dos meus objetivos enquanto professora. (P1, 29)

Eis alguns trechos das entrevistas com as outras professoras que acusam esta ausência e denotam um certo ressentimento pelo não uso do LIE:

(...) Eu sei que não foi culpa da POIE [não ter alcançado determinados objetivos], ela fez muito curso fora. Eu acho que foi muito truncado, não deu para fazer uma seqüência mesmo de trabalho. (P2, 30)

(...) E, às vezes, não tem essa aula de informática porque a professora de POIE tem cursos fora. Então ela está aprendendo, mas a gente não. Essa formação, esses cursos

que ela faz estão sendo ótimos para ela, mas não chegam até nós. (P3, 19)

(...) Mas foram poucas... [oportunidades de aprendizagem dos professores] A POIE teve muita reunião... (P4, 17)

(...) E, este ano, aqui, a gente nem sempre foi chamado [para ir ao Laboratório de Informática]. Acho que a professora [a POIE] também vivia em curso. No dia ela sempre estava convocada para curso, não estava na escola. Deve ser por isso que a gente não ia para lá. Eu sei que a gente não ia porque a professora não estava lá. (P5,

42)

(...) [Não conseguiu concluir a atividade com os alunos] Aí por um problema técnico: não tinha computadores, [pois] a professora da sala de informática não estava presente... (P7, 27)

A professora P6, que também já foi POIE, refere-se a esta ausência com uma maior

compreensão, entendendo os motivos:

Como POIE, a todo momento [participava de atividades externas à escola], nossa! acho que a cada bimestre com certeza eu fazia um curso. Afora as reuniões de POIEs, de discussão, trabalhos que eram desenvolvidos. O POIE tem uma atividade muito grande fora da escola. Você percebe: a POIE [desta escola] muitas vezes não está aqui, ela está fazendo curso, ela está se aprimorando. E é bem interessante. Acho muito interessante isso (...). (P6, 11)

Com relação a esta ausência da escola, a própria POIE diz:

E agora, na condição de POIE, eu me vi na obrigação, eu tenho que ir, eu tenho que aprender mais coisas para levar para meus colegas na escola, a gente trabalha junto ali a capacitação. (...) Quando eu vim para POIE, que apareceram um montão de curso, tudo que falava em informática, “eu vou”. Então todos os cursos que tiveram esse ano eu fiz. Aí todos valeram a pena, apesar de ter alguns que eu já conhecesse, já tinha visto, ficou meio chato, mas eu fiz, porque sempre a didática do professor ajuda em alguma coisa – um dava uma dica aqui, outro dava uma dica lá e acabou melhorando um pouco mais (...). (P8, 6)

Mais adiante, na entrevista, quando indagada sobre a avaliação por parte dos alunos e dos professores (algum retorno, como comentários e cobranças) sobre o seu trabalho, ela fala:

[A ausência, reclamada às vezes pelos alunos], eu falei “não foi culpa minha, eu fui convocada pelo Diário Oficial para fazer o curso tal”. Quer dizer, isso eles cobraram muito. Porque esse ano, olha eu vou contar, só de encontros com a Coordenadoria foram 30, quer dizer, um mês fechado, sem aula, só de encontros com a Coordenadoria. Fora os outros encontros do TICompartilhar, da DOT... Isso eles cobraram bastante... a ausência. Qualquer professor pode faltar, o POIE não pode faltar. O dia que o POIE falta “ah! por que a professora faltou?”; todo mundo sabe quando o POIE falta. Agora outro professor nem é notado muito porque não é uma aula tão disputada. (P8, 20)

Os demais professores, no entanto, dificilmente tinham tais oportunidades de participar de cursos durante o seu horário de trabalho. Para que participassem de encontros visando a sua formação, era necessário que ocorressem fora de seu horário de trabalho, logo precisavam ter disponibilidade de tempo.

Mas, o que se discutir em todos os encontros? Que proposta havia de formação dos professores naquele ínterim e espaço? Quais atividades poderiam ser desenvolvidas de tal forma que fosse motivadora para todos aqueles professores com suas idiossincrasias? Como

coordenar aquelas situações de modo a garantir o mínimo de concentração de todos os professores? Estas são algumas questões que fazem parte desse cotidiano e estão diretamente imbricadas com a formação desses professores.

As atividades envolvendo o uso, ou discussão sobre o uso, da informática estavam previstas para as segundas-feiras, no caso do Grupo 1 de JEI. Entretanto, embora a redação do Projeto previsse apenas a “Capacitação dos professores para o uso da informática em sua prática docente”, havia um interesse no grupo em discutir atividades que envolvessem o uso de diferentes tecnologias (de comunicação e informação); tanto que, nos objetivos do projeto a ser desenvolvido no horário coletivo isto estava enfatizado:

Compreender as diferentes tecnologias visando à sua aplicação, através de novos recursos, em sala de aula a fim de garantir a inclusão do aluno no campo tecnológico e seu aprendizado com outros instrumentos. (Projeto Político Pedagógico, p. 158)

Por esta redação e pelos discursos dos professores na Unidade Escolar, pode-se acrescentar que havia interesse no grupo de fazer um levantamento dos recursos tecnológicos dessa natureza que a escola dispunha e, de posse disto, verificar possibilidades de uso – o que não implica necessariamente numa discussão teórica sobre as potencialidades e limites quando se incorporam tais recursos às atividades.

A partir do início das atividades escolares (dia 27 de janeiro de 2004) até o seu último dia (22 de dezembro de 2004), havia 47 segundas-feiras previstas, das quais 6 foram pontos facultativos, feriados ou recesso escolar, conforme pode-se averiguar no anexo 2. Restaram, assim, 41 segundas-feiras com atividades escolares, em que, conforme previsto no Projeto Especial de Ação, os professores e demais envolvidos com o Projeto deveriam desenvolver atividades ou fazer discussões relacionadas com as Tecnologias de Comunicação e Informação disponíveis na escola.

De acordo com o Livro de JEI, que é o livro oficial em que são registradas pelos próprios participantes as atividades desenvolvidas durante os encontros, além dessas 41 segundas-feiras houve atividades ou discussões relacionadas a essas tecnologias em seis outros dias, quais sejam: 30 de março; 6 e 15 de abril; 8 de julho; e 9 e 16 de setembro. Isto perfaz um total de 47 dias nos quais as atividades do Grupo 1 de JEI se relacionavam ou aludiam ao uso das tecnologias mencionadas em seu Projeto (ou que estes assuntos ou ações deveriam estar presentes, pela natureza do planejamento e dos registros posteriores efetuados pelo grupo).

em que de alguma maneira as discussões ou atividades estavam ou deveriam estar relacionadas a Tecnologias de Comunicação e Informação ou ao menos serem desenvolvidas no Laboratório de Informática Educativa da Unidade Escolar. As atividades, segundo as ocorrências registradas no Livro de JEI e anotações de campo, estão organizadas em categorias distribuídas em duas partes (quadro abaixo): na primeira estão aquelas atividades em que de alguma maneira houve discussões ou atividades com enfoque em Tecnologias de Comunicação e Informação em conformidade com o Projeto Especial de Ação; na segunda, estão aquelas atividades que não aconteceram conforme o previsto, nos encontros em que deveriam estar relacionadas ao uso de Tecnologias de Comunicação e Informação.

Quadro 3. Discussões ou atividades relacionadas ao Projeto Especial de Ação no que se refere ao uso de Tecnologias de Comunicação e Informação ou desenvolvidas no Laboratório de Informática Educativa

Atividades registradas no Livro de JEI Número de encontros % Discussões ou atividades envolvendo TCI, conforme proposta

elaborada no PEA 14 29,8

1.ª parte

Discussões ou atividades relacionadas ao uso de TCI, mas não

desenvolvidas conforme previstas no PEA 7 14,9

Houve registro como TCI, mas o enfoque foi outro 14 29,8

2.ª parte

Discussões ou atividades não relacionadas ao uso de TCI 12 25,5

Por este quadro, percebe-se que de fato ocorreram discussões ou atividades envolvendo Tecnologias de Comunicação e Informação, com finalidades pedagógicas e aqui consideradas como de formação contínua de professores nas categorias (a) e (b), ou seja, aproximadamente em 45% dos encontros. A partir disto, abaixo serão apresentadas minuciosamente as atividades que se encaixam em cada uma dessas categorias, justificando as respectivas categorizações, organizadas conforme o quadro, continuando os subtítulos das seções anteriores, o que resultará na seguinte enumeração:

4.3. Discussões ou atividades com algum enfoque em Tecnologias de Comunicação e Informação.

4.3.1. Discussões ou atividades envolvendo Tecnologias de Comunicação e Informação, conforme proposta elaborada no Projeto Especial de Ação.

4.3.2. Discussões ou atividades relacionadas ao uso de Tecnologias de Comunicação e Informação, mas não desenvolvidas conforme previstas no Projeto Especial de Ação.

4.4. Atividades ou discussões em que não houve ênfase em Tecnologias de