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CAPÍTULO 5 – A PERFORMANCE MULTI-INSTRUMENTISTA NA DOCÊNCIA

5.3. Os impactos dessa caraterística

A partir da discussão sobre o perfil desse professor e seus espaços de atuação, é pertinente a compreensão dos impactos que essa característica pode causar em sua prática docente. Com base nas falas dos colaboradores, foi possível perceber dois pontos onde esses impactos são evidentes: na aprendizagem dos alunos e na carreira docente dos próprios professores.

5.3.1. Para os alunos

Ao pensar a fala dos colaboradores sobre a aprendizagem dos alunos, percebi que os três professores buscam inserir desafios em cada aula, desde uma prática de conjunto onde todos os níveis podem participar, até a criação e execução de arranjos pensados exclusivamente para estimulá-los a estudar sem desanimá-los com o nível de dificuldade. Como ressalta o Professor Edson:

Com esse conhecimento e a base que eu tinha, me ajudava a olhar ‘pras’ necessidades desses alunos e a limitação deles em cada instrumento e criar um arranjo de forma que eu pudesse contemplar o que ele já tinha e jogar um pouco de desafio pra ele crescer um pouco mais. Então, já tocava uma oitava, ‘vamo’ tocar em outra oitava, já fazia isso, ‘vamo’ começar a fazer aquilo. E aí começava a fazer uma linhazinha de solo ‘pra’ um determinado instrumento num trecho da música. Ainda que não fosse um solo longo, mas alguma coisa. E aí a gente vai jogando e vai cada dia um aprendizado (Professor Edson, março de 2018). Essa maneira de propor desafios nos arranjos compreende todos os contextos onde a música pode atuar. E os alunos, ao mesmo tempo em que aprendem as novas técnicas, estão imediatamente praticando os novos conhecimentos adquiridos, pois estimulados a estudarem cada vez mais.

Além disso, a integração e inclusão de todos os participantes é de extrema importância para o fluxo da convivência e também para a troca de experiências entre o grupo e entre o grupo e os professores. Essa interação promove a inclusão e o sentimento de pertença diante do grupo, onde os alunos entenderão que cada um tem sua função e cada um tem a sua vez e a sua maneira de agir diante das situações propostas, evitando assim, a construção de preconceitos ou até mesmo a segregação de grupos. Como afirma Queiroz (2017b) a respeito das exclusões dos saberes musicais dos alunos:

As exclusões de conhecimentos e saberes musicais faz com que continuemos a praticar epistemicídios musicais cotidianamente no processo de formação musical escolar. Esses epistemicídios também estão vinculados a feminicídios, a etnocídios, entre outras mortes simbólicas que, ao excluir pessoas, grupos sociais, expressões culturais, perpetuam práticas de ensino de música excludentes e epistemicídas (QUEIROZ L, p. 115).

Outra situação encontrada é a oportunidade de viver a música pela amplitude dos três elementos musicais – melodia, ritmo e harmonia. Nas aulas de música, os alunos poderão entender, independentemente do instrumento que tocam, como se comportam

todos os parâmetros musicais a partir dessa vivência com os três elementos. Essa vivência desperta a sensibilidade, o bom senso e a espontaneidade desses sujeitos, apresentando de uma maneira mais lúdica, os valores e premissas que abrangem o fazer musical.

Então, tem que ter uma coisa que eu tento despertar ‘pra’ eles: o bom senso. Você tem que ter o bom senso e isso é o diferencial ‘pra’ que você aprenda música em si. Não são notas, entendeu. São elementos de expressão musical. Então, o multi-instrumentista ele consegue ter isso. Ele tem uma comunicação, ele consegue ter uma expressão que o outro não tem. O outro, ele tipo assim, eu sou o melhor... te vira aí. Não é assim (Professor Ailson, abril de 2018)

O que o Professor Ailson nos diz é que o fazer musical vai além desse individualismo, ou seja, ao ensinar o aluno sobre todos os componentes da música e fazê- lo vivenciar cada um deles, ele conseguirá formar um músico que sabe o seu valor e sabe respeitar os valores dos outros que estarão junto a ele durante a sua vida. E esse pensamento transpassa o fazer musical, ele se torna aplicável às diversas situações da vida. Em concordância a essa premissa, o Professor Artur pontua a seguinte situação:

Uma prática que me ajuda, o fato de ser multi-instrumentista que ajuda em outras disciplinas assim, em violão por exemplo, quando eu percebo que eles já ‘tão’ tocando todos em unidade razoável uma música, eu vou ‘pra’ bateria, ligo o microfone e pego o melhor menino que ‘tá’ tocando ligo na mesa de som, boto nos PA’s e boto todo mundo tocando juntos. [...] então, algo bem interessante assim de se fazer porque eles gostam, eles têm esse sentimento de banda assim, de união e prática em conjunto. Uma bateria pulsando bem forte com eles. Então, isso me permite, né?! O fato de tocar bateria e ser professor de violão também me permite esse tipo de experiência (Professor Artur, abril de 2018). Desse modo, os professores buscam ampliar os horizontes desses alunos, ao propor o máximo de possibilidades de atuação com a música. Segundo o Professor Ailson:

Com o acesso a essa variedade, né, essa variedade de instrumentos ele vai tendo referenciais, e ele vai experimentando, né. Um dia pode ser que ele seja como eu, um arranjador, um regente, um diretor artístico. Ele vai ter um perfil, ele vai ter um sabor musical, ele vai ter uma coisa, né... ele vai saber selecionar o que é bom e o que não é (Professor Ailson, abril de 2018).

Em decorrência dessas experimentações, os alunos aprendem a discernir o que gostam, a aprimorar a sua prática, bem como, escolher os caminhos musicais que pretendem seguir.

O aluno ele já é tudo, ele só não sabe colocar ‘pra’ fora. Então, eu vou fazer isso com ele. A mesma coisa que eu fiz comigo. Vou colocar o que você sente ‘pra’ fora, né. Os caminhos são esses, mas, eu não posso tipo organizar, eu vou dar a liberdade ‘pra’ ele fazer o que ele quiser, né, porque música não destrói nada (Professor Ailson, abril 2018). Além disso, é sabido que os professores são espelhos para os seus alunos. Ao entrarem em contato com essa maneira de ver, entender e fazer música, esses alunos descobrirão as diferentes atribuições dessa característica dos seus professores. E esses educadores não medem esforços para que seus alunos consigam compreender a música sob a mesma perspectiva que utilizaram em suas próprias vidas.

5.3.2. Para o professor

Ao refletir sobre como a prática do multi-instrumentista na docência pode impactar a carreira dos professores, foi possível perceber alguns benefícios para esse profissional. Essa habilidade de atuar com vários instrumentos passando por todos os elementos musicais faz dele um profissional capaz de se adaptar a qualquer ambiente de ensino, no que diz respeito aos conteúdos e situações que ele venha a se deparar enquanto professor. Isso nos remete ao campo especifico de atuação que se apresentou bem diversificado.

Além disso, por ter essa visão mais ampla e generalista da música e da sua profissão, esse educador está aberto a criar e experimentar novas oportunidades:

Inclusive, essa questão assim de falar sou multi-instrumentista é um negócio que carrega um peso enorme, mas, basicamente, a pessoa que consegue se expressar com vários instrumentos, como se fosse expressar essa musicalidade... tudo bem, tudo bem, parece meio arrogante falar às vezes, mas eu sempre me senti à vontade. Eu acho que é isso que diferencia também. É o fato de experimentar, se deixar levar (Professor Artur, abril 2018).

Porque quando a gente fica numa área só focado e aquilo ali é o nosso prazer, aquilo ali é a nossa alegria e não olha ‘pra’ mais nada, nem ‘pra’ aprender, nem ‘pra’ praticar, nem ‘pra’ exercitar... Eu acho que a pessoa sobrevive, mas, ela vai ter um pouco mais de dificuldade do que outra pessoa que tenha essa visão mais aberta (Professor Edson, março de 2018).

Onde houver a oportunidade de fazer/ensinar música, ele estará disposto a encarar os desafios e a colocar os seus conhecimentos às ordens. E essa disposição está relacionada com a sua satisfação em saber responder as dúvidas dos seus alunos, bem

como, poder proporcionar uma experiência que contribuirá para que eles possam ser o que quiserem. Ao falar sobre essa disposição e sobre a motivação em ser esse profissional, o Professor Ailson afirma:

Conseguir responder, conseguir transmitir tudo aquilo que a outra pessoa está precisando... se você tem domínio daquilo ali, você viveu aquilo ali... Não é ouviu falar de não sei de que, nem leu sobre, isso não existe não, a música ela tem que ser vivida intensamente né. Então se eu parar de viver isso eu vou perder isso. Eu tenho isso muito forte dentro de mim porque eu pratico isso. [...] Então eu vejo isso também em mim. Eu posso ser esse cara que vai dar condição. O cara pode não ser rico, milionário, mas feliz ele vai ser, né. Então eu acho que isso é mais importante do que dinheiro, porque a gente não leva o dinheiro. [...] Felicidade é a coisa que define isso aí. Você se sente muito feliz de ter proporcionado isso ‘pras’ outras pessoas, né (Professor Ailson, abril de 2018).

A vantagem de ter vivido várias experiências com a música faz com que esse professor apresente um domínio do conteúdo e agregue propriedade ao seu discurso e traga segurança ao ensinar algo que já experimentou e pôde comprovar com a sua prática. Desse modo, esse entendimento gera uma autossatisfação, como aponta o Professor Ailson:

Então, poxa, se você tem a vontade de saber aquilo e tem alguém que diz a você como é, não tem coisa melhor não, entendeu. A coisa que eu posso contribuir é essa, ter vivido isso de verdade mesmo, ter sentado no palco quando as coisas eram tudo de válvula que eu tinha que ligar e tinha que esperar esquentar. Ter queimado coisa, ter inventado coisa de instrumentos reciclados, ter ficado com meus irmãos, ter conhecido músicos extraordinários, ter muitos professores maravilhosos (Professor Ailson, abril de 2018).

Outro ponto identificado é a diversão em fazer música de uma maneira livre. Esse professor pode adaptar os seus conhecimentos relacionando a realidade encontrada em sala de aula com os instrumentos que toca e assim colocar um pouco mais da sua personalidade em suas aulas, tornando esse processo mais divertido para ele mesmo e para os alunos. De acordo com o Professor Artur:

Então é basicamente isso, me mantém motivado. O ponto positivo é isso, é a diversão, é a motivação, é o fato de eu conseguir, em um dia que eu queira aprender eu ‘tou’ em casa e ‘tou’ pensando “pô, eu queria aprender tal música dos Beatles, eu acho que eu vou aprender agora, montar o arranjo e vou passar ‘pros’ meninos lá”, aí eu passo (Professor Artur, abril de 2018).

Essa liberdade musical é tão expressiva que o Professor Artur alegou ter se encontrado na prática docente, ainda que não tivesse sido a sua preferência de atuação musical. Pois, a partir dela ele consegue tocar vários instrumentos, montar arranjos, propor desafios e brincadeiras com a música e isso o diverte.

Diante do exposto, entende-se que essa prática multi-instrumentista dentro da sala de aula possibilita ao professor a auto realização diante da sua profissão e das suas habilidades como músico ao fortalecer a sua motivação em buscar alternativas para solucionar os dilemas encontrados e a colocar em suas aulas as suas afinidades musicais. Deste modo, o professor trabalha o Ensino da música à sua maneira, respeita e interage com as realidades encontradas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É inevitável chegar a essa etapa da vida e não olhar para todo o caminho percorrido até chegar ao fim. Grandes desafios foram enfrentados e vencidos, grandes medos foram superados, grandes alegrias foram vividas e vitórias foram alcançadas. A experiência de fazer um mestrado é, sem dúvidas, um marco crucial em minha carreira. Durante esses dois anos de curso eu pude crescer como pesquisadora, docente, musicista e humana.

Estudar sobre o perfil multi-instrumentista levou-me a um processo de autoconhecimento, nele eu pude me entender enquanto profissional, destruir alguns preconceitos e medos que tinha sobre a minha própria prática e encontrar sentido e realização em meu próprio fazer musical, entendendo que essa é mais uma maneira de ser músico e de ser professor. De tal modo, essa pesquisa buscou compreender a atuação do Educador Musical Multi-instrumentista. Para tanto, foram investigadas as histórias de vida de três professores de música inseridos em contextos diferentes – Escola de Educação Básica, Escola Especializada e Terceiro Setor (Igreja Evangélica e ONG).

A partir dos conceitos discutidos sobre Educação Musical Intercultural (QUEIROZ L, 2015; O’FLYNN, 2005; QUEIROZ L, 2004), entendemos a diversidade encontrada no campo da formação musical a partir da multiplicidade do ser humano. Tal pluralidade deve ser trabalhada e respeitada pelo Educador Musical, compreendendo suas origens, suas culturas e seus conhecimentos musicais prévios.

Entretanto, não só os alunos ou os contextos educacionais abarcam essa variedade, os professores de música também necessitam ser profissionais múltiplos. A partir da discussão sobre os diferentes conhecimentos e habilidades que eles precisam desenvolver OLIVEIRA (2003); MATEIRO (2003); PENNA, (2006); BELLOCHIO, (2003), compreende-se que a diversidade musical denota diferentes perfis de professores de música. De tal modo, esses profissionais necessitam desenvolver essas habilidades múltiplas, trazendo para a aula suas experiências somando-se a estas as experiências de seus alunos, explorando e respeitando desta forma toda essa diversidade musical, cultural e humana.

Ao compreender esses diferentes perfis de educadores musicais, a pesquisa contribui para o avanço do campo musical, pois se elencam o seus atributos e evidenciam- se as diferentes possibilidades de atuação prático-educacional. Dessa forma, entendemos

aqui a necessidade d aprofundamento sobre o perfil Multi-Instrumentista e suas características.

A definição do termo Multi-Instrumentista é ampliada neste trabalho para além de ser “aquele que toca vários instrumentos” (RAUBER, 2017). Ou seja, ele também é capaz de realizar diferentes tarefas a partir da música, como a habilidade de reger, compor e construir arranjos musicais para dar maior significado à sua prática também está inserida nesse conceito. Esse sujeito é múltiplo desde a escolha dos instrumentos à condução de repertórios e seus espaços de atuação, pois é movido pela sede de fazer música, não importando exatamente qual instrumento utilizará para tal, nem em qual contexto estará inserido. Ele utiliza e relaciona conhecimentos apreendidos em diferentes instrumentos e é capaz de combinar diferentes lógicas de aprendizagem ao propor-se a tocar mais e diferentes instrumentos musicais (RAUBER, 2017). Dessa forma, sua multiplicidade transparece em seu fazer musical e promove a reflexão sobre como essa característica deve ser inserida na docência, portanto, o objetivo geral deste trabalho.

No capítulo teórico-metodológico, baseado nos conceitos de Josso (2004), Nóvoa (1995) e Alves (2015) sobre a construção das histórias de vida e a formação, pude encontrar a base para compreensão da trajetória de cada professor entrevistado, investigando o desenvolvimento da sua característica multi-instrumentista desde o seu primeiro contato com a música, perpassando por sua carreira profissional como performance e, principalmente, como professor de música. Dessa forma, a vivência ganha o status de experiência (GALKE, 2017).

Ao ouvir as histórias de vida dos colaboradores desta pesquisa pude perceber que, para compreendermos o professor multi-instrumentista, seria necessário compreendermos toda a sua trajetória de vida, bem como, o desenvolver da sua característica ‘multi’. Nesse processo pude compreender que a multiplicidade desses profissionais estava presente desde a infância ao escolher qual instrumento tocar, nos projetos que escolheram participar e também na maneira a qual condicionaram seu fazer musical para a docência, atuando em diferentes contextos e com diferentes faixas etárias. Foi possível observar que essa pluralidade de funções faz parte da sua essência e sua realização profissional não se basta em uma única realização, esses sujeitos buscam o aprofundamento e o aprimoramento de sua prática.

Diante disso, entendemos que, dentro da sala de aula, essa postura profissional não poderia ser diferente. O professor multi-instrumentista é um sujeito com diferentes habilidades, disposto a buscar novos conhecimentos e explorar novas possibilidades do

fazer musical, objetivando alcançar os melhores resultados possíveis com e para os seus alunos.

A partir dos relatos, foi possível elencar três pontos importantes para a construção do texto sobre o professor multi-instrumentista: o perfil desse educador, o seu campo de atuação e o impacto dessa característica em suas aulas para os alunos e para o próprio professor.

A sua maneira de enxergar a música na qual todo fazer musical é importante e prazeroso influi diretamente na sua maneira de enxergar as aulas de música, quando procura diferentes soluções para os desafios encontrados em sala de aula o que promove interações entre os alunos e a música, e o próprio professor. Desse modo, o seu planejamento procura respeitar as especificidades dos alunos, o que objetiva a inclusão de musical de todos os presentes.

Por terem vivido e se dedicado à música experimentando sempre os três parâmetros musicais – melodia, ritmo e harmonia -, esses professores conseguem ter uma visão mais ampla das necessidades dos seus alunos e podem ir além delas. Estabelecem metas e objetivos a serem cumpridos por eles e procuram conquistar a satisfação desses alunos com o fazer musical e a superação dos seus limites. Assumir-se multi- instrumentista é considerar que cada pequeno aprendizado em um instrumento é válido e torna-se parte da sua bagagem musical, desta forma, ao pensar seus alunos e considerar suas habilidades, esse professor consegue determinar múltiplas funções em uma mesma aula, integrando e dando significado a todos os níveis de aprendizado. Foi possível perceber que a prática de conjunto é uma prática comum e muito valorizada por esses profissionais.

Além disso, esse professor sente a necessidade constante em atualizar os seus conhecimentos, buscando novas formas de fazer musical, de organização de coros ou vozes, novas possibilidades de arranjos musicais, materiais atualizados para estudo de instrumento e muitas vezes acaba levando os instrumentos para casa para compreender melhor determinadas técnicas e conseguir passar para os seus alunos. Esse professor multi-instrumentista sente a necessidade de viver as diferentes maneiras de se fazer música antes de ensiná-la, desse modo, esse sujeito vive em um constante ciclo de ensino- aprendizagem: a busca pelo Novo conhecimento – a Execução do novo conhecimento – o seu Ensino – e um novo Desafio encontrado. Ele se sente motivado em vivenciar o conteúdo ensinado antes e de entender e fazer música com todas as suas formas, e é essa motivação que desperta a disposição em adaptar-se às circunstâncias que aparecem

eventualmente nos contextos onde atua e essas circunstancias o faz perceber a necessidade de estudar e compreender um pouco mais sobre o fazer musical.

Essa sua característica é propagada em suas aulas, em sua maneira de tocar, em sua forma de falar sobre música, bem como, no seu dia a dia. Esse professor procura mostrar para todos como a música é grandiosa e cheia de possibilidades, buscando unir a realidade de cada aluno, com o contexto onde está inserido, com os conhecimentos prévios trazidos pela turma e com toda a pluralidade encontrada no seu próprio fazer musical.

Em resumo, o Educador Musical multi-instrumentista promove uma interação entre os alunos, inclui diferentes níveis de aprendizado no mesmo fazer musical, propõe metas baseadas na subjetividade dos alunos e vive uma necessidade constante de atualização dos seus conhecimentos.

Além disso, em consequência da sua pluralidade, seu campo de atuação perpassa por uma diversidade de funções e de contextos. Na docência foi possível elencar três situações onde esse indivíduo pode explorar essa multifuncionalidade: nos planejamentos; nas aulas; e nas próprias funções dentro das instituições de ensino onde estão inseridos.

Ao pensar a sua aula de música, esse professor coloca em seu planejamento toda a sua gama de conhecimento para alcançar os objetivos predefinidos por ele para aquela determinada turma. Entretanto, esse planejamento não se define como algo que limita o que acontecerá em sala de aula, ele é apenas um norteador para auxiliá-lo durante o processo. Para tanto, o Multi-Instrumentista apoia-se ainda mais em sua característica para tomar decisões mediante os acontecimentos no decorrer das aulas, podendo modificar o seu planejamento, ou até mesmo, não depender exclusivamente dele para realização das aulas.

Essa abertura para a variação no planejamento viabiliza a construção de novidades em cada aula, o que as tornará mais dinâmicas e, consequentemente, os novos desafios propostos motivarão aos alunos e ao próprio professor, pois, em cada aula poderão explorar as suas potencialidades musicais. Esse professor vai além das “pedagogias prontas” (QUEIROZ L, 2017a) que aprendemos na educação tradicional, ele