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Os movimentos da arte e o impacto no design gráfico

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Capítulo I COMUNICAÇÃO VISUAL, DESIGN E TECNOLOGIA

1. Comunicação visual: conceitos e evolução

1.5. Comunicação visual e design gráfico

1.5.4. Os movimentos da arte e o impacto no design gráfico

A comunicação visual está presente em nosso cotidiano e o fato de estarmos próximos das artes e do design é contexto natural para uma sociedade que absorve imagens e que as utiliza também para comunicar-se. Porém, é necessário que façamos alusão à relação entre designers e artistas plásticos. Há quem considere ambos artistas ou ambos designers, de certa forma. Saibamos que há uma grande diferença entre o design gráfico e as artes: ele inspira-se nas artes e é funcional, enquanto as artes são expressões livres. O design gráfico funciona para atender as necessidades industriais e, apesar de também expressar-se esteticamente, objetiva a comunicação planejada com seu público a fim de que ele receba as informações que estão contidas em peças gráficas. A práxis de um artista plástico é diferente da práxis de um designer gráfico, assim como os produtos que desenvolvem e produzem.

Na história, podemos entender que artes e design são áreas de convivência conjuntas - mesmo que não tenha sido tão tranquilo o início do posicionamento de ambas enquanto localização no âmbito das artes visuais. A história demonstra a decorrência de uma pela outra e a necessidade social de existência de ambas.

Vejamos o que comenta Oliveira (2009), no artigo científico sobre matriz da linguagem visual para jornais, onde aborda, entre outros aspectos, a geração deste posicionamento citado acima:

Quando a Revolução Industrial começou a gerar produtos em série e em grande escala, artistas e artesãos do século XIX passaram a discutir formas de apresentação e diferenciação desses produtos. John Ruskin e William Morris são representantes do movimento estético artes e ofícios (arts and crafts), que expressou essa preocupação com os produtos que as indústrias colocavam no mercado. Ruskin não aceitava a separação entre arte e sociedade iniciada no Renascimento, o que para ele provocava o isolamento dos artistas, e as consequências disso são a falta de senso estético dos engenheiros responsáveis pela produção seriada e o declínio da criatividade [...] (OLIVEIRA, 2009, p. 166).

A influência das artes no design gráfico é ampla e merece reflexões, as quais não temos a pretensão de aprofundar no sentido de discussão filosófica, mas é pertinente registrar esta importante influência e dizer que ambos coexistem, cada um exercendo seu papel na sociedade. Oliveira (2009) continua:

Morris percebeu as novas necessidades da indústria em relação à produção de impressos e a busca de formas para seus produtos e fundou, com outros

designers, em 1851, a Morris and Company com o objetivo atendê-las de maneira

criativa, opondo-se ao que denominava ‘estética da máquina’ (KOPP, 2002, p. 46).

Todos os movimentos artísticos que vêm a compor a linha do tempo do design são movimentos, expressões em diálogo com a realidade, em correspondência com os acontecimentos sociais. Para o design gráfico, esses momentos refletem questões culturais, políticas, também podem ser escolhas estéticas de um determinado artista que inovou na criatividade ou técnica, outras vezes foram novas ferramentas que passaram a estar à mão e que revolucionam um modo de pensar ou agir. Para se falar dos movimentos que compõem o design é evidente que nos lembremos de determinados artistas e obras de arte que revolucionaram o seu tempo. Sejam cubistas, surrealistas, modernistas, todos também traduzem os quereres de uma sociedade.

No livro “O Valor do Design”, os diretores da ADG Brasil - Associação dos

Designers Gráficos do Brasil comentam:

Se estudarmos a revolução bauhausiana14, observaremos sua inestimável

contribuição aquilo que o construtivismo russo e soviético já tinha alcançado, sem que houvesse a sistematização implementada depois pelos alemães ajudados por russos, suíços etc. nas artes, no desenho gráfico, arquitetura, nos projetos de móveis e objetos. Foi sem dúvida a indústria, já numa fase sofisticada, que abriu caminho para fabricação em larga escala dos bens que a humanidade iria usufruir (ADG BRASIL, 2003, p. 7).

O design gráfico é aquele que demonstra sua determinação apesar de limitações que venham a ocorrer: conflitos e mudanças fazem com que o design não só avance mas que também constate o que foi feito e produzido até então como alavanca para os passos seguintes. O design é uma expressão ambulante que identifica um momento da sociedade. Seu universo é dotado de comunicação ativa, onde o designer que observa o mundo, o traduz, comunicando-o por meio de seu trabalho o que ora antes absorveu. Não é somente elaborar um cartaz, por exemplo. É, sim, traduzir naquela peça o ambiente, o tempo, a época, a linguagem etc. E o que está à frente? Qual será o próximo movimento artístico? Quem influenciará o design? Vale-nos o comentário de Heller e Vienne (2013): “Conforme o design gráfico continua expandindo-se no século XXI, e com os avanços tecnológicos e as integrações de diversas mídias (incluindo som e movimento para diversos dispositivos digitais), as grandes ideias ainda são essenciais” (HELLER; VIENNE, 2013, p. 7).

14 Referindo-se à Bauhaus (relativo ao estilo da escola de arquitetura e artes decorativas Bauhaus, fundada na Alemanha em 1919 e extinta em 1933. Caracterizou-se pela simplicidade do funcionalismo das coisas, em direta relação com a estética industrial e com os movimentos artísticos de vanguarda).

Allen Hurlburt, (1986, p. 45) trata do design do século XX e nos apresenta um diagrama onde resumidamente estão presentes os movimentos que foram formadores do início do design moderno (desde o início do século XX até os meados da década de 30). O diagrama proporciona que possamos analisar as relações e as influências dos estilos nos primeiros anos do design considerado moderno e também nos permite atentar para o quanto os movimentos artísticos difundiram-se após a primeira guerra mundial.

GRÁFICO 2 - O design do século XX.

Fonte: HURLBURT, A., 1986, pp. 44-45.

Após a exposição dos movimentos que influenciaram o design, apresentamos uma linha do tempo, da origem das artes até os dias atuais nas figuras abaixo. Pode-se verificar que desde a Arte Rupestre até o que se denominou Digitalismo, a expressão humana é traduzida em representações visuais que comunicam e constituem o discurso visual de um momento importante da civilização humana. O movimento Arts & Crafts foi um movimento também social inglês, onde o artesanato era valorizado em reação à produção em massa. Ora, isto é a revelação de que uma sociedade reage, busca a valorização de suas características específicas, de sua identidade. O design também serve para dar voz e, portanto, ele corresponde a estes movimentos artísticos de maneira que é utilizado para representar visualmente o discurso social e contemporâneo.

A seguir, para fins de ilustração, apresentamos uma linha do tempo das artes, a partir da pré-história, mostrando a sequência de movimentos artísticos que datam períodos onde os acontecimentos sociais reagem nas artes, as quais manifestam seu discurso social.

FIGURA 7 - Linha do tempo das artes - Parte I - Da Pré-história à Idade Média.

Fonte: adaptado do blog Art & Soluções, 200915.

15 Disponível em: https://artesolucoes.wordpress.com/2009/12/14/linha-do-tempo-da-historia-do-design-e-arte/. Acesso em 19 fev. 2017.

FIGURA 8 - Linha do tempo das artes - Parte II - Da Idade Moderna ao Modernismo.

Fonte: adaptado do blog Art & Soluções, 200916.

16 Disponível em: https://artesolucoes.wordpress.com/2009/12/14/linha-do-tempo-da-historia-do-design-e-arte/. Acesso em 19 fev. 2017.

FIGURA 9 - Linha do tempo das artes - Parte III - Modernismo.

Fonte: adaptado do blog Art & Soluções, 200917.

17 Disponível em: https://artesolucoes.wordpress.com/2009/12/14/linha-do-tempo-da-historia-do-design-e-arte/. Acesso em 19 fev. 2017.

FIGURA 10 - Linha do tempo das artes - Parte IV - Modernismo.

Fonte: adaptado do blog Art & Soluções, 200918.

18 Disponível em: https://artesolucoes.wordpress.com/2009/12/14/linha-do-tempo-da-historia-do-design-e-arte/. Acesso em 19 fev. 2017.

FIGURA 11 - Linha do tempo das artes - Parte V - Do Modernismo à Pós- modernidade.

Fonte: adaptado do blog Art & Soluções, 200919.

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