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CAPÍTULO IV – DESENVOLVIMENTO RURAL

3. Políticas de Desenvolvimento Rural

3.2. Principais políticas de desenvolvimento rural

3.2.2 Fundos estruturais e fundos de coesão

3.2.2.3. Os programas LEADER

Como já foi referido, a preocupação pelo desenvolvimento rural é cada vez maior, e, em Portugal, esta questão acaba por ser fundamental, já que estamos perante um país onde mais de 80% do território é composto por zonas rurais e que incorporam mais de um terço da população.

Assim, e depois de muito tempo tratar desta questão, assiste-se, na União Europeia (em 1991) à criação de um programa que visa o desenvolvimento rural, baseado, embora com carácter experimental, numa abordagem do processo de desenvolvimento das zonas rurais, fundada numa óptica territorial e na aplicação de procedimentos descentralizados, quer ao nível decisório quer em termos de gestão financeira.

Com o objectivo de poder contribuir para o desenvolvimento da agricultura europeia e para a diversificação económica e social das zonas rurais existentes na Europa, assente na valorização e diversificação do potencial de recursos, esta iniciativa

134 adopta uma visão integradora e participativa que envolve as populações e os agentes socioeconómicos, sem desrespeitar a independência dos grupos de Acção Local. Desta maneira, os programas LEADER são actividades que ocorrem numa escala local, sob a responsabilidade de entidades associativas de direito privado, mas com enquadramento regulamentar e co-financiamento público.

O programa LEADER I mostrou um sucesso notável, onde se sublinha:

- O seu carácter de programa inovador da abordagem do desenvolvimento rural que permitiu o aparecimento de muitas associações de Desenvolvimento Local, com acções positivas no meio rural;

- A sua característica de abertura que permitiu apoiar iniciativas diversificadas e inovadoras;

- Conseguiu promover o emprego em meio rural;

- Promoveu o aparecimento de novas competências, em meios rurais, para a preparação e análise de projectos;

- Permitiu o desenvolvimento da oferta de turismo rural que até então praticamente não existia;

- Com uma filosofia bottom up, permitiu o apoio a muitas iniciativas importantes a nível local, as quais certamente não teriam apoio sem o Programa.

Assim, neste contexto de sucesso, o principal objectivo desta Iniciativa Comunitária vê o seu desenvolvimento e aprofundamento assegurados para o período de 1994 a 1999, através do LEADER II, que, seguindo o mesmo modelo e filosofia, introduz algumas alterações que os trabalhos anteriores apontavam como aconselháveis, e portanto, garantindo o mesmo sucesso já obtido, nomeadamente:

- A intensificação do interesse das populações rurais com a divulgação do Programa; - Agilização de aspectos devido ao aumento das competências criadas a nível local;

135 - Para além do emprego gerado pelo programa, assistiu-se a um aumento de iniciativas particulares que, apesar de não serem financiadas pelo programa, resultaram de projectos implementados pelo LEADER, criando, desta forma, ainda mais postos de trabalho e afirmando, definitivamente, esta Iniciativa Comunitária como uma referência obrigatória para o processo de desenvolvimento rural.

Neste sentido, para o período de 2000 – 2006, a Iniciativa Comunitária para o Desenvolvimento Rural volta a estar assegurada, desta vez, com a denominação de LEADER+, integrando algumas alterações importantes relativamente ao LEADER II, a saber:

- o LEADER passa a ser financiado através de um fundo Estrutural único – o FEOGA- Orientação;

- reforça, nos seus objectivos, a importância da qualidade dos projectos e o facto de estes estarem sempre orientados para um desenvolvimento sustentável e articulados com as restantes políticas apoiadas pelos fundos estruturais;

- integra, como elegíveis, todas as zonas rurais da União Europeia, mas passa a ter como âmbito de aplicação apenas zonas com uma população situada entre os 10 000 e os 120 000 habitantes e com uma densidade populacional inferior a 120 hab/Km2; - os Grupos de Acção Local passam a ter uma orientação com o objectivo de alargar a sua representatividade aos grupos socioeconómicos mais importantes ao nível local, ao mesmo tempo que limitam a capacidade de decisão da administração pública no seio dos Grupos de Acção Local. No entanto, estabelece critérios de maior rigor na selecção dos Grupos de Acção Local, bem como na aprovação dos planos de Desenvolvimento Rural.

Assim, com o intuito de implementar as medidas de desenvolvimento rural de uma forma mais integrada, este Programa coloca a tónica nas especificidades dos territórios, definindo um conjunto de instrumentos que se adaptam às necessidades das populações, bem como aos principais problemas sentidos pelas diversas zonas rurais.

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Planos - Programas - Documentos estratégicos

Geral Sectorial

Desenvolvimento Ord. Território e Gestão Gestão Territorial

Emprego e Formação

Profissional Indústria Ambiente

Agricultura Florestas

e Des. Rural Turismo Acessibilidades Transportes e

Saúde e Solidariedade

Social

Âmbito Europeu

INTERREG EDEC CNUCD, Agenda 21, Rede Natura 2000, Programa LIFE PAC Agenda 2000 LEADER EQUAL Âmbito Nacional PNDES PDR QCA III GOP ENDS PNPOT PNE POEFDS PNAS FORAL PROINOV POE PNPA, PNA, POA, EBCN, SNAC, ENCNB, REN, POLIS, PNAC

RAN AGRO RURIS PERAGRI PDSFP PNTN POAT PRN POS Âmbito Regional PEA Regionais PO Regionais PROT PEOT (POAP,

POAAP, POOC) PRE

PBH Planos Zonais AGRIS PROF PGF PDRS Âmbito Local Planos Estratégicos PMOTS (PDM, PU, PP, POLIS, Planos Intermunicipais ILD

ILE PMA, Agenda Local 21, POLIS

Âmbito Individual

X X X X

Fonte: adaptado de MCOTA, 2004

Em Portugal, urge a necessidade de revitalizar os espaços rurais. Devido ao modelo de desenvolvimento produtivista dominante na segunda metade do século XX, estes espaços, marginalizados em detrimento dos espaços urbanos, sofrem, como vimos anteriormente, de um declínio demográfico, agrícola e económico devastador, que está a levá-los para a desertificação e para as consequências daí adjacentes (Covas, 2004). Neste sentido, e porque estes espaços encerram especificidades fundamentais para um desenvolvimento sustentável, as medidas incluídas no âmbito da Iniciativa Comunitária LEADER+ sublinham a necessidade de apoiar a agricultura familiar, o desenvolvimento dos produtos voltados para a qualidade e a necessidade de valorizar o ambiente e o património rural. Assim, e numa tentativa de combater a desertificação dessas zonas, podemos ver, através do quadro seguinte, uma síntese dos principais planos, programas e documentos estratégicos relevantes para este processo.

Quadro IV - 1: Principais planos, programas e documentos estratégicos relevantes de combate à desertificação

Legenda:

AGRIS – Medida da Agricultura e Desenvolvimento Rural dos Programas Regionais AGRO – Programa Operacional e Desenvolvimento Rural

CNUCD – Convenção da Nações Unidas de Combate à Desertificação

ENCNB – Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade ENDS – Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável

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GOP – Grandes Opções do Plano

ILD – Iniciativa Local de Desenvolvimento ILE – Iniciativa Local de Emprego

PDM – Plano de Director Municipal PDR – Plano de Desenvolvimento Regional

PDSFP – Plano de Desenvolvimento Sustentável da Floresta Portuguesa PERAGRI – Plano Estratégico dos Resíduos Agrícolas

PGF – Plano de Gestão Florestal PMA – Plano Municipal do Ambiente

PMOT – Plano Municipal do Ordenamento do Território PNA – Plano Nacional da Água

PNAC – Plano Nacional para as Alterações Climáticas PNAS – Plano Nacional de Acção para a Inclusão

PNDES – Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social PNE – Plano Nacional de Emprego

PNPA – Plano Nacional da Política do Ambiente

PNPOT – Plano Nacional da Política de Ordenamento do Território PNTN – Plano Nacional do Turismo da Natureza

POA – Plano Operacional do Ambiente

POAT – Plano Operacional de Acessibilidade e Transportes POE – Programa Operacional de Economia

POEFDS – Programa Operacional de Emprego, Formação e Desenvolvimento Social POS – Programa Operacional da Saúde

PP – Plano de Pormenor

PRN – Plano Rodoviário Nacional

PROF – Plano Regional de Ordenamento Florestal PROINOV – Programa Integrado de Apoio à Inovação PROT – Plano Regional de Ordenamento Territorial PU – Plano de Urbanização

QCA III – Quadro Comunitário de Apoio III RAN – Reserva Agrícola Nacional

REN – Reserva Agrícola Ecológica RURIS – Plano de Desenvolvimento Rural SNAC – Sistema Nacional de Áreas Classificadas