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CAPÍTULO IV – DESENVOLVIMENTO RURAL

4. Programa de Desenvolvimento Rural para 2007 – 2013

Depois do acordo sobre o novo Fundo de Desenvolvimento Rural, ocorrido em 2005, a Comissão Europeia definiu o Orçamento para o Desenvolvimento Rural relativo aos 25 Estados Membros para o período de 2007 – 2013. Daqui resulta que todos os países envolvidos devem elaborar os Planos Estratégicos Nacionais e os Programas Nacionais de Desenvolvimento Rural, que, em Portugal, ficariam a cargo do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas.

Além disso, o Regulamento do Conselho relativo ao apoio ao desenvolvimento rural pelo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural – FEADER, ao definir o

138 contexto estratégico da política de desenvolvimento rural, procura incluir o método de definição das orientações estratégicas comunitárias para a política de desenvolvimento rural, bem como do plano estratégico nacional. Neste sentido, o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural deverá garantir a coerência entre o apoio comunitário destinado ao desenvolvimento rural, com as orientações estratégicas comunitárias e ainda com todas as prioridades comunitárias, nacionais e regionais.

Assim, num contexto de exigência crescente, o modelo europeu de desenvolvimento rural sustentável tem atribuído cada vez maior importância ao carácter multifuncional da agricultura e dos sistemas agro-florestais, obrigando a que estes, assumindo as valências económica, ambiental e social, sejam competitivos, equilibrados e atractivos. Deste modo, surge a necessidade de:

1º. Aumentar a competitividade dos sectores agrícola e florestal;

2º. Promover a sustentabilidade dos espaços rurais e dos recursos naturais; 3º. Revitalizar económica e socialmente as zonas rurais;

4º. Reforçar a coesão territorial e social;

5º. Promover a eficiência da intervenção das entidades públicas, privadas e associativas na gestão sectorial e do território rural.

Relativamente ao objectivo de aumentar a competitividade dos sectores agrícola e florestal, pretende-se concretamente incentivar práticas de natureza empresarial na agricultura e floresta, voltadas para uma produção com procura de mercado, bem como, na sua dinamização através de estratégias integradas. Para isso, o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural aponta como princípios orientadores:

- Desenvolver as estruturas básicas,

- Apoiar a inovação e o desenvolvimento empresarial, - Rejuvenescer o tecido empresarial agrícola,

- Valorizar a qualidade certificada dos produtos e processos produtivos.

O segundo objectivo (promover a sustentabilidade dos espaços rurais e dos recursos naturais) incide especificamente na tentativa de conservar os valores presentes nos espaços rurais; na valorização dos efeitos positivos resultantes dos sistemas agro-

139 florestais e na optimização da utilização dos recursos naturais, nomeadamente voltada para uma melhor gestão da água e para a redução dos efeitos das alterações climáticas. Neste sentido, o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural aponta como princípios orientadores:

- Reordenar os espaços florestais na perspectiva da gestão integrada dos territórios, - Promover e valorizar serviços ambientais e práticas agrícolas sustentáveis,

- Proteger os recursos naturais, fazendo uma boa gestão dos mesmos,

- Promover iniciativas que valorizem simultaneamente a componente económica e ambiental, como as explorações de agricultura biológica.

O terceiro objectivo do Plano Nacional para o Desenvolvimento Rural passa por revitalizar económica e socialmente as zonas rurais, aumentando a atractividade destas zonas e a criação de condições, enquanto local para viver, trabalhar e visitar. Desta forma, e como princípios orientadores deste objectivo, encontramos:

- Implementar serviços básicos para a economia e populações rurais, em função das

potencialidades reconhecidas nos territórios,

- Valorizar o património rural, cujas intervenções sejam conduzidas através de estratégias locais integradoras das especificidades de cada território e em coerência com os objectivos nacionais.

- Incentivar a criação de microempresas

Pela sua natureza, este objectivo visa toda a população rural e o contributo das intervenções no quadro do Desenvolvimento Rural para o cumprimento deste objectivo é, necessariamente, parcelar, devendo ser complementado, de forma coerente e sustentada, com as restantes políticas intervenientes no território. Para o sucesso deste objectivo é, assim, necessário, mais do que para os restantes, ter uma abordagem integrada e coerente com as intervenções territoriais previstas no Quadro de Referência Estratégico Nacional.

O quarto objectivo, que passa pelo reforço da coesão territorial, surge como um pilar fundamental do desenvolvimento nacional, mas que não pode ser concretizado na sua plenitude sem que esteja assegurada a diminuição das assimetrias regionais. Daí também a necessidade de se actuar, de forma discriminada, a determinados níveis,

140 sejam eles territoriais, sociais ou económicos. Como forma de alcançar este objectivo, surge como princípio orientador:

- A necessidade de uma intervenção pública na dinamização de projectos locais em

territórios sem sustentabilidade social ou em que os seus recursos endógenos não sejam suficientes para evitar a desertificação. Recorrendo para tal a uma abordagem LEADER ou ao reforço da participação dos agentes locais na definição e gestão do processo de desenvolvimento rural para que assim se criem condições de fortalecer a economia local, criar emprego e consequentemente melhorar a vida da população.

Este objectivo aparece como transversal às prioridades nacionais, não se traduzindo, necessariamente, em medidas explícitas no âmbito da política de desenvolvimento rural, mas sendo antes de mais uma “obrigatoriedade” transversal à programação, acabando por ver encontradas as soluções adequadas à elaboração das medidas relativas aos outros objectivos.

Finalmente, e seguindo a filosofia de que não basta intervir mas é necessário fazê- lo com eficiência, deparamo-nos com o quinto objectivo do Plano Nacional de Desenvolvimento Rural para 2007 – 2013, o qual passa precisamente pela necessidade de promover uma maior eficiência da intervenção pública, privada e associativa, na gestão sectorial e do território rural. Neste sentido e como grandes princípios orientadores, referimos:

- qualificar os agentes de desenvolvimento rural,

- orientar a intervenção das entidades para a satisfação do público, o que pressupõe a criação de um modelo de gestão eficaz e transparente, sustentado num sistema de informação aberto;

- aumentar a participação e responsabilização dos agentes na concepção e gestão das políticas,

- generalizar o recurso às novas tecnologias, quer na acessibilidade, produção ou gestão do conhecimento, facilitando a troca de informação quer na criação de um modelo de gestão eficaz e transparente. Este objectivo é igualmente transversal a toda a programação, o qual pretende dar resposta a objectivos nacionais fixados, visando, no contexto desta programação, a criação das condições que permitam ultrapassar

141 estrangulamentos à eficácia das entidades e agentes que actuam ao nível do desenvolvimento rural.

Posto em prática e com eficiência, o Programa de Desenvolvimento Rural para 2007-2013, poderá certamente corrigir a exclusão dos territórios rurais desfavorecidos, bem como os desequilíbrios ecológicos provocados pelas sucessivas transformações da vida económica e social.