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2. RASTROS E RESÍDUOS DA TRADIÇÃO REGIONALISTA ATUALIZADOS

3.2. OS SEGREDOS DE DAVI

Na bíblia, também temos a presença de um personagem chamado Davi. Corresponde a um dos oito filhos de Jessé, descrito fisicamente como ruivo, de belos olhos e boa aparência. Davi, personagem de Brito, tem a aparência valorizada, levando em consideração sua herança genética advinda da mistura entre um pai sertanejo, Natan, e uma mãe paulista, Marina, descendente de italianos: ―Como se não bastassem sua natureza quieta, os cachos louros e os olhos vivos num corpo magro, a aura de pianista virtuoso enchia a família de orgulho.‖ (BRITO, 2008, p. 15); Essa mesma natureza dialógica entre o personagem bíblico e o personagem da Galileia é percebida por LOTHAMMER (2019, p. 119), evidenciando que além da boa aparência física, tanto o Davi religioso quanto do romance de Brito apresentam aptidão musical. O Davi da Galileia conserva a imagem de um talentoso pianista. O da Bíblia toca harpa. O dom da música atrai ainda mais a admiração e o amor dos que estão a sua volta. O Davi bíblico tornou-se rei de Israel. O Davi da Galileia, príncipe da família Rego Castro. O tratamento que ambos recebem, um na narrativa bíblica, o outro na narrativa ficcional, reflete o sentido do nome Davi: o amado, querido, predileto. Diferente de Ismael, que é o integrante rejeitado da família, Davi é o amado. O Davi bíblico é amado pelo povo de Israel e de Judá. O personagem de Brito tem o amor de todos na fazenda Galileia, conforme pode ser visto em: ―Minguadas carícias, uns dedos que tocam os cachos dos cabelos, outra mão que arruma o colarinho da camisa, um tio que envolve a cintura do primo com o braço. Todos amam Davi‖ (BRITO, 2008, p.92). O comportamento de Davi na narrativa de Brito, entretanto, não indica reciprocidade para com seus parentes. Distante e frio, imerso nos seus conflitos íntimos carregado de segredos e mentiras, Davi não demonstra a mesma atenção e carinho com que é tratado pelos seus familiares. Nessa direção, a literatura aponta para o sentido da dessacralização de discursos cristalizados e de verdades estabelecidas, talvez encobertas pelo tempo:

Trata-se aqui de captar o que escapa à visão oficiosa, ortodoxa, constituída, dos fatos. Mais: de ouvir os não ditos da história oficial. Todo discurso instituído dá uma imagem que precisa ser revista, repensada. Se não, o espelho embaça. [...] A descrição dos fatos não bastaria, se não se pudesse somar a eles o sentido, aquilo que dá peso e substância ao fato. Esse, o mérito do registro literário: fazer ver outras formas de encarar o real. (HOLANDA, 2019, p.39)

Provavelmente, o comportamento desdenhoso de Davi para com os seus parentes seja uma reação ao trauma sofrido na infância no seio familiar: Davi foi estuprado por um membro dos Rego Castro. O fato desenvolve-se como um conflito familiar central e perpassa todo o romance. Adonias insiste em recordar a figura do primo correndo ensanguentado, conforme o trecho: ―Observo as carnaúbas, esguias como o corpo do primo Davi, e revejo a tarde dolorosa, ele fugindo nu, coberto apenas por uma camisa branca, o sexo à mostra, o sangue escorrendo entre as pernas‖. (BRITO, 2008. p.7-8). Essa violência permanece um segredo silenciado pelos membros da família durante toda a história, pois ―todos na Galileia preferem vagar pelo resto dos tempos a desvelar algum dos segredos que nos mantêm presos às mais sórdidas tramas.‖ (BRITO, 2008, p.182)

Esse trauma de infância marca o início da batalha de Davi, armado com farsas e mentiras para enfrentar seu maior gigante: sua própria interioridade fragmentada. Enquanto o Davi bíblico travou uma luta com o gigante Golias para defender o povo de Israel, o Davi da Galileia enfrenta o gigante que há dentro de si, para defender a imagem angelical que conquistou na família. Seus monstros são outros, são os fantasmas da alma humana que o enchem de angústia e perplexidade. Na bíblia, Davi vence pela fé:

Você vem contra mim com espada, com lança e com dardos, mas eu vou contra você em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem você desafiou. Hoje mesmo o Senhor o entregará nas minhas mãos, eu o matarei e cortarei a sua cabeça. Hoje mesmo darei os cadáveres do exército filisteu às aves do céu e aos animais selvagens, e toda a terra saberá que há Deus em Israel. Todos os que estão aqui saberão que não é por espada ou por lança que o Senhor concede vitória; pois a batalha é do Senhor, e ele entregará todos vocês em nossas mãos. (BÍBLIA, Samuel 17:45-47)

Pastor, sem experiência em batalhas, pequeno, porém, destemido, Davi, sem grande esforço atira uma pedra direto na testa de Golias que cai morto ao chão,

sendo decapitado com sua própria espada. A coragem de Davi surge da fé no ―Deus dos exércitos de Israel‖ que ele representava. Ao lançarmos o olhar sobre essa história da Bíblia, veremos que gigantes sempre existiram ao longo da vida de seus personagens. Nem sempre em tamanho ou braveza, como Golias, mas em forma de dificuldades, traumas, angústias, sofrimento, que precisam ser vencidos. É o que acontece com o personagem Davi em Galileia, preso aos seus conflitos internos se deixa dominar pelas mentiras. O medo de revelar sua verdadeira identidade o faz criar versões falsas de si mesmo. Diferente do personagem bíblico, o Davi de Brito não busca sua salvação pela fé, mas se deixa levar pelo maior gigante que ameaça sua vida: o trauma. Segundo Freud (2018) um episódio pode ser considerado traumático quando se caracteriza por um ímpeto de excitações excessivas que agridem a tolerância do sujeito e sua capacidade de filtrar, dominar e elaborar psiquicamente esses estímulos, trazendo efeitos patológicos duradouros. No caso do personagem em questão, vítima de estupro na infância, os efeitos patológicos vêm à tona através de um comportamento sexual compulsivo na tentativa de transformar o que foi desprazeroso em fonte de prazer. Na verdade, ele manifesta uma sexualidade de forma pervertida, envolvendo relatos de prostituição e supostas cenas de aliciamento de menores como uma válvula de escape. Isso lembra a teoria de Freud (2018, p.58), pois quando criança, Davi foi passivo e afetado pela vivência do trauma, agora, adulto, coloca-se no papel ativo, como se buscasse satisfação de um impulso, reprimido da vida, de vingar-se.

Davi também é marcado por uma identidade fragmentada que a sua origem remonta através do cruzamento entre duas realidades distintas: a de sua mãe Marina, recebida na Galileia sem que fossem reprimidos ―seus modos de moça liberta, avançados para o mundo sertanejo‖ (BRITO, 2008, p. 116), e a de seu pai Natan, um sujeito enraizado nos valores socioculturais do sertão. Davi nasce na fazenda, de onde é levado ainda criança. Cresce em São Paulo e passa as suas férias com os avós, o que determina desde sempre o seu diálogo com elementos e referências desses dois mundos, cujos valores são em muitos sentidos inconciliáveis e representam-se pelas incompatibilidades existentes entre Marina e Natan. A imersão de Davi em realidades socioculturais, ao mesmo tempo distintas e inter-relacionáveis, é um dos motivos ao qual se pode atribuir a ênfase que é dada à solidão, tanto nos momentos em que ele se pronuncia a respeito de si próprio quanto naqueles em que o narrador-protagonista reproduz as suas perspectivas. A

constância com que a consciência da solidão perpassa o campo das reflexões de Davi é vista como um produto da dificuldade que ele enfrenta, ao tentar compor uma imagem totalizada de si próprio na qual caibam os elementos e aspectos que constituem as suas referências identitárias. Tais referências são conflitantes, pois apontam tanto para modernidade urbana e cosmopolita quanto para o universo sertanejo de onde provém a influencia da família de seu pai. O conflito aponta a condição multifacetada da realidade ficcionalizada ou de uma visão sobre o mundo multiforme, que desmistifica qualquer possiblidade de unidade e de natureza linear e homogênea da matéria mimetizada (representada).

Quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global de estilos, lugares e imagens, pelas viagens internacionais, pelas imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação globalmente interligados, mais as identidades se tornam desvinculas desalojadas – de tempos lugares, histórias e tradições específicos e parecem ―flutuar livremente‖. (HALL, 2014, p. 43).

A representação do personagem Davi se dá numa cultura plural, ou num imbricamento de culturas diversas experienciadas por suas passagens no exterior, fora da Galileia. Esse contato ―global, de estilos, lugares e imagens‖, ora faz com que Davi se choque com seu lugar de origem, como se fosse estrangeiro em sua própria morada, ora entra em cumplicidade com ele. Essa alternância revela uma ―identidade flutuante‖, entre o local e o universal, como uma ave em eterno voo migratório.

Diante da receptividade com que a família o acolhe, Davi se vê obrigado a esconder sua real natureza promíscua, criando histórias falsas acerca de sua trajetória de vida no exterior, haja vista que a verdade figuraria como uma espécie de massacre para a ―moral e os bons costumes‖ da tradição regionalista dos Rego Castro. Portanto, ele forja e encobre diante dos familiares aspectos relevantes de seu caráter; e se, as chances de aceitação da verdadeira vida e personalidade de Davi são mínimas diante da família paterna, em relação a mãe não é diferente no sentido de acolher os seus desvios íntimos. Isso é o que se deduz, a partir de uma reflexão sobre o modo como esse personagem se refere ao desejo de Marina de que ele fizesse uma viagem para os Estados Unidos. Davi considera o intercâmbio como mais uma vaidade modista da classe média, ―um subproduto do colonialismo, herança de quando os senhores de engenho mandavam os filhos para a corte‖

(BRITO, 2008, p. 193), que os profissionais de classe média aderiram para ter do que falar nos aniversários e casamentos. A estada de Davi nos Estados Unidos, portanto, foi uma realização do desejo da mãe, Marina, apegada às manias da classe média, que empurrou o filho para um dilaceramento dos seus valores e fragmentação de sua identidade:

Na casa americana de classe média, selecionada pelo Rotary Club para reproduzir o meu mundo de cá, eu era o que sempre fingi ser, o menino inocente, bonitinho, branquinho, lisinho, e com outros disfarces às minhas fantasias, que naquela época estavam apenas despontando. Talvez ainda fosse realmente um menininho. Pouco tempo depois dessa viagem as minhas perversões se tornaram incontroláveis (BRITO, 2008, p. 193).

A passagem de um ambiente a outro deu margem para que a verdadeira personalidade de Davi despontasse. Enquanto permanecia no sertão do Inhamuns, seus impulsos degradantes eram contidos sob a força da tradição sertaneja. Fora dessas fronteiras, suas ―perversões se tornaram incontroláveis‖ e sem limites. Além disso, se desnuda um desencontro entre a aparência física da personagem e a verdade de sua vida sexual e sentimental que só se intensificam. A esse respeito, Davi conclui:

Minha bagagem era essa agonia, uma insatisfação que a família desconhece. Percebi melhor esse desespero nas viagens recentes, sobretudo na que fiz à França, onde conheci Jean-Luc [...] Passei boa parte do tempo sozinho, andava nos lugares e sentia nuanças de preconceito em relação aos imigrantes. (BRITO, 2008, p. 195).

Nas viagens que faz ao exterior (EUA e França), a sua ―agonia‖ e ―insatisfação‖ são consequências das ―aspirações burguesas‖ da mãe. A solidão é fruto de um processo de desenraizamento, no qual o personagem não se reconhece no seu lugar de origem, por apresentar um comportamento que não se encaixa no padrão sertanejo e, não se identifica com a França, pelo tratamento preconceituoso que é dado aos imigrantes. Na Galileia, vive uma mentira, compartilha histórias fantasiosas e sofisticadas a seu respeito para preservar a adoração que a família lhe dedica. Em outro país, não dissimula, não engana, não falseia. O exterior lhe permite uma liberdade que o sertão tolhe, mas, embora aceite sua verdadeira personalidade, rejeita suas origens.

Davi parece alheio a todo o contexto que o trouxe de volta à Galileia. Não demonstra preocupação com a fragilidade do avô nem ânimo diante do reencontro com os familiares. Segundo Adonias, a verdadeira intenção do primo era ―alimentar o culto que os tios celebram à sua falsa imagem de gênio.‖ (BRITO, 2008, p.185) reforçando, assim, a simbologia do seu nome, que, sendo amado por todos, é cultuado como realeza. Isso explica o fato de Davi só contar histórias de sucesso. Não compartilha nada que seja desagradável, como se a vida estivesse sempre a seu favor. Tudo se resume ao que mais orgulha a família e permite a continuidade de sua farsa: seus espetáculos em bares nova-iorquinos sofisticados, sua habilidade musical e seus discos renomados. Mas, na verdade, o que está por trás de todas essas virtudes não passa de um ―garotinho de programa de classe média‖ (BRITO, 2009, p.187), revelado pelo próprio Davi em carta destinada ao primo Adonias:

Quando minha mãe perguntou ao telefone se o público acompanhava todo o processo musical, eu respondi que não. Enrolado na mentira, eu deixava Jean-Luc passar a língua pelo meu corpo. Minha mãe cobrava detalhes musicais, e eu ali, quase gozando. (BRITO, 2008, p.191)

Ao contar essa história, Davi alimenta a sua imagem de gênio, enquanto na verdade, não passa de uma metáfora para o relacionamento sexual que manteve com um dos seus amantes em um pub em Nova Iorque. Como diz Adonias: ―no lugar da épica sertaneja, a pornografia‖ (BRITO, 2009, p.186). A farsa criada por Davi não incluía a sua relação amorosa com Jean-Luc, seu amante francês, nem todas as suas outras aventuras sexuais.

Sempre imaginei histórias eróticas para ficar excitado. Com treze anos, eu me trancava no banheiro e rabiscava sacanagens no papel higiênico. Só dessa maneira conseguia me masturbar. Filmes pornôs e revistas de sexo não faziam o menor efeito em mim. Evoluí tanto nas minhas fantasias que já não gozava com gente comum, de carne e osso. Brochava toda vez que tentava. As historinhas ganharam força, tornaram-se vício. Com dezesseis anos comecei a praticar o hábito na internet. Lá existem pessoas com todos os desvios e taras que se possa imaginar. Cada uma delas busca atingir o limite máximo de suas fixações eróticas. São tantas as depravações que eu me sentia menos envergonhado com as minhas. Como esse universo tinha a ver com a minha predisposição à fantasia sexual, ele se tornou magnético. Depois de entrar uma primeira vez, e encontrar mil pessoas querendo fantasias comigo, comecei a bolar histórias cada vez mais pesadas, infindáveis, que me excitavam durante longos períodos. Uma droga. O prazer se tornou compulsão, uma

alternativa à vida que eu levava com Guilherme. Quando tentei parar não consegui, estava viciado. Toda compulsão vive de um pagamento adicional. Embora fosse uma necessidade mórbida, eu sentia prazer com aquilo. E ainda sinto. Desde os dezesseis anos, muita gente passou pelos meus braços simbólicos. Assim eu traía Guilherme. Era o único recurso ao meu alcance para fazer sexo, e para livrar-me do que chamam amor. Quando Guilherme entregou-se à mulher dele, e já não dependia de meus cuidados, senti-me livre. Conheci um homem chegado a garotos, que se apaixonou por mim. Era o dono de uma escola multinacional de idiomas... (BRITO, 2008, p. 197).

Davi revela-se cheio de vícios e atividade sexual desregrada. Mantém uma sexualidade aguçada cujo gatilho pode estar relacionado ao trauma do passado e cuja intensidade pode se associar às pressões macrossociais do passado e do presente. Como um cosmopolita, Davi entra em confronto com os valores tradicionais que marcaram sua formação e estão enraizados na família Rego Castro. Sua identidade é metade sertaneja, enquanto a outra metade está aberta ao mundo estrangeiro.

A carta de Davi é, provavelmente, o elemento que reconstitui os rastros do seu passado e de sua família. Através dela, o culpado do estupro contra Davi poderia ser desmascarado, confrontado e punido, porém, o narrador, diante de tantas revelações sobre o primo, prefere não avançar na leitura das páginas. A verdade sobre o crime não apagaria seus efeitos sobre Davi e a família, mas, com certeza, causaria novas consequências. Por isso, Adonias opta também por não expor a verdadeira face que conheceu do primo em sua carta, ―melhor para a família imaginá-lo apenas um músico‖. (BRITO, 2009, p.212). Assim, as versões encantadoras sobre a vida de Davi permanecem intactas, enquanto sua identidade continuamente se fragmenta e o empurra a um eterno exílio:

Todos os acertos se fizeram pela internet. Eu mal completara dezoito anos, mas desde os dezesseis possuía contatos. Cada uma das viagens me deu uma sensação diferente de exílio, pelos lugares e pela companhia de um homem apaixonado, cheio de expectativas. Eu supunha os rituais que me esperavam em quartos de hotéis, as cenas em que atuaria. Pagava passagens, hospedagem, alimentação e pequenos presentes com os favores que você imagina. Mas eu lhe juro que tirar a roupa me doía menos do que a incerteza sobre o exílio. O que me oprime numa viagem é a indefinição do que vou sentir. Encanto, euforia, tristeza? Tudo mao mesmo tempo. Contemplo um território desconhecido, mas meu corpo é o mesmo, e ele mantém a referência de uma paisagem interna, que prevalece; é tão absoluta que não posso olhar nada sem

comparar com essa memória residual. [...] Sentia-me uma escultura fora do lugar de seu museu de origem, em exposição itinerante por outras galerias, deslocado, sem foco (BRITO, 2008, p.196-197)

Os ritos sexuais iniciam-se pela internet, elemento da modernidade digital incorporada ao romance, e isso o afasta cada vez mais da realidade regionalista tradicional. É o meio que se utiliza Davi para fazer seus ―contatos‖, seus ―acertos‖, negociando com sexo suas viagens. A sobrevivência de Davi depende do exercício de sua depravação sexual. O sentimento de solidão se agrava, porque suas relações não se constroem por meio de companhias sinceras, através de amigos de fato, mas de clientes, apenas. Por isso, as viagens o coloca diante de uma incerteza maior: a do exílio. Por mais que o estrangeiro frequente territórios desconhecidos a ―memoria residual‖ o retém, lançando o personagem sempre de volta à casa, pois ―os fantasmas que me perseguiam eram antigos, não passavam de memória‖ (BRITO, 2009, p.196). A ―escultura fora do lugar de origem‖ esforça-se para esquecer os resíduos do passado que insistem em suprimi-lo em exílio e sofrimento. Lá fora, sente-se um objeto em exposição itinerante; em casa, não se reconhece. Aqui ou lá é um estrangeiro, mais uma ave de arribação sem pouso.