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Os serviços responsáveis pela Vigilância em Saúde do Trabalhador na

5. CONFIGURAÇÃO DO CAMPO

5.1. Os serviços responsáveis pela Vigilância em Saúde do Trabalhador na

Em São Paulo, já em 1989, surgiram os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador Municipais (CRST), passando a capital a contar com seis unidades, distribuídas na zona norte, centro-oeste, sudeste, sul, centro e leste (desativado há muito tempo, atualmente está novamente em fase de implantação, o CRST da zona leste). Suas equipes são formadas por profissionais de diversas áreas: médicos do trabalho e de outras especialidades, assistentes sociais, dentistas, educadores em saúde pública, enfermeiros, engenheiros, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, sociólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros, e há diferenças na configuração dos seis serviços.

As VST, no âmbito da PMSP, eram realizadas unicamente pelos CRST até a criação do Código Sanitário Municipal em 2004. A configuração atual do Sistema Municipal de Vigilância em Saúde, do qual faz parte a VST, só se constituiu em 2008, com o Decreto Municipal nº 50.079 (São Paulo, Cidade, 2008a)

Hoje, o Sistema Municipal de Vigilância em Saúde (São Paulo, Cidade 2008a; São Paulo, Cidade, 2009a) é composto pela COVISA (Coordenação de

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Vigilância em Saúde) com suas gerências, subgerências e núcleos técnicos39 (anexo A), as Supervisões de Vigilância em Saúde (SUVIS) 40 e os próprios Centros de Referência em Saúde do Trabalhado que atuam em seus respectivos territórios. Cabe à COVISA a coordenação técnica, o planejamento, a supervisão e a avaliação do Sistema Municipal de Vigilância em Saúde. Nessa estrutura, a Vigilância em Saúde do Trabalhador está inserida na Gerência de Saúde Ambiental (GVISAM), especialmente na Sub gerência de Vigilância em Saúde do Trabalhador.

A COVISA foi criada na cidade de São Paulo em 2003. Seu quadro de profissionais é bem diversificado e uma pequena parcela dele é composta por trabalhadores que atuaram anteriormente em algum dos CRST.

Considerando que a criação da COVISA é recente, neste trabalho, apesar de incluirmos dados coletados junto aos técnicos que lá atuam, nos ateremos mais sobre a longa experiência dos CRST.

Uma multiplicidade de ações é esperada dos CRST, as quais vão além da VST. Fazem parte de suas atividades o atendimento ambulatorial de pessoas com quadros de doenças profissionais e/ou sequelas de acidentes de trabalho, a realização de projetos específicos a partir da demanda dos sindicatos, da rede de saúde e demais parceiros e cursos de capacitação, orientação e educação em ST. (São Paulo, Cidade, 2009b). Segundo a Portaria n.º 1679/GM (Brasil, MS, 2002), que institui a RENAST, os CRST devem dar conta, em seu território, da construção e divulgação de uma cultura especializada da relação processo de trabalho, processo saúde e doença, servindo de suporte técnico e científico desse campo do conhecimento e atuando de forma articulada aos demais serviços da rede do SUS. Devem, ainda, atender às demandas decorrentes do quadro epidemiológico de sua área, em cooperação técnica interinstitucional. Devem, também, ter como uma de suas prioridades as ações de

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A Portaria 1930/2009 – SMS.G publicada no DOC de 06/11/2009 (São Paulo,Cidade, 2009a) dispõe sobre as atribuições e competências das gerências e sub gerências de COVISA e do Sistema Municipal de Vigilância em Saúde.

40 SUVIS são unidades descentralizadas da Coordenação de Vigilância em Saúde - COVISA, localizadas nas cinco regiões do município de São Paulo - Norte, Sul, Leste, Centro-Oeste e Sudeste. O total de SUVIS, no município de São Paulo, em 2009 era 26. (São Paulo, Cidade, 2009b). O Decreto Nº 50.079/2008 (São Paulo, Cidade, 2008a) em seu artigo 9° descreve as atribuições dos CRST e das SUVIS.

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VST, vistas como articuladoras das intervenções nas relações entre o processo de trabalho e a saúde.

Na PMSP, os CRST estão subordinados à Coordenadoria de Atenção Básica por fazerem parte do Programa de Saúde do Trabalhador do Município (São Paulo, Cidade, 2008b) Ao mesmo tempo, eles fazem parte do Sistema Municipal de Vigilância em Saúde e, portanto, estão vinculados à COVISA.

A duplicidade de subordinação (Atenção Básica/COVISA) coloca os CRST e seus profissionais em uma situação delicada, principalmente no que se refere à determinação de prioridades e metas de ação. Ficam confusas não só as regras para avaliação da produtividade e efetividade das ações desses serviços e de seus profissionais, mas também o acesso a recursos financeiros, estruturais e de pessoal. Portanto, os CRST, por sua multiplicidade de ações e pela própria lógica complexa da Secretaria Municipal de Saúde, devem responder a duas áreas bem distintas que tratam das questões de ST e que trazem, em sua tradição, prioridades e formas de ação bem diferentes. Isso é fonte constante de conflitos e divergências na determinação das diretrizes de ação a cargo dos CRST. Ou seja: o CRST deve ser uma unidade operacional como as demais unidades da área de Atenção Básica ou uma unidade geradora de políticas de ação de VST?

Os rumos dos CRST seguem com dificuldade na definição de seu papel e das prioridades de suas ações, pois, por um lado, tem-se a Atenção Básica, de tradição mais assistencialista, privilegiando atividades curativas em detrimento das preventivas e, por outro, a COVISA, calcada sobre os dizeres das Vigilâncias em Saúde, em especial nas Vigilâncias Sanitária e Epidemiológica, porém desintegradas e sem considerar as especificidades da VST.

A própria RENAST propõe em seu modelo de atenção que os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador tenham dois braços de ação, um na área de assistência na rede de cuidados e outro na de vigilância. Não fica claro a quem esses serviços devem se reportar administrativamente (anexo B) (Brasil, MS, 2006).

Apesar de esses imbricados caminhos merecerem um estudo mais aprofundado, nossa dissertação ateve-se às possíveis influências que eles possam exercer sobre os processos de trabalho dos trabalhadores das VST.

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