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2 A EXECUÇÃO PROVISÓRIA COMO INSTITUTO

2.6 Outras hipóteses de execução provisória no Código de Processo

Civil, que disciplina os recursos extraordinário e especial, dispondo que são

164 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, volume 2. São

Paulo: Saraiva, 2009, pp. 138-139.

165 Responsabilidade esta que é objetiva, até mesmo porque, conforme exposto, o § 3º do

artigo 273 do Código de Processo Civil, preceitua que à antecipação dos efeitos da tutela se aplica as disposições referentes à execução provisória.

recebidos apenas no efeito devolutivo, revogando a súmula 228 do Supremo Tribunal Federal, que disciplinava a matéria em sentido contrário. Assim, para se emprestar o efeito suspensivo a tais recursos, deve-se propor medida cautelar.166

Também o artigo 1.184167, do Código de Processo Civil, dispõe que a sentença que decreta a interdição produzirá efeitos desde logo. Isto é, por expressa disposição legal, a eficácia de tal sentença é adiantada.

Outra hipótese de eficácia imediata da sentença é a do usufruto de imóvel ou de empresa, prevista no artigo 718, do Código de Processo Civil.

Sobre o dispositivo em comento, assim anotam Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero168:

166 Bem explicam Luiz Rodrigues Wambier e Eduardo Talamini: “[...] Essa execução somente

poderá ser obstada se, por meio de providência acautelatória, conferir-se efeito suspensivo ao recurso, o que é permitido pelo regimento interno do STJ. Conforme já afirmando em outra oportunidade, ‘trata-se de se conceder medida cautelar com o fim de conferir efeito suspensivo à decisão impugnada, sempre que sua imediata eficácia (consequência da inexistência desse tipo de efeito, no recurso especial e no recurso extraordinário) puder causar dano ao resultado útil do recurso, e desde que o direito alegado pela parte seja plausível.”

E, quanto ao recurso extraordinário, continuam os autores

“[...] Da mesma forma como ocorre com o recurso especial, não há, a princípio, no recurso extraordinário, o efeito suspensivo, que poderá ser concedido apenas por meio de providência acautelatória, quando a decisão impugnada importar na produção imediata de eficácia ou houver o risco de frustração do resultado útil do eventual provimento do recurso interposto. A Súmula 634 do STF dispõe, contudo, que ‘não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem’. E, corroborando a referida súmula, há ainda a súmula 635 do STF, que prescreve que ‘cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda pendente e seu juízo de admissibilidade’.” WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil: teoria geral do processo e processo de conhecimento. 13ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013., p. 736; p.766).

Como observa Sérgio Sérvulo da Cunha, como o recurso extraordinário demora para ser remetido ao Supremo Tribunal Federal, podendo neste intervalo se materializarem danos evitáveis com o efeito suspensivo, entendeu-se que a suspensão pode ser concedida pelo próprio Tribunal a quo.

CUNHA, Sérgio Sérvulo da Cunha. Recurso Extraordinário e Recurso Especial. São Paulo: Saraiva, 2012.

167 Art. 1.184. A sentença de interdição produz efeito desde logo, embora sujeita a apelação.

Será inscrita no Registro de Pessoas Naturais e publicada pela imprensa local e pelo órgão oficial por três vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, constando do edital os nomes do interdito e do curador, a causa da interdição e os limites da curatela.

A eficácia do usufruto de bens móveis ou imóveis perante as partes da execução ocorre a partir da publicação da decisão que o concede, independentemente de registro na matrícula do imóvel (art. 718, CPC). Perante terceiros, o usufruto só terá eficácia imediata – a partir da eficácia que o conceda – se anteriormente averbada a penhora do bem imóvel (art. 659, § 4º, CPC) ou quando se tratar de usufruto de bem móvel. Não existindo prévia averbação da penhora do bem imóvel sobre o qual se instituiu o usufruto judicial, a eficácia do usufruto perante terceiros depende da averbação do usufruto na matrícula do imóvel (arts. 722, § 1º, CPC, e 1.391, CC).

Ademais, no caso de atentado, previsto no artigo 881 do Código de Processo Civil, também a sentença não estará sujeita ao efeito suspensivo, até mesmo porque está incluída como um procedimento cautelar específico no Código pátrio. Assim, da sentença, cabe apelação, que deve ser recebida sem efeito suspensivo (artigo 520, IV, do Código de Processo Civil).

Outro caso que merece destaque é o da hipoteca judicial, prescrita no artigo 466, caput e parágrafo único, III, do Código de Processo Civil169, que pode ser confundido com o de execução provisória, mas, na verdade, trata-se de um contorno tipicamente cautelar. No mesmo sentido, é o entendimento de Leonardo Ferres da Silva Ribeiro170, ao afirmar que “a hipoteca judicial é um efeito secundário da sentença”, sendo que sua função “adquire contorno tipicamente cautelar na medida em que se presta a resguardar o interessado de eventual e futura fraude”.171

168 MARINONI, Luiz Guilherme, e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil comentado

artigo por artigo. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, pp. 701-702.

169 Art. 466. A sentença que condenar o réu no pagamento de uma prestação, consistente em

dinheiro ou em coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária, cuja inscrição será ordenada pelo juiz na forma prescrita na Lei de Registros Públicos. Parágrafo único. A sentença condenatória produz a hipoteca judiciária: I - embora a condenação seja genérica; II - pendente arresto de bens do devedor; III - ainda quando o credor possa promover a execução provisória da sentença.

170 RIBEIRO, Leonardo Ferres da Silva. A execução provisória no processo civil. 2004.

Dissertação (Mestrado em Direito) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004.

171 Sobre a hipoteca judiciária assim afirmam Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero: “A

sentença tem eficácia direta, reflexa e anexa. A eficácia direta da sentença é aquela que atinge a relação jurídica deduzida em juízo de modo principal. A eficácia reflexa é aquela que alcança relação jurídica conexa àquela alegada em juízo. A eficácia anexa é aquela que advém da lei, sem necessidade de pedido. Há na doutrina quem se refira à eficácia direta da sentença como eficácia principal ou natural e às eficácias reflexa e anexa como eficácias secundárias ou

Outrossim, nesse contexto, há que se lembrar que o artigo 558, do Código de Processo Civil, conferiu ao julgador o poder de emprestar o efeito suspensivo aos recursos que, pela sua natureza, não são dotados desse efeito, desde que se demonstre que a execução da sentença lhe acarretará dano irreparável ou de difícil reparação, somada à relevante fundamentação.172 Tal requerimento deve ser formulado na peça recursal ou em petição avulsa.

2.7 Outras hipóteses de execução provisória previstas na legislação