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2 A EXECUÇÃO PROVISÓRIA COMO INSTITUTO

2.7 Outras hipóteses de execução provisória previstas na legislação

2.7.1 Sentença nas relações locatícias

É o caso dos recursos interpostos de decisões nas ações que envolvem locação, como despejo, consignação em pagamento, revisional de aluguel e renovatória, nos termos do artigo 58, V, da Lei n. 8.245 de 1991, ficando a execução provisória condicionada à prestação de caução real ou fidejussória pelo vencedor, de acordo com as regras dos artigos 63, § 4º e 64.174

173Como bem entende Cassio Scarpinella Bueno: “Mas não só as hipóteses dos incisos do art.

520 do CPC admitem a execução provisória. Na legislação processual civil extravagante há vários casos em que o legislador preferiu retirar, expressamente, o efeito suspensivo das apelações dirigidas a diversas sentenças proferidas em “procedimentos especiais”. E quando o fez, admitiu, conseqüentemente, a execução provisória destas sentenças. Ausência de efeito suspensivo da apelação e execução provisória: face e contra-face de uma mesma moeda. Apenas para ilustrar a afirmação do parágrafo anterior, é o que se dá com relação aos seguintes casos: mandado de segurança, habeas data, ação civil pública, ações reguladas pelo Código do Consumidor, ações de locação de imóveis urbanos juizados especiais cíveis; ações do estatuto da criança e do adolescente; alimentos e tantos outros. O que permite o estudo comum de todas as situações a que acabei de me referir é a circunstância de todas elas decorrerem imediatamente da lei, isto é, são casos em que a execução provisória é admitida porque a lei não previu efeito suspensivo aos recursos de apelação interponíveis da sentença em determinados casos. E o fez, certamente, por questões de ordem política cuja pesquisa iriam muito além dos limites de um trabalho jurídico. Pelo menos, deste trabalho. São, por assim dizer, execuções provisórias ex lege, porque expressamente admitidas pela lei. Ao interessado, nestes casos, basta verificar se a sua “sentença” encarta-se em um dos casos que o Código de Processo Civil ou a legislação processual civil extravagante autoriza a execução provisória e requerer seu início. O referencial é o mesmo, os artigos 589 e 590 do Código de Processo Civil.”

BUENO, Cassio Scarpinella. Execução provisória. Disponível em: http://www.scarpinellabueno.com.br/. Acesso em: 30.05.2013, p. 6.

174 A título de ilustração, destaca-se que o Superior Tribunal de Justiça assim já decidiu:

“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO RENOVATÓRIA DE LOCAÇÃO. APELAÇÃO. EFEITO SUSPENSIVO. EXCEPCIONALIDADE. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7/STJ. DECISÃO MANTIDA. 1. A Lei de Locação estabelece como regra o recebimento apenas no efeito devolutivo da apelação interposta contra sentença que julgar a ação renovatória (arts. 58, V, e 74 da Lei n. 8.245/1991). 2. É admissível, em casos excepcionais, a suspensão dos efeitos da decisão, com amparo no art. 558, parágrafo único, do CPC, quando relevantes os fundamentos invocados pela parte recorrente, a fim de se evitar lesão grave e de difícil reparação. Precedentes. 3. Tendo em vista o óbice da Súmula

Anteriormente à lei que rege as locações, o locatário inadimplente permanecia longos anos na posse do bem locado até que seus recursos fossem julgados, evitando a execução da sentença, em prejuízo do locador. Por isso, positiva é a disposição em comento.

E, ainda, como bem sublinha Misael Montenegro Filho175, há julgados isolados, retratando situações nas quais o autor, locador, requeira a execução da sentença prestando os aluguéis não pagos pelo locatário como caução, de modo a evitar que o credor seja impedido de retomar o bem quando não dispuser de meios para garantir o juízo (a exemplo do Recurso Especial n. 42193 de São Paulo, de Relatoria do Ministro Adhemar Maciel, de

n. 7/STJ, é inviável dissentir das conclusões do acórdão que, com base nos elementos de prova, considerou relevantes os fundamentos invocados pela agravada e reconheceu o risco de dano no cumprimento do despejo antes do julgamento da apelação. 4. Agravo regimental a que se nega provimento.” (AgRg no REsp 1373885/BA, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 06/06/2013, DJe 19/06/2013). (grifo nosso).

No mesmo sentido: “1. É firme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que, nos termos do art. 58, V, da Lei 8.245/91, o recurso de apelação interposto em ação de despejo deve ser recebido tão-somente no efeito devolutivo. 2. Tendo o Tribunal de origem, com base no art. 558 do CPC, concedido efeito suspensivo ao recurso de apelação, ao fundamento de que recebê-lo apenas em seu efeito devolutivo poderia ensejar uma lesão grave ou de difícil reparação ao apelante, ora recorrido, infirmar tal entendimento demandaria o reexame de matéria fático-probatória, inviável em sede especial, por atrair o óbice da Súmula 7/STJ. Precedentes. 3. Recurso especial conhecido e improvido. (REsp 588.414/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 12/09/2006, DJ 09/10/2006, p. 342).

E, mesmo no caso de cumulação de pedidos (despejo com cobrança), em relação ao despejo, entende-se que a apelação deverá ser recebida apenas em seu efeito devolutivo: “´[...[. O recurso de apelação que ataca sentença proferida em ação de despejo, ainda que cumulada com ação de cobrança de débitos atrasados, deve ser recebido somente no efeito devolutivo. [...[“ (AgRg no Ag 922.156/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 18/03/2008, DJe 19/05/2008). No mesmo sentido: “LOCAÇÃO: DESPEJO POR DENÚNCIA IMOTIVADA E RECONVENÇÃO PEDINDO INDENIZAÇÃO POR FUNDO DE COMÉRCIO: Apelação recebida no duplo efeito. I - Existindo cumulatividade de ações, com única decisão, a apelação deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo - inciso V, art. 58 da Lei nº 8.245/91. Caso contrário, o objetivo claro de tal norma, que é dar maior celeridade aos procedimentos, ficará frustrado, em tais situações. Jurisprudência firme desta Corte. Precedentes. II - REsp não conhecido pela alínea a, do permissivo constitucional; conhecido e provido, pela c, nos termos do voto condutor.” (REsp 619.489/DF, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 14/09/2004, DJ 04/10/2004, p. 338).

175 MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de Direito Processual Civil: Teoria Geral dos

18.04.1994176); podendo oferecer como garantia o próprio imóvel objeto do contrato de locação desfeito (ROMS n. 7502 de Minas Gerais, de 23.08.1999).