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Exercício A – 1º texto

OUVIR / FALAR

Suporte escrito do registo áudio associado ao exercício A

São três da madrugada. Raimundo pousa a esferográfica, levanta -se devagar, ajudando -se com as palmas das mãos assentes sobre a mesa, como se de repente lhe tivessem caído em cima todos os anos que tem para viver. Entra no quarto, que uma luz fraca apenas ilumina, e despe -se cautelosamente, evi- tando fazer ruído, mas desejando no fundo que Maria Sara acorde, para nada, só para poder dizer -lhe que a história chegou ao fim, e ela, que afinal não dormia, pergunta -lhe, Acabaste, e ele respondeu, Sim, acabei, Queres dizer -me como termina, Com a morte do almuadem, E Mogueime, e Ouroana, que foi que lhes acon- teceu, Na minha ideia, Ouroana vai voltar para a Galiza, e Mogueime irá com ela, e antes de partirem acha- rão em Lisboa um cão escondido, que os acompanhará na viagem, Por que pensas que eles se devem ir embora, Não sei, pela lógica deveriam ficar, Deixa lá, ficamos nós. A cabeça de Maria Sara descansa no ombro de Raimundo, com a mão esquerda ele acaricia -lhe o cabelo e a face. Não adormeceram logo. Sob o alpendre da varanda respirava uma sombra.

José Saramago, in História do Cerco de Lisboa, 6ª ed., Lisboa, Caminho, p. 348

Exercício A.1 (tomada de notas na base dos tópicos facultados para a escuta ativa)

Escuta ativa (Excerto narrativo)

Ações levadas a cabo pelas personagens Dados narrativos

Raimundo conclui a escrita de uma história Entrada no quarto para dormir

Maria Sara pergunta como termina a história Raimundo indica que há a morte de almuadem Acrescenta a partida de Ouroana e Mogueime (para a Galiza, com um cão achado em Lisboa) Raimundo acaricia Maria Sara

Uma sombra respira sob o alpendre da varanda

Localização

temporal três da madrugada

Personagens referidas

da história narrada Raimundo

Maria Sara

da história de Rai mundo

Almuadem Mogueime Ouroana Personagens que falam Raimundo Maria Sara

Exercício A.2 (caracterização da linguagem do excerto) 2.1. A narrativa inicia com a marca temporal do presente.

[CORRETA]

2.2. Uma só voz narra a história, citando as falas das personagens sob as condições do próprio discurso. [INCORRETA – recurso ao discurso direto das personagens]

2.3. O conector aditivo “e” é o mais utilizado no excerto. [CORRETA]

2.4. No fi nal, retoma -se a marca temporal do presente.

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Pág. 260 ESCREVER

Exercício A. (preenchimento de espaços, a partir dos dados recolhidos na leitura de Memorial do Convento)

1. O bispo inquisidor D. Nuno da Cunha e o arrábido Frei António de S. José dizem a D. João V que terá sucessor se prometer levantar um convento em Mafra para os frades franciscanos.

2. João Elvas foi um antigo soldado, amigo e companheiro de Baltasar Mateus com quem este se acoitou junto ao Convento da Esperança, em Lisboa.

3. O projeto do padre Bartolomeu Lourenço consistia na construção de uma máquina voadora, designada Passarola, que foi montada na abegoaria da quinta do duque de Aveiro, situada em São Sebastião da Pedreira.

4. Blimunda ganha do padre Bartolomeu Lourenço o apodo de Sete -Luas, porque ela consegue ver às escuras; Baltasar tem o de Sete -Sóis por apelido de família.

5. Após uma ausência de três anos, o padre Bartolomeu Lourenço sai de Lisboa em direção a Coimbra, mas não deixa de passar por Mafra para avisar Baltasar de que este construirá a máquina de voar; Blimunda recolherá vontades.

6. O padre Bartolomeu Lourenço receia a ação do Santo Ofício, pois a Inquisição pode considerar que o projeto da Passarola esteja ligado a artes de feitiçaria.

7. Ludovice foi chamado pelo rei para construir, para a corte portuguesa, uma igreja como a de São Pedro de Roma, mas D. João V acaba por ser dissuadido da ideia; decide, então, aumentar o convento de Mafra de forma a acolher trezentos frades.

8. O nome Mafra, segundo a experiência dos construtores do convento e num jogo com as letras iniciais, passará a significar Mortos, Assados, Fundidos, Roubados, Arrastados.

9. Depois de Álvaro Diogo e Inês Antónia se terem ido deitar, Baltasar e Blimunda vão ver as estátuas dos santos, e a propósito do que nelas observam fazem uma reflexão acerca da vida e da morte.

10. Blimunda passou por Lisboa sete vezes à procura de Baltasar, encontrando -o em São Domingos, no mesmo auto de fé onde António José da Silva também é queimado.

Pág. 261 LER

1. A construção do Convento de Mafra e os sacrifícios humanos que originou. 2. Narrador comentador/avaliador; focalização omnisciente.

3.1. A relação cerimoniosa do rei e da rainha em oposição à naturalidade, espontaneidade de Blimunda e Baltasar.

3.2. A crítica e a ironia do narrador no processo de descrição dos eventos. Pág. 262

OUVIR/FALAR

1. a) V; b) F; c) F; d) V; e) F; f) V; g) F

2. b) O romance remete para uma atitude já assumida em “Levantado do Chão”. c) O romance remete para o século XVIII.

e) O Portugal da época usufrui de grandes quantidades em ouro que servem para pagar os delírios do rei. g) O delírio artístico da época do rei Magnânimo é fruto dos artífices contratados e das matérias primas

Pág. 263

PRÁTICAS DA LÍNGUA

Exercício A.1 (contextualização dos provérbios)

1.1. Milagres de santos e religiosos em terra portuguesa.

1.2. Baltasar a ajudar Bartolomeu Lourenço na construção da Passarola, questionando a ideia de que um maneta consiga tudo com uma só mão.

1.3. A mortandade do terramoto de Lisboa teve de ser enterrada.

1.4. Scarlatti a tocar cravo, na casa do Visconde, aquando do lançamento da primeira pedra em Mafra. 1.5. Sermão de um padre em dia de missa, numa capela improvisada, situada entre o futuro convento

e a Ilha da Madeira.

1.6. Cortejo de trabalhadores da Ilha da Madeira, constítuido por homens marcados por defi ciências. 1.7. Casamento da princesa Maria Bárbara com o futuro rei de Espanha.

Exercício A.2 (registo de provérbios) 2. Ainda a procissão vai no adro.

O Sol quando nasce é para todos. A rico não devas e a pobre não faltes. A César o que é de César.

Faz o bem não olhes a quem. Quem anda por gosto não cansa. Os homens não se medem aos palmos. Pág. 272

PRÁTICAS DA LÍNGUA

Exercício A.1 (construção de frases mais económicas em termos de léxico)

1.1. O Magnânimo reinou em Portugal entre 1706 -1750, época da grande riqueza proveniente do Brasil. 1.2. Embora tivesse vários filhos bastardos, D. João V preocupava -se com a falta de herdeiros ao trono

português.

1.3. A pretensão real é atendida com o nascimento da princesa Maria Bárbara.

1.4. Baltasar Sete -Sóis participou na Guerra da Sucessão de Espanha, na qual perdeu a mão esquerda. 1.5. Blimunda é fi lha de Sebastiana Maria de Jesus, condenada pela Inquisição ao degredo em Angola. 1.6. Blimunda tem dezanove anos quando conhece Baltasar, no dia da execução da sentença in-

quisitorial a Sebastiana.

1.7. Blimunda e Baltasar assumem -se como o par amoroso que o discurso romanesco contrasta com o casal real representante do poder.

1.8. Blimunda compromete -se a nunca olhar Baltasar por dentro. Pág. 275

ORIENTAÇÕES DE LEITURA

Exercício A.5 (explicação do efeito irónico dos segmentos)

5.1. “… rufa o tambor e repenica o pífaro, não ela, claro está, que ideia, …”(linhas 33 -34)

O contraste de registos e de situações – entre, por um lado, o sinal festivo e de celebração (rufar do tambor, associado ao anúncio público da saída da rainha) e, por outro, um sinal da dimensão mais popular, tradicional, humilde de um instrumento de sopro com sons estridentes – aparece combinado com um comentário do narrador que aparentemente recusa esta dimensão mais popular relacionada com a rainha

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5.2. “… ela sempre no limpo, eles sempre no lixo…”(linhas 38 -39)

Composição paralela do segmento, diferenciando dois níveis sociais bem distintos e colocando, em termos equiparáveis, dois universos contrastivos (limpo / lixo), ainda que de humanos se trate 5.3. “… igreja Nossa Senhora dos Mártires, que somos todos, …”(linhas 43 -44)

Quebra de uma sequência enumerativa por um comentário do narrador, associando o nome da designação de uma igreja à condição do comum dos humanos, num desvio de um termo de foro reli- gioso para o seu tratamento num âmbito mais profano

5.4. “… vá lá que não sofre das partes pudendas, …”(linhas 77 -78)

Menção a uma área de maior recato, intimidade, mas que o narrador aponta como das mais co- nhecidas e familiares relativamente ao rei, sempre com o intuito de o satirizar pelos seus hábitos e pelas relações extraconjugais

Exercício A.6 (apresentação da imagem que o excerto dá do rei)

Retrato do rei:

boa figura, aventureiro nas relações de juventude, infidelidade.

grandiosidade real no período adulto em contraste com as maleitas que o fragilizam.

dependência real de todos os que o acompanham na doença.

caricatura da infedilidade no casamento. Pág. 275