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5. INTERPRETAÇÃO DE DADOS – GIRO E PANORAMA POLÍTICO 79

5.5. Cruzamento dos dados 95

5.5.1. Tipo de fonte X Fluxo do contato 96

5.5.1.2. Panorama Político 98

Tabela 2 – Tipo de fonte X fluxo do contato – Coluna Panorama Político

Fontes Fluxo Panorama  Fonte Fluxo Fonte  Panorama

Assessores governistas 13 (92,85%) 1 (7,15%) Autoridades de oposição 9 (90%) 1 (10%) Autoridades governistas 10 (71,42%) 4 (28,58%) Assessores de oposição 2 (66,66%) 1 (33,33%) Jornalistas/profissionais da comunicação 4 (50%) 4 (50%) Outras fontes 3 (50%) 3 (50%)

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Fontes Fluxo Panorama  Fonte Fluxo Fonte  Panorama

Institutos de pesquisa 1 (33,33%) 2 (66,66%)

Empresários 0 0

Total 42 (72,41%) 16 (27,58%)

No caso das notas fornecidas por assessores governistas, Ilimar procurou a fonte em 92,85% das vezes (13 notas no sentido Panorama  Fonte). Os assessores só precisaram procurar o colunista em 7,15% dos casos (1 nota no sentido Fonte  Panorama). Pode-se inferir que alguns assessores, pelo histórico de confiabilidade, já fazem parte das “rondas diárias” do jornalista. De acordo com Elliot (apud Traquina, 2001, p. 105), “o jornalismo é de muitas maneiras mais parecido com a agricultura sedentária que com a caça e a busca. (...) As notícias são produzidas por jornalistas que cultivam rondas regulares (...)”. Pelas conversas telefônicas presenciadas pela pesquisadora, Ilimar Franco mostrou proximidade com algumas dessas fontes: as conversas eram mais longas e começavam com perguntas sobre a vida pessoal dos interlocutores para, só então, chegarem ao assunto desejado.

Em seguida, vêm as autoridades de oposição, que foram contatadas pelo colunista em 90% dos casos das notas publicadas com essa fonte (9 notas no sentido Panorama  Fonte). Em plena campanha política, a oposição era contatada com freqüência para comentar uma declaração ou postura do governo ou de candidatos do governo, a exemplo do comentário do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, a respeito de pesquisa Datafolha, na edição de 24 de agosto de 2010: “Era previsível, no começo da propaganda da TV, é Lula na veia da Dilma”.

Só em 10% das vezes os representantes dessa categoria procuraram o colunista para emplacar informações de seu interesse na coluna (1 nota no sentido Fonte  Panorama). Pode-se supor que, como as autoridades de oposição são procuradas com relativa freqüência por Ilimar, não há muita preocupação em iniciar o contato. Tem-se como exemplo a nota do dia 1o de setembro de 2010, em que uma autoridade de oposição critica o candidato ao governo de Minas Gerais Helio Costa (PMDB) por reciclar, na propaganda eleitoral na TV, uma estratégia utilizada por outro candidato, em 1996.

As autoridades governistas ficaram na terceira colocação na lista de fontes mais procuradas por Ilimar, com 10 notas no sentido Panorama  Fonte (71,42%). Delas ele

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conseguiu informações como a da edição de 1o de setembro de 2010, de que o superintendente do Incra de Mato Grosso do Sul que havia sido preso teria sido indicação do senador Valter Pereira (PMDB/MS), coordenador da campanha de Dilma no Estado.

Essas fontes, por sua vez, contataram o colunista em 28,58% das vezes (4 notas no sentido Fonte  Panorama), com informações como a também publicada no dia 1o de setembro, de que o então vice-presidente José Alencar iria receber médicos residentes, que estavam em greve havia duas semanas, durante check-up no Hospital Sírio Libanês. Não que as autoridades governistas não se esforcem por aparecer na mídia. O fato é que, além da campanha eleitoral, eles precisam se preocupar com os assuntos de governo: articulações e políticas públicas. Por isso eles contam com a ajuda dos assessores para fazer a ponte com o colunista, o que, como demonstrado, é bastante eficaz.

As outras fontes foram procuradas em 50% dos casos (3 notas no sentido Panorama  Fonte), como no caso da nota-abre da edição de 24 de setembro de 2010, em que um cientista político comenta a confusão das eleições ao Senado devido à não-votação da Lei da Ficha Limpa. Nas outras três vezes em que procuraram o colunista (50% de notas no sentido Fonte  Panorama), essas fontes foram responsáveis por informações como a publicada no dia 3 de outubro de 2010, de que a candidata ao governo do Rio Grande do Norte Rosalba Ciarlini (DEM) vinha fazendo “elogios rasgados” ao senador Garibaldi Alves Filho (PMDB) pelo apoio à sua campanha.

Os assessores de oposição foram procurados para fornecer informações em 66,66% dos casos analisados (2 notas no sentido Panorama  Fonte). Deles, Ilimar conseguiu informações como a nota-pé do dia 3 de outubro de 2010, que informava que os tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin estavam felizes ao final do debate na TV entre os candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). Os assessores de oposição iniciaram o contato com o colunista em 33,33% das vezes (1 nota no sentido Fonte  Panorama) e forneceram a informação publicada no dia 2 de outubro de que o PSDB paulista iria coibir a boca de urna petista (também publicada como nota-pé). A posição eleita pelo colunista para as informações mostra que a relação com os assessores de oposição não costuma “render muitos frutos”.

Os jornalistas/profissionais da comunicação foram procurados pelo colunista em 50% dos casos (4 notas no sentido Panorama  Fonte). Um dos exemplos de informação obtida a

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partir dessa fonte foi a publicada no dia 2 de outubro de 2010, a respeito da censura exercida pelo candidato tucano ao governo do Paraná, Beto Richa: ele conseguiu, na Justiça, retirar do ar pesquisas eleitorais e o blog de um jornalista. Mais uma vez, Ilimar teve ajuda de um colega para saber o que acontecia em uma localidade distante de onde ele se encontra.

Os jornalistas contataram Ilimar Franco em 50% das notas (4 no sentido Fonte- Panorama). Uma dessas informações foi uma gafe da candidata à presidência da República Marina Silva (PV): em um debate televisivo, ela se referiu a programas de governo “aqui em São Paulo”, quando estava no Rio de Janeiro. A informação exemplifica a relação de troca de impressões e curiosidades entre os pares.

As fontes ligadas a Institutos de Pesquisas procuraram Ilimar em 66,66% das notas publicadas (2 notas no sentido Fonte  Panorama). Uma das informações fornecidas foi uma pesquisa de intenção de votos no Rio de Janeiro, publicada no dia 2 de outubro de 2010. Vale lembrar que, quando o colunista publica uma pesquisa, geralmente ela vem acompanhada de uma interpretação dele, baseada em sua experiência, na conversa com outras fontes e na observação do contexto. Isso porque, segundo Marques de Melo (2010), a coluna é formada por “unidades informativas e opinativas que se articulam”. A pesquisa do Rio de Janeiro, por exemplo, foi acrescida de comentário sobre o risco da aprovação da Lei da Ficha Limpa para os candidatos “puxadores-de-voto” na capital carioca e em São Paulo.

Na única vez em que procurou os Institutos de Pesquisa (33% das notas), Ilimar conseguiu a declaração de uma fonte do Ibope de que as denúncias contra a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra não influiriam no resultado das eleições. O objetivo do colunista era encontrar um contraponto ao discurso da oposição de que as denúncias teriam impacto na corrida presidencial já que, informalmente, ele confidenciou à pesquisadora que não acreditava nisso. Como lembra Tuchman (1999), o jornalista faz uso das aspas para expor a opinião de outras pessoas e, muitas vezes, atribuir a elas algo que ele próprio pensa.

Os empresários, fontes habituais do colunista Jarbas Rodrigues Jr., do Giro, não constam nos contatos de Ilimar Franco nos dias pesquisados.

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