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ANÁLISE DE QUESTÕES DE TRADUÇÃO

Esquema 10: Mecanismos de coesão textual (Duarte 2003a:90)

3.4 Paralelismo Estrutural

De acordo com Duarte (2003a:110), o processo de paralelismo estrutural realiza- se através da “presença de traços gramaticais comuns (e.g., tempo, aspecto, diátese), da mesma ordem de palavras ou da mesma estrutura frásica em fragmentos textuais contíguos”.

O exemplo (106) retrata uma situação em que optámos por alterar ligeiramente a estrutura da frase do TP, de forma a conseguirmos um paralelismo estrutural, opção que, a nosso ver, torna a compreensão da informação exposta mais acessível.

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a) La composición de estos shikishi responde tanto a la caligrafía dispersa que juega muy especialmente con los comienzos y finales de las columnas de caracteres o chirashi gaki, como kaeshi gaki o escritura redonda que la segunda obra aquí presentada nos muestra con claridad, al comenzar en el centro para siguiendo por la izquierda terminar a la derecha de la obra.

(Página 110, linha 25)

b) A composição destes shikishi responde tanto à caligrafia dispersa, ou Chirashi gaki, que joga muito especialmente com os começos e fins das colunas de caracteres, como à escrita redonda, ou Kaeshi gaki, que a segunda obra aqui apresentada nos mostra com clareza ao começar no centro para, continuando pela esquerda, terminar à direita da obra.

(Página 98, linha 14)

No presente exemplo, menciona-se a utilização dos estilos caligráficos chirashi gaki e kaeshi gaki, que correspondem à escrita dispersa e à escrita redonda, respetivamente. Em (106a), a autora opta por uma estrutura frásica que não torna o paralelismo entre estes conceitos fácil de compreender. Antes de mais, a inserção de uma oração relativa entre o fragmento “La composición de estos shikishi responde tanto a la caligrafía dispersa” e o termo “chirashi gaki”, afasta este último do seu antecedente: “caligrafía dispersa”, o que, num primeiro momento, poderá levar o leitor a assumir que o antecedente de “chirashi gaki” corresponde a “columnas de caracteres”, dada a sua proximidade. Outra opção da autora que, a nosso ver, não facilita o paralelismo que se tenta evidenciar entre estes conceitos verifica-se quando esta menciona o segundo estilo caligráfico, kaeshi gaki, utilizando uma estrutura frásica distinta da primeira. Posto isto, optámos por realizar uma sequência com paralelismo estrutural, que se concretizou com o posicionamento de “caligrafia dispersa” imediatamente antes de “Chirashi gaki”, e de “escrita redonda” imediatamente antes de “Kaeshi gaki”. A presença deste paralelismo contribui, assim, quanto a nós, para uma maior coesão do texto.

126 3.5 Coesão Referencial

Segundo Duarte (2003a:111), a coesão referencial “é a propriedade de qualquer texto em que se assinale, através da utilização de formas linguísticas apropriadas, que os indivíduos designados por uma dada expressão são introduzidos pela primeira vez no texto, já foram mencionados no discurso anterior, se situam no espaço físico perceptível pelo locutor ou pelo alocutário/ouvinte/leitor, existem ou não como objectos únicos na memória destes”.

Para a autora citada, os processos linguísticos que garantem a coesão referencial são a coesão exofórica (ou referência) e a coesão endofórica (ou correferência). A primeira verifica-se sempre que, numa situação concreta de comunicação, um dado objeto, através de uma dada instrução linguística, é dado a conhecer ao alocutário/leitor/ouvinte, sendo que “A forma dessa instrução varia em função do conhecimento que o locutor tem – e pressupõe que o alocutário tenha – do referido objecto” (Duarte 2003a:111); a segunda refere-se a expressões referencialmente dependentes de outras expressões que ocorrem no discurso anterior (anáfora) ou subsequente (catáfora), sendo que, quando duas expressões linguísticas referem a mesma entidade ou situação, diz-se que são correferentes e que formam uma cadeia referencial (Mendes 2013:1702).

A constituição das cadeias referenciais orienta-se por princípios relacionados com o género do texto, a sua organização, o número de cadeias referenciais que ele contém e a necessidade de manter o referente acessível, evitando recorrer exclusivamente à estratégia de repetição. (op.cit.:1709)

Uma cadeia referencial inicia-se, preferencialmente, com expressões menos específicas, posteriormente seguidas de elementos mais específicos, que retomam as primeiras e das quais dependem referencialmente. As unidades estruturais como a frase e o parágrafo, na escrita, e o turno de fala, na oralidade, são também fatores determinantes para o estabelecimento de relações referenciais e para as formas linguísticas que as instanciam. Por exemplo, “no interior de um mesmo parágrafo, o referente é geralmente retomado através de expressões pronominais ou de expressões foneticamente não realizadas (como, por exemplo, os pronomes nulos), enquanto no início de um novo parágrafo se recorre tipicamente a expressões nominais que constituem quer reiterações (totais ou parciais) quer paráfrases (como a anáfora lexical).” (op.cit.:1709)

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Para que um texto seja adequadamente interpretado e compreendido pelo leitor, no que diz respeito à referência, as cadeias referenciais nele presentes devem ser claras, permitindo uma fácil identificação dos elos que as constituem.

À semelhança do ocorrido relativamente aos problemas de coesão referidos atrás, na nossa tradução, verificámos igualmente alguns problemas de coesão referencial, os quais resolvemos inserindo expressões que suprimiram falhas ou evitaram ambiguidades existentes no TP. Veja-se, a este respeito, o exemplo (107):

(107)

a) El budismo introduce sus creencias, que en un principio chocan con las autóctonas, pero llegarán a ser aceptadas promoviéndose el sincretismo entre sintoísmo y budismo, de extraordinario interés, pues es capaz de asimilar y transformar sus valores hasta lograr una evolución que se adapta muy positivamente a la nueva realidad.

(Página 10, linha 15)

b) O budismo introduz as suas crenças, que ao princípio chocam com as autóctones, mas que chegarão a ser aceites, promovendo-se o sincretismo entre o sintoísmo e o budismo, facto de extraordinário interesse, porque o sintoísmo é capaz de assimilar e transformar os seus valores até alcançar uma evolução que se adapta muito positivamente à nova realidade.

(Página 11, linha 12)

Em (107a), pela forma como está construído o texto, o leitor assumiria que o referente do sujeito da oração subordinada causal “pues es capaz de asimilar y transformar sus valores hasta lograr una evolución que se adapta muy positivamente a la nueva realidad” é correferente com “el budismo”, pois esta expressão nominal é o sujeito da frase principal. Não obstante, após termos dialogado com a autora e apresentado a nossa dúvida entre o referente da expressão destacada corresponder a budismo ou sintoísmo (dado que esta última hipótese nos parecia mais plausível), esta explicou-nos que o referente da expressão realçada é, efetivamente, o sintoísmo e não o budismo. Posto isto, e tendo em consideração que esta é a leitura pretendida pela autora e não uma leitura potencial, decidimos intervir no texto, pois, se não tivéssemos adicionado a expressão

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nominal “o sintoísmo” no TC, estaríamos a dar informação incorreta ao leitor, que seria levado a formar uma cadeia referencial que conduziria a uma interpretação distinta da adequada. Note-se que, neste caso, o próprio conteúdo informativo do texto seria prejudicado.

Veja-se, em seguida, um outro caso em que havia, no TP, problemas relacionados com coesão referencial:

(108)

a) La mujer es como un regalo cubierto por los más finos envoltorios que el hombre irá abriendo poco a poco. Si además tenemos en cuenta las circunstancias que le rodean, como la falta de luz suplida por velas que proyectaban sobre todo sombras, pues las visitas del hombre a la mujer tenían lugar por la noche y tenían que partir antes de que despuntara el alba (…).

(Página 48, linha 8)

b) A mulher é como um presente embrulhado nos mais finos envoltórios que o homem irá abrindo pouco a pouco. Se, para além disso, tivermos em conta as circunstâncias que a rodeiam, como a falta de luz suprida pelas velas que projetavam sobretudo sombras, pois as visitas do homem à mulher tinham lugar pela noite e este tinha de partir antes do nascer do dia (…).

(Página 45, linha 10)

Em (108a), existe um problema relacionado com a compatibilidade dos elos que pertencem a uma mesma cadeia referencial. Na oração causal que ocorre no último período, o sujeito do segundo termo coordenado deve ser correferente com a expressão nominal “el hombre”. No entanto, a ocorrência do verbo no plural impede que se estabeleça essa correferência. Assim, alterámos a forma do verbo. Por outro lado, acrescentámos um demonstrativo, de forma a evitar eventuais ambiguidades: inserimos o demonstrativo na forma masculina para impedir que a correferência se estabelecesse com a expressão “a mulher”.

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Veja-se, em seguida, um outro exemplo ilustrativo de problemas relacionados com a coesão referencial no TP:

(109)

a) Dicha poetisa fue elegida para participar en un concurso de poesía en el año 913 con ocasión de una fiesta ofrecida en Teijino-in. Se trataba de una suerte de competición literaria o uta awase en la que insignes poetas reunidos en dos grupos rivales debían componer waka – literalmente significa poema japonés o canción japonesa (…) En la competición se juzgaba el talento y los sentimientos expresados, para luego ser leídos según unas reglas de etiqueta muy precisas que incluían la presentación y recitación de los elegidos. Participaron en él eminentes poetas de la talla de Ki no Tsurayuki (872-946) y Oshikochi no Mitsune (activo entre 898-922).

(Página 82, linha 11)

b) A Dama de Ise foi escolhida para participar num concurso de poesia em 913, por ocasião de uma festa oferecida em Teijino-in. Tratava-se de uma espécie de competição literária ou uta awase, na qual insignes poetas reunidos em dois grupos rivais deveriam compor waka – literalmente, significa poema japonês ou canção japonesa (…) Na competição, avaliava-se o talento e os sentimentos expressados, para depois os poemas serem lidos segundo umas regras de etiqueta muito precisas que incluíam a apresentação e recitação dos escolhidos. No concurso, participaram eminentes poetas do gabarito de Ki no Tsurayuki (872-946) e Oshikochi no Mitsune (ativo entre 898-922). (Página 74, linha 5)

No presente exemplo, encontramos o antecedente “un concurso de poesía”, que, no TP, é retomado através de um pronome após dezassete linhas de texto, na frase “Participaron en él eminentes poetas de la talla de Ki no Tsurayuki (872-946) y Oshikochi no Mitsune (activo entre 898-922)”. A distância entre os dois elos desta cadeia referencial, associada ao facto de, entre eles, ocorrer uma outra instância desta mesma cadeia – “la competición” – com traços de género distintos, dificultará a tarefa do leitor na

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identificação do antecedente do pronome. Assim, em vez de utilizarmos o pronome “ele”, optámos por repetir o nome “concurso”, de forma a não deixar o leitor confuso e a não quebrar o seu ritmo de leitura.

Ainda a respeito das questões de coesão textual presentes na nossa tradução, verificámos também a existência de situações em que estas questões procederam de insuficiências do TP que nos levaram a intervir no texto e a desempenhar um papel de tradutor ativo em situações em que o leitor, de outra maneira, sairia prejudicado, devido ao facto de a informação apresentada ser insuficiente ou por conduzi-lo a uma leitura errada do texto, isto é, a uma leitura que não corresponde à intenção da autora.

Considerando o previamente referido relativamente ao papel do tradutor em situações como esta, Herbulot (1997:103) defende que este deve “suprir, sempre que preciso for, a falta de conhecimentos partilhados, as insuficiências do texto e, por vezes, mesmo as do autor”. Tendo a citada consideração de Herbulot e o skopos da nossa tradução em conta, decidimos intervir nas situações em que as exiguidades do texto dificultaram a compreensão do leitor.

Cremos ser relevante sublinhar uma vez mais que o resultado da nossa intervenção não foi no sentido de uma leitura potencial do TP e, consequentemente, da intenção da autora, mas sim da leitura da própria Paloma Fadón Salazar, que discutiu connosco cada uma das insuficiências que lhe fomos mostrando, explicando-nos o que quis de facto transmitir com os fragmentos textuais que iremos seguidamente comentar.

Observe-se o exemplo (110), ilustrativo de uma insuficiência do TP, em que o sujeito da expressão “se sentaron” não possui referente, dado não haver, em momento nenhum do texto, uma expressão que permita fixar a sua referência.

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a) La construcción de tal espacio específicamente para una obra de caligrafía, supone una distinción que nos permite comprobar la estima que despertó la obra en este maestro de té cuando ésta cayó en sus manos. Y es igualmente revelador el hecho que se construyera dentro del carismático monasterio Daitoku al norte de Kyoto que aún hoy guarda celosa intimidad, en un entorno natural preservado en la bondad del silencio y la capacidad del tiempo para hacer de cada rincón una experiencia de iluminación. Transcurridos varios siglos después de haber sido caligrafiadas se alcanzó a ver en esas obras la permanencia de una realidad que ha sobrevivido a tiempos de paz y de guerra, una modulación del kana que guarda el canto y el movimiento y que más allá del tiempo se adscribe a la creación universal y ante las cuales se sentaron para percibir y venerar el latido del cosmos.

(Página 98, linha 19)

b) A construção de tal espaço, especificamente para uma obra de caligrafia, supõe uma distinção que nos permite comprovar a estima que a obra despertou neste mestre de chá quando esta caiu nas suas mãos. É igualmente revelador o facto de ter sido construído dentro do carismático mosteiro Daitoku, a norte de Quioto, que ainda hoje mantém ciosa intimidade, num ambiente natural preservado na bondade do silêncio e na capacidade do tempo para fazer de cada recanto uma experiência de iluminação. Passados vários séculos após terem sido caligrafadas, observa-se, nestas obras, a permanência de uma realidade que sobreviveu a tempos de paz e de guerra, uma modulação do kana que preserva o canto e o movimento e que, para além dos tempos, se adscreve à criação universal e diante das quais Sakuma Shogen, os monges do mosteiro e os seus convidados se sentavam para perceber e venerar o pulsar do cosmos.

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Em (110a), a expressão em evidência, “se sentaron”, levantou-nos algumas dúvidas devido ao facto de, pela informação a que temos acesso no fragmento, não conseguirmos recuperar ou identificar o referente do respetivo sujeito. Uma vez que, no fragmento, existe este problema que impede a identificação do referente deste sujeito nulo, poderíamos, enquanto leitores, formular algumas hipóteses, entre as quais poderia ser considerar que aqueles que “se sentaron” diante das caligrafias poderiam, muito provavelmente, ser as pessoas que frequentavam o salão de chá, uma vez que todo o fragmento se constrói em torno deste. No entanto, uma vez que tivemos a oportunidade de falar com a autora, conseguimos obter a informação que nos faltava. Segundo Paloma Fadón Salazar, o sujeito da expressão remete para o próprio dono do salão de chá “Sakuma Shogen, os monges do mosteiro e os seus convidados”. Sendo esta a leitura da autora, e não apenas uma leitura potencial, decidimos inserir esta informação que, a nosso ver, preenche a insuficiência do texto presente em (110a).

Em (111), evidencia-se uma situação em que, pela informação de que dispõe no texto, o leitor faria uma interpretação errada da expressão “A la mujer la presentan”.

(111)

a) Pero no se dejan llevar convencidos de la necesidad de controlarse para recibir lo que llega, estar preparados para la sorpresa que guarda cada momento, abrirse al azar y a lo inesperado, saben que el cúmulo de circunstancias externas abocan al cambio y se preparan para recibir lo que en cada momento es, sin parapetarse en lo que debería ser.

A la mujer la presentan lánguidamente a la espera pero no pasivamente esperando.

(Página 127, linha 19)

b) No entanto, não se deixam levar, convencidos da necessidade de se controlarem para receberem o que chega, de estarem preparados para a surpresa que cada momento reserva, de se abrirem ao acaso e ao inesperado, sabem que o cúmulo das circunstâncias exteriores leva à mudança, e preparam-se para receber o que em cada momento é, sem se entrincheirarem no que deveria ser.

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Na literatura, a mulher é apresentada languidamente à espera, mas não passivamente esperando.

(Página 115, linha 13)

No início do presente exemplo, a autora enumera algumas situações vivenciadas pelos calígrafos do período Heian, iniciando em seguida um novo parágrafo com a expressão “A la mujer la presentan lánguidamente a la espera”. É precisamente em torno desta expressão que se levanta o problema. Considerando que o referente mais próximo que temos desta expressão é “os calígrafos”, qualquer leitor assumiria que este seria o sujeito da expressão em destaque. No entanto, após dialogarmos com a autora, esta explicou-nos que o referente do sujeito de “la presentan” remete para a “literatura” e não, como julgámos, para “os calígrafos”. Posto isto, ao invés de deixarmos o sujeito subentendido, que remeteria para “os calígrafos”, decidimos iniciar o parágrafo com a expressão “Na literatura”, que vai ao encontro da informação fornecida por Paloma Fadón Salazar.

O exemplo (112) representa uma situação em que a complexidade do fragmento textual e a dificuldade em recuperar e identificar o sujeito da expressão “la depositan” dificultam a tarefa interpretativa do leitor.

(112)

a) Al igual que las mujeres, las caligrafías en hiragana son las mejores receptoras del silencio, quienes mejor mimetizan los movimientos de la Naturaleza, quienes mejor recogen el gesto de la vida y permanecen en las profundidades de lo fecundo, capaces de vaciarse para canalizar, a través de los conductos de su energía, la tradición desde su origen, pero no tal cual, sino transformada para habitar el presente, con las nuevas pautas aptas para la sensibilidad del entorno en el que desembocan. Su belleza no se erige en la visión del conjunto que ofrecen sino en la recapitulación de cada detalle, en el control que cada signo conlleva, en el descubrimiento de un nuevo refinamiento o una minucia desapercibida a simple vista y que el examen contenido, observado desde diferentes ángulos, matiza como un soplo de brisa fresca que tan

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pronto llega, pasa, nunca de frente, la depositan en un arreglo floral, en la disposición de una comida (…).

(Página 140, linha 22)

b) Tal como as mulheres, as caligrafias em hiragana são as melhores recetoras do silêncio, as que melhor mimetizam os movimentos da Natureza, as que melhor captam o gesto da vida e permanecem nas profundidades do fecundo, capazes de se esvaziarem para canalizarem, através das condutas da sua energia, a tradição desde a sua origem, não tal e qual, mas transformada para habitar o presente, com os novos modelos aptos para a sensibilidade do ambiente em que desembocam. A sua beleza não se erige na visão do conjunto que oferecem, mas na recapitulação de cada detalhe, no controlo que cada signo implica, no descobrimento de um novo requinte ou de uma minúcia despercebida à primeira vista e que o exame contido, observado de diferentes ângulos, matiza como um sopro de brisa fresca que tão rápido chega, passa, nunca de frente. As mulheres depositam a beleza num arranjo floral, na disposição de uma refeição (…).

(Página 126, linha 11)

Em (112), a insuficiência do texto afeta a expressão em destaque, “la depositan”. Pela informação a que o leitor tem acesso, este assumiria, muito provavelmente, que o sujeito desta expressão seria correferente com “las caligrafías en hiragana”, visto que todo o fragmento se circunscreve às características destas. No entanto, não faria muito sentido assumir que caligrafias depositam beleza “num arranjo floral, na disposição de uma refeição”, pelo que decidimos comentar esta situação com a autora, a qual nos esclareceu que quem deposita a beleza, nas situações já referidas, são “as mulheres”, não as “caligrafias”. Não há, no entanto, nenhuma referência no fragmento que nos faça obter esta interpretação, pelo que cremos que se tratou de uma insuficiência do texto. Tendo estes fatores em consideração, decidimos utilizar as informações que a autora nos disponibilizou e preencher o sujeito da expressão em relevo, inserindo a expressão nominal “as mulheres”.

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Em suma, pelos exemplos analisados na presente secção, podemos concluir que a coesão frásica, interfrásica, temporal, o paralelismo estrutural e, por último, a coesão referencial, mecanismos que possibilitam a sequencialização textual notados na nossa tradução, foram determinantes para obtermos uma tradução correta e gramaticalmente coesa. A procura da coesão levou-nos, em várias ocasiões, à realização de alterações no texto.