• Nenhum resultado encontrado

Oliveira-Formosinho 2005 Esta aprendizagem profissional é feita em dupla comunicação. Comunicação com o supervisor e comunicação com o referencial educacional. Quando falamos de comunicação referimo – nos à reflexão na e sobre a ação, através do diálogo constante entre os atores deste

39 processo. É um processo de partilha e “projetação”, ação e reflexão. O supervisor aceita o estagiário na sua prática curricular e dispõe – se a deixá – lo observar o seu fazer, a dialogar sobre o saber fazer, a questionar sobre o porquê das suas atitudes.

Isto significa que o supervisor comunica com a ação profissional e partilha essa comunicação. Esta é uma partilha de um conhecimento que é construído na ação, através do diálogo e reflexão constante. É uma tarefa de acompanhamento, que visa o apoio e a orientação. O estagiário vai tomando consciência de si próprio, apoiado pelo facto do supervisor lhe ter dado a possibilidade de partilhar a ação e o processo pessoal de “fala” da situação profissional.

O ver, agir e refletir em contexto social de partilha e de apoio são deveras importantes.

2.4. Modelos de Supervisão

Segundo Tracy (2002), os modelos de supervisão têm potencial para tornarem igualmente acessíveis novas perspetivas de compreensão da investigação e da prática sobre supervisão e para restringirem as nossas visões. Sergiovanni e Starratt (1993) descrevem os possíveis perigos e benefícios dos modelos utilizando a metáfora dos muros e das janelas:

Os modelos no ensino e na supervisão são muito semelhantes a janelas e muros. Como janelas, ajudam a expandir a visão das coisas, a solucionar problemas e a fornecer respostas, dando-nos as bases necessárias para funcionarmos como investigadores e profissionais da prática. Como muros, estes mesmos modelos servem para nos limitar, para nos obstruir a visão de outras concepções da realidade, de outras percepções e de outras alternativas.

Segundo os mesmos autores (1993) temos três possíveis objetivos: a avaliação administrativa, que é utilizada para tomar decisões administrativas; a avaliação sumativa da supervisão, que é utilizada para uma reflexão periódica profunda, para avaliação do crescimento; e a avaliação formativa da supervisão, para o crescimento reflexivo contínuo.

O modelo tem por objectivo assistir e avaliar os professores e o objetivo da supervisão é o de responder aos interesses do professor, o seu crescimento e desenvolvimento individual, dado que ele é o principal beneficiário da supervisão.

40 Segundo Tracy (2002), a maioria dos modelos baseiam-se nas seguintes premissas:

 O professor é o protagonista no processo de transmissão do ensino;  O ensino é um acto observável;

 O acto de ensinar ocorre num tempo e lugar predeterminados, nos quais o supervisor pode estar presente;

 Os comportamentos de ensino do professor e as interacções com os alunos são acontecimentos significativos a observar no ambiente de aprendizagem;

 A interacção professor – supervisor é um meio eficaz de identificação dos aperfeiçoamentos pedagógicos necessários;

 A interacção professor – supervisor deveria ocorrer face a face.

Tracy (2002) diz-nos também que a supervisão como campo de estudo e como prática deverá acompanhar e desenvolver-se em harmonia com o caráter em mutação do ensino.

Alarcão e Sá Chaves (1994), e mais tarde Oliveira-Formosinho (1997), conceberam uma abordagem ecológica do desenvolvimento profissional dos futuros educadores e professores que se inspira no modelo de desenvolvimento humano da autoria de Bronfenbrenner (1979). Neste modelo a supervisão assume a função de proporcionar e gerir experiências diversificadas, em contextos variados, e facilitar a ocorrência de transições ecológicas que se constituem como etapas de desenvolvimento formativo e profissional. Segundo Oliveira-Formosinho, este modelo é partilhado pelas supervisoras; torna as transições instigadoras de conhecimento; há uma pedagogia diferenciada. A formação de professores é instrumental para as aprendizagens das crianças.

. Sendo assim um serviço à sociedade; é democrático, respeita o plural; visa o apoio e a creditação; procura integrar a formação, experimentação e pesquisa.

2.4.1. O Modelo Ecológico e Sócio – Construtivista de Supervisão

O modelo ecológico de supervisão situa – se na perspetiva da supervisão como apoio à formação e inovação, procurando a melhoria do desempenho docente. Este modelo tem sido usado na formação profissional de ciclo de vida.

O modelo ecológico conceptualiza a formação de educadoras de infância e o seu desenvolvimento como um processo de ciclo de vida e o processo de formação profissional como processo permanente. A formação inicial está ligada à formação contínua. Como nos diz

41 Spodek, a formação inicial é como que o período de gravidez, em que estamos protegidos, a formação contínua representa a vida após o nascimento, em que embora não estejamos tão protegidos precisamos de ser constantemente alimentados para que nos possamos desenvolver saudavelmente.

A prática representa a aprendizagem experiencial em contexto de trabalho. Proporcionará ao futuro educador / professor aprendizagens diferentes das fornecidas pelas disciplinas curriculares.

As responsabilidades profissionais da supervisão variam consoante nos situamos na formação inicial ou na formação contínua. A primeira trata de orientar candidatos a professores, inexperientes e que se encontram em transição ecológica. A estes futuros professores será concedido um certificado de aptidão individual para ensinar.

A supervisão pedagógica é um processo para promover processos (Oliveira-Formosinho, 2005). É um processo de apoio ao processo de aprendizagem profissional do educador estagiário, que está ao serviço do processo de aprendizagem dos alunos em contexto de uma sociedade que tem uma tradição cultural que envolve normas, saberes, crenças e valores.

Oliveira-Formosinho (2005) define a supervisão ecológica como um processo formativo de promoção homológica e contextual de processos de formação e aprendizagem. A supervisão é vista assim como um processo que visa a contextualização e consolidação das diversas aprendizagens do estagiário, envolvendo-o e promovendo-o como parte integrante e primordial no contexto da aprendizagem.

2.4.2. Conceitos Centrais da Perspetiva Ecológica de Supervisão

O modelo ecológico de supervisão utiliza o conceito de integração ao nível dos objetivos. Esta integração será a resposta para a necessidade de avaliar e de apoiar os estagiários no objetivo de crescimento profissional.

Este conceito surge também ao nível da integração das necessidades dos educadores em formação, da integração dos diversos objetivos de aprendizagem, da integração das diversificadas necessidades das crianças e da integração da sala e organização. Estamos perante um conceito central do modelo.

Sendo necessário responder ao desafio da complexidade crescente da integração do estagiário na sala e organização, da integração dos processos de aprendizagem, a competência

42 profissional que o estagiário desenvolve está ligada às competências que a aprendizagem da criança promove.

Outro conceito que revela a fundamentação construtivista incorporando os princípios da aprendizagem do adulto, é o conceito de aprendizagem profissional como “participação guiada”. A aprendizagem profissional como participação guiada é inseparável de um contexto pedagógico onde o futuro educador participa ativamente no âmbito educativo e transforma a experiência em saberes e significados, na companhia de profissionais experientes. Nesta aprendizagem todos são importantes: colegas, auxiliares da ação educativa e as próprias crianças.

A aprendizagem profissional desenvolvida pela participação guiada em contexto, traz consigo exigências sobre as caraterísticas do contexto. Os contextos não são todos iguais nem igualmente favoráveis à aprendizagem da pedagogia de infância que respeita os direitos da criança e a vê como um ser competente para co – construir conhecimento e cultura (Oliveira- Formosinho, 2005). FIGURA 2 PARTICIPAÇÃO GUIADA CONTEXTO SOCIAL CONTEXTO PEDAGÓGICO ACÇÃO APRENDIZAGEM EXPERIENCIAL ACOMPANHADA EM CONTEXTO REFLECTIDA EM SITUAÇÕES SUPERVISIVAS

CONSTRUÇÃO DE SABERES E DE COMPETÊNCIAS,