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5 METODOLOGIA

5.5 PASSOS DA PESQUISA

5.5.2 Passos da segunda etapa

Essa etapa foi desenvolvida para contemplar os procedimentos específicos III e IV: “Por meio da análise das opiniões coletadas (objetivo específico II), à luz da Teoria da Autodeterminação e das instruções de Pasquali (1999), elaborar itens que expressem a realidade do público alvo e a representação comportamental dos construtos analisados sobre a motivação para escrever” e “Contemplar os procedimentos teóricos e experimentais conforme os critérios de Pasquali (1999), na avaliação dos itens formulados – enfatizando a análise teórica dos itens (semântica e de juízes)”. Para um esclarecimento mais detalhado dessa etapa, estão apresentadas as informações em cinco fases: formulação dos itens com base nas respostas dos alunos; realização dos procedimentos teóricos e experiementais na elaboração do instrumento (análise de critérios); realização dos procedimentos teóricos e experiementais na elaboração do instrumento (comparação com escalas já validadas); realização dos procedimentos teóricos e experiementais na elaboração do instrumento (análise de juízes); reaização dos procedimentos teóricos e experiementais na elaboração do instrumento (análise semântica).

5.5.2.1 Formulação dos itens com base nas respostas dos alunos

Concomitamente a essa análise, foram extraídos itens que expressassem os motivos para se escrever textos. Foram levantadas opiniões de alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio sobre o processo de produção de textos desenvolvido nas aulas de língua portuguesa e os motivos que levam os estudantes ao desenvolvimento dessa atividade. Como exemplo, podem-se observar as respostas de três alunos da 5ª série do ensino fundamental. A

questão respondida foi: “Por que você produz textos na escola? Quais são os motivos que te levam a escrever as redações?” (primeira questão):

Quadro 3 – Exemplo da análise referente às opiniões dos alunos

1. “Para a professora ver se você aprendeu. Escrevemos para aprender mais e ganhar nota” (aluna, 10 anos, colégio particular)

2. “Porque faz parte da matéria. Os temas e porque é minha obrigação.” (aluno, 10 anos, colégio particular)

3. “Eu produzo texto para mim poder aprender pois lá no futuro eu vou presisar. Os motivos são: aprender, se empenhar e ser uma grande pessoa.” (aluna, 10 anos, colégio estadual).

Ao analisar essas respostas com a finalidade de produzir itens com a expressão dos próprios alunos, foram formulados, por exemplo, os seguintes itens:

Quadro 4 – Exemplo da formulação de itens com base nas opiniões dos alunos

1. Escrevo textos para a professora verificar se aprendi o conteúdo. 2. Produzo os textos para aprender o conteúdo de língua portuguesa. 3. Faço as redações para ganhar nota.

4. Escrevo os textos porque isso faz parte da matéria. 5. Faço os textos porque é minha obrigação como aluno(a). 6. Eu produzo os textos porque isso vai ajudar no meu futuro.

Como se pode inferir, as respostas de 296 alunos sobre a produção de textos na escola possibilitou a formulação de muitos itens, visto que eles apresentavam vários motivos em uma resposta apenas. Foram inicialmente formulados 350 itens. Com o objetivo de diminuir essa quantidade, mas ainda abarcando os tipos de motivação as quais se deseja relacionar (desmotivação, motivação por regulação externa, por regulação introjetada, por regulação identificada/ integrada e motivação intrínseca); foi realizada uma fase dessa segunda etapa contemplando os procedimentos teóricos e experimentais apresentados no tópico 3.4 do presente estudo.

5.5.2.2 Procedimentos teóricos e experiementais na elaboração do instrumento - Análise dos critérios e dos contextos para elaboração de itens.

Os itens formulados a partir das respostas dos alunos eram muitos e precisavam ser sintetizados tanto quantitativamente como qualitativamente. Nesse sentido, primeiramente eles foram alisados segundo alguns critérios apontados por Pasquali (1999).

a) critério comportamental: procurou-se selecionar apenas os itens que expressavam um comportamento, na medida do possível para o tema abordado. O autor (PASQUALI, 1999) esclarece que deve permitir ao sujeito uma ação clara e precisa do que se deseja observar;

b) critério de objetividade/ desejabilidade/ preferência: Esse critério, denominado dessas três formas, é esclarecido que não existem, para a análise de comportamentos da personalidade, respostas certas ou erradas. O respondende, portanto, deve poder concordar, dicordar ou opinar sobre se tal comportamento convém ou não para ele;

c) critério de simplicidade: foram eliminados os itens que apresentavam duas ideias contidas em uma só expressão, por exemplo: “escrevo porque é um modo de aprender e ganhar nota” (deveria ficar: “escrevo porque é um modo de aprender” e “escrevo para ganhar nota”;

d) critério de clareza: o item deve ser inteligível até para o estato mais baixo da população alvo (no caso, os estudantes de 5ª série do ensino fundamental de escolas estaduais);

e) critério de relevância: a expressão apresentada no item deve ser consistemte com o traço definido para análise;

f) critério de precisão: o item deve possuir uma posição definida no contínuo do atributo e ser distinto dos demais itens que cobrem o mesmo construto.

g) critério de variedade: variar a linguagem utilizada, por exemplo, não começar todas com “Escrevo porque...” de formular itens favoráveis e desfavoráveis para evitar respostas esteriotipadas;

h) critério de modalidade: não utilizar expressões expressões extremas, como “ excelente”, “miserável”, etc.

i) critério de tipicidade: formar frases com expressões condizentes (típicas) com o atributo (a beleza não é pesada, nem grossa, nem nojenta).

j) critério de credibilidade: o item deve ser formulado de modo a que não apareça sendo ridículo, despropositado ou infantil. Itens com essa última caracterização podem fazer com que algumas pessoas se sintam ofendidas.

Após essa observação, os itens também foram conferidos com escalas já validadas, como a de Ryan e Connel (1989), essa escala está apresentada no anexo 1. Por meio da verificação dessas escalas, foi possível acrescentar e/ou reformular alguns itens para o instrumento construído.

Depois de colocar em prática esses critérios e de comparar as escalas foi possível reduzir a quantidade de itens de 350 para 143 itens. É relevante citar que, mesmo após a análise dos itens conforme se nota nos critérios de Pasquali (1999) muitos ainda poderiam ser excluídos, por estarem semelhantes, por exemplo. Contudo, eles foram deixados de forma mais extensiva para a análise dos juízes, que apresentaram suas considerações acerca do que já fora construído.

5.5.2.3 Procedimentos teóricos e experiementais na elaboração do instrumento - Análise dos juízes.

Esses 143 itens foram repassados, sendo assim, aos juízes (especialistas da área de motivacção). Os itens e os construtos referentes a eles foram direcionados a esses juízes para que pudessem “garantir a validade teórica dos itens desenvolvidos”. A avaliação dos juízes foi realizada da seguinte forma: os itens formulados de acordo com a Teoria foram apresentados a três pesquisadores da área da motivação, os quais avaliaram se eles eram pertinentes aos construtos a ele relacionados, ou sejam, se os itens evidenciavam comportamentos do traço que se desejava avaliar. No tópico 5.4.2.1 já foi apresentado o instrumento usado nessa etapa, por meia da observação do instrumento é possível ter uma visão mais clara do que fora realizado. As análises dessa etapa estão no capítulo seguinte.

5.5.2.4 Procedimentos teóricos e experiementais na elaboração do instrumento - Análise semântica.

Do mesmo modo como foi efetivada a avaliação dos juízes, realizou-se a avaliação semântica dos itens construídos objetivando refinar o instrumento. Após a verificação das anotações dos juízes, foi possível compilar o questionário, que ficou com 114 itens. A avaliação semântica tem como objetivo verificar se há compreensão dos itens, se estão claros, coerentes e se são valorizados pelos diferentes níveis para os quais o questionário final será direcionado.

Essa ação foi realizada com dois grupos de 4 alunos: um com alunos do Ensino Fundamental (5ª a 7ª séries) e um com alunos do Ensino Médio (1º, 2º e 3º anos). Mais uma vez, reforça-se que se selecionou esses alunos aleatoriamente, na instituição que se disponibilizou no período citado e com o seguimento dos procedimentos éticos também mencionados. É indicado o trabalho com grupos de diferentes níves tanto para verificar se os itens são inteligíveis para o estrato mais baixo da população meta e se são elegantes suficientemente para serem apresentados com consonância para a amostra mais sofisticada.

Já foram também apresentados os participantes dessa etapa, bem como os instrumentos utilizados, o que esclarece a metodologia empregada. Os alunos apresentaram várias considerações acerca dos itens, as quais foram anotadas e apresentadas no capítulo referente aos resultados.