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Pesquisas no segundo ciclo do ensino fundamental

4 INSTRUMENTOS AVALIATIVOS E PESQUISAS RECENTES SOBRE ESCRITA,

4.2 PANORÂMA NACIONAL

4.2.2 Pesquisas nacionais

4.2.2.3 Pesquisas no segundo ciclo do ensino fundamental

Com a finalidade de avaliar os resultados de uma intervenção em estratégias de aprendizagem para a melhoria da qualidade da produção de textos de alunos, Costa e Boruchovitch (2009) desenvolveram uma pesquisa. Para tanto, as autoras basearam-se no Modelo de Desenvolvimento de Estratégias de Auto-Regulação na Escrita. Esse modelo pressupõe quatro características que viabilizam sua efetiva implementação: a ênfase no ensino

explícito de estratégias de aprendizagem e procedimentos de auto-regulação, a adaptação às diferenças de cada aluno, a colaboração entre professor e aluno e, por fim, a passagem por estágios que permitem alcançar a auto-regulação. As autoras notificam que há muitas investigações apontando uma relação positiva entre o uso de estratégias e um bom desempenho acadêmico e contribuindo para ajudar alunos a alcançarem níveis elevados de auto-regulação da sua aprendizagem.

Essa pesquisa ocorreu em três etapas: pré-teste, intervenção e pós-teste e buscou-se analisar as diferenças entre os grupos de coontrole e o da intervenção. Os aspectos observados foram: estrutural, nível das idéias, erros ortográficos e quantidade de linhas. Os alunos que participaram da pesquisa foram da 6ª série do ensino fundamental de uma escola pública da cidade de Catalão, Goiás e as classes tinham 17 e 18 crianças (grupo de controle e experimental), as quais foram sorteadas. O instrumento utilizado foi um texto narrativo produzido pelos alunos. Foram utilizadas quatro aulas para aplicar os instrumentos, duas para o pré-teste e duas para o pós-teste. A intervenção com as estratégias foi aplicada no grupo experimental em sete aulas (encontros de 50 minutos) tendo como base a Teoria do Processamento da Informação, que ressalta o envolvimento nas variáveis afetivo- motivacionais: orientações motivacionais, crenças de auto-eficácia e sobre inteligência e atribuições de causalidade dos estudantes.

Como principais resultados, as análises mostraram que os grupos eram comparáveis em quase todas as variáveis de interesse, com exceção da média da idade. Não houve diferença significativa em relação ao aspecto estrutural, mas na comparação entre tempos houve uma diferença significativa para os dois grupos (com o passar do tempo, o conhecimento dos elementos básicos se aprimorou nos dois grupos). Com relação à articulação das idéias, não houve diferença significativa na comparação entre os grupos para medidas repetidas, mas foram encontradas diferenças significativas na comparação entre os tempos. Os grupos não eram comparáveis quanto à quantidade de linhas, mas notaram que os integrantes do grupo de controle escreveram textos com uma quantidade significativamente maior do que os do experimental.

A mesma ausência de diferença significativa ocorreu para os grupos no que diz respeito aos erros ortográficos. Quanto aos elementos básicos constituintes de uma narrativa, 50% melhoraram seu conhecimento no grupo experimental e 35% melhoraram no grupo de controle. Pode-se dizer que houve uma mudança qualitativa expressiva no grupo experimental, o que não fora verificado no grupo de controle, em que não se notou uma mudança expressiva de categoria (passando de inferior para superior). Portanto, perceberam

que a hipótese inicial (de alunos do grupo experimental produzirem textos de maior qualidade) foi parcialmente confirmada. Concluíram, assim, que é essencial a formação de futuros professores para analisar, ensinar e promover o uso de estratégias de aprendizagem adequadas em sala de aula.

Também apontando estratégias de aprendizagem como recursos importantes que os alunos podem fazer uso no momento do estudo com o objetivo de recuperar e utilizar a informação, Oliveira et al. (2009), tendo em vista a carência de instrumentos válidos para mensurar as estratégias de aprendizagem, objetivaram identificar as evidências de validade fatorial da Escala de Estratégias de Aprendizagem e se propuseram explorar outra evidência de validade concorrente com base no desempenho acadêmico dos estudantes.

Participaram do estudo 815 estudantes do ensino fundamental, de 2ª a 8ª série. O instrumento foi construído com base em instrumentos internacionais e em estudos anteriores. Os assuntos abordados no instrumento são relativos às estratégias utilizadas no estudo e na aprendizagem com um total de 37 itens. Os resultados demonstram que os estudantes relataram recorrer a estratégias de aprendizagem no momento do estudo. O autores Apontaram que as três subescalas revelaram índices aceitáveis de consistência interna, avaliados pelo alpha de Cronbach, e que a análise de variância indicou distinções estatisticamente significativas entre o desempenho acadêmico e a pontuação na escala.

Já interessando-se pelas explicações encontradas para os resultados de maior ou menor sucesso na aprendizagem escolar dos alunos e suas relações com comportamentos, cognições e emoções; Almeida et al. (2008), com base em Weiner (apud Almeida et al., 2008, p. 170), organizam e apresentam seis fatores para explicar o sucesso e o fracasso na escola: capacidade (causa interna, estável e fora de controle); esforço e estratégias (causas internas, instáveis e controláveis pelo sujeito); tarefa; professores e sorte (causas externas, instáveis e fora do controle do indivíduo). O objetivo do estudo foi analisar os estilos atribuições de alunos na explicação do sucesso e do fracasso escolar e verificar diferenças de desempenho em razão de algumas variáveis como gênero e ano de escolaridade.

Foram participantes do estudo alunos do 5º ao 9º ano de escolaridade do ensino público de quatro escolas do distrito de Porto, num total de 868 alunos. Os resultados indicaram que os alunos associam o resultado acadêmico ao esforço e para explicar o insucesso a falta de métodos apropriados de estudo. Os rapazes recorrem mais à capacidade para explicar o sucesso e as meninas mais o esforço e à base de conhecimentos. Notou-se que os alunos, portanto, recorrem, sobretudo, a causas internas em detrimento de causas externas para explicar o sucesso e o fracasso escolares.

Com o objetivo de descrever os passos relativos à construção de uma escala para avaliar o repertório de estratégias de aprendizagem de alunos do ensino fundamental e apresentar a análise preliminar de suas propriedades psicométricas, Boruchovitch et al. (2006) apresentam que houve um aumento nas pesquisas sobre estratégias de aprendizagem, no entanto há ainda uma escassez do desenvolvimento desse tema nos diferentes níveis de escolarização. As estratégias de aprendizagem são apresentadas como sendo “sequências de procedimentos ou atividades que se escolhem com o propósito de facilitar a aquisição, o armazenamento e a utilização da informação Pozo (1996) (apud BORUCHOVITCG et al., 2006, p. 297). Destacam que a intervenção para o desenvolvimento de estratégias de aprendizagem é bem sucedida, de modo geral, por capacitar a produção tanto de uma melhoria imediata quanto no rendimento escolar como um todo dos alunos.

Foram contempladas duas fases para a concretização do trabalho. A primeira fase foi realizada com 305 alunos de duas escolas do ensino fundamental de Campinas. Os dados sobre as estratégias de aprendizagem foram coletados por meio de uma entrevista estruturada traduzida e adaptada por Boruchovitch (1995). A entrevista era composta de 17 questões abertas, algumas contendo itens fechados “sim” e “não”. Os aplicadores, especialmente treinados para a tarefa, realizavam uma entrevista com cada estudante em uma sessão de 45 a 60 minutos. As respostas dos alunos foram analisadas mediante análise do conteúdo e foi desenvolvido um sistema de categorização de respostas para aumentar sua confiabilidade. Com base nessas questões abertas e na literatura da área, construíram a primeira versão da escala de estratégias de aprendizagem para alunos do ensino fundamental com o objetivo de avaliar o repertório de estratégias de aprendizagem de alunos, bem como a frequência com que os estudantes as utilizam. Essa foi a segunda fase do trabalho, com 433 alunos participantes, de 3ª a 8ª séries provenientes de escolas públicas do ensino fundamental de Campinas e Catalão.

A escala constava de 40 itens, propostos em forma de escala likert, e de uma questão aberta. Recorreu-se, para análise, aos métodos de análise fatorial exploratória, correlação bivariada de Pearson e às estatísticas descritivas. A análise fatorial por componentes principais e rotação varimax relevou a existência de três fatores com engenvalues acima de 1,50, capazes de explicar 27% da variância total. Com relação à precisão, a escala total alcançou um índice satisfatório, com coeficientes de Cronbach igual a 0,60. Entre as estratégias apresentadas pelos estudantes nas questões abertas, houve predomínio daquelas cujo conteúdo era similar as já descritas na escala. Ressalta-se que há

necessidade de um exame mais aprofundado da sua estrutura devido ao fato de os índices de consistência interna não terem sido elevados.