• Nenhum resultado encontrado

4 INSTRUMENTOS AVALIATIVOS E PESQUISAS RECENTES SOBRE ESCRITA,

4.2 PANORÂMA NACIONAL

4.2.2 Pesquisas nacionais

4.2.2.6 Pesquisas com professores

Enfatizando a importância da motivação intrínseca para a realização das atividades escolares, Bzuneck e Guimarães (2007), à luz da Teoria da Autodeterminação, determinam a fidedignidade e a validade de um questionário psicométrico desenvolvido para medir quatro possíveis estilos motivacionais de professores. Foram participantes desse estudo 1296 professores do ensino fundamental e médio de cidades da Bahia, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário de auto-relato nas cidades denominado “Problems in Schools” e desenvolvidos itens novos para levantar as propriedades psicométricas do instrumento.

Os resultados das análises estatísticas favoreceram a manutenção do continuum de quatro estilos motivacionais propostos em estudos anteriores, em síntese, dois de quatro índices revelaram ajustamento adequado aos dados, ao lado de outros dois índices que tiveram ajustamento muito próximo. Desse modo, concluíram que o questionário revisado se revelou capaz de identificar a estrutura do continuum dos estilos motivacionais, que apresentam como extremos o estilo altamente controlador e o altamente promotor de autonomia.

4.2.2.7 Outros contextos de pesquisa

Corroborando com o que fora apresentado em pesquisas citadas anteriormente, Costa e Boruchovitch (2010) afirmam, com base em algumas pesquisas, que meio sociocultural tem influência na escrita dos estudantes. Além disso, dicorrem sobre as diferentes consequências para a escrita com relação à motivação extrínseca e à intrínseca. Com base em Bruning e Horn (2000), apresentam alguns fatores para desenvolver a motivação para escrita, os quais abarcam quatro grupos: criar crenças adequadas para a escrita, promover o compromisso dos estudantes por meio de metas e contextos de escrita autênticos, promover um contexto de apoio à escrita e criar um ambiente emocional positivo. Desse modo, salientam que o professor deve criar um ambiente e situações que forneçam condições para que a competência do aluno seja desenvolvida.

Sobre a atividade de produção de textos, com base informam que três objetivos devem ser trabalhados: noção de utilidade e das diferentes funções da escrita, poder conferido ao indivíduo que possui a habilidade da escrita e o prazer de se produzir um texto. Concluem que quanto mais forem desenvolvidas as experiências com base no que fora exposto, mais possibilidade de envolvimento por parte do aluno se terá.

Uma importante contribuição desse trabalho é o fato de serem apresentadas considerações que colocam o papel do professor em destaque, visto que cabe a ele criar um ambiente e situações que forneçam condições para que a competência dos alunos seja desenvolvida. Além disso, destacam os quatro fatores para desenvolver a escrita, com base em Bruning e Horn (2000) (texto que já foi apresentado nas pesquisas internacionais) e os três objetivos que devem contemplar a escrita (com base em Jolibert, 1994): noção de utilidade e das diferentes funções da escrita, poder conferido ao indivíduo que possui a habilidade da escrita e o prazer de se produzir um texto.

Também por meio de uma relevante revisão de literatura, Mota (2009) discutiu algumas questões acerca da consciência morfológica relacionando-a à leitura e à escrita. Afirmou a habilidade de refletir sobre a língua, chamada metalinguística, tem sido desenvolvida em pesquisas nos últimos trinta anos. Dentre as habilidades metalinguísticas, três ajudam o leitor a ler e a escrever: a consciência fonológica, a consciência sintática e a consciência morfológica. Nesse trabalho apresentam-se as questões teóricas e metodológicas que estão sendo levantadas sobre essa terceira forma de ajudar o leitor a ler e escrever – a consciência morfológica – e suas relações com a alfabetização. Foi indicado que, de modo geral, a consciência morfológica contribui de forma independente para a escrita. Esta, a escrita, combina dois tipos de princípios: o fonográfico (estabelece como unidades gráficas os grafemas ou letras que correspondem aos sons que compõem a fala) e o semiográfico (estabelece com os grafemas representam significados). O processo morfológico relaciona-se mais fortemente ao princípio semiográfico. A habilidade de refletir sobre os morfemas é chamada consciência morfológica e ajuda o estudante a aprender sobre e usar o princípio semiográfico. Muitas vezes, a ortografia das palavras depende da origem dela (como laranja e laranjeira). Sabendo a origem de laranjeira não confunde-se a sua escrita.

Assim sendo, o significado da palavra também pode ser inferido para a escrita correta. A autora discorre sobre as características desse processo, bem como sobre os estudos já realizados tendo-o como base. Como conclusão, ela indica que o estudo do desenvolvimento da consciência morfológica, assim como das relações com a leitura e a

escrita, vem se constituindo um relevante campo de pesquisa. No entanto, destaca-se que mais estudos e diferentes abordagens metodológicas precisam ser realizados.

Também apresentando considerações relevantes agora sobre os principais avanços da pesquisa sobre desenvolvimento lexical, Souza (2008) objetivou fornecer uma revisão da literatura sobre o assunto. Destaca a autora que o processo de desenvolvimento lexical encontra-se praticamente ausente das discussões na área. Nesse estudo, a autora ressalta que dos 347 trabalhos apresentados V Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia do Desenvolvimento, apenas um deles abordou especificamente o tema da aquisição lexical. É afirmado, nesse estudo, que os psicólogos do desenvolvimento e os psicolinguístas têm tentado abordar os mistérios do processo básico apresentado por Chomsky (apud SOUZA, 2008, p.196), o qual apresentava a linguagem como “um processo complexo que não pode ser explicado apenas por mecanismos de aprendizagem e sem levar em consideração a estrutura interna do sistema”. Além disso, com base em Hoff (apud SOUZA, 2008, p.196), ao compreendermos o processo por meio do qual se adquire a linguagem também facilita a compreensão a respeito de como funciona o sistema cognitivo.

O objetivo desse estudo foi, também, encorajar os psicólogos a voltarem a atenção para o desenvolvimento lexical. Como procedimentos, uma revisão da literatura apresentando os estudos sobre o aprendizado das primeiras palavras como uma fonte de compreensão do desenvolvimento linguístico infantil é apresentada. As habilidades ou conhecimentos da criança que podem facilitar o processo de aquisição da linguagem e a relevância da contribuição dos pais e do ambiente de ensino foram relatadas. Nessa revisão da literatura, a autora revela o problema que ocorre no contexto ostensivo ou contexto de rotulação (processo pelo qual a criança aprende novas palavras), devido aos vários referentes que se pode notar pela observação de, por exemplo, objetos apontados por adultos. Como solução para esse problema, a autora apresenta algumas considerações baseadas em dicas linguísticas - no conhecimento que as crianças possuem sobre a estrutura da língua; em dicas sociais e pragmáticas – como fontes potenciais de informação para a criança com as dicas lingüísticas. Além disso, são apresentados dois contrapontos com relação aos pais no processo de ensino e aprendizagem da linguagem: primeiro os pais não exerceriam nenhum papel nesse processo, por outro lado, alguns estudos apresentam o desenvolvimento lexical dos filhos como sendo exercido pela grande influência dos pais. Como conclusão desse trabalho, Souza (2008) menciona a necessidade de serem desenvolvidos futuros trabalhos que possam colaborar para a investigação da aquisição lexical pelas crianças, principalmente com relação às palavras abstratas.