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Macrossubgênero: de difusão.

Subgênero: reportagem (informação desenvolvida). Nome atribuído à peça: workshop.

Veiculação (plataforma): TV aberta.

Período/data: exibida em 09/05/2014, no programa Vídeo show. Duração/tamanho: 3‟23”.

6.1.2 Breve caracterização

A peça constitui o primeiro material veiculado sobre a telenovela (intitulada, provisoriamente, Falso brilhante), introduzida pelo apresentador do Vídeo Show, Zeca Camargo, que diz: “Em Família ainda tem muita história pela frente, mas já começaram os preparativos para a próxima novela das nove. O Didi Effe foi conferir de perto a primeira reunião do elenco da nova trama de Aguinaldo Silva: Falso brilhante”. Na sequência, o repórter, no local de realização do workshop que conta com a participação da equipe de

direção e elenco, conduz, em tom bem humorado, a reportagem sobre o “diamante a ser lapidado”, frase empregada para designar a produção da telenovela em curso.

O local em que ocorre o evento é ambientado em alusão à novela, com joias em exposição, além de fluxogramas dos núcleos e relações na trama de Falso Brilhante. Sobre o título provisório cabe uma observação: um quadro, na reportagem, revela uma placa de identificação no expositor de joias com a inscrição “Império”, com forma semelhante ao logotipo definitivo, o que permite afirmar que a denominação Império já estava decidida e o uso provisório de Falso brilhante constitui-se como mais uma estratégia da emissora.

O evento, mostrado na ótica do repórter que circula no ambiente, envolve diversas entrevistas. Na primeira, o ator José Mayer define o workshop como “o primeiríssimo encontro de toda a equipe da nova novela”. A seguir, Aguinaldo Silva, autor da novela, resume Falso brilhante como “um novelão, como não se via há muito tempo”. Alexandre Nero, que interpreta o protagonista José Alfredo, brinca com a sua mudança de visual e caracteriza o personagem por ele interpretado: “um homem muito humilde que veio do nordeste e que acaba ficando muito rico, com um império de joias”.

O texto retoma Aguinaldo Silva que descreve o Monte Roraima como um “local mágico para o personagem José Alfredo, uma vez que lá ele descobriu os primeiros diamantes e começou a enriquecer”. O repórter menciona que a história terá um casal apaixonante e a grande vilã, “que será dona Lilia Cabral, que tem um nome imenso, Maria Marta Medeiros de Mendonça e Albuquerque, nome de alguém que nunca passou fome na vida”, o que faz o autor referir-se a outra personagem vilã com o mesmo sobrenome: Altiva Pedreira de Mendonça e Albuquerque, em A indomada, novela também escrita por Aguinaldo Silva.

Lilia Cabral, questionada se já estaria preparada para ser odiada pelas ruas por interpretar o papel de vilã da novela, rebate: “Não, eu quero ser amada porque agora o charme é „fez vilã, todo mundo gosta‟. Gente, vocês tem que gostar de mim”. Aílton Graça, também entrevistado, diz que a proposta para o seu personagem é bem diferente de O caçador35, em tom de voz que referencia um personagem homossexual. A reportagem retorna para José Mayer, questionado pelo repórter: “até quando interpreta personagem gay você pega mulher, Zé?”. O ator, bem humorado, diz que não tinha percebido tamanha amplitude de possibilidades. Marina Ruy Barbosa, na sequência, afirma que os espectadores vão poder acompanhar a história de amor de sua personagem com o protagonista. José Mayer,

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O Caçador é uma série televisiva produzida pela Globo e veiculada entre de abril a julho de 2014, em 14 episódios, na qual Aílton Graça interpretava o delegado Lopes.

novamente, apela ao público para que não perca Fina estampa, momento em que é corrigido pelo repórter sobre o título de Falso brilhante.

Diversos momentos da reportagem têm imagens de outros programas intercalados às falas, como um fragmento da telenovela A indomada, referente à personagem Altiva, e uma cena de O caçador, exibido na fala do ator Aílton Graça. Também são mostradas cenas do Monte Roraima, em imagens aéreas e panorâmicas, locação da telenovela em trabalho inicial de gravações.

6.1.3 Relações paradigmáticas (intertextuais)

A peça constitui uma reportagem (informação desenvolvida) porque aborda o evento e, para contar a história, busca elementos através do contato com as fontes (autor e atores), levantando diversos aspectos da reunião e fazendo com que o leitor viva o acontecimento. O texto adere às normas relativas ao subgênero ao qual se filia, uma vez que mantém características da reportagem (informação desenvolvida), que permitem classificá-la como: de rotina, do dia a dia, uma vez que o programa cobre lançamentos da emissora que ocorrem frequentemente; em terceira pessoa, em que o repórter cita “o pessoal aqui na Globo [eles]”, mesclada com referências em primeira pessoa, realizadas pelos atores e autor da peça, ao relatar detalhes futuros da trama; mista, pois aborda um acontecimento (a primeira reunião do elenco da novela) e, ao mesmo tempo, um tema (a telenovela em lançamento); curta, de pequena dimensão e pouca profundidade, constituindo-se como uma forma pouco expandida de uma notícia (informação pontual); mista, uma vez que se torna descritiva, por caracterizar o acontecimento e quem dele faz parte, e de citações, por basear-se na participação de terceiros, através de breves entrevistas; informal, uma vez que o repórter emprega uma linguagem coloquial, recorrendo diversas vezes ao humor.

A inovação é identificada no encerramento na peça, em que o ator José Mayer, entrevistado pelo repórter, interpela o público a acompanhar a próxima telenovela, ainda sem data de estreia.

Cabe indicar que a reportagem, geralmente, expõe causas e consequências com o objetivo de contextualizar, interpretar e aprofundar o receptor em um acontecimento (SOUSA, 2001) do mundo externo; quando se trata do mundo interno ao meio televisivo, uma vez que a reportagem divulga o programa da própria emissora, confere caráter autopromocional à peça.

6.1.4 Relações intratextuais

a) Tematização

A reportagem aborda como temas principais: o (a) workshop da telenovela Falso Brilhante (título provisório), ou seja, o evento em si, descrito pelo repórter e, especialmente, na entrevista do ator José Mayer; (b) o elenco da nova telenovela, identificado nos fluxogramas dos núcleos da trama e, também, a partir dos atores e diretores presentes, mostrados na reportagem; (c) os trabalhos de produção da nova telenovela, já em curso. Tanto o evento quanto o elenco e os trabalhos de produção são associados ao posicionamento da telenovela, descrita como um novelão, ou seja, algo suntuoso.

A partir dos temas principais, abordam-se valores como grandiosidade, identificada pelo autor e atores entrevistados, reconhecidos como integrantes do primeiro escalão da teledramaturgia da emissora, nos detalhes contados da trama e nas locações referidas (monte Roraima); proximidade, demonstrado a partir da preparação antecipada da emissora para levar a nova telenovela ao ar e, também, da convocação dos atores, especialmente José Mayer e Marina Ruy Barbosa, que se dirigem ao telespectador, com o intuito de preparar a estreia futura.

b) Figurativização

Os temas workshop, elenco e trabalhos de produção são figurativizados a partir de um elemento principal: as pessoas que fazem parte da telenovela (os atores e o autor). A partir dos depoimentos, ou seja, das entrevistas contidas na reportagem, são identificados, de forma incipiente, aspectos da telenovela, como a trama e a configuração de alguns personagens. A grandiosidade da nova produção é figurativizada, além do elenco, pelo cenário do local do evento, no qual é exposta uma pedra preciosa, e por imagens panorâmicas do monte Roraima.

6.1.5 Relações sintagmáticas (intertextuais)

A reportagem (informação desenvolvida) contrai relações sintagmáticas com outros textos de divulgação de Império, reconhecidas nos procedimentos discursivos de caráter autorreflexivo e metadiscursivo, que se manifestam pelo emprego das seguintes estratégias:

a) reforço do próprio fazer: a grandiosidade do elenco, a notoriedade do autor, a proposta de um novelão e a imponência das imagens das locações (monte Roraima) reiteram a qualidade da produção e, também, da emissora, sobretudo por se tratar de lançamento em horário nobre;

b) reiteração de outros textos: as referências ao universo reconhecido da teledramaturgia da emissora, como a personagem Altiva e a telenovela A indomada, citadas pelo autor (Aguinaldo Silva), o personagem interpretado por Aílton Graça, na série O caçador, além da menção verbal na fala de Alexandre Nero à telenovela Meu pedacinho de chão, demonstram a recorrência ao universo da emissora como parâmetro de comparação e qualificação da nova produção;

c) reiteração do universo semântico: a exposição de pedra preciosa no hall de acesso ao local do workshop, colocada como peça de museu em redoma de vidro; a recorrência a um visual baseado na cor preta, identificada nos fluxogramas que contém a organização dos núcleos, como possível simulação de cor predominante na trama e, posteriormente, usada como marca do comendador e associada ao luxo, requinte e riqueza; a remissão do repórter à telenovela como “o diamante a ser lapidado”, introduzem elementos visuais explorados exaustivamente na divulgação e na própria telenovela;

d) conferência de voz: as entrevistas com atores e o autor, utilizados como fontes que apresentam e detalham a nova trama, em fase incipiente de divulgação, constituem a principal maneira explorada na reportagem para contar a história relativa ao evento e a nova telenovela.

6.2 Peça 2: Lilia Cabral I