• Nenhum resultado encontrado

“E. chegou para o nosso sexto encontro, penúltimo da série combinada. Ficamos em silêncio e logo percebi a presença de uma energia profunda. Porém, era como se essa energia não pudesse insta- lar-se totalmente, por falta de alinhamento nos corpos. Fui procuran- do aprofundar esse alinhamento, no decorrer da reunião.

Nos níveis internos foi visto:

• o piso ao lado da cadeira de E. sendo limpo;

• um inseto estranho, com um forte ferrão, tentando entrar pela janela do aposento onde estávamos; todavia, sem conseguir passar pela tela que resguarda a janela. Fiz o sinal da cruz, com a imaginação, sobre essa imagem.

Pouco depois, era como se a minha consciência estivesse num ponto muito alto, do qual via parte da superfície do planeta. Mais acima de onde a consciência estava, havia uma espécie de teto trans- parente e invisível, que ela não conseguia transpor.

Procurei aprofundar a entrega e coligar-me com a Hierarquia. Era muito claro que nos níveis internos um trabalho de cura tem reper- cussão planetária e, durante todo o desenvolvimento dessa reunião, percebia a consciência individual sendo dissolvida na consciência de um grupo e na da própria humanidade. Procurei permanecer em oração e não posso afirmar como aquele teto invisível foi transposto, mas, certamente, contou com a graça das Hierarquias que, nos níveis internos, nos acompanham.

A energia fez-se mais intensamente presente, ampliando o seu caudal. No plano externo, E. e eu firmamos a intenção de apro- fundar nossa entrega e de abrir-nos à graça. Não se tratava de duas pessoas invocando a energia em função de si próprias ou da própria evolução individual mas, naquele instante, era como se, represen- tando a humanidade, clamássemos pela intervenção superior.

Momentos depois, pelo próprio movimento interno da ener- gia, ficou claro que o encontro se havia encerrado. Quando E. se retirou, recolhi-me e assim permaneci por quase uma hora. No transcurso desse tempo, ocorreu a necessária harmonização dos meus corpos.

Continuei algum tempo em quietude. Havia muito silêncio, silêncio de quase todos os mecanismos da personalidade. Um silên- cio que transmitia um estado de plenitude, um vazio do que se é como ser humano, fruto do encontro com realidades profundas.

Tive, então, uma espécie de sonho acordado. Vi, do lado direi- to da cama onde durmo, uma tênue divisão, uma parede formada de matéria etérica que não me permitia enxergar o que estava por trás dela. Nessa parede, havia uma porta também tênue, que parecia bem fechada. Pouco depois, duas mãos que irradiavam uma profunda energia espiritual abriram-na, deixando antever um grupo de seres naquela área, à direita, antes invisível. Essas mãos atravessaram o vão da porta e começaram a conduzir vários indivíduos para o lado direito, em que o grupo se encontrava. A visão se esvaeceu, mas deixou-me a certeza de que aquela porta permaneceu aberta, que a condução espiritual havia tocado o interior de um grande número de indivíduos e que o encaminhamento deles para o ponto que lhes correspondia era um processo já começado.

O toque daquelas mãos simbólicas é delicado, mas deixa marcas profundas. Marcas que devem permitir ao ser a realização espiritual, que devem criar condições para que rompa os véus que o separam da Realidade, que devem promover condições para que supere suas ligações com o passado e suas expectativas acerca do futuro.”

A trajetória evolutiva exige constante superação do estágio alcançado. É bela por sua própria natureza reno-

vadora, pois está em permanente atualização. É sábia por considerar toda a existência quando determina os rumos que levarão o ser a acercar-se de núcleos cada vez mais potentes.

Enquanto no ser prevalecem os aspectos da persona- lidade, eles ofuscam o fulgor da sua luz interna e o impe- dem de ter clareza. Qualquer estágio evolutivo alcançado, por melhor que seja, deve ser ultrapassado quando a vida interior preme por desbravar novas regiões da consciên- cia. Portanto, a energia espiritual procura sempre atuali- zar todos os níveis de existência do ser. Realiza isso sem estimular os movimentos naturais dos seus corpos densos, sem criar neles ansiedades; transmite-lhes amor, propicia a entrega e também a determinação em avançar.

Em um planeta onde a deterioração dos valores condu- ziu a vida externa a um estado de caos, a energia espiritual não pode ser condescendente com as vibrações dos níveis da personalidade. Para que os homens possam executar tarefas que contem com o auxílio direto da Hierarquia é preciso que neles haja:

• cristalinidade de meta;

• disponibilidade irrestrita para transcender as próprias limitações;

• capacidade de ser grato por tudo o que ocorre – a gratidão é como um rio de águas límpidas, pode desanuviar estados ilusórios;

• capacidade de frear os mecanismos da personalidade que tentam justificar atitudes que já não correspon- dem à necessidade da essência interior;

• fé, que é a base do caminho interno.

Toda a existência encontra-se sintetizada no momento presente. Tudo o que pode vir a ser é nele construído. Se

o indivíduo não tem condições de contatar a energia do momento presente, não está pronto para o toque da eterni- dade: seria fulminado por esse toque, já que a ilusão na qual se encontra o impede de acolher vibrações de frequências mais elevadas.

É preciso amar intensamente a verdade para que ela encontre abertura e possa retirar os véus que encobrem o caminho espiritual. É preciso coragem para assumir um processo de contínua negação do ego e encontrar os núcle- os internos da consciência que fazem pressão para estender suas energias até a vida material.