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“E. chegou para o nosso segundo encontro, conforme havíamos combinado. Sentados um em frente do outro, entramos em estado de recolhimento. Percebi, de imediato, a diferença entre a energia desse encontro e a do anterior. Existia uma nítida mudança no processo por meio do qual os corpos eram trabalhados.

Apesar de permanecermos em silêncio e buscarmos simplesmen- te aprofundar a entrega ao Supremo como da primeira vez, cada encon- tro é único, não se repete. Logo que nos aquietamos, uma unificação de energias começou a ocorrer. As forças que compõem os corpos iam sendo reunidas e transmutadas. Pelo que me era mostrado, o corpo físi- co participava dessa fase, transmutando as forças mais densas, ligadas à região subdiafragmática.

Em certo momento, vi internamente o seguinte quadro: um monastério, em um lugar alto. Do lado direito, vindo da estrada que lhe dava acesso, vários seres iam chegando e entrando. Faziam-no em fila, ordenadamente, mas também de modo ágil. Um deles permaneceu à entrada da área, guardando a passagem para que os recém-chegados não sofressem interferências das forças negativas que circulam no nível etérico. Era como se aquela área equivalesse ao estado de consciência de uma nave que se preparava para partir do planeta. Os seus integrantes – que sabia estarem encarnados – não eram vistos, mas faziam parte da estrutura energética que acolhia aquelas pessoas.

No plano físico, a elevação da energia do encontro fortalecia o silêncio e propiciava contatos internos com realidades sutis. A vibração

polarizava-se na região cardíaca e na cabeça. Eram ondas de energia que traziam grande estímulo aos centros cerebrais e depois se reco- lhiam. Quando se recolhiam, sua consciência permanecia estável, em adoração, polarizada no centro cardíaco. Essa era uma importante fase da cura à qual E. se abria.

Aos olhos internos, surgiu-me uma máquina de escrever de modelo muito antigo. Sobre o teclado da máquina, havia uma foto que simbolizava recordações de E. Era-me também claro que essa máquina de escrever representava certo mecanismo mental de E. Após registrar essa imagem da máquina e da foto, minha consciência foi-se elevan- do, em vertical, e a imagem foi ficando distante, cada vez menor, até desaparecer.

Pouco depois, surgiu-me internamente outro quadro:

Estava diante de um vídeo de computador do qual saíam três telas, porém, em formato de pergaminhos, que se enrolavam à esquerda e à direita.

Dessas três telas, a primeira tinha alguns caracteres escritos e nela não mais se escreveria. A segunda mostrava menos caracteres que a anterior e não havia ainda se completado. A terceira estava em branco.

Sabia que esse quadro dizia respeito aos encontros daquele ciclo de trabalho com E. Entre outras interpretações possíveis, indicava que eles se manifestavam à medida que iam sendo vividos, e que o seu transcurso não era predeterminado. Um encontro era como uma ‘tela de computador sem nada escrito’, pronta para registros. Não deveríamos criar expectativas, mas permanecer ‘em branco’, como a terceira tela. O quadro conduzia-nos a estar entregues, simplesmente. Indicava também que as três primeiras reuniões, simbolizadas pelas três telas – o quadro foi visto no decorrer da segunda reunião – formavam uma etapa dentro do ciclo de sete encontros, inicialmente proposto.

Prosseguíamos em silêncio; o movimento da energia permanecia conforme descrito: polarizava-se alternadamente na cabeça e no centro cardíaco. Essa alternância entre um centro e outro correspondia, respec- tivamente, à elevação da vibração, percebida na região da cabeça, e à sua estabilização no patamar alcançado, percebida como silêncio no centro cardíaco.

Anoto aqui os registros de uma experiência que não era condu- zida mentalmente. O movimento da energia era simplesmente perce- bido – e acolhido com gratidão. Em quietude, o eu consciente apenas entregava-se ao Mais Alto.

A energia, nesses processos, não eleva seu potencial ininter- ruptamente. Sua manifestação segue leis precisas, que consideram também a possibilidade de a matéria acolher o impulso que lhe está sendo transmitido.

Quase no final do encontro, nos níveis internos, surgiu um facho de luz transparente, de tonalidade esverdeada. Era um tom de verde que não existe no plano físico. Esse facho provinha do alto e, descendo em vertical, ia estreitando-se. Penetrava, então, pela cabeça de E. – nesse ponto ele era mais largo que seus ombros – e afinava-se de maneira aguda, chegando à altura da base da sua coluna. A partir daí, vi E. descendo suavemente por essa luz para dentro do seu corpo que, no nível sutil em que a visão era captada, estava sentado em uma cadeira, à imagem do que era vivido no mundo físico denso.

Fiquei então sabendo que E. havia sido retirado dos seus corpos mais densos e conduzido para o interior de uma nave. Um trabalho profundo havia sido feito em E. enquanto seus corpos densos eram, de certo modo, transformados em seus respectivos níveis.

Indescritível é a percepção da chegada da consciência ao corpo por esse processo. É algo tão suave, tão perfeito, que qualquer descrição pode distorcê-lo. Também notória era a vibração sutil, leve, emanada por E., muito diferente da dos seus corpos que permaneceram senta- dos na cadeira, no nível físico e também no sutil. O corpo não é mais que um receptáculo para a consciência; poderia ser comparado a uma armadura, tal a sua densidade.

Prosseguimos assim, quietos, mais um pouco, até que vi, interna- mente, um livro sagrado com a contracapa voltada para cima, como se se tivesse encerrado a sua leitura. Compreendi, então, que o encontro havia terminado.”