• Nenhum resultado encontrado

Sinalizações para momentos de silêncio

O indivíduo deveria aprender a não se esquivar daqui- lo que se opõe às suas estruturas humanas, a ver com impar- cialidade tanto o que confirma seus conceitos como o que os contesta. A verdade revela-se-lhe quando ele se dispõe a observar a vida com equanimidade.

* * *

Em geral, as grandes mudanças na consciência de um ser vêm acompanhadas de situações que exigem dele a apli- cação do que já foi, até então, compreendido. Tais situações trazem-lhe alto grau de tensão interna, a ponto de parecer impossível vivê-las corretamente. Porém, se o ser se abre para receber ajudas supra-humanas, avanços inimagináveis podem ocorrer. Ao reconhecer sua incapacidade humana e ao voltar-se para o Desconhecido, de lá recebe energias salvíficas e regeneradoras que o marcam profundamente, engrandecendo-lhe a fé e impulsionando-o no caminho tanto quanto a inteireza de sua entrega o permita.

Os homens, em sua maioria, não acolhem serena- mente o que os faz sofrer. Porém, vale lembrar que hoje as expressões dessa maioria pouco servem de referência como padrões de conduta a serem seguidos.

* * *

Em todos os tempos, ao homem foi mostrada a sabe- doria que há em desapegar-se de conceitos, ideias, gostos, preferências e bens materiais. Santa Teresa de Ávila certa vez confessou a São João da Cruz sua predileção por hóstias grandes. Depois disso, ao dar a ela a comunhão, São João da Cruz não só escolheu a menor das hóstias, como dividiu-a ao meio.

Por esse exemplo vê-se que os verdadeiros instrutores afirmam a necessidade de se estar unido à essência da vida, ao que é imperecível, ao que não tem medidas materiais.

* * *

O aprendizado de verdadeiros valores faz-se por meio de uma entrega tão plena que mantenha a consciência em equanimidade perante o deleite e a dor, perante a sublimi- dade da luz espiritual e a densidade da vida concreta. É, portanto, necessário aprender a extrair de cada situação a Fonte de Vida nela ocultada e a doar-se silenciosamente à sua mais perfeita expressão.

* * *

Um ponto a ser eliminado da consciência dos que trilham o caminho espiritual é o medo de errar. O erro é gerado por aspectos que distorcem a pureza da energia original. Porém, se existe no indivíduo uma sincera dispo- sição para agir corretamente, o próprio erro é utilizado para

romper os véus que o impedem de ver os aspectos a serem transcendidos em si mesmo.

Muitas vezes, por tentar manter ocultas as suas imper- feições, o indivíduo não permite que sejam removidas.

* * *

É preciso estar disposto a deixar que a luz penetre livremente na consciência, mostrando horizontes de beleza inefável, mas também tornando visíveis facetas malforma- das. Que outro motivo, além do orgulho, pode fazer com que um indivíduo que se dedica a uma vida reta e justa envergonhe-se de cometer erros?

* * *

É comum haver, por trás de cuidados com a vida espiritual e da exigência de ver a perfeição expressa em si mesmo, resquícios de vaidade. Deve-se estar atento e vigi- lante e, humildemente, reconhecer a fragilidade e a limita- ção das próprias faculdades humanas.

* * *

A energia desdobra-se em polaridades que perma- nentemente interagem na existência manifestada. O mesmo fato dá-se no ser. A mônada, em essência, não é masculina nem feminina, mas ao projetar-se nos níveis inframonádicos, pode tanto exprimir uma ou outra pola- ridade, como atuar de modo neutro. No princípio da existência material do ser, essas duas polaridades apre- sentam-se bem delineadas; porém, à medida que evolui, a mônada vai desenvolvendo sucessivamente qualidades e atributos masculinos e femininos, até que, a certa altu- ra, possa sintetizá-los. Esse é o caminho da androginia,

processo que está incluído na senda do espírito. Todos deverão trilhá-lo, pois a síntese desses opostos permite a fusão da matéria no espírito, revelando no mundo das formas o esplendor da vida celestial.

* * *

Certa vez, Jesus disse que no final dos tempos não haveria nem homens nem mulheres, e que todos seriam como os anjos do céu.

* * *

No decorrer dos processos de sublimação das energias em um ser, de lapidação e de purificação dos seus corpos e da própria matéria que os compõe, os aspectos densos são paulatinamente removidos para cederem lugar a vibra- ções mais sutis, que possam servir de base à verdadeira androginia.

* * *

A androginia nada tem a ver com liberalismo sexual, em que se permite que seres em corpos da mesma polari- dade mantenham contatos físicos. A energia é dita mascu- lina quando atua de forma ativa, dinâmica, exteriorizada; é chamada feminina quando atua de forma receptiva, passi- va, interiorizada. Sendo em si impessoal e neutra, a energia, ao exercer um impacto sobre a matéria, faz com que ela manifeste aspectos de caráter masculino ou feminino. No decorrer da evolução, esses aspectos vão-se depurando e o ser pode conseguir uma transmutação energética. É assim que se desenvolve a androginia, não pela promiscuidade.

A implantação do novo código genético, o GNA, nos seres resgatáveis, dá-se a partir dos níveis sutis e não por métodos da ciência comum terrestre. Com essa implanta- ção, a fusão de polaridades é grandemente acelerada, pois a essência desse código genético provém de regiões do cosmos onde a vida se expressa de modo incorpóreo, onde não há reprodução sexuada. Em outras palavras, nesses mundos sublimes a androginia está realizada em muito maior grau de pureza do que no atual estágio da superfície da Terra.

* * *

No futuro, a humanidade habitará corpos mais sutis e poderá expressar com maior perfeição a imanência do espí- rito. Vida e forma estarão mais próximas da imagem arque- típica e rumarão, com maior harmonia, à união profunda com a essência criadora.