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1.2 Os benefícios previdenciários na Constituição Federal e na

1.2.7 Pensão por morte

O benefício previdenciário da pensão por morte encontra-se delineado nos

arts. 74 e seguintes da lei dos benefícios (Lei nº 8.213/91).

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Para que os dependentes legais estipulados na Lei nº 8.213/91 eventualmente

existentes tenham direito a receber a pensão por morte, é necessário que o falecido ainda

possua qualidade de segurado, configurando estes os requisitos legais da pensão por morte.

Julgamos importante esclarecer que havendo dois ou mais dependentes legais

a pensão será dividida em partes iguais, desde que todos a tenham requerido. Não havendo

pedido administrativo ou judicial por parte de um ou mais dos dependentes legais, a pensão

será divida apenas entre os que a requereram até que os demais postulem o seu direito. E,

nesta hipótese, não haverá compensação de valores a maior recebidos no período pelos

primeiros em virtude da inércia dos últimos.

Com o término do direito de um dependente em virtude da idade (21 anos)

ou de óbito, a quota deste será dividida entre os demais dependentes até que não subsista

direito a nenhum deles. A renda mensal da pensão por morte será fixada invariavelmente em

100% do salário-de-benefício.

Caso curioso é a divisão da pensão por morte entre a esposa viúva e a

companheira do falecido. É que ocorrem rotineiramente situações nas quais o marido se

separa da esposa apenas de fato, constituindo nova família. Com o óbito, a Lei nº 8.213/91

42 Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: I - do óbito, quando requerida até trinta dias depois deste; II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso anterior; III - da decisão judicial, no caso de morte presumida.

Art. 75. O valor mensal da pensão por morte será de cem por cento do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento, observado o disposto no art. 33 desta lei.

Art. 76. A concessão da pensão por morte não será protelada pela falta de habilitação de outro possível dependente, e qualquer inscrição ou habilitação posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente só produzirá efeito a contar da data da inscrição ou habilitação. § 1º O cônjuge ausente não exclui do direito à pensão por morte o companheiro ou a companheira, que somente fará jus ao benefício a partir da data de sua habilitação e mediante prova de dependência econômica. § 2º O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensão de alimentos concorrerá em igualdade de condições com os dependentes referidos no inciso I do art. 16 desta Lei.

Art. 77. A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre todos em parte iguais. § 1º Reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo direito à pensão cessar. § 2º A parte individual da pensão extingue-se: I - pela morte do pensionista; II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela emancipação ou ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido; III - para o pensionista inválido, pela cessação da invalidez. § 3º Com a extinção da parte do último pensionista a pensão extinguir-se-á.

Art. 78. Por morte presumida do segurado, declarada pela autoridade judicial competente, depois de 6 (seis) meses de ausência, será concedida pensão provisória, na forma desta Subseção. § 1º Mediante prova do desaparecimento do segurado em conseqüência de acidente, desastre ou catástrofe, seus dependentes farão jus à pensão provisória independentemente da declaração e do prazo deste artigo. § 2º Verificado o reaparecimento do segurado, o pagamento da pensão cessará imediatamente, desobrigados os dependentes da reposição dos valores recebidos, salvo má-fé. Art. 79. Não se aplica o disposto no art. 103 desta Lei ao pensionista menor, incapaz ou ausente, na forma da lei.

protege a esposa não separada pelo simples fato desta ser viúva do falecido, dependente

presumida, portanto. Por sua vez, a Constituição Federal ampara a família existente entre

separado e companheira, o que atribui direito a esta última de também receber a pensão por

morte, desde que comprovada a dependência econômica e a união familiar. A divisão do

benefício ocorre sempre em partes iguais, conforme pacífico entendimento jurisprudencial.

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43Previdenciário. Pensão por morte. União estável entre autora e ex-marido após separação judicial. Dispensa

mútua de alimentos. Não exclusão do direito à pensão por morte se comprovada a dependência econômica. Reconhecimento da existência de início de prova material pela própria administração. Comprovação de residência comum e de custeio de despesas pelo de cujus. Prova testemunhal harmônica. Dependência econômica comprovada. Sentença mantida. Apelação e remessa oficial desprovidas. 1 - Pacificado na jurisprudência o entendimento de que a separação judicial ou o divórcio não impedem a concessão de pensão por morte à ex-esposa, cuja dependência econômica é presumida, se há percepção de alimentos, ou, não os havendo, deverá ser comprovada. Precedentes do STJ e do TRF-1ª Região: STJ, RESP 177650/SP, Rel Min. Vicente Leal, DJ de 15.05.2000, p. 00209; STJ, RESP 199800882863/SP, 5ª Turma, Rel. Edson Vidigal, DJ de 04/10/1999, AC 2000.01.00.064134-0/BA, Rel. Des. Federal Luiz Gonzaga Barbosa Moreira, Rel. Conv. Juiz Federal Itelmar Raydan Evangelista, Primeira Turma, DJ 15/01/2007, p.14; TRF-1ª Região, AC 2001.38.03.005773-2/MG, Rel. Des. Federal Neuza Maria Alves da Silva, Segunda Turma, DJ 03/09/2007, p.90. 2 - Comprovada a existência da união estável entre a Autora e o de cujus, após a separação judicial em que foram dispensados mutuamente os alimentos. 3 - Constam dos autos documentos que comprovam a residência comum (fls. 17/19, 21, 26, 28), documentos em que a Autora é mencionada como esposa do de cujus (fl. 17: capa do prontuário de internação do segurado, sob a responsabilidade da Autora, no Hospital Escola de Uberaba; fls.18/19: declaração de óbito; fl. 20 e 28: comprovantes de despesas do funeral, arcadas pela Autora. Constam, ainda: documentos referentes a compras de móveis pelo de cujus (fls. 20/25), compra de medicamentos para a Autora (fls. 47/48), Contrato de Promessa de Compra e Venda de Imóvel pelo segurado, com cláusula expressa de destinação "única e exclusivamente a moradia do promissário comprador e de sua família" (fl. 51). 4 - A prova testemunhal produzida (fls. 104/115) foi unânime no sentido da existência da união estável e da dependência econômica da Autora em relação ao ex-marido. 5 - Suficientemente demonstrado o atendimento dos requisitos legais, mantida a sentença concessiva do benefício. Apelação e Remessa Oficial desprovidas.

Previdenciário. Pensão por morte. Companheira do mesmo sexo. Comprovação do vínculo e da qualidade de dependente. Prova da qualidade de segurada da instituidora da pensão. Art. 16 da lei nº 8.213/91. Instruções normativas do INSS nº 20 e 25/2000. §3º e incisos do art. 22 do decreto nº 3.048/99. Prova material e testemunhal produzida em juízo suficientes. Prescrição qüinqüenal afastada. Mantida a data de início do benefício. Limitação do percentual de juros de mora. Correção monetária de acordo com a lei nº 6.899/81. Por força da remessa oficial incidência da súmula 111/STJ. Recurso de apelação do INSS e remessa oficial providos, em parte. Sentença reformada parcialmente. Sucumbência mínima. Sem condenação em custas e verbas honorárias. 1. A controvérsia recursal cinge-se à comprovação - ou não - da qualidade de dependente da Apelada, relativamente à instituidora da pensão, requisito essencial, entre outros, para a obtenção do benefício, de acordo com os artigos 16 e 74 da Lei 8.213/91, com a redação que lhes foi dada pela Lei 9.032/95 e 9.528/97, respectivamente, c/c art. 22 do Decreto 3.048/99, com as alterações do Decreto nº 3.368/2000. O requerimento administrativo foi indeferido, ao argumento de não comprovação da qualidade de dependente da Apelada, porquanto não restara demonstrada a união estável da mesma em relação à segurada instituidora. 2. De acordo com o art. 16 da Lei nº 8.213/91 c/c §3º e a enumeração não taxativa descrita nos incisos do art. 22 do Decreto nº 3.048/99, bem assim as instruções normativas INSS/DC nº 20 e 25/2000, para a comprovação do vínculo e da dependência econômica devem ser apresentados documentos. A Apelada, no entanto, logrou êxito em se desincumbir do ônus de comprovar não só o vínculo, mas também a relação de dependência econômica havida entre ela e a falecida, colacionando aos autos. 3. O benefício previdenciário de pensão por morte possui natureza continuada e caráter substitutivo, destinando-se a suprir, ou minimizar, a falta daqueles que proviam as necessidades econômicas de seus dependentes. E esta é realidade evidenciada nos autos, encontrando-se devidamente comprovadas as circunstâncias relativas ao vínculo e à dependência econômica da Apelada em relação à instituidora da pensão, de forma inequívoca, ratificadas, inclusive pelos depoimentos testemunhais colhidos em juízo. 4. Presentes, portanto, os requisitos exigidos pela Lei de Benefícios (nº 8.213/91), vigente à data do óbito da segurada (28.05.2003 - fls. 17), faz jus a Apelada à concessão da pensão por morte. A uma, porquanto, a Constituição da República de 1988 (artigos 201 c/c 226) e a legislação previdenciária aplicável, protegem este tipo de relação, conforme acima exposto. A duas, tendo em vista a farta documentação trazida aos autos e acima descrita pormenorizadamente, a evidenciar não só o vínculo existente entre a Apelada e falecida, mas também a dependência econômica havida entre elas. A três, considerando as provas testemunhais, uníssonas, em corroborar a prova material colacionada aos autos. Precedentes: REsp 395904/RS, Processo 2001/0189742-2, 6ª Turma