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O pentecostal e o neopentecostal

No documento ismaeldevasconcelosferreira (páginas 149-156)

A VIDA PENTECOSTAL E O “PRESENTE SÉCULO”

2.3 O pentecostal e o neopentecostal

“Pentecostal é aquele que tem uma experiência sobrenatural com o Espírito Santo. A pessoa recebe o Espírito Santo quando ela se entrega a Jesus e depois, quando ela busca, ela é batizada com o Espírito Santo… passa a ser revestida de poder.” (Mateus)

“Eu acho que a vida de pentecostal é uma vida de busca pelo Espírito Santo no seu dia-a-dia, uma vida regrada, de orar, ler a palavra, frequentar os cultos e fazer a diferença onde estiver: no trabalho, na escola, em casa… Tudo isso é o Espírito Santo quem nos capacita de forma sobrenatural.” (Talita)

“Uma vez Deus falou forte comigo. Eu tava querendo mudar de igreja porque eu tinha sido convidado pra tocar em outra denominação. Mas aí Deus falou comigo assim: ‘Eu quero você é aqui! É aqui que eu vou te honrar! É aqui que eu vou te abençoar!’ E de lá pra cá eu só tenho prosperado nas mãos de Deus.” (Estevão)

Para os pentecostais, o pentecostalismo é a consequência religiosa e de fé da ação de Deus, por seu Espírito Santo, que irrompeu em Pentecostes, no I século da história cristã (…) e se expandiu do Oriente ao Ocidente. (CAMPOS, 1996, p. 50)

Esse novo tipo de pentecostalismo é o que melhor se adapta aos valores de uma sociedade centrada no consumo de coisas materiais. (CAMPOS, 1996, p. 119)

As discussões sobre as rupturas e continuidades existentes na dinâmica da vida pentecostal estão representadas nos termos que intentam lhe caracterizar. Em uma perspectiva clássica, o pentecostal surge como aquele ente que ainda se encontra mais próximo de um constituinte doutrinário que caracterizou histórica e originalmente o pentecostalismo. Já o

neopentecostal trata-se primeiramente de uma categoria externa à religiosidade, criada a fim

de dar conta desse novo movimento que, em seguida, por sua versatilidade, ora racha com sua origem histórica, ora afirma-a, seja doutrinariamente, seja experiencialmente. Mas apesar das classificações pautadas em momentos históricos (FRESTON, 1996 e SIEPIERSKI, 1997) e sociológicos (BITTENCOURT FILHO, 1996 e MARIANO, 2010) que dão sentido principalmente às indagações provenientes dos pesquisadores, em dado momento elas podem não dar conta da realidade religiosa em que vive o crente.

Assim, amparado nos relatos de entrevistados e em elaborações que pesquisadores da história e sociologia da religião fizeram quando do estabelecimento dos termos pentecostalismo e neopentecostalismo, a fim de problematizar e acrescentar a esses termos novas possibilidades de compreensão, retomarei aqui as três tipificações que utilizei nos subitens anteriores, tendo em conta uma referência mais teológica e experiencial, portanto interna ao grupo pesquisado. De pronto, o que trago como resultado prático desta análise é a simultaneidade tanto de rupturas quanto de continuidades entre as práticas não tão específicas de cada tipo, algo já visualizável nos excertos que epigrafam este subitem.

Nesta abordagem, assim como todos os pesquisadores que ousaram tipificar o pentecostalismo brasileiro, assumi o risco que uma redução terminológica traz ao objeto analisado (aqui a vida do crente), que é a não compreensão total do fenômeno. Contudo, lidando com formas tão enérgicas, haja vista fazerem parte do cotidiano dos fiéis pentecostais, uma redução assim requer ao menos o uso de uma linguagem mais próxima daquilo que a experiência religiosa pentecostal significa para o crente. Por isso, tratei desses três tipos com os nomes compostos que se assemelham à dinâmica inerente ao pentecostalismo e neopentecostalismo: natural-sobrenatural, natural-temporal e temporal-sobrenatural.

Pela análise e comparação das falas dos entrevistados, bem como das observações e audições nos cultos e outras reuniões que compuseram as fontes primárias deste trabalho, e tomando ainda o que ficou popularizado como primeira tipificação do pentecostalismo

brasileiro, feita por Paul Freston (a teoria das ondas – FRESTON, 1993), a vida pentecostal pode ser lida e compreendida também a partir desses três tipos compostos, mas de uma forma específica, haja vista não se restringirem a momentos históricos, como foi o das ondas, mas a uma situação de constante movimento dialético. Não obstante a peculiaridade discursiva de instituições religiosas que compõem tanto o pentecostalismo como o neopentecostalismo, assumindo a classificação já conhecida dos estudos voltados para esta abordagem, verifiquei nas entrevistas de membros de ambas as tradições pontos significativos que ressaltam aquela continuidade referida anteriormente, prevalecendo a ruptura quando considerando apenas a filiação institucional ou o todo discursivo do entrevistado, diretamente ligado a esta filiação.

Com isto, e sem querer assumir todo o ônus de uma redução terminológica e de sentido do fenômeno observado, ressalto que para os fins desta pesquisa, esses tipos compostos resumiram satisfatoriamente os modos como o crente vivencia sua experiência religiosa de construção e busca de sentido no mundo. Para tanto, será a partir deles que discutirei o ser pentecostal e neopentecostal no “presente século”, discutindo-os também a partir de literaturas anteriores já referenciadas.

Inicio com o entrevistado Mateus, que como já visto em outros excertos ao longo do texto, demonstrou uma característica bastante clássica da vida pentecostal, o que lhe tornou um representante ideal da tipificação natural-sobrenatural do crente. Sendo já um idoso (na ocasião da entrevista tinha 65 anos) e convertido há 47 anos, fez considerações muito peculiares àquela perspectiva clássica. Sua fala muito branda durante quase toda a entrevista, sofria alterações de volume e ênfase quando se referia à experiência com o Espírito Santo, preferindo na maioria das vezes não comentar sobre essa experiência, primeiro por não saber como expressá-la e, depois, mencionando um “temor diante das coisas sobrenaturais, que só Deus pode explicar”, esclareceu.

Quando foi indagado sobre a necessidade que o crente tem de viver no mundo temporal, relacionando-se com ele ativamente (emprego, estudos, política…), defendeu que “esta vida deve ser vivida com muito cuidado, pois ela pode prejudicar nossa vida espiritual” e acrescentou que “o crente deve ter sempre em mente que ele é templo e morada do Espírito Santo de Deus!”, concluiu de modo enfático. Em outros momentos, ele também se mostrou reticente quanto à prática política e à interferência da religião no espaço público.

O estilo desta linguagem tornou-se mais pragmático (temporal, portanto menos eterno – sobrenatural) na fala da entrevistada Talita, uma jovem de 28 anos (nascida no evangelho) e membro da mesma denominação de Mateus. Ela manteve uma coesão com a perspectiva clássica da vida pentecostal (mencionou como característica essencial do crente a experiência

com o Espírito Santo), mas ressaltou mais enfaticamente a necessidade de impor-se diante da sociedade a partir dos “valores cristãos que a bíblia nos ensina e que podem ser, sim, colocados em prática na vida fora da igreja”, ainda que para isso seja necessário “ocupar os espaços políticos que nós democraticamente temos direito.”, concluiu.

Esta descrição ressalta um valor ainda absoluto da leitura da realidade temporal por parte do crente, que foi proporcionada por uma experiência religiosa primária (conversão) e secundária (instituição), mas incrementada por uma percepção bem mais objetiva dessa realidade, o que destoa daquela perspectiva clássica, tornando-se antes contemporânea, caracterizando então a segunda tipificação, a natural-temporal. O discurso do sobrenatural não foi tão incisivo já que passou a fazer parte da visão de mundo do crente uma resposta pragmática, com meios e fins nesta mesma realidade temporal.

Avançando em uma linguagem já absolutamente pragmática, mas apelando para um sentido totalmente sobrenatural (o uso dos advérbios de intensidade reflete a circunstância peculiar do próximo modelo), a fala do entrevistado Estevão representa aquela virada discutida anteriormente onde a busca de sentido do crente encontra razoabilidade na experiência empírica. A peculiaridade aqui é que o crente ainda lança mão de uma resposta positiva embasada na formação mítica e doutrinária que ainda lhe é comum. O caso deste entrevistado é bem ilustrativo da tipificação temporal-sobrenatural haja vista estar presente em toda sua argumentação uma preocupação objetiva, exemplificada pelo conflito sobre sua mudança de denominação devido a melhores oportunidades de exercício da música, mas que tem (teve, de acordo com o entrevistado) numa compreensão absoluta da realidade tangível a resposta decisiva.

Estevão, assim como outros entrevistados, constantemente ressaltava a transcendência de fatos e fenômenos da vida comum (temporal) explicando tudo a partir de um contato sobrenatural, mas trivial. Neste caso, não houve continuidade entre o sentido da sobrenaturalidade do entrevistado Mateus e esta, mas a consideração a esta realidade absoluta ainda assim foi ponderada, apesar da trivialidade do discurso. Isto foi visível na própria articulação verbal de Estevão que se expressou livremente, sem maiores preocupações, quando afirmou “Deus falou forte comigo” e “Deus falou comigo assim”, complementando com a possível fala de Deus: “eu quero você é aqui; (…) eu vou te honrar (…); eu vou te abençoar”.

Diante desta breve análise e discussão, podem-se estabelecer significativas diferenças entre essas três formas possíveis da vida pentecostal, mas que atualmente estão centradas no conhecimento de dois termos: pentecostal e neopentecostal. Sem recorrer a uma discussão

semântica ou mesmo histórica e sociológica desses termos, notadamente o último que é carregado de questionamentos teóricos e práticos108, ambos refletem mais ontologicamente os três tipos discutidos, havendo, contudo, uma presença maior do temporal-sobrenatural, estando logo abaixo deste o natural-temporal e uma menor do natural-sobrenatural109.

Deste modo, o pentecostal e o neopentecostal, enquanto representações da vida pentecostal, portanto do crente, não se dissociam formando grupos heterogêneos entre si, mas se unem a fim de reclamar uma participação mais efetiva no “presente século” em torno das concepções natural-temporal e temporal-sobrenatural. Já a perspectiva natural-sobrenatural praticamente não encontra mais correspondência institucional, persistindo apenas nos modos religiosos de alguns entrevistados, dentre eles um pastor, Paulo, o que me permite concluir que sua contribuição para as concepções seguintes estagnou-se, havendo agora uma preocupação essencialmente pragmática ante suas perspectivas clássicas voltadas para a produção de um transcendente pretensamente puro, absoluto.

Estando, portanto, agora diante de duas concepções bem mais representativas e de dois termos pelos quais a vida pentecostal popularizou-se hodiernamente, e atentando para uma ressalva do entrevistado Zaqueu que advertiu “mas nós não somos neopentecostais!”, caberia uma associação entre a concepção natural-temporal ao remanescente110 pentecostal e a

temporal-sobrenatural ao neopentecostal. Apesar das fronteiras serem bastante porosas,

refletindo portanto muito mais continuidades que rupturas, esta associação ajuda o simples observador a estabelecer limites visíveis e assim conseguir delimitar determinado(s) grupo(s) a fim de identificar melhor seu objeto. Porém, o processo dinâmico entre esses dois tipos será mantido, haja vista a existência da vida pentecostal depender exclusivamente dele.

108 Paulo Siepierski discute em seu texto Pós-pentecostalismo e política no Brasil a fragilidade do termo

“neopentecostal” tendo em vista que ele tão somente aponta para “uma nova forma de pentecostalismo”. Seu argumento é de que não há continuidade, mas sim um afastamento. Daí o uso do termo “pós-pentecostalismo” que tem “como cerne a teologia da prosperidade e o conceito de guerra espiritual”, distante do constituinte escatológico que caracterizava o pentecostalismo clássico (SIEPIERSKI, 1997, p. 51).

José Bittencourt Filho, por sua vez, tomando como base a existência de uma matriz religiosa brasileira que é por definição sincrética, admite que o grande fenômeno religioso brasileiro atual é o “pentecostalismo autônomo”. Dissidente do pentecostalismo clássico, até então homogêneo e institucionalmente coeso, agora se apresenta livre de instituições, promovendo outras concepções, notadamente sincréticas, e se formando “em torno de lideranças fortes” agindo autonomamente (BITTENCOURT FILHO, 1996, p. 24).

Ricardo Mariano, ao discutir sobre a designação “neopentecostal”, ressalta o prefixo neo como apropriado, haja vista remeter a uma formação recente e a um caráter inovador desta religião, visualizando um distanciamento teológico e comportamental do pentecostalismo clássico, mas que não se dissocia permanentemente dele, antes o influencia em seus modos, usufruindo também de alguns de seus constituintes teológicos, reinterpretando-os e aplicando-os conforme suas demandas (MARIANO, 2010).

109 Essas constatações foram feitas a partir de uma análise mais abrangente das 34 entrevistas realizadas e das 59

observações participantes, não sendo possível gerar um quantitativo absoluto para cada um dos tipos haja vista o tratamento a essas fontes primárias ter sido eminentemente qualitativo.

Analisando por este viés, o pentecostal acredita manter-se fiel a uma tradição histórico-teológica constitutiva do modus pentecostal clássico, mas que assumiu apenas novos contornos, dado o próprio processo histórico. Já o neopentecostal, visto de maneira receosa pelo primeiro, seria o resultado de mutações teológicas e eclesiásticas que lhe acarretaram uma identidade e abrangência versáteis e lhe renderam uma proeminência entre as atuais representações religiosas, onde a trivialidade do seu discurso é uma de suas características mais marcantes111, haja vista estar bem focada em questões eminentemente objetivas e

comuns da vida humana.

A adjetivação trivial que associei ao discurso do neopentecostal, caracteristicamente

temporal-sobrenatural, é resultado da análise comparativa com o discurso do pentecostal, um

pouco influenciado pela concepção natural-sobrenatural, mas bem mais identificada com a

natural-temporal. Da observação participante nos cultos e reuniões onde esta última era mais

distinta, a referência a questões hodiernas, da vida cotidiana, quando feita, era muito sutil, já que estava envolvida por uma perspectiva bastante sobrenatural e com correspondências bem próximas a uma realidade absoluta. Isto está bem definido no excerto desta oração, proferida por um pastor, que captei em uma dessas reuniões: “Que o senhor nos dê a graça de vencermos mais esta batalha que o inimigo tem travado conosco, tentando impedir que as famílias vivam a plenitude do teu plano, semeando outras coisas que não vêm de ti. Fortalece- nos com o teu poder.”. Esta oração foi proferida em um “momento de intercessão pelas famílias”, tendo sido precedida por uma breve reflexão sobre o que o pastor chamou de “ataque do relativismo moral às famílias”, em referência às políticas de igualdade de gênero.

Por outro lado, ao participar de um “culto da vitória” em outra denominação com modos bem alinhados com a concepção temporal-sobrenatural, registrei um momento que não foi previamente chamado de oração, mas que os participantes se colocaram nesta situação, enquanto um pastor proferia frases enfáticas e imperativas, dentre as quais destaco este excerto: “Deus não vai deixar você envergonhado! Se hoje tem um te perseguindo, amanhã vão ter dez te abençoando! É promessa de Deus! Ei, quem tá falando é Deus! Quem tá falando é Deus!”. O contexto desta fala foi marcado por pelo menos cinco questões que

111 O entrevistado Judas, ao expor uma experiência que teve algum tempo após sua conversão, afirmou ter

ouvido a voz de Deus audivelmente, “assim como eu estou lhe ouvindo agora”, disse para mim. Naquela ocasião, Deus lhe mandou ofertar uma determinada quantia em dinheiro para uma construção da igreja e lhe assegurou que não ficasse receoso, “pois logo será restituído todo ato de fé”. Igualmente, a entrevistada Raquel disse que depois de ter feito “um voto a Deus” pedindo que seu relacionamento amoroso se resolvesse ou se dissolvesse de uma vez, “após uma campanha de jejum e oração Deus respondeu com providência” afastando seu companheiro da sua vida.

consegui enumerar a partir da análise de toda a argumentação do pastor: desemprego, dívidas, problemas de saúde, divórcio e problemas com filhos.

Estes dois casos aqui analisados separadamente, compreendem uma mesma realidade, embora expressa de formas distintas, onde a vida pentecostal busca encontrar e/ou produzir sentido. No primeiro, a partir de uma linguagem simbólica, e no segundo, tomando o seu contexto, com uma linguagem mais direta, persiste uma preocupação com uma situação que permeia este mundo contemporâneo, portanto temporal, mas com formas de enfrentamento ainda bastante sobrenaturais, contudo sediadas na própria vida hodierna do homem, sem aquela produção absoluta clássica.

Analisando assim, separadamente, tem-se uma ideia de um campo delimitado e organizado, portanto bastante previsível, com o pentecostal de um lado e o neopentecostal de outro, ou seja, com as concepções naturais-temporais e temporais-sobrenaturais bem definidas, respectivamente. Contudo, a realidade religiosa apresenta-se ainda mais heterogênea, com ambas as concepções atuando simultaneamente na maioria dos casos, o que acarreta em uma insegurança quanto ao estabelecimento de uma especificidade da vida pentecostal. Isto nos leva à discussão a seguir quando o pentecostal é interpelado por suas próprias práticas, tornando-se um sujeito ambíguo e ao mesmo tempo formador de uma nova concepção de vida pentecostal.

3 O pentecostal não é mais pentecostal(?)

A afirmação, que diante da problematização e discussão a serem expostas a seguir, pode também se transformar em pergunta graças ao aspecto absolutamente dinâmico da vida pentecostal, indica que lidamos com uma questão que não se esgota em enunciados ou formulações típicas, mas demanda uma capacidade de apreensão do fenômeno pentecostal e de como ele se objetiva na vida do crente. Para isso, considerar seus termos, narrativas e experiências pode nos dar o caminho, não para afirmar a frase ou responder a pergunta, mas para constatar o quão produtora de sentidos esta tradição ainda pode ser.

Nesta análise, bem antes das representações objetivas que o pentecostalismo promove no “presente século”, trato de apresentar o que vem antes dessas representações, posto que anterior ao fato social ou político, existe o fenômeno religioso, motor que dá o torque às ações do crente em quaisquer ocasiões em que se apresente. Por isso apenas tangencio questões de ordem social e política, haja vista não pertencerem à delimitação deste estudo.

O resultado desta leitura, assim espero, será uma formulação teórica sobre a vida pentecostal no momento em que ela lida com tensões que podem ir de encontro à sua própria constituição histórica, mas que, por ser religião, assume antes um compromisso humano, portanto ambíguo, capaz de lhe dar não somente sobrevida, mas renovação.

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