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Este estudo de natureza quantitativa tem como objetivo: Conhecer a opinião dos estudantes relativamente à perceção de terem sido vítimas de violência nas suas relações de namoro. Para a exposição deste estudo vamos apresentar uma introdução sobre a temática, a metodologia do estudo com referência ao instrumento de recolha de dados e à análise de dados efetuada. Não são indicados os participantes e procedimentos dado que foram já referidos nos anteriores estudos (2.1;2.2). Apresentamos ainda os resultados, a discussão e as conclusões.

2.4.1 - Introdução

Podemos definir violência no namoro como a utilização de condutas violentas numa relação de namoro, em casais do mesmo sexo ou do sexo oposto. Este tipo de comportamentos acontece por vezes de forma progressiva e compreende vários tipos de violência (psicológica, física ou sexual) podendo ocorrer sob a forma do mais ligeiro abuso a situações fatais como o assassinato (González-Ortega, Echeburúa & Corral, 2008; Sugarman & Hotaling citado em Glass, 2003; Sutherland, 2011).

parte iii. 2 - estudo 2 – 1ª fase – pré programa

A violência no namoro pode iniciar-se pelos 15 / 16 anos e determinados comportamentos violentos (ameaças, empurrões, agressões menos graves…) podem ser confundidos com demonstrações de amor e carinho. Numa investigação realizada acerca da prevalência da violência no namoro, os resultados apontam para grandes diferenças entre todos os estudos, com resultados que variam de 9% a 46% dos adolescentes que consideram estar envolvidos como vítimas ou agressores, podendo estas diferenças ser atribuídas a diversos aspetos como a identificação da situação de violência, a utilização de diferentes instrumentos de avaliação, diferentes amostras e idades estudadas (Glass et al., 2003). Numa análise de estudos internacionais sobre a prevalência da violência nas relações de intimidade, verifica-se que estão presentes, nos relacionamentos dos jovens, todas as formas de violência, de destacar que a violência “menor” é aquela que atinge proporções mais elevadas. Os resultados mostram taxas de prevalência de violência que variam de 12,1% a 72,4%. No que se refere a investigações nacionais só nas últimas décadas se demonstra interesse pelo estudo da violência nas relações juvenis, reconhecendo-se hoje a sua importância. Os resultados encontrados não diferem dos relatados pelos estudos internacionais, com a violência psicológica e as formas “menores” de violência a serem também apontadas com maior frequência (Caridade, 2011).

A violência nas relações de intimidade ocorre maioritariamente praticada pelo homem contra a mulher, porém existem estudos que apontam que as mulheres também demonstram comportamentos violentos. Numa investigação desenvolvida com uma amostra de estudantes universitários verificou-se que 78,6% das agressões físicas graves são condutas mútuas entre homens e mulheres (Aldrighi, 2004). As mulheres quando sujeitas a violência também respondem, por vezes, com atitudes violentas. Este facto pode indicar não só um fator de proteção por parte das mulheres mas também ser revelador de um aumento da violência (Aldrighi, 2004; Windle & Mrug, 2009).

2.4.2 - Metodologia

Desenvolvemos um estudo de natureza quantitativa descritivo correlacional. Para a sua consecução é colocada uma questão fechada para identificar o número de estudantes que consideram ter sido vítimas de violência nas suas relações de namoro.

Instrumento de recolha de dados

O instrumento de recolha de dados é o questionário, preenchido pelos estudantes. Apresenta uma pergunta fechada, dicotómica, acerca da ocorrência de violência nas suas relações de

PARTE III. 2 - EsTudo 2 – 1ª fAsE – PRé PRogRAmA

namoro “Existem vários tipos de violência nas relações de namoro (física, psicológica...). Considera que já foi vítima de violência? “.

Análise dos dados

É utilizada a estatística descritiva e inferencial para resumir e organizar a informação e determinar as relações existentes entre as variáveis.

A estatística descritiva permite verificar o cálculo das medidas de tendência central e de dispersão (média, desvio padrão e percentagem).

Na estatística inferencial é utilizado o teste de Qui-quadrado.

2.4.3 - Resultados

Os resultados apresentados referem-se às respostas dos estudantes sobre a perceção da ocorrência de violência nas suas relações de namoro.

Verificamos que 23,0% dos estudantes inquiridos consideram que foram vítimas de violência nas suas relações de namoro (Quadro 2.4.1)

Quadro 2.4.1 - Distribuição dos inquiridos sobre a incidência de violência nas relações de namoro.

Considera que já foi vítima de

violência? n % Sim Não NR 157 509 22 23,0 73,9 3,1 Total 688 100

Pelos resultados verificamos que a perceção da ocorrência de algum tipo de violência (física, psicológica...) é apontada por 23,5% de estudantes do sexo feminino e 22,7 do

masculino. Pelos resultados da aplicação do teste de Qui-quadrado (1,549 – p= 0,461), verificamos que a relação entre as duas variáveis não é estatisticamente significativa, pelo que o sexo dos inquiridos, nesta amostra, não influencia a ocorrência de violência.

parte iii. 2 - estudo 2 – 1ª fase – pré programa

Quadro 2.4.2 - Relação entre a incidência de violência no namoro e o sexo

Considera que já foi vítima de

violência?

Sexo masculino Sexo feminino

NR Total n % n % n Sim Não NR 95 309 14 22,7 73,9 3,4 62 200 2 23,5 75,7 ,8 - - 6 157 509 22 Total 418 100 264 100 6 688 Qui-quadrado = 1,549 (p= 0,461)

2.4.4 - Discussão

Pelos resultados relativos à perceção da ocorrência de violência nas suas relações de namoro verifica-se que 23,0% dos estudantes inquiridos consideram que foram vítimas de violência. Estes resultados corroboram os apontados numa pesquisa desenvolvida com uma amostra de estudantes universitários, onde um/a em cada quatro estudantes revela estar envolvido em uma relação de namoro violenta (Miller, 2009).

Investigações realizadas a nível internacional mostram a existência de diversos estudos de prevalência do fenómeno, principalmente nas últimas duas décadas, com taxas que se apresentam entre 12,1% a 72,4% (Caridade, 2011) e resultados que variam de 9% a 46% de adolescentes que consideram estar envolvidos como vítimas ou agressores (Glass et al., 2003). Também a nível nacional os estudos apontam para um número significativo de jovens que revelam comportamentos violentos nas suas relações de namoro, com níveis de violência de 30% para a perpetração global, 18% na violência física, 23% na violência emocional (Caridade, 2011).

Relativamente ao sexo dos inquiridos e a perceção da ocorrência de condutas violentas nas suas relações de namoro, pelos resultados da aplicação do teste de Qui-quadrado (1,549 – p=0,461), apurámos que, nesta amostra, o sexo dos inquiridos não influencia a perceção da ocorrência de violência. Também um estudo realizado com estudantes universitários mostra que 78,6% das agressões físicas são condutas recíprocas entre homens e mulheres (Aldrighi, 2004). Na ocorrência de comportamentos violentos de acordo com o sexo, as

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raparigas aparecem na maioria como agressoras e como vítimas nos diversos tipos de violência A mulher que é vítima de agressão também responde com atitudes agressivas embora em menor escala (Aldrighi, 2004; Sebastião, Alexandre & Ferreira, 2010, Windle & Mrug, 2009).

Tendo como padrão o passado em termos culturais e apesar das evidências estatísticas que revelam que a violência é maioritariamente praticada pelo homem contra a mulher na atualidade esta constatação parece indicar algumas diferenças principalmente nos casais mais jovens, começa a observar-se, particularmente quando há abuso de álcool e drogas, um tipo de violência mútua que se carateriza por um aumento da gravidade e da frequência das condutas agressivas (Aldrighi, 2004; González-Ortega, Echeburúa & Corral, 2008).

2.4.5 - Conclusões

Os resultados desta investigação permitem corroborar alguns dos encontrados em outros estudos. A ocorrência de violência nas relações de namoro foi referida por 23,0% dos estudantes, não se apurando relação entre a ocorrência de violência e o sexo dos inquiridos. As raparigas parecem apresentar comportamentos violentos, nas suas relações de namoro, com igual frequência que os rapazes.

Tendo em conta a dimensão cultural, que promove para as raparigas condutas mais passivas, esta constatação pode indicar, que a utilização da violência por parte das raparigas, em alguns casos, poderá ser de resposta a comportamentos agressivos por parte dos rapazes. Os resultados comprovam que a frequência deste tipo de condutas é relevante, independentemente da maior ou menor perceção por parte dos/as jovens desta amostra, indicando a importância da sua prevenção, com programas que sensibilizem e informem acerca desta problemática.

Só com informação/conhecimento os/as jovens terão capacidade para promover e desenvolver comportamentos saudáveis nas suas relações de intimidade no namoro.

parte iii. 3 - estudo 3 - 2ª fase - Construção realização e avaliação do programa de intervenção

3 - Estudo 3 - 2ª fase - Construção realização e avaliação do