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PERFIL DE MULHERES ASSISTIDAS EM MATERNIDADE PÚBLICA DO INTERIOR DO CEARÁ

José Gerfeson Alves1; Ana Karoline Alves da Silva2; Midiã Souza Barbosa3; Herika Bruna

Santos Bezerra4; Emanuelly Vieira Pereira5

Grupo Temático: Saúde e Inovação.

Resumo:

Objetivou-se identificar o perfil sociodemográfico, clínico e reprodutivo de mulheres assistidas em maternidade pública. Trata-se de estudo transversal, descritivo, exploratório com abordagem quantitativa, realizada a 58 puérperas que pariram hospital regional municipal da Região Centro-Sul Cearense. As puérperas eram residentes na zona urbana, com idade entre 20 e 42 anos, heterossexuais com companheiro fixo, religião com predominância no catolicismo, renda familiar menor que um salário mínimo e sua maioria possuíam ensino médio completo. Conhecer o perfil das de mulheres assistidas no parto institucionalizado permite aos gestores profissionais de saúde elaborar estratégias que favoreçam o cuidado obstétrico integral e humanizado.

Palavras-chave: Enfermagem obstétrica. Humanização da assistência. Saúde da mulher.

Introdução

A incorporação de tecnologias para a prestação de cuidados no campo da assistência obstétrica repercutiu em mudanças no lócus de realização do parto, por exemplo, fazendo com que o parto deixasse o âmbito domiciliar e adentrasse ao hospitalar (NASCIMENTO et al., 2016). Embora a utilização de tecnologias no âmbito hospitalar possa apresentar benefícios ao binômio, pode apresentar repercussões negativas no contexto assistencial (SILVA, 2018b).

O ato fisiológico de parir e nascer passaram a ser considerado como patológicos, utilizando o modelo medicalizado. Desde então passou a ser questionado por uma corrente

1Acadêmico do 8º Semestre do Curso de Graduação Enfermagem da Universidade Regional do Cariri – URCA, Unidade Descentralizada de Iguatu – CE. Membro do Grupo de Pesquisa em Clinica, Cuidado e Gestão em Saúde (GPCLIN). Bolsista do Projeto de Iniciação Científica: Violência obstétrica durante o trabalho de parto e parto institucionalizado- PIBIC/URCA. E-mail: gerfesondip@gmail.com.

2 Acadêmica do 8º Semestre do Curso de Graduação Enfermagem da Universidade Regional do Cariri – URCA, Unidade Descentralizada de Iguatu – CE. Membro do Grupo de Pesquisa em Clinica, Cuidado e Gestão em Saúde (GPCLIN). E-mail: karolalvesdasilva123@gmail.com.

3 Enfermeira graduada pela Universidade Regional do Cariri (URCA).

4 Acadêmica do 7º Semestre do Curso de Graduação Enfermagem da Universidade Regional do Cariri – URCA, Unidade Descentralizada de Iguatu – CE. Membro voluntário do projeto de extensão Artistas do Cuidar. Membro voluntário do projeto de extensão Jovens Socorristas. Membro voluntário do Grupo de Pesquisa Clínica, Cuidado e Gestão em Saúde – GPCLIN/CNPq/URCA. E-mail: brunaherika22@hotmail.com

5 Enfermeira, Mestre em Enfermagem. Integrante do Grupo de Pesquisa em Sexualidade, Gênero, Diversidade Sexual e Inclusão-GPESGDI/CNPq. Membro da Liga de Doenças Infecciosas e Parasitárias - LADIP-URCA. Coordenadora do projeto de extensão: sexualidade, função, práticas e posições sexuais na gestação de risco habitual – PROEX e do Projeto de Iniciação Científica: Violência obstétrica durante o trabalho de parto e parto institucionalizado- PIBIC/URCA. - Universidade Regional do Cariri-URCA/ Unidade Descentralizada de Iguatu, Iguatu, CE, Brasil. E-mail: emanuelly.pereira@urca.br.

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opositora, denominada de modelo humanizado, que defende que a mulher vivencie esses processos com autonomia e possa conceber o parto como prazeroso e libertador (SOUZA et al., 2017).

Nesse contexto, emergiu a necessidade de garantir assistência pré-natal e informação sobre as tecnologias utilizadas no parto, mostrando o papel das instituições de saúde e criando políticas públicas voltadas a assistência humanizada ao parto e nascimento (RAMOS et al., 2018). O movimento de humanização ao parto ganhou visibilidade e ao pautar-se na assistência acolhedora e respeitosa a parturiente, representou marco na transição do modelo assistencial obstétrico brasileiro (SOUSA et al, 2016).

Com base no exposto, justifica-se o estudo apresentara informações sobre os aspectos sociodemográficos, clínico e reprodutivo de mulheres assistidas na maternidade, direcionando a assistência realizada pelos profissionais, com planejamento do cuidado de forma integral, pautada nas características particulares e singulares de cada mulher.

Objetivos

Identificar o perfil sociodemográfico, clínico e reprodutivo de mulheres assistidas em maternidade pública.

Metodologia

Trata-se de estudo transversal, descritivo, exploratório com abordagem quantitativa, resultante de dados do Projeto de Iniciação Científica “Violência obstétrica no trabalho de parto e parto institucionalizado”.

A população do estudo foram 129 puérperas. Excluíram-se 71 puérperas por preenchimento incompleto do instrumento, idade inferior a 20 anos, puerpério imediato, condições de saúde no momento da coleta que impossibilitaram o preenchimento dos instrumentos ou ser analfabeta. Participaram da pesquisa 58 puérperas que pariram na referida instituição. Para a amostragem utilizou a aleatoriedade simples, sendo realizada a coleta de dados em dias alternados por colaboradores previamente capacitados.

A coleta de dados ocorreu nos meses de março a maio de 2019 no alojamento conjunto e centro de parto normal de um hospital regional municipal da Região Centro-Sul Cearense.

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Utilizou-se para coleta de dados um formulário de elaboração própria e um questionário de avaliação de violência no parto validado por Palma e Donelli (2017).

O instrumento de coleta era composto pelas variáveis: cidade e zona de residência, estado civil, religião, orientação sexual, número de parceiro/a(s) sexual (is), idade da primeira relação sexual, número de partos, tipo (s) de parto (s) anterior (es) e número de aborto(s). E no questionário dados sociodemográficos (nível socioeconômico, escolaridade e renda familiar), questões de caráter clínico (tipo de parto, idade gestacional do parto, local e data do parto, número de gestações e abortos anteriores, complicações durante a gestação e/ou parto, e profissional que assistiu seu parto).

Os dados foram tabulados utilizando o programa Microsoft® Office Excel versão 2007, agrupados, organizados e processados no programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences versão 25.0. Utilizou-se estatística descritiva de frequência (relativa e absoluta). Os dados foram apresentados de forma descritiva, analisados de forma interpretativa e discutidos conforme a luz da literatura pertinente.

A pesquisa foi aprovada com parecer n° 3.148.107/2019 emitido pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Regional do Cariri (URCA).

Resultados e Discussão

Os dados evidenciam que das 58 participantes, as idades variaram de 20 a 42 anos, predominando a faixa etária de 21 a 30 anos, o que corrobora com estudo de Araújo et al. (2015) realizado em maternidade pública, cujas puérperas tinham faixa etárias predominantes entre 21 e 30 anos.

As condições de nascimento de uma criança são influenciadas pela idade materna. Logo, a idade reprodutiva representa questão prioritária para a saúde pública, posto que um planejamento reprodutivo adequado reduz o número de gestações indesejadas, promove maior participação nas consultas de pré-natal, o que reduz riscos gestacionais (COSTA et al., 2019).

A maioria das puérperas reside na zona urbana (n= 38, 65,5%), com companheiro fixo (n=46, 79,3%) por união formal ou não. A orientação sexual e o relacionamento atual prevalente foram o heterossexual respectivamente (98,3% e 93,1%). A média de parceiros se concentra em 1,74 e o desvio padrão em ±1,63 parceiros. Há predominância de multiplicidade de parceiros sexuais (n= 26, 44,8%).

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Apresentaram rendimento mensal renda menor que um salário mínimo (58,6%), porém, 20,6% não informaram a renda e 1,7% não a possuíam.

Quando a situação conjugal é estável considera-se um fator que minimiza a possibilidade complicações gestacionais, em decorrência da participação do pai durante consultas de pré-natal, preparando o casal para o parto (MIURA, 2019). Por sua vez, o nível socioeconômico apresenta-se como importante influenciador em determinantes de saúde- doença no estado gravídico, visto que quanto mais baixos, maiores são as deficiências nutricionais, piores hábitos de higiene, fatores que favorecem o desenvolvimento de complicações (SOBREIRA et al., 2019).

Em relação à escolaridade 45% das mulheres haviam concluído o ensino médio assemelham-se com os achados do estudo de Souza et al. (2017b) desenvolvido em uma maternidade pública de Belo Horizonte no qual 48,32% das puérperas havia concluído o ensino médio.

O predomínio de mulheres com ensino médio completo tende a minimizar a viabilidade do desenvolvimento de morbimortalidade materna, havendo maior participação no pré-natal ampliando as chances da detecção precoce e tratamento destas. Assim, faz-se necessário uma análise do grau de escolaridade das gestantes, inferindo na compreensão das informações durante a consulta (SILVA et al., 2018c).

Quanto a religião, há predominância de crenças pautadas no cristianismo (n=58,96,5%) com destaque para o catolicismo (n=43, 74,1%).

Acerca da idade gestacional, 96,5% das participantes realizaram o parto a termo. Desses, 67,2% foram realizados com idades gestacionais entre 38 semanas e 5 dias a 42 semanas gestacionais. No estudo Wielganczuk et al. (2019) a maioria das mulheres pariu com idade gestacional superior a 37 semanas, o que pode influenciar no desenvolvimento mais saudável dos recém-nascidos quando comparados aos prematuros. O parto vaginal (n= 29, 50%) foi à via de parto predominante ocorrendo espontaneamente.

O parto cesária ocorreu predominantemente em casos de emergência (n= 10, 17,2%), podendo estar atrelado à porcentagem de intercorrências na gestação, que foi de 65,5%. Destaca-se que a porcentagem de complicações durante o parto/cesárea que foi de apenas 6,9%, embora pequena possa trazer consequências significativas.

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A via de parto de maior preferência no início quanto no final da gestação foi o vaginal com 58,6% e 62,1%, respectivamente, dos quais 34,5% foram atendidos pelo profissional médico (a) obstetra e 32,8% pelo enfermeiro especialista em obstetrícia.

Evidências científicas enfatizam a importância da assistência ofertada às mulheres durante o trabalho de parto e parto pautada na humanização e redução de procedimentos interventivos e invasivos, valorização a autonomia feminina (POSSATI AB, et al., 2017). Assim, reforça-se a necessidade de ampliação dos processos educativos, tanto para os profissionais de saúde quanto para as usuárias, empoderando-as a respeito do seu corpo e permitindo escolhas conscientes sobre o parto (SILVA., 2017a).

Conclusões

Conhecer o perfil de mulheres assistidas em parto institucionalizado permite aos gestores e profissionais de saúde a elaboração de planos de cuidados obstétricos pautados nas singularidades de cada mulher, bem como direcionar ações, pautadas nas vulnerabilidades identificadas, a fim de promover assistência obstétrica de qualidade, integral e humanizada.

Aponta-se como limitação do estudo a não associação entre variáveis socioeconômicas, clínicas e obstétricas com as complicações vivenciadas durante as fases clínicas do trabalho de parto, via de parto e assistência obstétrica ofertada. Logo, recomenda-se que estudos vindouros analisem essas perspectivas.

Agradecimentos

A Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP) em parceria com a Universidade Regional do Cariri (URCA) pela concessão de bolsa de Iniciação Científica ao aluno José Gerfeson Alves.

REFERÊNCIAS

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O ACESSO NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À

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