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Perfil dos docentes dos cursos de Licenciatura em Matemática no estado de

5. A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA NO

5.2. Perfil dos docentes dos cursos de Licenciatura em Matemática no estado de

Considerando que o professor é a pessoa e uma parte importante da pessoa é o professor (NÓVOA, 1995) e que parte significativa das representações construídas sobre a formação são geradas com base no formador docente, nesta seção, apresentamos quem forma, em Pernambuco o professor de Matemática, bem como analisamos o perfil desse profissional.

5.2.1 Gênero

Segundo dados das instituições formadoras de professor de Matemática em Pernambuco, no ano letivo de 2007, tínhamos 274 docentes que lecionavam nos

curso de Licenciatura em Matemática, dos quais 166 do sexo masculino e 108 do sexo feminino. As informações desta pesquisa confirmam a presença significativa de homens em atuação no Ensino Superior (60%) contra 40% de mulheres. No entanto, importa observar que, na análise qualitativa dessa composição, a maioria dos docentes femininos lecionam as disciplinas pedagógicas.

Sobre isso, alguns estudos, como os de Garcia (1994) Pereira (2000), apontam que o fenômeno remonta às origens das licenciaturas, quando da criação das faculdades de Filosofia em meados do século passado: o corpo docente contratado para trabalhar na área – sobretudo Didática e Metodologias de Ensino – era majoritariamente composto por mulheres em razão de sua experiência no ensino público, com menor capital cultural e escolar que os demais catedráticos, portadores de diploma de Ensino Superior especializado. Assim, a questão de gênero, representada pelo papel que as mulheres professoras exerceram no início de algumas faculdades, se constitui também como um dos pontos que discutiremos adiante, em relação à desvalorização dos conhecimentos pedagógicos.

As investigações desenvolvidas sobre o gênero dos trabalhadores em Educação, em geral, apontam para a direção de que se trata de profissão predominantemente feminina. Entretanto, a predominância ocorre apenas no Ensino Fundamental, sobretudo nos anos iniciais. De acordo com a pesquisa realizada por Vieira (2002), nesse nível há menos de 1% de homens; nos anos finais, o percentual sobe para 18%; já no Ensino Médio, para 54% contra 46% de mulheres. Pelo exposto, percebe-se que, quanto maior o nível de ensino, maior a inserção do gênero masculino no campo educacional. O estudo de Gatti (1994) também encontrou resultados semelhantes, confirmando a feminização como uma característica própria do magistério do Ensino Fundamental.

5.2.2 Faixa etária e experiência profissional

A articulação de informações referentes à faixa etária e ao tempo de exercício

na docência abre pistas para discussões acerca da prática em sala de aula do professor e da própria visão da profissão, o que, por conseqüência, influencia as representações desse professor sobre a própria formação. Assim, os dados aqui

mostrados permitem identificar os sujeitos e suas respectivas faixas etárias, o que poderá, mais adiante, justificar atitudes e visões a respeito da formação.

Os dados relativos à faixa etária mostram que a maior parte dos docentes que formavam o professor de Matemática em Pernambuco tinha entre 46 e 55 anos (38%); acrescentados, ainda, os com idade entre 36 e 45 anos (30%), constata-se que 68% dos docentes tinham acima de 35 anos. Os mais jovens estavam entre 25 e 35 anos, mas representavam apenas (11%), como se pode observar na tabela 5:

Tabela 5 – Faixa etária dos docentes do curso de Licenciatura em Matemática

Idade Total % De 25 a 35 anos 30 11 De 36 a 45 anos 83 30 De 46 a 55 anos 105 38 De 56 a 65 anos 54 19 De 66 a 70 anos 02 02 Total 274 100

Quanto ao tempo de exercício no magistério, constatamos que a maior parte (45%) acumulava entre 10 e 20 anos de experiência no magistério superior; mas (47%) não tinham experiência na Educação Básica. Na análise qualitativa, verificamos que a maioria dos docentes (63%) com tal experiência lecionavam as disciplinas pedagógicas, o que confirma resultados de outras pesquisas apresentadas anteriormente – Passos (2006), Paixão (1994). Na tabela 6, descrevemos a distribuição dos professores por tempo de serviço na Educação Superior e na Educação Básica.

Tabela 6 – Distribuição dos professores por tempo de exercício do magistério Tempo de magistério Educação superior

(%) Educação Básica (%) Menos de 5 anos 8% - 5 a 10 anos 13% - 11 a 15 anos 20% 7% 16 a 20 anos 25% 12% 21 a 25 anos 18% 8% Mais de 25 anos 16% 20%

Não tem experiência - 47%

Podemos constatar que os professores que lecionavam no curso de Licenciatura em Matemática eram indivíduos mais experientes, com certa estabilidade na profissão e experiência na educação superior, ou seja, constituíam um quadro docente estável. De certa forma, essa característica influencia as representações sociais sobre a formação.

5.2.3 Formação acadêmica inicial

A análise quantitativa dos dados da formação acadêmica inicial dos professores contribui para a compreensão do perfil dos sujeitos desta pesquisa. Observamos que a maioria dos docentes (43%) tem o curso de Licenciatura em Matemática; junto com os bacharéis em Matemática (12%) e em Engenharia (7%) são os responsáveis (62%) pelas disciplinas de conteúdos específicos do curso, como se verifica na tabela 7 a seguir.

Tabela 7 – Curso de graduação

Graduação Total % Licenciatura em Matemática 119 43 Pedagogia 52 19 Bacharelado em Matemática 33 12 Engenharia 19 7 Psicologia 12 5 Licenciatura em Letras 12 5 Licenciatura em Biologia 10 4 Licenciatura em Física 06 2 Licenciatura em Química 03 1 Filosofia 02 0,5 Licenciatura em História 02 0,5 Licenciatura em Geografia 02 0.5 Licenciatura em Desenho 01 0,25 Economia 01 0,25 Total 274 100

Na análise qualitativa, verificamos que a maioria dos bacharéis em Matemática estão nas universidades públicas, assim como os de Engenharia são mais presentes nas IES do sistema estadual de Ensino Superior. Vale ressaltar que a presença dos docentes das licenciaturas em Biologia, Física e Química se justifica pelo fato de que, antes da LDBEN, o curso mantido pelas autarquias de Ciências com Habilitação em Matemática. Com a modificação implementada pela legislação,

os mencionados cursos passaram a ser Licenciatura em Matemática. Daí, a migração daqueles profissionais para o novo curso.

5.2.4 Qualificação profissional

Do conjunto de professores, apenas 2% não têm pós-graduação; a maioria (54%) tem especialização lato sensu; uma parte significativa (30%), mestrado e, dos 274 docentes que ensinam no curso de Matemática, 14% têm doutorado, como podemos ver na tabela 8.

Tabela 8 – Qualificação profissional

Qualificação Total % Graduação 07 2 Especialização 146 54 Mestrado 82 30 Doutorado 39 14 Total 274 100

Qualificados esses dados, destacamos que a maioria dos docentes doutores estão nas universidades públicas federais; os especialistas (80%) estão lotados nas IES integrantes do sistema estadual, ou seja, instituições localizadas no interior do Estado; os mestres, em sua maioria, nas IES e universidade privadas e nas unidades da UPE. Vejam-se tais dados na tabela 9 abaixo.

Tabela 9 – Qualificação profissional distribuída por dependência administrativa

IES Doutorado Mestrado Especialização Graduação

Federais 32 15 03 -

Estaduais 02 26 23 06

Municipais 01 14 96 -

Privadas 04 27 24 01

Total 39 82 146 07

Os dados aqui apresentados permitem primeira aproximação com as informações gerais sobre a formação do professor de Matemática no estado de Pernambuco. Um estudo sobre a formação não pode deixar de fazer um apanhado das informações acerca do perfil dos professores, pois “em um mundo de fluxos globais de riqueza, poder e imagens, a busca pela identidade, coletiva ou individual,

atribuída ou construída, torna-se a fonte básica de significado social” (CASTELLS, 2000, p. 23)

O perfil aqui mostrado diz respeito a todos docentes que faziam a formação do professor de Matemática em Pernambuco e que estavam lecionando o aludido curso no ano letivo de 2007. Dessa população, participaram da nossa amostra 75 sujeitos. O detalhamento do perfil da amostra será apresentado posteriormente, quando trataremos do estudo das representações da formação do professor de Matemática.

5.3 Formação do professor de Matemática no estado de Pernambuco, na