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CAPÍTULO III: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

3.1. Problematização

3.4.4. Perfil escolar dos entrevistados

 Tempo de permanência dos educandos no processo da alfabetização

Depois de fazermos uma caraterização geral da nossa amostra incluindo os espaços geográficos em que se localizam os centros abrangidos pela pesquisa, achamos conveniente apresentarmos, também de forma geral, os dados de natureza eminentemente estatística que ilustram o perfil escolar dos educandos como uma forma de dar complementaridade ao processo do conhecimento das pessoas com as quais trabalhamos neste estudo.

Assim, os dados sobre a questão do tempo em que os nossos entrevistados permanecem no processo da alfabetização e educação de adultos permitiram-nos agrupá-los em três conjuntos, nomeadamente os que estão há 1 ano, os que frequentam há 2 anos e outros que já estão no processo há mais de 2 anos, conforme a tabela que apresentamos a seguir:

Quadro 3: Tempo de permanência dos educandos na alfabetização por zona da entrevista

Zona Tempo de permanência na alfabetização Total

1 ano 2 anos Mais de 2 anos

Urbana 4 7 7 18

Suburbana 11 4 3 18

Total 15 11 10 36

Grupo 1: 1 ano – a maior parte dos educandos que compõem a nossa amostra frequenta o processo da alfabetização há um ano e muitos deles estão localizados na zona suburbana. Embora eles estejam no processo há pouco tempo, isto não significa, necessariamente, que seja pela primeira vez que entram no processo da escolarização, como veremos mais adiante.

Grupo 2: 2 anos – outro grupo que identificamos foi o de educandos que estão no processo já no segundo ano de frequência, sendo que para uns coincide o ano de frequência e o nível ou ano de escolaridade enquanto que outros não, ou seja, afirmam que outrora já tinham entrado em algum estabelecimento de ensino escolar no decurso da sua infância.

Grupo 3: mais que 2 anos – este grupo constitui, de forma geral, a minoria que frequenta os centros abrangidos tendo-se verificado que no centro da alfabetização da zona suburbana aparecem em quantidade relativamente menor que na urbana. Uns afirmam que estão há mais de dois anos porque desde que começaram o processo da alfabetização não interromperam enquanto outros frequentam mais de dois anos o mesmo nível ou porque interrompem anualmente antes do fim por circunstâncias alheias ou porque, por vontade de querer dominar bem os conteúdos da aprendizagem (leitura e escrita), repete, propositadamente o ano permanecendo mais tempo no processo.

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Fazendo uma análise geral desta situação, constatamos que, à medida que nos deslocamos da zona urbana para a zona suburbana há uma relativa tendência de redução em termos de pessoas com maior tempo de escolarização, ou seja, verifica-se que as pessoas pouco escolarizadas tendem a concentrar-se no centro da alfabetização localizado na zona suburbana.

 Antecedentes escolares dos educandos

Ainda com intuito de conhecermos efetivamente o nosso público-alvo, procurámos ter informações sobre os antecedentes escolares dos educandos, por considerarmos que esta componente pode, de algum modo, contribuir para que os educandos tenham representações diferentes sobre o processo da alfabetização ou o processo educativo no geral. Assim, questionados os educandos se, no passado, tinham tido ou não algum contacto com o sistema educativo escolar, as respostas destes levaram-nos a dividi-los em dois grupos, nomeadamente os que tiveram a oportunidade de entrar na escola na infância e os que nunca tinham entrado numa sala de aulas que, portanto, entraram pela primeira vez frequentando o sistema educativo da alfabetização de adultos.

A seguir, os dados apresentados na tabela 4, possibilitam-nos observar a distribuição dos educandos segundo os seus antecedentes escolares por zonas da entrevista.

Quadro 4: Antecedentes escolares dos educandos por zona da entrevista

Zona Antecedentes escolares Total

Tem Não tem

Urbana 17 1 18

Suburbana 15 3 18

Total 32 4 36

A observação dos dados na tabela acima permite-nos perceber que a maior parte dos nossos entrevistados já teve alguma escolarização na infância e, portanto, por diversas razões - que analisaremos no capítulo seguinte - abandonaram a escola.

Outro dado que a tabela nos revela sobre o perfil dos educandos é o facto de se verificar que a maior parte dos educandos sem antecedentes escolares aparecem com maior frequência na zona suburbana. Porém, cabe ressaltar que tanto no centro da alfabetização da zona urbana como no da zona suburbana temos pessoas adultas que antes nunca tinham entrado numa sala de aulas de qualquer instituição de ensino escolar.

83  Último nível escolar dos educandos

A maior parte dos educandos, como vimos, já frequentou a escola no passado, tendo, a dada altura, abandonado de forma relativamente precoce. Assim, uma das nossas inquietações, face a esta situação, consistiu em saber qual tinha sido o último nível escolar que os educandos teriam frequentado antes de abandonar a escola.

As respostas emitidas pelos sujeitos permitiram classificá-los em três grupos como mostra o quadro abaixo:

Quadro 5: Último nível escolar dos educandos por zona da entrevista

Zona Último nível escolar Total

2ª Classe Mais que 2ª classe Nunca frequentou a escola

Urbana 10 7 1 18

Suburbana 9 6 3 18

Total 19 13 4 36

Grupo 1: 2ª Classe – um grupo maior dos nossos entrevistados abandonou a escola na 2ª Classe, atendendo ao regulamento do Sistema Nacional de Educação da Lei 4/83 em vigor em Moçambique na da década de 80 e princípios da década de 90, que preconizava que as crianças deviam ingressar no 1º ano do ensino primário quando tivessem 7 anos de idade, podemos, de forma hipotética, afirmar que, se o percurso escolar dos educandos decorreu mediante este regulamento, eles abandonaram a escola ainda na infância por volta dos nove anos de idade.

Grupo 2: mais que a 2ª Classe – outro grupo de educandos concluiu a 2ª classe, portanto, terminou o atual primeiro ciclo do ensino primário tendo abandonado a escola no decurso do 2º ciclo, provavelmente com cerca de dez anos de idade.

Grupo 3: Nunca frequentou a escola – o terceiro grupo de sujeitos que compõem a nossa amostra caracteriza-se por ter uma sorte diferente do primeiro e do segundo grupo. As condições ou situações em que viveram no passado não lhes permitiram frequentar a escola ou a escola não constituiu uma necessidade para eles nessa altura.

Contudo, fazendo uma apreciação geral, percebemos que os educandos cujo último nível escolar é relativamente inferior, portanto, que não têm noções básicas de leitura e escrita, constitui a maioria dos sujeitos que frequentam os centros de alfabetização nos quais ocorreu esta pesquisa e, embora sem grandes diferenças, esses tendem a concentrar-se no centro da alfabetização localizado na zona suburbana em relação ao que se encontra na zona urbana.

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