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2 METODOLOGIA

2.3 O PERFIL DOS INFORMANTES

Na organização do trabalho de campo, foram realizadas várias tentativas de contato com os futuros informantes entre outubro de 2015 e dezembro de 2015. Finalmente, nesse mês de dezembro, a Câmara de Comercio e Produção de Puerto Plata concordou em receber o autor no mês de janeiro de 2016 com o compromisso de apresentar à diretiva do cluster turístico de Puerto Plata. A Câmara recebeu cartas endereçadas e digitalizadas para cada um dos membros da diretoria; quando da chegada em janeiro se recebeu a informação de que nem todos os membros da diretoria solicitavam sigilo para suas respostas.

Por motivos de segurança, se manteve sigilo quanto à identidade dos informantes, conforme compromisso assumido na carta encaminhada para o agendamento das entrevistas. Contudo, no apêndice IV-I Apresenta-se uma tabela com as instituições que participaram da pesquisa. Dependendo da metodologia que se utilize para analisar destinos turísticos, o perfil dos informantes pode ser relevado a um segundo plano. Como neste caso os informantes eram também considerados

atores (stakeholders) do processo, a incorporação do perfil dos entrevistados assume uma condição relevante para o entendimento dos processos de evolução.

Para a apresentação dos dados agrupados nas distintas categorias de análise, optou-se por dividir os informantes da diretoria do cluster em três grupos, em função da origem do capital (Tabela 4.1), presumindo-se que a escolha permitiria identificar nexos relacionais entre argumentos e entre os informantes15.

A escolha feita neste caso remete a pensar na capacidade de liderança que os informantes, na condição de stakeholders, ou de atores de uma governança turística como a do cluster turístico e cultural de Puerto Plata, exercem no destino e frente aos demais membros da cadeia de valores do turismo. Permite ainda, identificar se os saberes acumulados no seu histórico de vida exercem uma profunda influência nas escolhas da própria diretoria como veremos a seguir:

TABELA 1 - PERFIL DIRETORIA DO CLUSTER 2014-2016

Total % LUGAR DE ORIGEM 20 100,0 Dominicanos 16 80,0 Da Região em estudo 11 55,0 Estrangeiros¹ 4 20,0 ORIGEM DO CAPITAL 20 100,0 Privado 14 70,0 Público 4 20,0 Terceiro Setor 2 10,0

ELO DA CADEIA DE VALORES DO TURISMO²

Artesanato 3 15,0 Gastronomia 2 10,0 Hotelaria 3 15,0 Transporte Aéreo 1 5,0 Comunicação e MKT 4 20,0 Eventos 1 5,0 Construção Civil 1 5,0

Ensino Superior e Tecnológico (Academia) 3 15,0 Setor Público, Governo Central³ 2 10,0

Imobiliário 1 10,0

FORMAÇÃO 20 100,0

Profissional 17 85,0

Técnico 3 15,0

15 Na diretoria do Cluster 2014-2016 havia predominância de empresas de origem da capital da região,

Puerto Plata, seguidos de Cabarete, com três representantes, dois representantes de Sosua e os artesões representando os povos do interior, onde se concentra boa parte deles, Montellano, Damajagua, Luperon, La Isabela.

Total % ARTICULAÇÃO SOCIAL 20 100,0

Associação de classe (privado) 10 50,0

Sindicato 1 5,0

Setor Público 3 15,0

ONG 2 10,0

Sindicato de classe profissional 4 20,0 ¹02 Europa (Suíça e Itália) 02 Latino-americanos (México e Colômbia)

²Número total > Número de Informantes (com mais de uma atividade)

³Não há representação municipal, tampouco do governo provincial.

Fonte: Pesquisa de campo, 2016/17

A partir da análise dos dados coletados junto aos informantes dirigentes do cluster cultural e turístico de Puerto Plata, e apresentados na Tabela 2 do Perfil da Diretoria do Cluster, verifica-se que dos vinte informantes, 80% são dominicanos, sendo que 55% são da região em estudo e 20% estrangeiros.

Quanto a origem do capital, o cluster conta com uma diretoria onde participam fundamentalmente representantes do capital privado (70%); público (20%) e do terceiro setor (10%). Essa proporção, entretanto, não segue à base, constituída por perto de 75 instituições ou associações e sindicatos majoritariamente privados (APÊNDICE 3).

Ainda na Tabela 1, no levantamento foram identificados os elos da cadeia produtiva do turismo a quem representam (TABELA 1), onde se destaca comunicação e marketing (20%), seguido de hotelaria e artesanato e ensino superior (15% cada), a gastronomia e o ensino superior e tecnológico em turismo (com 10% cada um). Apesar de que os representantes do ensino superior são defensores do meio ambiente, percebe-se a falta de representantes do patrimônio cultural. Da mesma forma, é importante destacar que, o setor imobiliário e o da construção civil, mesmo tendo um único representante são peças chaves na engrenagem do desenvolvimento da renovação turística, como se observa mais adiante.

Uma porcentagem alta dos membros da diretoria do cluster é profissional e alguns deles até com dois cursos universitários (TABELA 2). Destaque especial para os contadores públicos (30%), administradores hoteleiros e advogados (20% cada). Embora a predominância destas formações, conta-se ainda com diversas outras áreas do conhecimento como o artesanato, a comunicação, marketing e geografia.

TABELA 2 - PERFIL PROFISSIONAL DA DIRETORIA DO CLUSTER 2014-2016

PERFIL PROFISSIONAL Número¹ %

Médicos 1 5,0 Geógrafos 1 5,0 Engenheiros 1 5,0 Contadores 6 30,0 Advogados 5 25,0 Economistas 2 10,0 Administração 2 10,0

PERFIL PROFISSIONAL Número¹ %

Administração Hoteleira 4 20,0 Jornalistas/ Comunicadores 2 10,0 Ciências Politicas 1 5,0 Marketing/ Publicidade 2 10,0 Artesões/Trabalhador Autônomo 3 15,0

Outros, não especificado 1 5,0

¹ Número total > Número de Informantes (com mais de uma profissão)

Fonte: Pesquisa de campo, 2016-17

Registrou-se que os dirigentes do cluster turístico vinculam-se de alguma forma a uma entidade de classe, sejam elas associações de classe (50,0%) ou sindicatos de classe profissional (20,0%) ou outras como ONGs (10,0%) e setor público (15,0 %). Esses dados confirmam que o cluster procura fortalecer as atividades características da cadeia produtiva do turismo, o que será abordado na sequência deste capítulo.

A maioria dos dirigentes do cluster turístico atua há mais de 15 anos na atividade turística na região (TABELA 3). Antes do esforço embrionário do cluster em 2003, 80% já participava das atividades do turismo, trabalhando em seus negócios como profissionais liberais ou tinham se formado nas universidades fora de Puerto Plata e fixado residência na região, entre os que se destacam os contadores, os jornalistas, hoteleiros e artesões. Entre os hoteleiros, dois saíram para gerenciar hotéis dentro e fora do país, mas retornaram a Puerto Plata.

TABELA 3 - ANO DE INÍCIO NA ATIVIDADE TURÍSTICA Período Quantidade % Antes de 2003 16 80,0 2003-2008 2 10,0 2009 em diante 2 10,0 Total 20 100,0

Fonte: Pesquisa de Campo 2016/17

Entre 2003 e 2008 quando da conformação do cluster outros 10% se iniciaram na atividade turística, de igual maneira, outros 10% iniciaram suas atividades no setor de 2009 em diante.

Segundo Laville e Dionne (p. 159) documentos redigidos a partir de histórias de vida são muitas vezes, extremamente vivos, neles descontroem-se pontos de vista originais sobre experiências pessoais nas quais se delineiam, de modo explícito ou implícito, elementos e fatos, públicos ou históricos, da organização social, a qual pertencem dando sentido de relevância e pertinência e podendo contribuir à compreensão de situações do contexto real; essa afirmação cobra sentido no próximo capítulo, onde se discute com mais detalhes os resultados obtidos em campo (LAVILLE, DIONNE, 2008; PALACIOS, 1999; DEBERT, 2004).

3. DISCUSSÃO DOS CONCEITOS QUE PERMITIRAM ANALISAR A DINÂMICA