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CAPITULO II METODOLOGIA EMPIRICA

5. ANÁLISE DE DADOS

5.2 Perfil Intra Individual e Linguistico da criança B

O B. é do sexo feminino e tem 5 anos. Provém de uma família com um estatuto socioeconómico baixo. A mãe casou-se pela segunda vez, relação da qual nasceu o B. Tem mais três filhos rapazes, com idades de 22, 18 e 14 anos do primeiro casamento. Analisando a anamnese, constatamos, que a gravidez foi sempre vigiada. Por volta do 8º mês, nasceu o B. de cesariana, um bebé prematuro. Com 1,600 kg e 42 cm. Após o nascimento foi-lhe diagnosticado uma deficiência ao nível da válvula estenose Pulmonar. Em relação ao seu desenvolvimento e de acordo com os dados da família, decorreu dentro da normalidade. Quanto à alimentação foi amamentada até aos dois meses, substituindo posteriormente pela alimentação artificial. Com quatro meses iniciou a comida sólida. A motricidade fonoarticulatória na sua funcionalidade apresenta-se normal no seu processo de amadurecimento. Ao nível sensorial, a criança ouve bem. No campo visual começou a usar óculos em 2010. Relativamente ao desenvolvimento da psicomotricidade é uma criança que não apresenta problemas,iniciou a sua marcha aos 15 meses. Tem algumas dificuldades em controlar os esfíncteres, nomeadamente ao nível da micção.

Entrou pela primeira vez no C.I.C.C no ano letivo 2007/2008. Neste momento frequenta o grupo da sala dos quatro/cinco anos. Tem vindo a usufruir de apoio desde os dois anos de idade pela educadora de infância do SNIPI. É uma criança alegre, simpática,

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extrovertida. Apresenta grandes dificuldades em manter-se concentrada e atenta nas tarefas propostas pela educadora da sala de atividades. Tem evoluindo lentamente na aquisição das competências próprias da sua idade. Muitas vezes necessita do adulto para a orientar na sua rotina e a sua aprendizagem, não é autónoma. Quanto à psicomotricidade no geral, enquadra-se nos parâmetros normais da faixa etária em que se encontra. Tem dificuldades em reter a informação, sequenciar ações bem como na memorização.

Segundo o relatório da consulta de desenvolvimento realizado em 28 de novembro de 2011, através dos resultados realizados pelo teste Ruth Griffiths na consulta, verificou-se que a idade cronológica é de 61 meses correspondendo a uma idade mental de 57 meses encontrando-se ligeiramente abaixo da idade cronológica a que pertence. Observa-se que o B, apresenta ao nível da linguagem uma compreensão baixa, com defeitos de articulação e incompreensível ao adulto, encontrando-se no limiar do atraso ligeiro de desenvolvimento. Em comparação com os instrumentos utilizados na avaliação do B, evidenciam dificuldades na área cognitiva, e na linguagem (produção). Associado encontram-se os períodos reduzidos de concentração. Ao nível da destreza tem vindo a melhorar consideravelmente. Podemos salientar que o aspeto psicomotor, sensorial e da destreza, não interfere momenta mente com a funcionalidade linguística. Em outubro de 2011,no Centro Infantil de Cebolais de Cima, começou a frequentar a terapeuta da fala.

O contexto avaliativo foi precedido em dois momentos durante duas sessões de 30 minutos, devido ao período reduzido de concentração do B. Na primeira sessão, a atividade proposta foi apresentação de história e exploração da história pela criança. Na segunda sessão a aplicação da prova, P.A.C.A. (anexo 6) Em ambas as tarefas propostas, apresentou períodos reduzidos de concentração. Movimentava-se muito na cadeira, e maior parte das vezes o seu contacto ocular com o adulto era quase nulo, desviando-se para outros estímulos visuais. Teve dificuldades em manter um diálogo com o adulto quando era questionado por este, referenciando no seu discurso outras generalizações que nada tinha a ver com o contexto presente, por exemplo “o mano apanha a coba…”.Para dar continuidade ao diálogo, o adulto tinha que chama-la a atenção ou então ia completando as frases. O recontar da história revelou “infantilismos” como poquino, casinha”, com um léxico bastante empobrecido. Os seus enunciados constam de frases simples com três/quatro palavras de curta extensão. Por vezes observamos a ausência de pronomes, de preposições, alternância da ordem dos elementos constituintes da frase. Na discrição de imagens tem dificuldades em organizar o seu discurso, tornando-se pouco percetível. Constatamos ainda que na linguagem recetiva tem dificuldades em entender e compreender ordens dadas pelo adulto (receção da mensagem). Apresenta uma fala geralmente compreendida pela mãe. É notório a detenção de pouca informação.

Neste prisma os níveis fonológicos, morfossintáticos, semânticos e pragmáticos estão comprometidos ao nível do desenvolvimento linguístico da criança na faixa etária em que se encontra.

Na segunda sessão foi aplicado o teste, P.A.C.A, Verificámos a existência de erros fonológicos, dificuldades na articulação de fonemas na retenção de informação. Neste quadro, constatamos a existência de distorções, substituições e omissões que já deveriam ter sido superados nesta faixa etária. Podemos também verificar que muitos dos fonemas não estão totalmente adquiridos como é observável nos fonemas: /l/ ;/s/;/t/;/r/, e na estruturação silábica. No que concerne às omissões, relativamente ao fonema /l/, podemos considerar praticamente adquirido em CV final (corcodilo-cocolilo- cocolilo), (vela-fela-fela).Embora em VCV inicial (elefante- ofante-fante), (almofada- mofada); CV inicial (bolacha-olacha), em CVCinicial (pulseira-useia) e CV (leão-ião); CCV (flauta-fauta) não está adquirido. No fonema /t/, apresenta dificuldades na sua articulação observando distorções em (tomate-pate-pate), (tartaruga-tauga-Tacauga), (televisão-visão-visão). Mas em CV final como (flauta-fauta) e (tomate-pate) está alcançado. Relativamente ao fonema /s/, encontra-se praticamente adquirido apenas encontramos certas dificuldades na articulação, substituindo o fonema /s/ pelo /z/, como (casa-caza-caza) e (camisa-camiza). As omissões do fonema /r/, na posição de encontro consonântico como CVC inicial (caracol- cocole), em CCV(corda-coda) VCC inicial (urso-uso); em VCV final (dinossauro- dinosauo- dinossauo) e na posição de grupo consonântico em CCV inicial(frasco-fasco), (praia-paia); CCV final ( zebra- zeba) e (cabra-caba).Verificamos também a existência de uma inserção, na palavra (mar-mare- mare) no qual foi acrescentado uma semivogal. Durante a prova observamos outro tipo de omissões como ausência da sílaba polissilábica no inicio como (almofada-mofada), sílaba trissílabica como (tartaruga-tauga), (sapato-pato) e harmonia consonântica (caracol-cocole) e (corcodilo-cocolilo). Quanto ás distorções, houve algumas consideradas emergentes. Temos (tomate-pate),(televisão-zão), (dinossauro-dinossauo), (elefante-ofante),(árvore-ave),( submarino-sudaino).

Foi igualmente patente a existência de certas dificuldades em percecionar algumas imagens como (cabide-ferro), (gorro-chapéu), (camisa-casaco), (flauta-pito). Também não conseguiu discriminar a imagem como submarino, anel e fogão. Subentendem-se algumas limitações na capacidade de percecionar a realidade apresentando algumas dificuldades em categorizar e reter a informação.

Face aos resultados obtidos, esta criança manifesta um domínio fonológico bastante incoerente e com erros de cariz fonético na articulação dos sons, o que interferem todos os domínios da aprendizagem linguística. Notamos na primeira prova que a dimensão lexical, morfossintática e pragmática não correspondem à faixa etária em que prevalece. Na nossa apreensão julgamos salientar que o B, já deveria ter uma perceção visual mais alargada da realidade. O seu ritmo de aprendizagem é lento sendo justificável pelas dificuldades que a criança apresenta e que envolve o domínio cognitivo e verbal Aliada está igualmente a falta de atenção e concentração que prejudica de certo modo o seu progresso na aprendizagem.