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CAPITULO II METODOLOGIA EMPIRICA

5. ANÁLISE DE DADOS

5.3 Perfil Intra Individual e Linguistico da criança C

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A C do sexo feminino tem quatro anos. Filha única, vive com os pais. Diariamente convive com os avós maternos, que se mostram interessados e cooperantes com a mãe na educação da C. Segundo o relato da mãe, a gravidez decorreu normalmente sem complicações, tendo a mãe realizado consultas regulares durante a gestação. O nascimento da C foi por fórceps, apresentando-se em posição cefálica. Nasceu com 2,705kg com 47 cm de comprimento. A bebé permaneceu na incubadora durante um dia. Pelo registo efetuado no questionário da anamnese averiguamos que no geral o desenvolvimento de C, decorreu dentro dos parâmetros normais do desenvolvimento. É uma criança extrovertida, comunicadora e bem-disposta. Fez o controlo da micção por volta dos três anos e o anal por volta dos três anos e meio. Na alimentação, amamentou até as 15 semanas, passando depois para o biberão. Não teve qualquer complicação alimentar nos primeiros tempos. É uma criança que come de tudo um pouco. É de salientar que a deglutinação, mastigação e respiração, visão e audição bem como os órgãos bucofonoarticulatórios não revelaram qualquer registo que comprometesse a linguagem.

Relativamente ao contexto escolar, esta criança iniciou o seu percurso no C.I.C.C com cinco meses. Atualmente frequenta o grupo de sala dos quatro e cinco anos. É uma criança que apreende com facilidade as aprendizagens, não apresentando problemas ao nível das competências cognitivas, psicomotoras, e comportamentais (emocional e social), enquadrando-se na faixa etária a que pertence.

Em relação à linguagem emitiu as primeiras palavras com um ano. Por volta dos três anos os familiares começaram a preocupar-se com o desenvolvimento da linguagem, sobretudo ao nível da produção. Apresentava limitações na pronunciação e articulação de fonemas nas palavras. O vocabulário utilizado revelava “infantilismos produtivos” (Lima, 2011), mencionando palavras como popó, papa, e expressando-se com bastante mimo. A linguagem estava carregada de mimos e de diminutivos, alimentadas sobretudo no seio familiar (avós). Com o consentimento dos pais, foi realizado em maio de 2010, a escala de Avaliação de Competências do Desenvolvimento Infantil “Schedule of Growing Shills II (SGSII)”. Foi encaminhada para a terapia da fala por apresentar dificuldades articulatórias. Em agosto de 2011, a terapeuta deu “alta” à C pelo qual deixou de frequentar as sessões de terapia da fala. Em setembro, de 2011, para se proceder a uma avaliação global de desenvolvimento através da Escala de Avaliação de Competências do Desenvolvimento Infantil “Schedule of Growing Shills II, e comparando os resultados com o Perfil de Desenvolvimento, apresenta um desenvolvimento adequado á faixa etária em que se encontra. No entanto é visível no seu discurso a predominância de certos infantilismos utilizando muitas vezes palavras como “xara”, “xim”, “doi-doi”,etc.

Analisando os dados da avaliação durante a sessão de uma hora aproximadamente, verificamos tratar-se de uma criança que ao nível do desempenho linguístico não apresenta dificuldades ao nível da compreensão, entende tudo o que se diz, executa ordens simples, tenta explicar e questionar o que se passa à sua volta. Em relação ao

recontar da história, notamos algumas dificuldades na produção mas que a maior parte dos erros fonológicos são erros próprios da idade. Nota-se algumas dificuldades em alguns fonemas. O seu discurso é constituído por enunciados simples com termos “abebezados” como por exemplo “ sim- xim; janela-xanela”. Na discrição da história, elabora frases simples com algum encadeamento da ação e pormenores, sendo visível uma organização gramatical mais fluente, que apela aos pronomes pessoais, preposições, género, verbos, conjugações, etc. O seu discurso apresenta-se com clareza. Em relação ao léxico predomina um vocabulário conciso, muito embora a predominância dos termos infantilizados ainda prevaleça.

Na Prova de Avaliação de Capacidades Articulatórias (P.A.C.A),(anexo 6) mostrou- se participativa, concentrada e motivada. Observamos no domínio da fonologia, algumas dificuldades na articulação de alguns fonemas como /r/; /t/; /v/; /k/; /l/.

Relativamente a substituições, observamos dificuldades de algumas consoantes da mesma classe quanto à sua pronunciação, substituindo por outro fonema como é o caso da (vaca-faca,) (vela-fela); (casa-caza); (chave-save/; (janela-xanela), (pulseira- pulxeia).Também aconteceu com a substituição de algumas vogais como é o caso (elefante-ilifante) e (bolacha-bulacha). Por sua vez a omissão da semivogal do (e) esteve presente duas vezes (esquilo-squilo) e espada-spada). No concerne às omissões, temos presente, algumas dificuldades articulatórias como é o caso do fonema /t/,(tomate- omate-tomate); (tartaruga-auga-auga) e (televisão-avisão-avisão),no formato silábico em CV inicial, mas em CV final (elefante-ilefante ilefante)e (rato-ratito), diz corretamente. O fonema /l/ a criança omite em VC inicial (almofada, amofada-almofada) e (laranja- anja-lanja),estando conseguido em outros formatos silábicos. O fonema /r/ origina omissão em qualquer um dos formatos silábicos entre os quais, na posição intervocálica CV final (Dinosauro-dinossauo-dinossauo), (árvore-ave-ave), (caracol-acol-acole) no grupo consonântico como CCV inicial(zebra-zeba-zeba),(praia-paia-paia),(prato-pato- pato),(dragão-dagão-dagão) e no encontro consonântico como em VC inicial (corda-coda) (corcordilo-olilo-olilo) que suprime a sílaba- harmonia consonântica. Contudo o fonema /R/ no formato silábico CVC inicial como (laranja-aranja), (rato-ratito), pronunciam corretamente. Está adquirido.

Presenciamos ainda a existência de distorções (árvore-ave-ave); (crocordilo-olilo- olilo); (laranja-anja-lanja); (Caracol-acole-acole); (televisão-avisão-avisão); (tartaruga- auga-auga), verificando algumas dificuldades na perceção auditiva. Também verificamos uma vez a inserção na palavra (flauta-felauta-felauta). Observamos ainda a distorção da imagem, dando outro nome como foi o caso da (escova-pente); ( frasco-mel). Não discriminou a imagem do submarino. (submaino)

Neste panorama, a C manifesta ainda algumas dificuldades de cariz fonológico com caracter inconstante que segundo (Lima 2011),correspondem a uma das ultimas etapas de aquisição da fonologia-fonética como é o caso do /r/.

Os três casos apresentados, reluzem dificuldades sentidas ao nível da produção, na componente fonológica-fonética. A intervenção vai depender das estratégias que vão ser

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programadas fazendo apelo a um domínio da linguagem oral- Consciência fonológica- fonética.