• Nenhum resultado encontrado

CAPITULO I -ESTADO DA ARTE

7. PRATICA EDUCATIVA E LINGUAGEM

Tal como o indivíduo que age no seu dia-a-dia tendo em conta um objetivo, um projeto de vida que vai construindo, o educador de infância, sendo mediador do conhecimento e da aprendizagem evidência na sua prática educativa, todo um conjunto de situações que comutam na sua atuação profissional e pessoal.

Neste âmbito o objetivo primordial do desempenho deste, deve assentar numa pedagogia de qualidade na flexibilidade dos currículos de modo a respeitar e privilegiar o ritmo de aprendizagem de cada criança na criação de estratégias e estímulos. Para sua orientação na prática educativa deve contemplar como foi referenciado anteriormente as OCEPE (1997),e recentemente as Brochuras do Ministério de Educação (Sim, Sim, et. al. 2008) que servem de apoio e “Procuram promover práticas intencionais e sistémicas de estimulação (…)”,(P.7).Para complemento, em dezembro de 2009, foi delineado pelo Ministério de Educação, uma Estratégia Global de Desenvolvimento do Currículo Nacional, um projeto denominado, “Metas de Aprendizagem”, que na sua conceção transcreve uma gestão curricular para cada disciplina ou área disciplinar, em cada ciclo de ensino incluindo as metas finais para a educação pré-escolar. Salienta a identificação das competências e desempenhos esperados pelas crianças/alunos, na concretização das aprendizagens em cada área ou disciplina. Constituem sem dúvida instrumentos de apoio à gestão do currículo e na sua flexibilidade com que podem ser trabalhadas.

As metas de aprendizagem da educação pré-escolar estão globalmente estruturadas pelas áreas de conteúdo que definem aprendizagens a realizar em cada área de conteúdo, na construção progressiva do saber.

Nesta prespectiva, salientamos que é na prática educativa que o educador de infância dá primazia aos aspetos da observação, planeamento, e intervenção que de um modo geral reportam toda a ação perante a criança. No entanto Sim, Sim et al. (2008), Rigolet (2000), Andrade (2008) e outros, concordam que a comunicação e linguagem são o motor de arranque para todas as aprendizagens tanto ao nível social como pessoal, que a sua aquisição e desenvolvimento depende do interesse da criança em querer comunicar, expressar e partilhar. Mas para que isso seja possível necessita de estímulos, de modelos de referência com os quais se pode identificar e desenvolver, (Lentin 1990). Neste âmbito, ao criar um contexto linguístico apropriado aos interesses da criança, esta irá dominar a linguagem ao nível da produção e compreensão, de modo a construir cognitivamente uma representação da realidade mais elaborada, o que Lentin (1990,p.107), denomina de uma “ linguagem elaborada, uma criação constante”. Rebelo (1981) acrescenta ainda que a diversidade de experiências linguísticas, e o próprio ritmo de aprendizagem da criança, perfaz com que partilhe o saber linguístico com os outros. No entanto a área da comunicação/linguagem no seu construto deve ter em conta todas as outras aprendizagens para que o equilíbrio emocional da criança reporte no seu sucesso escolar. Para isso a chave que abre toda a prática do educador de infância

27

traduz-se na observação, no conhecimento da própria criança, das suas competências adquiridas e daquelas que irá adquirir. Viana (2005,p.75) citado por Andrade (2008,p.43), referem que muitas vezes as “(…) dificuldades ao nível da linguagem expressiva são confundidas com “timidez”, “mimo”, “dificuldades de adaptação ao grupo, esperando-se que o tempo valide (ou não) estas hipóteses.” Equacionando este tipo de situações com a dificuldade que o educador de infância poderá ter se na avaliação tiver como instrumento apenas a observação quotidiana. Já Lentin (1990) comprovou que as crianças que são bastante interativas e participativas linguisticamente podem apresentar algumas dificuldades nas componentes linguísticas (fonologia, semântica, morfossintaxe ou pragmática).

Nesta linha de pensamento concordamos com ambos os autores supracitados, pois não basta só observar por observar, devemos requerer uma observação e avaliação mais cuidada tendo como suporte outro tipo de instrumentos avaliativos. Avaliar os efeitos e as causas implica não só despistar mas também consciencializar sobre a ação e atuação que o próprio educador de Infância pratica. Só assim poderá precaver situações relevantes para uma intervenção ajustada e adequada, tendo em conta a flexibilidade do currículo, suas adaptações, os interesses, aquisições e dificuldades que a criança apresenta. Ao mesmo tempo deverá condicionar todo o seu trabalho em articulação com a comunidade educativa, família e outros intervenientes, num trabalho de equipa.

Uma boa avaliação contribuirá para uma boa intervenção! Porque ao intervirmos temos que ter a noção, quando devemos intervir e como vamos intervir. Porque para Lima (2011), e de acordo com alguns autores, reconhece que a ideia de intervir precocemente ou tardiamente suscita algumas dúvidas. Tal facto suscita dois aspetos relevantes: i) que a intervenção precoce baseia-se em princípios neuropsicológicos e na interação social nos primeiros tempos de vida de uma criança e ii) uma intervenção tardia comuta no facto, que uma criança que apresente algum sinal fora do padrão normal linguístico e ao ser tardiamente diagnóstico, pode intervir posteriormente o comprometimento das aprendizagens formais e até as áreas de desenvolvimento da criança.

Neste contexto Lima (2011), menciona que uma prevenção atempada é fundamental para um prevenir problemas futuros. Acompanhar individualmente cada caso, levará a escolha de Planos de Intervenção. Salienta ainda que:

“Alterações leves de cariz articulatório e ou percetivo discriminativo, léxico restrito estruturação de frases simplificadas dificuldades de compreensão, desníveis no uso da linguagem em detrimento de determinadas funções e conjunto de situações de pobreza, constituem um grosso da coluna problemática de linguagem infantil. Muitas vezes estes casos estão descurados nas escolas por falta de atendimento específico alimentam futuramente o insucesso

Subentende-se assim que o educador de infância, ao questionar o “quando e o como” deve ter presente a faixa etária da criança, o problema em si, os fatores que influenciam o problema e todo o aspeto neuropsicológico da criança. Só assim poderá partir para a intervenção, no treino precoce das competências linguísticas que irá realizar.

A criação de um ambiente lúdico, estimulante e calmo, deve estar presente na atuação do educador de infância no desenvolvimento da linguagem verbal. Cada som, cada palavra, cada frase, são oriundos de uma pequena história, de numa dramatização de um diálogo, na identificação de rimas, de uma canção, no relatar acontecimentos, no descrever objetos, no debater regras em comum, etc. No entanto os materiais fornecidos na aprendizagem possibilitam e podem condicionar todo o empenho da criança.