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Perfis docentes quanto aos investimentos pessoais e aos hábitos de leitura

CAPÍTULO 1 – CARTOGRAFIA DA PESQUISA

1.8 Apresentação dos dados

1.8.2 A cartografia sociocultural da pesquisa

1.8.2.1 Perfis culturais docentes

1.8.2.1.7 Perfis docentes quanto aos investimentos pessoais e aos hábitos de leitura

Quando questionados sobre lazer nos finais de semana, a maioria dos professores entrevistados casados ou os que têm filhos, respondeu que costuma se dedicar aos afazeres domésticos, à família e também ao preparo de suas aulas. Já os solteiros preferem ir a cinema, shoppings, baladas e frequentar barzinhos na cidade.

Nas horas vagas, a maioria dos professores gosta de acessar a internet, ler, passear, assistir TV. Apenas um professor respondeu que não tem horas vagas.

A leitura – tanto de jornais, revistas, como de livros técnicos/profissionais, romances, religiosos e de autoajuda – se apresentou como uma das áreas de interesse dos professores. Quanto às leituras preferidas, 94% dos professores participantes da pesquisa

não 48% sim

104

responderam que preferem ler jornais, sendo o Jornal de Itatiba Diário e a Folha de S.

Paulo os mais lidos, como nos revelam a Figura 10 e a Tabela 18.

Figura 10 – Você lê jornal?

Tabela 18 – Critérios de escolhas de leituras, segundo ordem hierárquica por frequência. Os professores escolheram mais de um jornal.

Critérios de escolha de leitura de jornais

Ordem hierárquica F (Frequência)

% (percentual)

Jornal de Itatiba 1º lugar 26 57,2

Folha de S. Paulo 2º lugar 18 39,6

O Estado de S. Paulo 3º lugar 10 22

Bom Dia 4º lugar 5 11

Observamos, durante a pesquisa, que ambos os jornais mais lidos ficam disponíveis para os docentes nas escolas e que, nas aulas vagas, a leitura acontece, mas de forma rápida, e às vezes apenas as manchetes são lidas. Na escola “B”, no momento da pesquisa, os jornais ficavam disponíveis na biblioteca; e na escola “A”, na sala dos professores. No entanto, na escola “B”, os professores não iam até a biblioteca para fazer a leitura dos jornais. Mediante esse fato, o diretor estava propenso a deixar os jornais na sala dos professores para que todos pudessem ter acesso. Os jornais, segundo os próprios

não 6%

sim 94%

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professores, em épocas atrás ficavam na sala dos professores. Mas, como alguns professores e funcionários liam jornal em horário de trabalho, a antiga direção da escola resolveu retirar os exemplares para evitar esse problema. Isso, de certa forma, resolveu um problema administrativo, mas promoveu outro: a falta de leitura levou à falta de informação, de reflexão e de diálogo entre os professores, pois os jornais disponibilizados na biblioteca, que fica em outro andar da escola, acabaram caindo no esquecimento. Já na escola “A”, a rápida leitura dos jornais acontece principalmente no horário do intervalo entre o primeiro e o segundo período de aulas, quando o tempo é de quinze minutos. Observou-se que, na escola “A”, quando os professores estão de janela, ou seja, com horário de aulas vagas, eles leem os jornais. Os jornais são lidos inclusive pelos funcionários e chegam a ser grampeados para suas folhas não ficarem desordenadas e para não prejudicar a leitura do próximo interessado.

Além de jornais, os professores revelaram que as leituras mais apreciadas são, por ordem de preferência, romances e livros profissionais, com 59%; livros religiosos, 39%; de autoajuda, 33%; histórias em quadrinhos, 30%; poesias, 28%; outros livros variados, 24%; e aventuras policiais, 15%.

Figura 11 – Você lê romance?

não 41%

sim 59%

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Quanto à leitura de romances, 59% dos docentes revelaram como leitura preferida. Isso também pelo fato de que todos tem formação na área de Humanas, o que possivelmente favoreceu este percentual. Dos livros citados de que os professores mais gostaram35, estão A cabana, em primeiro lugar, seguido de Cem anos de solidão, Violetas

na janela, livros religiosos, espíritas e livros de autoajuda.

Nos dados relativos aos outros tipos de leitura, chamou-nos a atenção que apenas um dos entrevistados assumiu ler livros de referência pedagógica, citando, inclusive, o título do livro, apesar de, nas preferências de leitura dos professores, 45% deles terem afirmado que leem livros da área em que atuam e 47% leem sobre desenvolvimento psicológico e Educação. Já os livros técnicos e profissionais apareceram como sendo lidos por 59% dos entrevistados.

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Questionados sobre o livro de que mais gostaram e o porquê, as respostas foram bem diversas: “Ágape - Padre Marcelo Rossi, porque fala do verdadeiro amor”; “O egípcio, é uma lição de vida, uma reflexão”; “A menina que roubava livros, o gênero me atrai”; “A cabana, pois fala sobre Deus”; “A riqueza das nações me fez gostar das ciências econômicas”; “Zorba, o grego” (não respondeu o porquê da escolha; “Por amor - Madre Tereza de Calcutá porque é espiritual, profundo, real”; “O amor nos tempos de cólera - Gabriel Garcia Marques porque gosto de romance”; “O grande Gatsby, talvez pelo envolvimento que ele proporciona, época”; “Contato; Eram os deuses astronautas? O poder do pensamento positivo porque gosto do assunto”; “O caçador de pipas (não respondeu o porquê da escolha); “Mayombe é sobre uma guerrilha na Angola, gostei de conhecer uma cultura diferente da nossa”; “A hora da estrela é uma história envolvente e emocionante”; “O Pequeno Príncipe, porque valoriza muito a amizade”; “Código da Vinci, porque faz parte da minha área de trabalho”; “A cabana é uma reflexão religiosa”; “A cabana é muito emocionante”; “Desenvolvimento psicológico e educação explicita vários transtornos de desenvolvimento e necessidades especiais”; “Violetas na janela explica muitas coisas…”; “Marley e eu, pela ligação entre o homem e o cão”; “Livros da área e romances tratam de Linguagem e pela necessidade”; “Violetas na janela, pela facilidade de aprendizado”; “Não tive nenhum preferido” (não justificou o porquê); “As pupilas do senhor reitor; Sofia, pois é de auto estima”; “Vários” (não respondeu o porquê da escolha); “Diversos livros de autoajuda” (não respondeu o porquê da escolha); “O Salvador mora ao lado - Max Luccado - porque narra de forma simples que Jesus está bem perto”; “Livros religiosos e poesias pois chama mais minha atenção é interessante”; “Cem anos de solidão, pelo enredo cativante”; “Dos romances; de Judas; dos acadêmicos e das revoluções pela profundidade”; “Cem anos de solidão, Os Maias, Memorial do Convento, pois gosto dos seus autores e estilos”; “Cem anos de solidão trata o passar do tempo com uma sensibilidade incrível”; “A Cabana me sensibilizou”; “Marley e eu foi o último que li e mexeu com os sentimentos”; “Dez coisas que você encontra no céu, porque faz você refletir sobre a vida”; “Veias abertas da América Latina acrescentou conhecimentos (processo de colonização)”; “Viagem ao centro da Terra - Júlio Verne - ele é um gênio”; “As minas do rei Salomão, emocionante!”; “O maior amor, ele conta de um rapaz que fez um grande sacrifício”; “A cabana me leva a refletir sobre a minha prática”; “Laços Eternos, gosto desse tipo de leitura, acho interessante”; “Difícil dizer, leio muito, seria injusto com tantos outros”; “Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade, adoro literatura brasileira”.

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Figura 12 – Em sua casa você assina ou compra revistas?

Das revistas36 apontadas pelos professores, Veja figura como a mais assinada e lida, seguida de Nova Escola, ambas da Editora Abril. Declararam-se leitores e assinantes de revistas 61% dos entrevistados.

A revista Veja não suscita questionamentos aos seus leitores. Apresenta os fatos, mas seus artigos não levam a um questionamento mais aprofundado sobre os acontecimentos atuais. Já a revista Carta Capital apresenta, através de seus artigos, problematizações. Apenas um dos professores entrevistados é leitor de Carta Capital. Não temos aqui a intenção de comparar as revistas, no sentido de constatar se uma é melhor que a outra; queremos, sim, pontuar o processo de formação do professor. Ao ler artigos em que não são instigados a problematizar os acontecimentos, os professores, não tendo com quem

36

Os professores foram questionados quais revistas assinam. As mais citadas foram: revista Veja (treze assinam); Nova escola (sete assinam); Carta Capital (dois assinam); Caros Amigos (dois assinam); Corrida; Saúde; Super Interessante (dois assinam); Quatro Rodas (dois assinam); Época (dois assinam); “Compro edições avulsas que me interessem” (dois). As demais citadas que aparecem apenas uma vez foram: revista Isto é; Roadie Crew - Revista Musical; Esportivas; de artesanato, de arquitetura (sem especificação); de Games (sem especificação); Saúde; Contigo; Caras; revista em quadrinhos (sem especificação); Defesa da fé; Povos; National Geographic; Cláudia; Boa Forma; Nova. Dos 45 entrevistados, 17 não assinam, nem compram revistas.

não 41%

sim 59%

108

discutir sobre os fatos atuais do Brasil e do mundo, não enfrentam desafios no seu processo de formação. Assim, não há problematizações também com os alunos em sala de aula.

Figura 13 – Você assina revistas?

Vale lembrar que há, constantemente, promoções de assinaturas de revistas nas escolas, para os professores.

A seguir apresentaremos os gráficos de alguns dos gêneros textuais mais apreciados pelos professores.

Figura 14 – Você costuma ler livros religiosos? não resp 13% não 26% sim 61% não 61% sim 39%

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Figura 15 –Você costuma ler livros de autoajuda?

Figura 16 - Você costuma ler histórias em quadrinhos?

Ainda no quesito leitura, o percentual dos professores que revelaram gostar de ler histórias em quadrinhos foi de 30%, o que é um número expressivo, uma vez que, para alguns, as histórias em quadrinhos ainda se configuram como uma arte menor, embora já tenha sido provado o contrário por estudiosos37. Além de ser uma leitura prazerosa, as HQs

37

Sobre quadrinhos, consultar: Eisner (1999), Lima (2006), Lovetro (1995), Mccloud, (1995) e Lucchetti; Luchetti (1993). não 67% sim 33% não 70% sim 30%

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requerem dos leitores atenção duplicada, tanto para a leitura das imagens como dos diálogos com balões, se houver.

Figura 17 - Você costuma ler histórias policiais?

Figura 18 - Você costuma ler poesias?

Histórias policiais e poesias, como podemos observar nos gráficos, aparecem, respectivamente, com 15% e 28% de escolha.

não 85% sim 15% não 72% sim 28%

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Figura 19 – Leitura de outros livros

Apesar de, no Brasil, a maioria não ler livros, há mais leitores do que público para cinema, teatro ou dança, segundo pesquisa realizada pela Fecomércio/RJ. Isso se explica, possivelmente, pela presença de bibliotecas públicas, segundo o IBGE, em 98% das cidades. (SARAIVA, 2009).

Esse dado apontado pelo autor também pode ser considerado nesta pesquisa, uma vez que, pelas respostas dos professores, de fato, a leitura aparece como escolha principal de atividade cultural.