pagamentos constantes e variáveis
9.1.2 Perpetuidade variável
9.1.2.1 Perpetuidade crescente
Uma perpetuidade crescente é aquela em que o valor da prestação cresce a cada período de tempo. Existem várias formas possíveis de crescimento, mas as mais comuns são crescimento
linear e crescimento exponencial. O crescimento linear é chamado na Matemática de progressão aritmética (PA), já o crescimento exponencial é chamado de progressão geométrica (PG).
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Perpetuidade crescente em progressão aritmética (PA)Em uma progressão aritmética (PA), todos os termos são iguais ao termo anterior mais uma constante, chamada de razão. Assim, o valor das prestações aumenta sempre a partir de um mes-mo valor. É comum que a razão seja designada pela letra G, pois a palavra crescimento em inglês é growth.
Figura 3 – Perpetuidade crescente em progressão aritmética PMT1 PMT1 PMT2 PMT3 PMT4 1 2 3 4 G G G ...
Fonte: Elaborada pelo autor.
Na Figura 3, cada prestação foi dividida em partes. A primeira prestação é chamada de PMT1, todas as outras podem ser escritas em função da primeira:
PMT2 = PMT1 + G PMT3 = PMT1 + 2G …
PMTn = PMT1 + (n–1)G …
Agora, para encontrar o valor presente da perpetuidade, será utilizado um artifício. É impor-tante observar na figura que todas as prestações são a soma da prestação 1 (PMT1) com algum valor. Desse modo, é possível começar encontrando o valor presente de infinitas prestações de valor PMT1. Esse valor é o valor presente de uma perpetuidade constante, que é:
P1 = PMT1
i
Da prestação 2 em diante aparece, além da prestação 1 (PMT1), um outro valor, que é G. Soma-se o primeiro G assim:
P2 = G
[i . (1 + i)]
Seria comum pensar que o valor presente de uma sequência de prestações, todas com valor G, seria simplesmente G/i, no entanto, esse é o valor da sequência no instante 1. No instante 0 o seu valor será G/i dividido por (1 + i).
É importante levar em consideração que existe uma prestação de valor G que ocorre da pres-tação 2 em diante. O valor presente dessa prespres-tação será:
P3 = G
[i . (1 + i)2]
Essa sequência de valores pode ser generalizada ao observar que cada valor presente pode ser escrito da seguinte maneira:
Pn = G
Perpetuidade e série de pagamentos constantes e variáveis 127
Assim, conclui-se que o valor presente de uma perpetuidade crescente em progressão aritmética é dado por: P = P1 + P2 + P3 + P4 + … P = PMT1 i + G [i . (1 + i)] + G [i . (1 + i)2] + G [i . (1 + i)3] + ... Além do valor PMT1/i, há uma sequência que é escrita como:
G i i n (1 )
Trata-se de uma perpetuidade em que o valor de cada prestação é G/i. O valor presente dessa perpetuidade é dado por:
P = PMT1
i + Gi2
O exemplo a seguir também envolve o cálculo de perpetuidade que engloba uma progressão aritmética (PA):
Uma perpetuidade paga um valor mensalmente. O primeiro valor pago é de R$ 100,00, depois disso, a cada mês é paga uma prestação que é sem-pre R$ 10,00 a mais que a anterior. Sabendo que a taxa de juros é de 1% ao mês, qual é o valor presente?
Para calcular o valor da perpetuidade, utiliza-se a seguinte expressão: P = PMT1 i + Gi2 P = R$ 100,00 0,01 + R$ 10,00(0,01)2 P = R$ 10.000,00 + R$ 100.000,00 P = R$ 110.000,00
Uma perpetuidade que pague prestações com crescimento em progressão aritmética não é muito real. Entretanto, é comum a existência de perpetuidades que paguem valores com cresci-mento em progressão geométrica.
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Perpetuidade crescente em progressão geométrica (PG)Em uma progressão geométrica (PG), todos os termos são sempre iguais ao produto do anterior por um número chamado de razão. É possível pensar em uma série de pagamentos em que os valores das prestações são:
PMT1 = R$ 100,00 PMT2 = R$ 105,00
PMT3 = R$ 110,25 …
PMTn = R$ 100,00 . (1,05)n
…
É possível notar que os termos dessa série sempre crescem. Um termo sempre é igual ao produto do anterior por (1,05). Assim, essa é uma série com crescimento de 5% ao período. O cres-cimento costuma ser representado pela letra g, pois crescres-cimento em inglês é growth.
Essa série é dada por:
PMT2 = (1 + g) . PMT1 = (1 + g) . PMT1 PMT3 = (1 + g) . PMT2 = (1 + g)2 . PMT1 …
PMTn = (1 + g) . PMTn-1 = (1 + g)n-1 . PMT1 …
É razoavelmente fácil calcular o valor presente de uma perpetuidade que apresenta um crescimento do tipo progressão geométrica (PG). O valor presente da perpetuidade pode ser escrito como:
P = PMT1
(1 + i) + PMT(1 + i)22 + PMT3
(1 + i)3 + ...
Agora é necessário escrever todas as parcelas em função da primeira. Para tanto, basta se lembrar de que todas as parcelas podem ser escritas como:
PMTn = (1 + g) . PMTn-1 = (1 + g)n-1 . PMT1
Assim, o valor presente dessa perpetuidade infinita será:
P = PMT1 (1 + i) + PMT1 . (1 + g) (1 + i)2 + PMT1 . (1 + g)2 (1 + i)3 + ... + PMT1 . (1 + g)n-1 (1 + i)n + ...
As contas são um pouco complicadas para simplificar essa equação. Para isso, é necessário utilizar a fórmula da soma de uma progressão geométrica (PG) infinita. Mas depois de simplificada a expressão, o valor presente da perpetuidade com crescimento geométrico é:
P = PMT1
(i – g)
É imprescindível salientar que essa equação somente é válida quando a taxa de crescimento é menor do que a taxa de juros. Portanto, a taxa de crescimento nunca pode ser igual ou maior que a taxa de juros; se isso acontecer, o valor presente será infinito, o que é impossível.
O valor presente de cada termo da série de pagamentos é escrito como:
P = PMT1 . (1 + g)n-1
(1 + i)n
Quando a taxa de juros é maior que a taxa de crescimento das prestações, à medida que a prestação ocorre em um instante de tempo mais ao futuro, o valor presente das prestações se
Perpetuidade e série de pagamentos constantes e variáveis 129
tornará cada vez menor. Logo, a soma de termos que ficam cada vez menores resultará em um valor finito.
Todavia, quando a taxa de crescimento é maior que a taxa de juros das prestações, à medida que a prestação ocorre em um instante de tempo mais ao futuro, o valor presente das prestações se tornará cada vez maior. Dessa forma, a soma de infinitos termos que ficam cada vez maiores resultará em um valor infinito. O exemplo a seguir retrata essa questão:
Uma ação paga anualmente um valor crescente, em razão de parte dos lucros serem reinvestidos, o que contribui para o crescimento de uma determinada empresa. O valor da primeira prestação (dividendo) é de R$ 1.000,00. A taxa de crescimento dos pagamentos é de 5% ao ano, enquanto a taxa de juros de mercado é de 10% ao ano. A ação paga as prestações infinitamente. Qual é o valor presente da ação?
Substituindo os valores na equação tem-se: P = R$ 1.000,00
(0,10 – 0,05) P = R$ 20.000,00
Nesse exemplo, é importante observar que, se todas as prestações (dividendos) tivessem o mesmo valor (R$ 1.000,00), o valor presente seria PMT / i = R$ 10.000,00. Mas como houve um crescimento no valor das prestações (dividendos), o valor presente desse fluxo de caixa foi de R$ 20.000,00.
É muito comum utilizar uma perpetuidade crescente para avaliar uma empresa que esteja em crescimento. Entretanto, não é muito realista considerar que uma empresa apresente um crescimento ao longo de toda a sua vida. O mais comum é considerar que uma empresa tenha um crescimento ao longo de um período de tempo e que depois disso pare de crescer. Como ela para de crescer, os divi-dendos pagos também param de crescer. Portanto, mesmo quando uma empresa está em crescimen-to, é comum considerar uma série de pagamentos crescentes seguida de uma perpetuidade constante.