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Perpetuidade crescente

No documento MATEMÁTICA FINANCEIRA (páginas 127-131)

pagamentos constantes e variáveis

9.1.2 Perpetuidade variável

9.1.2.1 Perpetuidade crescente

Uma perpetuidade crescente é aquela em que o valor da prestação cresce a cada período de tempo. Existem várias formas possíveis de crescimento, mas as mais comuns são crescimento

linear e crescimento exponencial. O crescimento linear é chamado na Matemática de progressão aritmética (PA), já o crescimento exponencial é chamado de progressão geométrica (PG).

Perpetuidade crescente em progressão aritmética (PA)

Em uma progressão aritmética (PA), todos os termos são iguais ao termo anterior mais uma constante, chamada de razão. Assim, o valor das prestações aumenta sempre a partir de um mes-mo valor. É comum que a razão seja designada pela letra G, pois a palavra crescimento em inglês é growth.

Figura 3 – Perpetuidade crescente em progressão aritmética PMT1 PMT1 PMT2 PMT3 PMT4 1 2 3 4 G G G ...

Fonte: Elaborada pelo autor.

Na Figura 3, cada prestação foi dividida em partes. A primeira prestação é chamada de PMT1, todas as outras podem ser escritas em função da primeira:

PMT2 = PMT1 + G PMT3 = PMT1 + 2G …

PMTn = PMT1 + (n–1)G …

Agora, para encontrar o valor presente da perpetuidade, será utilizado um artifício. É impor-tante observar na figura que todas as prestações são a soma da prestação 1 (PMT1) com algum valor. Desse modo, é possível começar encontrando o valor presente de infinitas prestações de valor PMT1. Esse valor é o valor presente de uma perpetuidade constante, que é:

P1 = PMT1

i

Da prestação 2 em diante aparece, além da prestação 1 (PMT1), um outro valor, que é G. Soma-se o primeiro G assim:

P2 = G

[i . (1 + i)]

Seria comum pensar que o valor presente de uma sequência de prestações, todas com valor G, seria simplesmente G/i, no entanto, esse é o valor da sequência no instante 1. No instante 0 o seu valor será G/i dividido por (1 + i).

É importante levar em consideração que existe uma prestação de valor G que ocorre da pres-tação 2 em diante. O valor presente dessa prespres-tação será:

P3 = G

[i . (1 + i)2]

Essa sequência de valores pode ser generalizada ao observar que cada valor presente pode ser escrito da seguinte maneira:

Pn = G

Perpetuidade e série de pagamentos constantes e variáveis 127

Assim, conclui-se que o valor presente de uma perpetuidade crescente em progressão aritmética é dado por: P = P1 + P2 + P3 + P4 + … P = PMT1 i + G [i . (1 + i)] + G [i . (1 + i)2] + G [i . (1 + i)3] + ... Além do valor PMT1/i, há uma sequência que é escrita como:

G i i n      (1 )

Trata-se de uma perpetuidade em que o valor de cada prestação é G/i. O valor presente dessa perpetuidade é dado por:

P = PMT1

i + Gi2

O exemplo a seguir também envolve o cálculo de perpetuidade que engloba uma progressão aritmética (PA):

Uma perpetuidade paga um valor mensalmente. O primeiro valor pago é de R$ 100,00, depois disso, a cada mês é paga uma prestação que é sem-pre R$ 10,00 a mais que a anterior. Sabendo que a taxa de juros é de 1% ao mês, qual é o valor presente?

Para calcular o valor da perpetuidade, utiliza-se a seguinte expressão: P = PMT1 i + Gi2 P = R$ 100,00 0,01 + R$ 10,00(0,01)2 P = R$ 10.000,00 + R$ 100.000,00 P = R$ 110.000,00

Uma perpetuidade que pague prestações com crescimento em progressão aritmética não é muito real. Entretanto, é comum a existência de perpetuidades que paguem valores com cresci-mento em progressão geométrica.

Perpetuidade crescente em progressão geométrica (PG)

Em uma progressão geométrica (PG), todos os termos são sempre iguais ao produto do anterior por um número chamado de razão. É possível pensar em uma série de pagamentos em que os valores das prestações são:

PMT1 = R$ 100,00 PMT2 = R$ 105,00

PMT3 = R$ 110,25 …

PMTn = R$ 100,00 . (1,05)n

É possível notar que os termos dessa série sempre crescem. Um termo sempre é igual ao produto do anterior por (1,05). Assim, essa é uma série com crescimento de 5% ao período. O cres-cimento costuma ser representado pela letra g, pois crescres-cimento em inglês é growth.

Essa série é dada por:

PMT2 = (1 + g) . PMT1 = (1 + g) . PMT1 PMT3 = (1 + g) . PMT2 = (1 + g)2 . PMT1

PMTn = (1 + g) . PMTn-1 = (1 + g)n-1 . PMT1

É razoavelmente fácil calcular o valor presente de uma perpetuidade que apresenta um crescimento do tipo progressão geométrica (PG). O valor presente da perpetuidade pode ser escrito como:

P = PMT1

(1 + i) + PMT(1 + i)22 + PMT3

(1 + i)3 + ...

Agora é necessário escrever todas as parcelas em função da primeira. Para tanto, basta se lembrar de que todas as parcelas podem ser escritas como:

PMTn = (1 + g) . PMTn-1 = (1 + g)n-1 . PMT1

Assim, o valor presente dessa perpetuidade infinita será:

P = PMT1 (1 + i) + PMT1 . (1 + g) (1 + i)2 + PMT1 . (1 + g)2 (1 + i)3 + ... + PMT1 . (1 + g)n-1 (1 + i)n + ...

As contas são um pouco complicadas para simplificar essa equação. Para isso, é necessário utilizar a fórmula da soma de uma progressão geométrica (PG) infinita. Mas depois de simplificada a expressão, o valor presente da perpetuidade com crescimento geométrico é:

P = PMT1

(i – g)

É imprescindível salientar que essa equação somente é válida quando a taxa de crescimento é menor do que a taxa de juros. Portanto, a taxa de crescimento nunca pode ser igual ou maior que a taxa de juros; se isso acontecer, o valor presente será infinito, o que é impossível.

O valor presente de cada termo da série de pagamentos é escrito como:

P = PMT1 . (1 + g)n-1

(1 + i)n

Quando a taxa de juros é maior que a taxa de crescimento das prestações, à medida que a prestação ocorre em um instante de tempo mais ao futuro, o valor presente das prestações se

Perpetuidade e série de pagamentos constantes e variáveis 129

tornará cada vez menor. Logo, a soma de termos que ficam cada vez menores resultará em um valor finito.

Todavia, quando a taxa de crescimento é maior que a taxa de juros das prestações, à medida que a prestação ocorre em um instante de tempo mais ao futuro, o valor presente das prestações se tornará cada vez maior. Dessa forma, a soma de infinitos termos que ficam cada vez maiores resultará em um valor infinito. O exemplo a seguir retrata essa questão:

Uma ação paga anualmente um valor crescente, em razão de parte dos lucros serem reinvestidos, o que contribui para o crescimento de uma determinada empresa. O valor da primeira prestação (dividendo) é de R$ 1.000,00. A taxa de crescimento dos pagamentos é de 5% ao ano, enquanto a taxa de juros de mercado é de 10% ao ano. A ação paga as prestações infinitamente. Qual é o valor presente da ação?

Substituindo os valores na equação tem-se: P = R$ 1.000,00

(0,10 – 0,05) P = R$ 20.000,00

Nesse exemplo, é importante observar que, se todas as prestações (dividendos) tivessem o mesmo valor (R$ 1.000,00), o valor presente seria PMT / i = R$ 10.000,00. Mas como houve um crescimento no valor das prestações (dividendos), o valor presente desse fluxo de caixa foi de R$ 20.000,00.

É muito comum utilizar uma perpetuidade crescente para avaliar uma empresa que esteja em crescimento. Entretanto, não é muito realista considerar que uma empresa apresente um crescimento ao longo de toda a sua vida. O mais comum é considerar que uma empresa tenha um crescimento ao longo de um período de tempo e que depois disso pare de crescer. Como ela para de crescer, os divi-dendos pagos também param de crescer. Portanto, mesmo quando uma empresa está em crescimen-to, é comum considerar uma série de pagamentos crescentes seguida de uma perpetuidade constante.

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