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Pesquisa de Campo – Estudo de Caso

3.2 DESCRIÇÃO DO ESTUDO

3.2.4 Pesquisa de Campo – Estudo de Caso

3.2.4.1 Fase Exploratória

A partir da construção das pilastras do trabalho e da formulação do modelo teórico a ser trabalhado, fez-se necessário preparar o ambiente para a entrada no campo. Foi nesta etapa que a autora apresentou o trabalho e solicitou formalmente autorização para a coleta de dados e informações nas instituições gestoras das unidades estaduais de conservação.

Após a primeira fase de aquisição de conhecimento crítico sobre o tema abordado, foram realizadas a concepção e a elaboração preliminar dos instrumentos de coleta de dados que permitiriam obter o conjunto de informações necessárias à aplicação do modelo.

Como resultado da fase anterior, o modelo Asuc foi concebido de forma a elucidar as características físicas, biológicas, sociais e administrativas de uma unidade de conservação. As características do modelo serão apresentadas nos capítulos 4 e 5 do presente trabalho.

Foi nesta fase que se deu a aproximação da pesquisadora com os sujeitos, num processo de construção de conhecimento mútuo, que se formalizou através da apresentação oficial da pesquisadora e da pesquisa às municipalidades e às instituições gestoras da unidade de conservação. Foi esta formalidade inicial que permitiu que o trabalho de pesquisa fluísse de forma harmônica.

Na primeira fase, pesquisa e pesquisadora foram apresentadas aos prefeitos dos municípios envolvidos através dos órgãos de Agricultura, à qual a autora está ligada. Na segunda fase, a apresentação se deu diretamente entre pesquisadora e instituições gestoras da área em questão. As cartas de apresentação estão relacionadas no anexo E.

Na escolha dos sujeitos e do tamanho da amostra foi levada em consideração a representatividade da área objeto de estudo quanto às classes de recursos naturais que abriga.

Numa pesquisa qualitativa, a amostra pode ser pequena e ainda assim representar, efetivamente, uma escolha. Deste modo, foi estabelecido como referencial o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro para ser objeto de análise.

3.2.4.2 Delimitação do Estudo – Ficando no Campo

A técnica usada para a obtenção dos dados foi a entrevista, compreendida como “uma conversa a dois com propósitos bem definidos” (MINAYO, 1994), utilizada com a finalidade de obter dados subjetivos e objetivos acerca da unidade de conservação e dos sujeitos a ela relacionados.

No do presente trabalho, foram utilizadas as técnicas de entrevista aberta e entrevista semi-estruturada, de acordo com o momento e o objetivo proposto.

A entrevistas abertas tiveram por finalidade obter os valores, atitudes e opiniões dos sujeitos entrevistados, enquanto que as entrevistas semi-estruturadas tiveram como meta a obtenção de informações objetivas acerca das características da unidade de conservação. As primeiras tornaram possíveis as segundas.

3.2.4.2.1 Entrevista Aberta

A entrevista aberta se deu no momento da construção do problema. Foi através das respostas dos sujeitos, somadas à pesquisa bibliográfica, que se tornou possível construir o problema da pesquisa.

Os entrevistados foram pessoas de senso comum, que vivem dentro da área investigada ou nos seus arredores, e a entrevista teve como objetivo saber do verdadeiro significado da unidade de conservação para aquelas pessoas.

Foram realizadas 14 entrevistas que compuseram o projeto-piloto. Os sujeitos foram munícipes de Palhoça (1), Paulo Lopes (3), Garopaba (1), Imaruí (4), São Martinho (2), São Bonifácio (1), Águas Mornas (1) e Santo Amaro da Imperatriz (1).

As entrevistas tiveram lugar na residência ou no local de trabalho do entrevistado.

Quanto à entrevista, especificamente, ela teve início com a apresentação da pesquisadora e da pesquisa ao sujeito e contou com informações acerca de data, local e hora da entrevista. A primeira pergunta foi, na maioria das vezes, sobre a percepção do sujeito no que toca à qualidade de vida, buscando observar a inserção da variável ambiental em sua avaliação. A partir daí, permitiu-se um fluir de observações do sujeito quanto aos seus valores em relação à unidade de conservação, às suas apreensões enquanto morador de uma área protegida e a

outros temas de seu interesse. A entrevista seria considerada finda quando a pesquisadora observasse repetição de assuntos por parte dos entrevistado.

A maioria das entrevistas foi gravada em fita magnética (8), mediante autorização verbal do entrevistado. As demais (6) constaram de apontamentos escritos.

A entrevista aberta municiou a pesquisadora com informações acerca do processo de criação da UC, da relação da UC com a comunidade relativamente a seus aspectos culturais e educacionais e a forma como ela se comporta frente à preservação dos recursos naturais.

A partir da elaboração do modelo, procedeu-se à entrevista semi-estruturada.

3.2.4.2.2 Entrevista Semi-Estruturada

A entrevista semi-estruturada parte de alguns questionamentos básicos, tendo como referência os objetivos e pressupostos que interessam ao estudo e oferecem oportunidades de surgimento de novos questionamentos a partir das respostas obtidas (Haguette, 1999, apud GROSSEMAN, 2001).

Esta técnica teve como finalidade capturar informações objetivas acerca da gestão da unidade de conservação e obter e informações acerca de documentos e pesquisas feitas na área. Ela foi aplicada aos sujeitos diretamente envolvidos com a UC.

As entrevistas contaram com os seguintes dados: 1 - relativos à entrevista: local, hora e data; 2 - relativos ao sujeito entrevistado: cargo e função desempenhada, e 3 - relativos às características da área em si (as questões estão relacionadas no capítulo 5 do presente trabalho).

A entrevista foi aplicada a pessoas envolvidas diretamente com a gestão da área, a saber: 1 - Fundação Estadual de Meio Ambiente (4), Comando de Polícia de Proteção Ambiental (1) e Socioambiental (1)54; e 2 - municipalidades afetadas pela existência da área, a saber:

Secretaria de Meio Ambiente de Santo Amaro da Imperatriz, Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Imaruí, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Águas Mornas e Fundação Municipal de Meio Ambiente de Palhoça. A partir da apuração das respostas, foi possível proceder à análise documental sobre o Parque da Serra do Tabuleiro, que envolveu a pesquisa por dados objetivos e o exame de materiais de natureza diversa considerados relevantes para o caso em estudo. Uma das principais vantagens deste tipo de pesquisa foi permitir o estudo feito por pessoas às quais a autora, por diversas razões, não teve acesso.

Com base nos dados assim obtidos e nas informações capturadas através da análise documental, tornou-se possível estabelecer críticas e modificações ao modelo concebido. De posse das informações, foi possível tratar os dados no nível da Asuc.

O anexo F apresenta a relação dos questionários aplicados.

3.2.4.3 Organização e Redação do Relatório

A organização e a redação do relatório são uma fase na qual as informações das fases anteriores são analisadas em termos de estudo de casos individuais, que farão parte do relatório de pesquisa.

Os resultados obtidos a partir do desenvolvimento destas etapas do estudo multicaso – definição das unidades de análise, técnicas de coleta de dados e resultados da pesquisa de campo - estão relacionados e apresentados em detalhes no capítulo cinco do presente trabalho.

Este capítulo teve por finalidade apresentar o método de estudo que proveu as bases desta pesquisa científica. A pesquisa aplicada permitiu o desenvolvimento, a aplicação e a validação do modelo Asuc na instância operacional e na acadêmica.

A seguir apresenta-se o Modelo da Avaliação de Bem-Estar, que forma a base filosófica da Asuc.

CAPÍTULO 4

AVALIAÇÃO DE BEM-ESTAR - MODELO

O modelo usado para a Avaliação de Sustentabilidade de Unidades de Conservação - Asuc - buscou a filosofia da Avaliação de Bem-Estar das Nações55 (PRESCOTT-ALLEN, 2001), que avalia as condições e as interações entre as pessoas e o meio ambiente. É um processo analítico hierárquico estruturado, que integra o bem-estar das pessoas e dos ecossistemas de forma a gerar um único conjunto de informações, através da hierarquização de objetivos e elementos, na busca de alvos concretos e de indicadores mensuráveis.