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2 CAMINHO DA PESQUISA

2.2 ETAPAS DA PESQUISA

2.2.1 Pesquisa documental

Considerou-se para amostra documental vários tipos de documentos, tais como: EIA/RIMA, atas de reuniões, vídeo de palestra e Termo de Referência (TR). O apêndice 1 apresenta a relação dos documentos pesquisados. Para complementar, enriquecer e aprofundar a pesquisa foi utilizada a técnica de entrevistas enquanto produção situada sócio-historicamente compostas de narrativas das situações vividas que produziram importantes documentos sobre o fenômeno estudado.

2.2.2 Entrevistas

A pesquisa está inserida no paradigma qualitativo e nesse paradigma a realidade é construída a partir do quadro referencial dos próprios sujeitos do estudo em que o pesquisador reconhece os atores sociais como sujeitos que produzem conhecimentos e práticas. Nesse sentido, os resultados da pesquisa são frutos de um trabalho coletivo resultante da dinâmica entre pesquisador e pesquisados.

O uso da técnica de entrevista, é exigido do pesquisador a habilidade de compreender “a fala e o silêncio, as revelações e os ocultamentos, a continuidade e a ruptura, o significado manifesto e o que permanece oculto” (SILVA et al, 2006, s. p.), uma vez que nas falas podem vir à tona situações e acontecimentos que remetam às divergências e conflitos.

Através da oralidade dos atores foi possível refletir o problema de pesquisa que o estudo se propôs a dar conta. Momentos relevantes desses contatos são utilizados no capítulo 5, visto que o objetivo de qualquer pesquisa é responder ao questionamento que motivou a pesquisa e descobrir o que está oculto e conhecer o que se ignora (QUEIROZ, 1983).

Após a revisão da literatura, tanto no que se refere ao suporte temático como ao suporte metodológico, e tendo em conta a natureza qualitativa da pesquisa, fez-se a opção pela utilização da técnica de entrevista semiestruturada. As entrevistas foram realizadas no período de janeiro a novembro de 2012, gravadas e transcritas.

O roteiro de entrevista (Apêndice 2) foi utilizado em todas as entrevistas visando garantir certa unidade dos documentos produzidos e dividido em quatro partes: governança, participação, EIA/RIMA e sustentabilidade. As perguntas principais foram complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas às entrevistas, fazendo emergir informações de forma mais livre. Porém, houve uma diferenciação nas perguntas feitas aos entrevistados de acordo com a posição que cada ator ocupa no contexto do problema de pesquisa. Assim, a aplicação dos roteiros não foi rígida, uma vez que questionamentos emergiram no discurso do entrevistado suscitando novas questões. Além do mais, não se pode deixar de considerar que cada entrevista tem a sua própria dinâmica e cada entrevistado11 mostra mais interesse em determinada questão pelo seu envolvimento, postura crítica, entre outros.

A seleção dos entrevistados levou em conta os diferentes atores e posições em relação ao licenciamento ambiental e do envolvimento direto com o problema em análise: governo do Estado (Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (ADDiper), CIPS e Prefeitura Municipal do Ipojuca); consultores, seja de empresas de consultorias contratadas12 ou de consultores terceirizados,13 que participaram do EIA/RIMA do CIPS e sociedade (Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONSEMA), lideranças comunitárias, Colônia de Pescadores e Organizações

11

Utiliza-se o termo entrevistado referindo a ambos os sexos.

12

O empreendedor foi contatado por telefone e indicou a consultoria para falar em seu nome.

13

Esses consultores terceirizados são técnicos de ONGs e/ou professores da Universidade Federal de Pernambuco.

Não-Governamentais - ONGs) na direção de produzir informações que possibilitassem responder à questão central da pesquisa.

Visando preservar a identidade dos entrevistados, conforme postula a Resolução 466/2012 não são citados os nomes dos mesmos, sendo identificados de acordo com o setor em que está inserido, exceto quando o documento é público, a exemplo de atas de reuniões. Assim, utiliza-se para cada entrevistado o termo ator público, ator privado e ator sociedade, como mostra o quadro abaixo.

Segmento Instituição Identificação

Setor Público Executivo

Agência Estadual de Meio Ambiente – CPRH -1

Ator público-1 Setor Público

Executivo

Agência Estadual de Meio Ambiente – CPRH- 2 Ator público-2 Setor Público Executivo Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco S A – ADDiper Ator público-3 Setor Público Executivo

Prefeitura de Ipojuca Ator público-4 Setor Público Ministério Público de Pernambuco Ator público-5 Setor Público Ministério Público Federal Ator público-6 Setor Público

Executivo

SUAPE Ator público-7

Setor Público Executivo

Agência Pernambucana de Agua e

Clima – APAC Ator público-9

Setor Público Fundação Joaquim Nabuco Ator público-8

Setor Público Universidade Ator público-10

Setor Público Universidade Ator público -11

Setor Público Universidade Ator público -12

Setor Público Universidade Ator público -13

Setor Privado Consultor terceirizado Ator privado-1 Setor Privado Consultor terceirizado Ator privado-2 Setor Privado DB & F Consultoria Ator privado-3 Setor Privado Universidade Livre de Meio Ambiente –

UNIECO

Ator privado-4 Setor Privado

Empreendedor

Moraes Albuquerque Advogados e Consultores

Ator privado-5 Sociedade Colônia de Pescadores Z25 Ator sociedade-1 Sociedade Associação Pernambucana em Defesa

da Natureza - ASPAN

Ator sociedade-2 Sociedade Sociedade Nordestina de Ecologia Ator sociedade-3 Sociedade Colônia de Pescadores Z8 Ator sociedade-4 Sociedade Conselho Pastoral dos Pescadores Ator sociedade-5 Sociedade Colônia de Pescadores Z8 (pescadora) Ator sociedade-6 Sociedade Conselho Estadual de Meio Ambiente -

CONSEMA

Ator sociedade-7

Sociedade Educador Ambiental Ator sociedade-8

Sociedade Associação de Moradores de Tatuoca Ator sociedade-9 Quadro 2.2 – Atores da pesquisa

Por empreendedor são aqui designados não só os empresários e donos dos empreendimentos, mas também aqueles que respondem pelos requisitos normativos para a obtenção das licenças ambientais. Logo, reconhecidos como porta-vozes dos empresários, a exemplo das consultorias. Isso se justifica pelo fato de que, a partir de 1986, com a regulamentação da Resolução do CONAMA 001/1986, a realização de Avaliação de Impactos Ambientais de grandes empreendimentos se multiplicou no Brasil e, desde então, proliferaram-se no país empresas de consultorias para a elaboração de EIA- RIMAs em função da obrigatoriedade de sua apresentação para o licenciamento ambiental de inúmeros empreendimentos. Assim, muitas empresas de consultorias que são contratadas pelos empreendedores para a realização de Estudo de Impacto Ambiental, subcontratam consultores (técnicos e cientistas – especialistas de várias áreas) visando suprir as demandas dos conteúdos do EIA, conforme a exigência do órgão ambiental, tal como consta no Termo de Referência.

É importante destacar que para a escolha do representante do CONSEMA foi utilizado como critério o conselheiro com maior número de intervenção e proposição nas reuniões. Como a comunidade de Tatuoca só tem uma organização comunitária foi escolhido o presidente da associação de moradores. A pesquisa privilegiou as Colônias de Pescadores Z-08 (Gaibu) e Z-25 (Barra de Jangada) e o Conselho Pastoral dos Pescadores. A escolha dessas colônias está embasada nos impactos dos empreendimentos na atividade pesqueira que geraram conflitos ambientais envolvendo a Empresa Suape e os pescadores. Quanto aos movimentos sociais, foram escolhidas aquelas entidades mencionadas pela associação de moradores e pescadores, bem como aquelas que apoiam a luta pelos direitos das populações que são atingidas por grandes empreendimentos no CIPS.