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A pesquisa foi realizada num Hospital na Cidade de Cruz Alta/RS. O critério para a escolha foi ter maior número de atendimentos a crianças, tanto do sistema público quanto do privado, portanto um Hospital Filantrópico. O nome do Hospital é mantido em sigilo de acordo com os termos permitidos para a realização da pesquisa. Primeiramente, foi solicitada junto à Diretoria do Hospital a permissão para a Pesquisa, sendo-lhe mostrados os objetivos dela, e comprometemo-nos com o sigilo, por isso, na dissertação, o local é tratado apenas Hospital, sem nomes ou referência a ele, resguardando à Diretoria seus direitos legais.

Foi enviado o projeto de pesquisa juntamente com um resumo do que consistiria o estudo para a reunião da instituição que faz a gestão do Hospital a qual acontece uma vez ao mês. Após ter passado por essa reunião e devidamente aprovado, foi enviado o requerimento para a Diretoria do Hospital e assinado pelo Diretor Técnico.

Após o primeiro contato com o Hospital, tendo a liberação para a pesquisa e a liberação do Código de Ética em Pesquisa/CEP20, fomos direcionados à central de leitos, que nos informava sobre a internação de crianças no Hospital. Ao chegar ao leito, acontecia inicialmente, a explicação da pesquisa aos pais ou responsáveis e às crianças, e após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), começou-se a escuta da criança hospitalizada.

Pelos critérios utilizados da pesquisa, não conversamos com as crianças menores de 4 anos, que correspondem ao maior número de internações no hospital. Escolhemos desenvolver a pesquisa com crianças de 5 a 12 anos, pois, de acordo com pesquisas já realizadas, elas possuem maior compreensão do tema ora tratado. Também vale ressaltar a época e o momento político/econômico em que foi realizada a pesquisa. Infelizmente, algo muito importante estava acontecendo no nosso Estado e em nosso País, uma grave crise21 atingiu a hospitais que prestam serviços públicos. Somente eram internados casos que realmente precisassem, muito graves, afinal funcionários do hospital estavam constantemente em greve pela falta de recebimento de salários e, muitas vezes, não havia como prestar serviços básicos, por falta de repasses do Estado.

Além disso, por ser um hospital, as crianças como de resto da sociedade não são escutadas, na maioria das vezes as crianças não tem voz, nem vez.

Portanto, os dados como nomes e filiação foram preservados, apenas foram utilizados: período de internação, motivo da internação, idade, gênero, especialidade médica. Como demonstrado na figura 2:

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O projeto de Pesquisa foi enviado para o Comitê de Ética da UNIJUI (5350), registrado na Plataforma Brasil. Sendo aprovado com o número 43897515.8.0000.5350. Para iniciar a pesquisa esperou-se a aprovação do Comitê de Ética, e, também aprovação e liberação do Hospital, no primeiro momento das Damas de Caridade, e no segundo momento da Direção Técnica do Hospital. 21

A palavra crise pode gerar desconforto para alguns leitores, porém é a posição ideológica da autora. Fugindo de teorias e conhecendo a real situação vivida pelos hospitais filantrópicos acreditamos em crise na saúde pública. Sabemos que não é advindo de um momento único, afinal é um sistema comprometido desde algum tempo, no entanto a própria direção do hospital se retrata dessa forma – pela palavra crise –, e órgãos importantes, podemos citar, CNS (Confederação Nacional de Saúde) e CMB (Confederação das Santas Casas de Misericórdia), também utilizam essa hipótese. Para leitura adicional: http://setorsaude.com.br/cns-oab-cmb-e-parlamentares-debatem-solucoes-para-crise-dos- hospitais-filantropicos/.

Figura 2: Resultados da pesquisa

Gênero Idade

Duração da internação

(em dias)

Motivo Especialidade Médica

Masculino ou Feminino

Ex.: Pneumonia, Asma, Virose, etc.

Ex.: Pediatria, Ortopedia, Traumatologia, etc.

Antes de iniciar a pesquisa com a criança internada, necessariamente, foi lido para os pais o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e explicado os motivos da pesquisa, para que elas sentissem maior confiabilidade na pesquisadora. Da mesma maneira, foi garantido que os nomes das crianças e seus familiares fossem preservados, e as fotos, quando permitidas e necessárias, tiveram uma faixa preta nos olhos, garantindo desta maneira maior privacidade a elas e a suas famílias.

Após autorizações do Hospital, aprovação do CEP (Comitê de Ética na Pesquisa) e autorização da família ou responsável, foi iniciada a conversa com a criança, pois ela não precisa assinar termos, de acordo com o previsto na legislação, mas ela, mais do que qualquer outra pessoa, deveria querer participar da pesquisa.

Devo ressaltar que a vontade da criança foi respeitada durante toda a pesquisa, isto é se queria falar, se gostaria de brincar, ou, até mesmo, quando não queria mais a conversa. Nada foi imposto a ela, ela participou quando desejou, afinal é sujeito da nossa pesquisa.

Quanto aos riscos e benefícios conforme já foi citado, a pesquisa escolheu escutar a criança sobre a visão dela do sobre o brincar em ambiente hospitalar. Depois de produzidas esses documentos, conforme será mostrado no terceiro capítulo poder-se-á pensar em como mediar e produzir locais adequados para as crianças. Devo salientar, no entanto, que este não é o objetivo desta pesquisa. Mesmo previsto em lei, atualmente, algumas brinquedotecas e os espaços nos hospitais, quando existem, acabam por ser locais somente idealizados por adultos e aos qual a criança não tem acesso, já afinal, que alguns têm horários limitados e necessitam da supervisão de alguém do próprio hospital.

O principal benefício da pesquisa é termos a informação por parte da criança, ou seja, saber o que ela pensa, saber como ela gostaria de dispor um local para o brincar, para, desta forma conseguirmos modificar, planejar e/ou construir lugares mais adequados para a ela, e não somente ter um local por ser uma norma ou uma lei.

Foram incluídas na pesquisa todas as crianças de 5 a 12 anos internadas no Hospital selecionado, durante o período de pesquisa. Pesquisou-se no período de fevereiro de 2015 a dezembro de 2015. Importante salientar, que durante esse período teve alguns meses que a pesquisa precisou ser interrompida devido a um surto de meningite. Foram excluídas da pesquisa aquelas crianças que não desejaram participar do estudo, crianças fora da faixa etária e aquelas que os pais ou responsáveis não permitiram a participação.

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