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2.2 Estresse Ocupacional e suas acepções

2.2.5 Pesquisas nacionais sobre o Estresse Ocupacional

A literatura existente aponta alguns principais estressores organizacionais, respostas dos indivíduos aos estressores e outras variáveis que são possíveis promotoras do estresse ocupacional. Dada a importância de todas as abordagens, a seguir será apresentada uma revisão sobre estresse ocupacional mediante a exposição de artigos publicados em periódicos científicos nacionais, juntamente com as contribuições teóricas existentes.

Considerando que há uma relação entre estressores organizacionais e demandas de trabalho, os estressores podem ser de natureza física (ruídos excessivos, falta de iluminação e ventilação) ou psicossocial. Estes últimos, de acordo com a literatura examinada, produzem maior interesse nos pesquisadores.

Para a elaboração desse trabalho foi realizada uma análise sistemática dos trabalhos científicos publicados nas áreas de Psicologia e Administração no Brasil. Os periódicos

nacionais estudados e analisados e o quantitativo de artigos (entre parênteses) estão citados a seguir:

Revistas: Revista de Administração da USP – RAUSP (2); Revista de Administração Contemporânea – RAC (1); Psicologia: Reflexão e Crítica (2);

Revista Psicologia: Organizações e Trabalho – rPOT (2); Psicologia: Ciência e Profissão (1);

Psicologia: Teoria e Pesquisa (3); Estudos de Psicologia/Natal (1); Estudos de Psicologia/Campinas (1); PsicoPUC-RS (1) ;

Psicologia em Estudo (2).

Foram identificados 16 artigos, tratando de temas micro em comportamento organizacional, relacionados ao estresse ocupacional e estratégias de coping. Quanto ao período analisado, observou-se que de 1996 a 2007, os anos de 2002 e 2004 registraram um maior número de publicações, conforme demonstra o Gráfico 1.

Gráfico 1 – Registro de publicações entre 1996 a 2007

As amostras ocupacionais foram diversificadas, não havendo evidência de predominância em nenhuma área específica. Este resultado pode ser interpretado como uma necessidade existente em continuar investigando-se outras áreas ocupacionais, bem como

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aprimorar as investigações nas áreas já pesquisadas. As amostras ocupacionais pesquisadas foram: trabalhadores de unidades fabris, trabalhadores de instituições públicas e privadas, bancários, magistrados, petroleiros e contratados, psicólogos, trabalhadores de hospitais, comerciários, bombeiros e docentes de nível superior.

Dos periódicos classificados contendo artigos sobre estresse ocupacional, com relação ao tipo de publicação, três artigos foram publicados em revistas de Administração, os demais em revistas de Psicologia. Quanto à área de conhecimento dos autores, a maioria são psicólogos (Gráfico 2). Um dos artigos publicados foi elaborado conjuntamente entre um profissional da área de administração e uma profissional da área de Psicologia. O referido artigo pode ser considerado o primeiro e mais antigo, se tomarmos como referência o período analisado, uma vez que foi publicado em 1998. A partir dessa data, os demais artigos foram publicados, na sua maioria, por psicólogos.

Gráfico 2 – Publicações por área de conhecimento

Como evidenciado, há prevalência de profissionais da área de Psicologia realizando investigações científicas em estresse ocupacional. Uma das possíveis justificativas para o interesse estar focado mais nessa área de conhecimento pode estar associada à carga de subjetividade que o construto concebe, às relações de afetividade e emoções que são necessárias de serem analisadas.

Nos estudos analisados, a ênfase da metodologia e da coleta de dados centrou-se na percepção dos trabalhadores. Instrumentos tais como escalas, inventários, questionários, frases abertas foram mais utilizados em relação a outras técnicas. Um aspecto a ser observado refere-se aos instrumentos de coletas de dados nos artigos analisados. Há uma variedade de instrumentos sendo utilizados na área de estresse ocupacional. Nitidamente, observam-se tendências metodológicas marcantes para pesquisadores pertencentes à mesma região, em

11 2 0 5 10 15 Psicologia Administração P s ic o lo gia

especial, às regiões Sudeste e Centro-Oeste. Caso se pretendesse delimitar quais os instrumentos que foram mais utilizados nessas pesquisas, no caso da região Sudeste, teríamos dificuldades em estabelecer um parâmetro, tal é a variedade de instrumentos.

Em Albuquerque e França (1998) – o foco é evidenciar os movimentos de gestão da qualidade de vida no trabalho, associados ao estresse num escopo de ambiente de certificação ISO 9000 – Gestão da Qualidade Total. Foram utilizados instrumentos para medir a satisfação dos empregados com relação ao seu estado geral de estresse e os seus valores pessoais sobre a importância da qualidade de vida para a vida pessoal e da empresa, bem como utilizadas observações clínicas a partir de registros das consultas médicas dos empregados. O estudo realizado indicou que as preocupações com a Qualidade de Vida no Trabalho vêm ganhando expressão cada vez maior no ambiente empresarial brasileiro. As principais razões para tanto foram os dois movimentos identificados: aprofundamento da compreensão a respeito do estresse e de doenças associadas às pressões organizacionais; e expansão do conceito de qualidade total em um ambiente competitivo. Esses movimentos geram a necessidade de novo posicionamento por parte dos gestores de pessoas nas empresas, situando as ações de QVT em suas estratégias de recursos humanos. Os pesquisadores concluem que a mobilização e os esforços encontrados nesta pesquisa ainda são desarticulados das políticas de investimento e de recursos humanos.

Lipp e Tanganelli (2002) averiguaram o estresse ocupacional de juízes do trabalho, níveis de qualidade de vida, fontes de estresse e estratégias de enfrentamento. Ao pesquisar estresse e qualidade de vida dos Magistrados da Justiça do Trabalho, utilizam instrumentos diferenciados, a seguir citados:

ª ISS (Inventário de Sintomas de Stress), elaborado com base nos conceitos de Selye (1956) e validado por Lipp e Guevara (1994);

ª IQV (Inventário de Qualidade de Vida) publicado por Lipp e Rocha (1995); ª IFSJ (Inventário de Fontes de Stress em Juízes);

ª IESM (Inventário de estratégias de Manejo do Stress dos Magistrados) baseados nos conceitos de Girdano e Everly (1979).

Verificou-se que 71% dos juízes apresentavam sintomas de estresse. Havia mais mulheres com estresse do que homens. Os estressores mais freqüentes foram sobrecarga de trabalho e interferência com a vida familiar. A estratégia de enfrentamento mais mencionada foi conversar com o cônjuge.

Ainda sobre estressores relacionados à vida familiar, a literatura tem demonstrado que a interação entre trabalho e família cada vez mais tem sido alvo do interesse de pesquisadores.

Cooper, Sloan e Williams (1988), Glowinkowski e Cooper (1987) resumem a idéia de que a existência de conflito entre papéis desempenhados nessas duas dimensões pode ser tratada como um estressor organizacional, porém tais variáveis devem ser vistas como situacionais que influenciam o estresse ocupacional, uma vez que não se limitam a demandas do ambiente de trabalho, mas podem influenciar a percepção dos estressores organizacionais.

Não raras são as investigações sobre quais impactos o estresse ocupacional pode ter na família e como se dá esse processo (PERRY-JENKINS; REPETTI; CROUTER, 2000). A direção contrária também pode ser estabelecida, ou seja, de que modo acontecimentos na família podem ter impacto na vida profissional do indivíduo.

Paschoal e Tamayo (2005) realizaram pesquisa com o objetivo de investigar a influência da interferência família-trabalho e dos valores do trabalho sobre o estresse ocupacional. Participaram dessa pesquisa funcionários de uma instituição bancária. Foram utilizados três instrumentos: 1) Escala de Estresse no Trabalho (EET), validada por Paschoal e Tamayo (2004), unifatorial, composta por 23 itens; 2) Escala de Interação Trabalho-Família, validada por Paschoal, Tamayo e Barham (2002), composto por dois fatores: impacto da família sobre o trabalho e impacto do trabalho sobre a família, ambos enfocando as interferências de um sobre o outro. Cada fator é formado por 7 itens; 3) Escala de Valores Relativos ao Trabalho, validada por Porto e Tamayo (2003), avalia quatro tipos de valores do trabalho: realização no trabalho, relações sociais, prestígio e estabilidade, formando 45 itens no geral.

Os resultados indicaram que a interferência família-trabalho influencia o estresse ocupacional, sendo que quanto maior o escore de interferência, maior o estresse. Sugere-se que a interferência família-trabalho possa favorecer diretamente o aparecimento de estressores organizacionais e orientar cognições e afetos que influenciam a percepção de demandas do trabalho como estressores. Em relação aos valores do trabalho, estes não apresentaram relação com o estresse ocupacional, o que pode ser decorrente do instrumento utilizado para avaliar o estresse ou da maior importância desses valores na escolha da profissão.

Pena (2002) ao realizar pesquisa em uma plataforma petrolífera combina instrumentos qualitativos na coleta de dados. Utiliza técnica de observação participante e entrevistas semi- estruturadas com os trabalhadores off-shore. Apesar de essa pesquisa ter como objetivo investigar as conseqüências do confinamento no trabalho e suas relações com o estresse, com as emoções e com os distúrbios do sono dos trabalhadores, pouco se consegue interpretar a respeito da evidente presença ou não de estresse nessa área ocupacional. O que se percebe mais claramente é uma insatisfação generalizada em relação a aspectos de natureza

hierárquica, carência familiar em decorrência do período de ausência no convívio familiar, dentre outras queixas.

Coelho (2004), objetiva analisar como o clima organizacional, nas suas diferentes dimensões baseadas nos novos padrões culturais, pode se relacionar com o nível de estresse desenvolvido entre trabalhadores de uma empresa de comércio varejista. A hipótese básica desse trabalho considera que a demanda por autonomia pode contribuir para a geração de estresse entre trabalhadores do meio cultural brasileiro. A dimensão da autonomia e a dimensão relativa à exigência por altos padrões de desempenho, levando a um fator de sobrecarga, tenderiam a se correlacionar positivamente com a experiência de estresse no trabalho. A dimensão do clima organizacional em relação ao relacionamento interpessoal, ou seja, a percepção de calor humano, vínculos entre companheiros, que envolvem ajuda mútua e confiança, estaria relacionada negativamente à tensão, com base nos efeitos demonstrados de apoio social. Foi utilizada uma escala de clima organizacional adaptada de Litwin e String (1968), cuja medida envolve afirmativas nas quais os trabalhadores revelam a sua percepção sobre o ambiente profissional. A escala é constituída por 45 itens que se agrupam em nove dimensões, a saber: 1)excelência e padrões de desempenho; 2) reconhecimento; 3) relacionamento; 4) autonomia; 5) gestão e autoridade; 6) desenvolvimento e aperfeiçoamento do pessoal; 7) justiça e eqüidade; 8) missão da empresa e 9) saúde e segurança. Para a escala de medida de estresse foi utilizada uma lista de sintomas apresentados com freqüência pelos trabalhadores, em que cada item o sujeito marca sim ou não.

Os resultados apontaram que as freqüências de estresses em vários itens foram bastante elevadas. A amostra do presente estudo constituiu-se de trabalhadores de renda socioeconômica média baixa, cujas perspectivas de vida estão muito associadas ao trabalho, mas numa atitude de forte submissão e não de experiências de autonomia. Muitos dos sujeitos estão obtendo uma condição de vida não só do ponto de vista material, mas, sobretudo, simbólico, que lhes traz referências muito significativas, em função de desenvolver fortes laços de afetividade. Alguns aspectos da experiência dos trabalhadores são potencialmente criadores de estresse como a comunicação das exigências muito altas de rendimento e de lucro, a sobrecarga no trabalho que implica o risco do fracasso e, sobretudo, a organização do sistema de controle, visando ao respeito e às exigências. Euforia em obter sucesso, alcançar metas e o estímulo para a auto-superação se mesclam com o medo do fracasso e levam ao estresse.

O modelo de Karasek (1979), sobre estresse ocupacional, ilustra a importância do controle e da autonomia no trabalho e respalda os resultados da pesquisa citada anteriormente,

possibilitando uma maior compreensão do fenômeno. As conseqüências das demandas laborais sobre a saúde dos indivíduos diferem de acordo com o grau de controle ou de autonomia do contexto.

Gottlieb, Kelloway (1998), Barham (1997) e Polasky e Holahan (1998) discorrem sobre a importância de controle sobre as situações de trabalho no processo de estresse. Para esses autores, quanto maior a possibilidade de decidir como realizar as tarefas e estruturar papéis de trabalho, menor a percepção de estresse. A falta de controle no trabalho pode ser considerada como um tipo de estressor organizacional para alguns estudiosos, dependendo das características pessoais e do contexto.

Tamayo, Lima e Silva (2002) também investigaram a relação do clima organizacional com o estresse ocupacional. Apesar da insistência teórica da relação entre as duas variáveis, o impacto do clima sobre o estresse ocupacional tem sido empiricamente pouco estudado. Segundo Beehr (1998) esta variável não é muito investigada porque representa dimensões do nível macro da organização e a sua mensuração pode ser mais complexa. No estudo de Tamayo et al. (2002), o clima organizacional foi operacionalizado a partir de quatro fatores: comunicação, ambiente relacional, liderança gerencial e valorização do empregado. Os resultados revelaram que o ambiente relacional e o estilo de liderança gerencial são preditores do estresse ocupacional. A relação do ambiente relacional e do estilo de liderança com o estresse ocupacional é negativa, indicando que quanto maior a deficiência nestes dois fatores, maior o estresse.

Areias e Guimarães (2004) objetivaram comparar entre gêneros, os fatores psicossociais de risco e a saúde mental e os estressores, e fatores de apoio nas dimensões pessoal, do trabalho e social, em trabalhadores de uma universidade pública. Utilizaram o questionário SWS Survey (Self, Work and Social), criado por Ostermann e Gutiérrez (1992), com validação brasileira feita por Guimarães e MacFaden (1999). Este questionário foi aplicado na sua forma completa, composto por 200 questões, sendo 25 para cada uma das 8 escalas que se apresenta, descritas a seguir: 1) fatores psicossociais de risco(FPR); 2) saúde mental(SM); 3) estresse social(ES); 4) apoio social(AS); 5) estresse no trabalho(ET); 6)apoio no trabalho(AT); 7)estresse pessoal(EP) e 8)apoio pessoal(AP).

Os resultados dessa pesquisa evidenciaram maior estresse no gênero feminino do que no masculino. Os índices de saúde mental aumentam conforme aumentam os fatores de apoio e diminuem os fatores de estresse nas dimensões: trabalho(T), social(S) e pessoal(P). Da mesma forma, os fatores psicossociais de risco aumentam conforme diminuem os fatores de apoio e aumentam os fatores de estresse nas três dimensões citadas anteriormente.

Paschoal (2003) destaca o suporte social como variável situacional. Para a autora este suporte é encontrado pelo trabalhador, o qual pode ser recebido do supervisor, dos colegas de trabalho ou mesmo de pessoas fora do trabalho. Pesquisa realizada com técnicos de hospitais psiquiátricos verificou que a presença de redes sociais que ofereciam suporte ao trabalho, melhorava a avaliação do empregado sobre sua saúde (BROWNER, 1987 citado por Paschoal, 2003). Iwata e Suzuki (1997 citado por Paschoal, 2003) estudaram a relação do suporte social de supervisores, colegas, de membros da família e de outras pessoas significativas com o estresse ocupacional e observaram que o suporte dos supervisores e dos outros significativos relacionou-se negativamente com o estresse.

O impacto do suporte social sobre o estresse ocupacional pode ser benéfico ou prejudicial, segundo Tamayo et al. (2002). Neste sentido, os autores consideram que quando o suporte social está bem desenvolvido na organização, ele tem um efeito protetor, que se manifesta em baixos níveis de estresse. Assim, quanto maior o nível de suporte social no ambiente organizacional, menor o nível de estresse no trabalho. Por sua vez, quando o suporte social é inexistente ou deficitário na organização, este fator transforma-se num estressor.

Os resultados da pesquisa de Areias e Guimarães (2004) também corroboram a teoria proposta pelo modelo de estresse/apoio de Osterman (1989), o qual postula que a saúde mental e os fatores psicossociais de risco são determinados tanto por apoios como por estressores nas dimensões trabalho, social e pessoal – e que fatores de apoio podem anular os efeitos danosos do estresse.

Conforme mencionado anteriormente, neste estudo, o gênero feminino apresenta mais fatores psicossociais de risco, estresse no trabalho, estresse social e estresse pessoal do que o masculino. As mulheres, para Areias e Guimarães (2004), estão sujeitas, a princípio, a um considerável dilema entre casamento e filhos e demandas ocupacionais. As mulheres que concentram suas energias na carreira sentem-se freqüentemente culpadas ou preocupadas com o fato de ter deixado a família de lado.

Ao passo que as autoras citadas no parágrafo anterior utilizavam o SWS Survey (Self, Work and Social), em anos anteriores, Paschoal e Tamayo (2004), realizam um trabalho tendo como objetivo construir e validar um instrumento de estresse ocupacional geral, de fácil aplicação e que pudesse ser utilizado em diversos ambientes de trabalho e para ocupações variadas. A Escala de Estresse no Trabalho (EET) foi elaborada a partir de críticas feitas a alguns instrumentos norteadores utilizados, um deles o SWS Survey (Self, Work and Social).

Inicialmente, o artigo faz referência à revisão de literatura sobre medidas de estresse ocupacional no Brasil, apontando dois instrumentos guiadores dos estudos na área: o OSI

(Occupational Stress Indicator) e o SWS Survey (Self, Work and Social), questionário de estresse, saúde mental e trabalho. Os autores fazem críticas bastante relevantes em relação à utilização de tais instrumentos. Assim, a finalidade do estudo foi gerar e validar instrumento de pesquisa.

Para eles, a validação do OSI original tem sido alvo de inúmeras críticas, pois apresenta alguns problemas principais, a saber: a) não foi realizada análise fatorial de todas as escalas; b) algumas escalas obtiveram um coeficiente alpha muito abaixo do aceitável, questionando-se, assim, o índice de confiabilidade e c) o tamanho da amostra utilizada é insuficiente para a validação fatorial (LYNE; BARRET; WILLIAMS; COALEY, 2000 citado por PASCHOAL, 2003).

O OSI (Occupational Stress Indicator) é um instrumento abrangente, composto por vários itens. Swan, Moraes e Cooper (1993) traduziram os itens originais para a versão portuguesa e conduziram um estudo a fim de avaliar a validade desse instrumento no Brasil. Conseqüentemente, as escalas traduzidas começaram a ser utilizadas em pesquisas brasileiras. Alguns estudiosos da área questionam essa validação do OSI no Brasil, advertindo sobre o tamanho da amostra utilizada: 84 sujeitos. Para Pasqualli, (1999) a quantidade de sujeitos para validar esse instrumento é insuficiente, levando-se em conta o número de itens do instrumento. Na análise de alguns pesquisadores, apesar dessa medida estar sendo aplicada em diversos países, no Brasil, há necessidade de um maior aprofundamento psicométrico sobre sua aplicabilidade, adequação e validade.

Em relação ao SWS Survey (Self, Work and Social) - Questionário de estresse, saúde mental e trabalho. Este instrumento tem como pressuposto que o nível de estresse é determinado tanto por apoios quanto por estressores em três dimensões: pessoal, social e do trabalho. Estas dimensões, segundo abordadas por Guimarães e Mc Faddeb, (1999), podem influenciar de maneira negativa ou positiva. Quando negativas são consideradas estressores, quando positiva, são apoios. Considerando-se o relato de pesquisa da validação do instrumento no Brasil, há menção sobre a análise de juízes e a análise semântica dos itens. Porém, deixa alguns pontos obscuros em relação a sua efetiva validação. Dessa forma, trata-se de um instrumento ainda impreciso quanto a sua aplicabilidade, por não conter indicadores seguros sobre a versão brasileira.

Assim, após as análises e críticas realizadas, a Escala de Estresse no Trabalho – EET – (PASCHOAL; TAMAYO, 2004), foi formada por um único fator, composto por estressores variados e reações emocionais diversas. Os itens foram elaborados a partir da análise sobre

estressores organizacionais de natureza psicossocial e sobre reações psicológicas ao estresse ocupacional, bem como da análise de itens já existentes (40% basearam-se nos estressores abordados na versão brasileira do OSI – Occupational Stress Indicator (SWAN; MORAES; COOPER, 1993) e no instrumento de Rizzo, House e Lirtzman (1970) sobre conflito e ambigüidade de papéis. Esta escala conjuga estressores com reação.

A análise fatorial revelou a existência de um único fator que, após eliminação de itens com carga fatorial abaixo de 0,45, ficou composto por 23 itens e obteve um coeficiente alfa de Cronbach equivalente a 0,91. Atualmente há uma versão reduzida da escala, com 13 itens e alfa de 0,85.

Segundo os pesquisadores, esta escala pode ser utilizada como ferramenta no diagnóstico do ambiente de trabalho das organizações, orientando medidas que visem à qualidade de vida dos funcionários. Porém, apesar das contribuições que possa trazer, os autores esclarecem algumas limitações do instrumento. Advertem que, por tratar-se de uma escala geral, cujos itens contêm estressores variados e reações emocionais associadas aos mesmos, a ETT pode ser pouco eficaz quando se quer enfatizar estressores isolados ou quando se deseja investigar a influência de determinadas variáveis situacionais e individuais sobre o estresse ocupacional.

Pinheiro, Tróccoli e Robayo-Tamayo (2003), também desenvolveram estudo que teve como finalidade gerar instrumento. O objetivo desse trabalho foi traduzir e adaptar para a língua portuguesa uma escala de coping ocupacional desenvolvida por Latack (1986) e investigar suas características psicométricas por meio de análise fatorial e por suas relações com medidas de suporte social, sobrecarga de trabalho e exaustão emocional. Cinco empresas brasileiras foram pesquisadas, sendo três estatais e duas da iniciativa privada. Houve análise inferencial dos dados, validando-se as escalas. Alguns itens da escala de Latack (1986), depois de traduzida para a língua portuguesa, sofreram alterações, enquanto outros foram reagrupados. Essa escala envolvia um conjunto de 46 itens agrupados em 3 fatores: controle(17); esquiva(11) e manejo de sintomas(18). Cinco juízes, especialistas da área do construto avaliaram-na e excluíram 3 itens (controle, esquiva e manejo de sintomas)