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4. Realização da Prática Profissional

4.1 Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

4.1.2. Planeamento

Segundo Bento (1998), o objetivo da planificação de processos de ensino e aprendizagem não reside exclusivamente no desenvolvimento de meios para a racionalização do mesmo, mas também, em medida crescente, na descoberta de determinados contextos reguláveis deste processo.

Na primeira reunião que tivemos de Subdepartamento, foi-nos entregue um documento com as modalidades que iríamos abordar ao longo do ano assim como um roullement que distribuía os vários professores pelos espaços de aula. Verificamos que quem lecionasse no Pavilhão Francisco de Holanda iria sujeitar-se a um sistema de rotação entre os dois espaços do pavilhão e as piscinas do Vitória Sport Club. Já no Inatel, não haveria qualquer tipo de problema na gestão dos espaços. Deste modo, após saber que no 1º período iria lecionar no Pavilhão Francisco da Holanda e nos outros dois períodos no Inatel, pude realizar o planeamento anual. Assim, tive de estipular o número de aulas que iria dedicar a cada modalidade e a ordem que iria estabelecer. Para esta tarefa contei com a ajuda do professor cooperante que com a sua

21 vasta experiência me transmitiu um conjunto de informações muito importantes. Como a modalidade de Natação já tinha as datas definidas no roulement, a organização das outras 3 modalidades (atletismo, futsal e dança) foi feita em função desta. Deste modo, decidi iniciar com a Unidade Didática de Atletismo pois como estava um excelente tempo nessa altura, considerei que deveria aproveitá-lo explorando assim o espaço exterior. A Unidade Didática de Dança foi a última modalidade que lecionei este período pois como estava a frequentar aulas de danças sociais numa escola, necessitava de algum tempo para me preparar. Como no Pavilhão Francisco de Holanda não existiam tabelas de basquetebol, tive de, obrigatoriamente, optar pelo futsal. Relativamente ao número de aulas a lecionar em cada modalidade, confesso que não foi uma tarefa fácil pois entendo que 4 disciplinas para um só período é muito. O Futsal, por ser um desporto coletivo, por ser a minha “especialidade” e por ser o desporto que os alunos mais gostavam, entendi que deveria dedicar um maior número de aulas. Foi o que fiz, no entanto não na proporção que desejava, pois caso contrário as outras modalidades iriam ficar bastante afetadas. De maneira a que os alunos não se desmotivassem, decidi introduzir o Futsal ainda antes de concluir a Unidade Didática de Atletismo. Este período em que os alunos ficaram sem Atletismo, permitiu-me verificar, posteriormente, na avaliação sumativa, se realmente consolidaram os conteúdos abordados. Para o 2º período, este planeamento foi bem mais acessível, pois tive apenas de lecionar 3 modalidades (basquetebol, badminton e atletismo – estafetas). Desta forma, decidi dar mais ênfase às modalidades de badminton e basquetebol e intercala-las para não fatigar muito os alunos psicologicamente. No último período, a organização das modalidades também foi, relativamente, acessível, destinando assim um maior número de aulas para a ginástica acrobática e bitoque rugby.

Outro nível de planeamento diz respeito à elaboração das Unidades

Didáticas. Estas são partes essenciais do programa de uma disciplina que

servem de base para a preparação das diferentes aulas (Bento, 1998). A elaboração destas teve como ponto de partida, fundamentalmente, o nível de desempenho dos alunos nas avaliações iniciais e dos testes do Fitnessgram.

22 Assim, para cada modalidade, selecionei o conjunto de conteúdos a lecionar mais adequado ao nível dos alunos e que, ao mesmo tempo, fosse um plano exequível. Esta definição de conteúdos e a respetiva distribuição das funções didáticas nem sempre foi fácil. Recorri várias vezes a documentos da FADEUP e a conversas com os colegas de estágio e professor orientador para esclarecer algumas dúvidas. A título de exemplo, na modalidade de Natação, as várias progressões de aprendizagem dos estilos crol e costas estão bem definidas. Mas como organizar a abordagem destes conteúdos em apenas 5 blocos de aula? Se fosse a cumprir com as várias progressões, passando à seguinte apenas quando a primeira estivesse consolidada, os alunos, quase na sua totalidade, não passariam à segunda progressão. O que isto ia gerar eram aulas muito monótonas e desmotivação por parte dos alunos. Com Unidades Didáticas tão curtas, entendo que estas devem ser planeadas de maneira a proporcionar novas experiências e vivências aos alunos, despertando neles o interesse pela prática desta modalidade. O tempo insuficiente de exercitação não vai permitir que se verifique uma aprendizagem relevante.

A Unidade Didática de Dança, foi outra que causou um pouco de dificuldades pois desconhecia por completo os conteúdos existentes. Contudo, como estava a frequentar aulas numa escola de Danças Sociais, adquiri as bases para poder preparar uma coreografia. Assim, os conteúdos que estipulei foram os passos que decidi introduzir na turma. Pretendi abordar esta modalidade seguindo uma estratégia da base para o topo, pois é fundamental que os alunos adquiram os passos base e a ligação entre os mesmos para que consigam executar uma coreografia. Relativamente à Unidade Didática de Badminton, como tivemos uma excelente preparação no ano transato, não tive muitas dificuldades na escolha dos conteúdos a lecionar. A organização de um Torneio intra-turma antes da avaliação sumativa foi, sem dúvida, uma boa estratégia. Esta mesma estratégia, mas aplicada em dois dias, foi também planeada na modalidade de Basquetebol. A meu ver este é um excelente meio de consolidar os conteúdos exercitados ao longo da Unidade Didática e de promover todos os valores inerentes ao desporto através da competição. Aliás,

23 em todos os desportos coletivos que abordei mais badminton, sempre dediquei, em todas as aulas, tempo para os alunos realizarem situação de jogo.

Por fim, o terceiro nível de planeamento diz respeito aos planos de

aula. Um professor para lecionar uma boa aula é, fundamental, que este se

prepare devidamente para ela. Não é uma tarefa fácil, aliás é mesmo uma tarefa bastante dura pois significa cerca de uma hora de atenção concentrada e de esforço intenso (Bento 1998). Esta fase de planeamento é realizada com base nas duas anteriores e, no fundo, acaba por refletir aquilo que se vai passar no decorrer da aula. É extremamente importante que o professor não organize apenas qual a informação que irá transmitir aos alunos, como o vai fazer e durante quanto tempo, mas também que pense nos imprevistos que podem acontecer. Considero que pensar nos “ses” é um ponto fulcral para o sucesso de uma aula, pois só deste modo é que o professor é capaz de atuar de forma competente se surgir algum imprevisto. Refiro um exemplo de uma situação que me obrigou a ser um pouco flexível de maneira a dar continuidade à aula: “O plano de aula foi cumprido na integra e dentro dos 75´. No entanto, ocorreu um imprevisto pois uma equipa de andebol tinha treino marcado para as 11 horas. Assim sendo, os últimos 20´ de aula foram realizados num pequeno espaço por cima das bancadas. A aula ficou um pouco condicionada em termos de espaço mas, mantendo a mesma estratégia, os alunos finalizaram a aula sem qualquer problema” (Reflexão da aula nº 21).

Uma das dificuldades que tive logo no início do ano, foi em criar uma ficha padrão, digamos assim, onde eu pudesse planear as minhas aulas. Apesar de ter conhecimento sobre certos pontos essenciais que devem constar nela, foram-me surgindo várias dúvidas. Acredito que a falta de uniformização destes aspetos na FADEUP foi um dos fatores que originou o aparecimento das mesmas. No entanto, com a ajuda do professor orientador, a pouco e pouco consegui elaborar uma ficha padrão da qual me baseei para organizar as minhas aulas. Realço aqui o excelente trabalho que o professor fez, pois nunca nos deu a solução mas sim meios (através de questões e conselhos) que me permitiram refletir e alcançar o objetivo. Um aspeto que tive de

24 melhorar a este nível foi relativa à forma como descrevia os exercícios. Por vezes, alongava-me um pouco sendo assim pouco percetível. Facilmente, ultrapassei esta lacuna pois comecei a ser mais objetivo e a utilizar esquemas através de imagens sempre que fosse conveniente. Outro aspeto que senti algumas dificuldades numa fase inicial foi em planear para dois níveis distintos de aprendizagem. Isto aconteceu, por exemplo, na modalidade de Futsal. Estes foram planos que exigiram muito mais concentração e reflexão da minha parte, pois tinha de pensar na execução e relação de vários pontos como, por exemplo, a gestão do material e espaço, a instrução dedicada a cada grupo e o tempo de exercitação de um e outro nível. Este foi um aspeto que fui aprimorando à medida que a Unidade Didática ia decorrendo e considero que fiz um ótimo trabalho.

Posso afirmar, seguramente, que evolui bastante a todos os níveis de planeamento e, para tal, a ajuda do meu professor orientador e colegas de estágio foi crucial.

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 34-38)

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